Sábado do Item Mágico: o Véu de Ament

Véu de Ament: um item mágico criado por uma deusa dos segredos hoje esquecida como um último refúgio para Ament, sua sacerdotisa favorita, durante a queda da cidade-estado de Amunet mil anos atrás. Utilizando-se do véu, Ament conseguiu sobreviver ao saque e libertar do cativeiro centenas de cidadãos de Amunet. Essas poucas centenas de sobreviventes foram liderados por Ament e suas descendentes, as únicas que mantém o direito ao conhecimento do nome e das práticas religiosas esquecidas da deusa dos segredos, a se tornarem um povo nômade de comerciantes e, secretamente, espiões, vivendo em caravanas que atravessam o mundo conhecido recolhendo mercadorias e segredos para sustentar sua prosperidade.

Entre este povo, a lenda diz que um dia o Véu de Ament, perdido para as areias do tempo nos últimos mil anos, ressurgirá para salvar a última sacerdotisa da deusa dos segredos da escravidão, e essa heroína liderará seu povo para finalmente reconquistar Amunet sem derramar um pingo de sangue inocente num dia em que todos os segredos serão revelados, e a deusa dos segredos se transformará na deusa das revelações.

Poderes: alguém usando o Véu de Ament se torna um estranho na multidão, não invisível, mas indistinto. Um guarda ainda bloqueará a entrada de um usuário a uma caserna pois o considerará um estranho vindo da rua, por exemplo, mas se o usuário do véu já estiver na caserna, ele poderia fazer uma refeição com os demais guardas no refeitório e estes o considerariam apenas mais um guarda. O efeito pode ser superado por meios mágicos de distinguir a verdade ou por interações prolongadas entre o usuário do véu e alguém afetado.

No entanto, este é apenas o efeito recorrente do véu, disponível para qualquer um que o use. Nas mãos de uma sacerdotisa da deusa dos segredos, no entanto, o Véu de Ament demonstra seus verdadeiros poderes. Invisibilidade verdadeira se torna disponível através de uma breve oração sussurrada, e com outra oração secreta, a sacerdotisa se torna capaz de escutar e ver todos os segredos compartilhados nas proximidades (uma pequena edificação, bosque ou praça, por exemplo).

Seu poder mais perigoso, no entanto, é que uma sacerdotisa utilizando o véu pode declarar uma informação específica um segredo sob a proteção de sua deusa. Isso significa que tal informação não pode ser compartilhada por qualquer método de comunicação, seja verbal, não-verbal ou mesmo mágico. Apenas através de intervenção divina uma informação sob a proteção da deusa dos segredos pode ser compartilhada.

Existem limites, no entanto, sobre que tipo de informação pode ser declarada um segredo. Apenas uma informação específica pode ser declarada como tal, e essa informação não pode conter outras informações além de si mesma. Por exemplo, declarar o processo de forjar aço como um segredo não seria possível porque o processo é composto de diversas informações (como identificar um veio de minério de ferro, como minerar um veio, como separar o ferro do refugo no minério de ferro bruto, como forjar o ferro purificado em aço, como temperar aço, etc).

Além disto, alguém afetado por este efeito ainda detém o conhecimento da informação, e pode agir sobre ela, só não lhe é possível comunicar a informação. Um general que esteja sob o efeito de “estranhos tomaram o controle de Amunet” como um segredo ainda poderia reunir um exército e liderá-lo até a cidade, mas não poderia comunicar por qual razão o exército está sendo reunido, por exemplo.

Nota do Autor: Não prometo nada, mas vou tentar criar pelo menos um item mágico toda a semana, a ser postado nos sábados, para vocês aqui no RPGista no seguinte formato: nome do item mágico, sua lenda (com um usuário lendário e um destino prometido do item mágico em questão) e seus poderes. Adicionalmente, a inspiração para este item veio do Véu de Isis. Se você gostou deste artigo, considere dar uma olhada em O Escudo da Honra que eu escrevi… (checa as datas)… quase dez anos atrás!

Imagem ilustrativa utilizada é uma foto da Estátua de Isis, do escultor Auguste Puttermans, disponível no site institucional do Herbert Hoover National Historic Site (Acessado em 12 de junho de 2020). A foto é de Patricia McInroy.

João Paulo Francisconi

Amante de literatura e boa comida, autor de Cosa Nostra, coautor do Bestiário de Arton e Só Aventuras Volume 3, autor desde 2008 aqui no RPGista. Algumas pessoas me conhecem como Nume.

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