RPG e a Mãe Natureza: Raças

Acervo RPGista é uma série que reapresenta bons artigos da história do nosso blogue. O artigo original, falando sobre como criar raças de RPG inspiradas na boa e velha mãe natureza, foi publicado em 17/12/2008, às 15:05, pelo Shido Vicious.
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“Oba!”, você deve ter pensado, “uma matéria sobre raças metamorfas/gente-planta/animais falantes, que se utilizam de poderes mágicos druídicos!” Pense de novo. A afirmação acima, embora tenha uma skin do tema “natureza”, é puro abracadabrismo sobrenatural. Todos aqui devem estar familiares com aquela afirmação de que “quem se utiliza de galáxias e galáxias não sabe do que está falando” — i.e. no momento em que você conhece todos os nuances e detalhes do funcionamento de agrupamentos pequenos como cidades, você vê que é o suficiente. De certa forma, pode-se dizer o mesmo de quem cria uma raça em cima de trocentos imperativos “mágicos” — alguém que recorre em excesso ao sobrenatural provavelmente mascara desconhecimento sobre o natural.

Entre o público de RPG, parece haver uma rejeição quase que geral — espero eu que se limite apenas quanto a temática de jogos! — a tudo que possa ser classificado como científico. Alá proíba que se tente pôr qualquer coisa que se pareça remotamente racional para explicar, por exemplo, por que os humanos se reproduzem tão bem com elfos e orcs — a ponto de os descendentes serem férteis! –, mas não, curiosamente, com anões e halflings — ou como os dragões conseguem se reproduzir com praticamente qualquer coisa que se mova. E não quero nem imaginar como se copula com um humanóide de mais de 6 metros para produzir aqueles meio-gigantes! Mas não é esse o foco, logo, prossigamos.
Quando chega alguém e bota na mesa uma nova raça, volta e meia a coisa se trata de uma releitura tolkeniana pesada de penduricalhos mágicos. Os elfos roxos que apareceram na Dragonslayer 22 — com os quais pareço ser a única pessoa no país a não simpatizar –, por exemplo — o que temos são orelhas pontudas para agradar uma parcela de fãs de anime e uns papos esotéricos sobre maldições e uma espécie de filacteria de lich. E, se formos falar de elfos, temos elfos de tudo quanto é tipo… E as tais raças elementais, então? E dá-lhe raças com cabelos de fogo, cristais pelo corpo, uma pele azulada e uma “afinidade com o elemento ar” — tudo, claro, acompanhado, como quem combina meticulosamente o cinto com os sapatos, de rajadas energéticas e controle de elementos sob o mesmo tema. Claro que às vezes isso não passa de uma fome desavergonhada por kEwL pOwErZ!!!!!! — em, outras, contudo, é simples falta de inspiração.
E isso é uma pena, já que temos, embaixo do nosso nariz, a maior fonte de inspiração de todas: a natureza. Um sem-fim de formas de vida complexas, testadas e aperfeiçoadas através de milhões de anos de evolução. Mecanismos que, quando examinado seu funcionamento, o observador se vê impossibilitado de não maravilhar-se com a engenhosidade deles.
Não sou da área científica, mas gosto de ler os livros sobre evolução do Richard Dawkins — que explica seus mistérios de forma simples e acessível para nós, leigos –, e, por vezes, o faço com um bloco de anotações do lado. Chego a tanto porque, volta e meia, ele me presenteia com pequenas maravilhas orgânicas sobre as quais eu sequer imaginava! Há uma espécie de molusco marinho, por exemplo, que pode comprimir e expandir células pigmentadas em sua pele, e assim as faz mudar de cor; se se pudesse conectar um sistema de imagem televisiva na parte do cérebro do animal que controla essas tais células, seria possível reproduzir imagens em sua pele que, a grosso modo, se comportam como os pixels da tela em que você está lendo isso. Munido de algo tão natural e elegante, por que, em sã consciência, eu recorreria a uma raça capaz de invisibilidade “mágica”? Uma raça dotada de um mecanismo assim (e inteligência maior que a de um molusco para realizar o controle), não só pode ficar “invisível” — simulando, em sua pele, o “pano de fundo” –, mas pode contar com toda uma gama de ornamentações e desenhos na pele, que podem ser desde expressão artística ligada à sua cultura quanto, para quem gosta, um indicador de humor ou algo assim.
Uma raça com “visão mágica” pode simplesmente ver outras freqüências eletromagnéticas que, para nós humanos, não fazem parte da luz visível. E por que não raças que vêem o invisível simplesmente por não usarem a visão? Cães conseguem diferenciar ácidos orgânicos que diferem entre si apenas em uma molécula de carbono; morcegos têm a audição apuradíssima — é possível até que diferentes texturas reconhecidas através dos ecos de seu sistema de ecolocação sejam “simuladas” em seus cérebros como diferentes cores.
Por que raios uma raça humanóide sempre sai um humano, elfo ou anão com algum detalhezinho aqui e ali (ou testas estranhas, como os klingons)? Há uma porção de primatas — se se quiser algo que remeta a um humano e que tenha polegares opositores — dando sopa: babuínos, lêmures…; o mandril, aliás, tem partes azuis no seu rosto não por pigmentação, mas em virtude do arranjo ordeiro das moléculas de colágeno na pele — eu, ao menos, não fazia idéia disso, e fiquei bastante impressionado.
Os elfos têm os famosos sentidos aguçados; por que não usar um pouco destas coisas naturais “mundanas” para justificar alguns de seus traços culturais? Talvez a audição deles seja capaz de captar sons mais agudos que os humanos — para eles, música humana seria limitada, e os humanos, em contrapartida, simplesmente não seriam capazes de ouvir boa parte das sinfonias élficas tocadas em estranhos instrumentos, e por isso acusados de filistismo por não conseguirem apreciar tal arte “completamente”. O mesmo vale para cores — e por que não pode ser a renomada facilidade dos elfos com magia provir do mundano fato de eles conseguirem ver a magia (que seria um eletromagnetismo, como a luz, mas em freqüência invisível aos humanos, que precisam se apoiar em fórmulas e teorias enquanto, para os elfos, a coisa vem naturalmente, como uma espécie de arte, como se lê em várias descrições).
E as meias-raças? Por que não saber um pouco mais sobre a mula, cruza de cavalo e jumento? Assisti, estes tempos, uma notícia sobre híbridos de leões e tigres num zoológico, coisa encantadora. Uma das variedades — agora me escapa se a fêmea era leoa ou tigresa; há uma diferença, segundo apresentaram –, por exemplo, tem o corpo anormalmente grande, maior tanto quanto o de um leão quanto de um tigre: aparentemente, há uma incompatibilidade genética em que os genes não dão ao corpo a instrução de parar de crescer. Chega a ser delicioso usar esta informação como ponto de partida para variantes nunca antes imaginadas para as (francamente insossas) meias-raças que se vê às pás por aí.
E, apenas para citar, temos bioluminescência, feromônios, insetos que, dentro de uma mesma espécie, podem ter os formatos corporais mais diferentes entre si (Pheidologeton diversus, uma espécie de formiga asiática, é um exemplo), o sistema explosivo de defesa do besouro bombardeiro (em que ele combina dois compostos químicos a um catalisador para provocar a explosão)… Cada vez que me ponho a pesquisar as Wikipédias da vida — ou, em dias mais corajosos, artigos científicos em que não se abuse de termos técnicos demais –, não me canso de esbarrar em tais maravilhas arcanas (no sentido oculto, escondido, que é o que a palavra arcano significa, não um sinônimo imediato de “magia”).
Quando for criar uma raça, faça uma forcinha para deixar um pouco de lado o Senhor dos Anéis ou a lista de magias do módulo básico de seu sistema de uso e dê uma chance para os livros de biologia; quer fazer uma raça com presas ameaçadoras? Por que não procurar alguns artigos sobre carnívoros na Wikipédia? Você corre o risco de encontrar coisas maravilhosas e fascinantes — sem precisar abusar do sobrenatural. O sobrenatural, afinal, tem a serventia de evocar assombro e espanto, logo, é prudente guardá-lo para os momentos em que for realmente indispensável — o que falhará se for banalizado, a magia reduzida a apenas “o ataque fodão do boss da masmorra”.
 
