Concurso Alphaversos 2018 #3º – A Floresta Negra
Avaliação Completa – A Floresta Negra
Presença dos Temas: 9,75
Lancaster: Os temas são disputa de território, traição e construtos. Os elementos estão equilibrados aqui e funcionam.
BURP: Presentes e bem aproveitados, combinados de forma criativa e significativa.
Oriebir: Os três temas estão muito bem amarrados.
Armageddon: Todos os três temas estão aqui amarradinhos.
Uso das Regras: 7,75
Lancaster: É sempre bom quando o jogador sabe o que quer — é um jogo sobre humanos enfrentando monstros clássicos do horror gótico. As regras funcionam nesse sentido, simples assim e sem mais. Poderia ter chegado facilmente a um 9 ou 10, mas as regras exigem a figura descrita do antagonista — e isso comprometeu seriamente seu desempenho.
BURP: Criação de personagens bem estabelecida, com restrições pontuais que colaboram com o clima do cenário. Talvez tenha faltado especificar quais são as “raças monstruosas” a que os jogadores têm acesso, e especificar a qual tipo de construto os membros da legião de bronze correspondem, já que é uma das sugestões de personagens. Mas deixar as regras de medo e insanidade a “qualquer uma que o mestre tenha acesso” parece um pouco com preguiça – até porque dava pra indicar e fazer ajustes pontuais a regras que já existem no Manual Básico (desvantagens) e do Defensor (Mácula).
Oriebir: Sobre as regras, fiquei em dúvida sobre quais vantagens únicas podem ser escolhidas para representar os monstros e membros da Legião de Bronze. Se a intenção é deixar livre para todas as possibilidades, isto poderia ser especificado. Além disso, poderiam ter sido dados exemplos de regras para Medo e Insanidade existentes (no Manual do Defensor, por exemplo; é preciso lembrar o caso do leitor que quer mestrar o cenário, mas só tem acesso ao Manual Básico). Por fim, faltaram as fichas para os antagonistas. Poderiam haver ao menos as fichas dos monstros mais usualmente encontrados, um legionário de bronze padrão e um espião infiltrado. O Manual dos Monstros poderia ser indicado para o mestre que busca novas criaturas. Apesar desses apontamentos, ainda é possível ao leitor-mestre interessado desenvolver esses elementos.
Armageddon: Faltou trabalhar um pouco esse aspecto, apesar de indicar ao narrador o que não fazer, também não deixou claro até onde ele pode ir. As regras de medo e insanidade são curtinhas, poderiam ter sido incluídas (ou no mínimo referenciadas).
Aspectos Gerais: 9,75
Lancaster: É um universo misturando elementos de horror gótico e intriga política, focado nos personagens humanos apesar dos ecos de outros cenários. Os ganchos são bons. Achei que a presença do Amaldiçoado (que me lembra o Accursed de Savage Worlds) não compromete, mas é desnecessária quando o forte são personagens sem capacidades realmente especiais. Por outro lado, eu gostei da ideia do monstro infiltrado e disfarçado, prejudicando os demais personagens pelas costas. Funciona e tem muito boas ideias.
BURP: Um cenário bem concebido, com um clima próprio, um tema interessante e que dá vontade de jogar, e uma linha narrativa clara para servir de base a uma campanha. A linguagem poderia estar menos pretensamente rebuscada em alguns pontos, mas há quem dirá que faz parte da ideia de uma fantasia gótica.
Oriebir: Gostei bastante do mini-cenário e fiquei muito interessado em jogar. O texto, apesar de erros ocasionais, é bastante claro e objetivo, conseguindo transmitir uma quantidade considerável de informação em um espaço pequeno, e ainda passar o clima de fantasia sombria (eu pude vislumbrar Over the Garden Wall antes de ler as inspirações). Muito bem amarrado.
Armageddon: Um cenário bem divertido e fechado em si mesmo, com bastante oportunidade de combate do lado de fora e intrigas ocorrendo no cerne. Fiz um paralelo com vários outros cenários na mesma pegada de pontos de luz, e todos são bem divertidos.
Eu recebi ontem a noite a notícia de minha colocação no concurso e até agora estou processando a notícia. Foi uma surpresa terem aceitado o cenário em primeiro lugar (já que eu enviei faltando menos de cinco minutos para meia-noite do prazo), mas o fato dele ter se destacado tanto entre conceitos maneiros foi… Uau.
Muito obrigado pessoal pela oportunidade, pela atenção e principalmente pelo feedback.
Alguns comentários sobre o cenário:
-Eu originalmente participei do concurso na tentativa de me livrar de um bloqueio criativo que tinha na época.
-Minha primeira idéia foi fazer um cenário Japão-Feudal-Futurista/Pós apocaliptico, com tecno ninjas, kamis robóticos, cyber-monges e semelhantes.
O problema é que eu não era fã do tema e só o escolhi por achar que seria o que o público gostaria de ver, o que pesou na minha consciência e me deu um certo mal gosto do projeto que estava fazendo. Isso me levou a apagar tudo que tinha feito e, na última noite do prazo, fazer um cenário sobre coisas que realmente me interessavam.
-Seguem então várias horas de escrita enquanto checo repetidamente o relógio, terminando com dedos doloridos e olhos ardendo. Lembro que no final eu meio que tinha desistido de qualquer chance de ganhar ou sequer conseguir participar, meu único objetivo se tornou “levar pelo menos um projeto até o fim” (algo que não conseguia há tempos).
Fica uma lição importante sobre seguir seu coração mas seguir ainda mais os prazos.
-Vou fazer uma confissão: Eu não conheço 3d&t e nunca tive a chance de aprender suas regras. Quando o concurso foi anunciado meu plano era aprender os básicos do sistema junto da ajuda e material de terceiros para criar um mínimo de material.
Mas graças às circunstâncias descritas acima (e um pouco de desorganização pessoal) eu perdi essa oportunidade. Tentei compensar pelo problema com dicas abstratas de como jogar no cenário, o que não salvou esta parte de ser o ponto fraco do cenário. Mais uma lição aprendida.
Enfim, acho que todos podem entender minha surpresa com a medalha de bronze. A Floresta Negra passou de “projeto que estou feliz de ter apenas terminado mesmo que não tenha nenhuma chance” para “top 3 do concurso”. De novo: Uau.
Infelizmente não tenho planos para continuar com o cenário no futuro próximo, estando com a agenda cheia de outras responsabilidades e projetos criativos, mas estarei de olho em concursos futuro (desta vez com uso melhor do tempo disponível).
E se me permitem um jabá, caso tenham se interessado pelos temas do cenário, em setembro deste ano haverá o lançamento do meu primeiro livro pela Editora Portal: “O Engenheiro Real: Lua Negra Sobre Trilhos Vermelhos”, uma história que mistura horror gótico com suspense e intriga e elementos Steampunk (é uma história de mistério num trem, com lobisomens).