Imagem de capa: Reprodução / Balkhovitin (CC-BY-SA)

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21 Resultados

  1. Armageddon disse:

    heoeho uma vez discutindo a origem de meio-orcs no nosso cenário acabamos chegando num ponto em que os ânimos já estavam exaltados. Em dado momento sai com algo do tipo:
    “Se os orcs colocassem o pinto numa tomada, nasceriam Orcs Elétricos”
    Até hoje rimos disso XD

  2. Bacana, Shido!
    Agora que você falou naquele caso da cruza do leão com o tigre eu fiquei imaginando se algo do genêro não poderia ocorrer na cruza entre bugbears e ogros.

  3. Romullo disse:

    Seu texto e sua idéia são de fato muito interessantes. Tb vi a matéria do tigre gigante (tigre + leão) no Fantástico (ops, desculpe pelo merchandising…). Sugiro para nós q gostamos do gênero o livro A Vingança de Gaia. Partidas de RPG podem ser mt mais instrutivas do q reles matar/pilhar. Ótima idéia!

  4. Sensacional! Muito bem escrita e deixa claro seu ponto, que acredito ser o de muitas pessoas: A repetição dos estereótipos.
    É engraçado como quando alguém aponta percebemos as semelhanças de todas as raças de fantasia. Mesmo um Orc pode se assemelhar a uma criatura tradicional, apenas com algumas diferenças.
    Realmente a natureza fornece material ilimitado para criação de novas raças. Fiquei até curioso quanto a isso…vou ver se crio alguma coisa vendo por esse lado. Obrigado, muito bom o texto.
    Eu também não gostei dos Purpuri.

  5. A Ilha do Dr. Moreau tinha algumas coisas interessantes.

  6. leonel disse:

    “alguém que recorre em excesso ao sobrenatural provavelmente mascara desconhecimento sobre o natural.”
    Caramba… é isso. Você conseguiu resumir numa boa frase o que eu tento dizer há tempos.

  7. Adão Pinheiro disse:

    Esse texto me fez lembrar de uma matéria da Discovery sobre os tubarões-martelo, se não me engano. Eles são capazes de sentir pulsos magnéticos emanados dos batimentos cardíacos de criaturas próximas, sendo capazes de atacar peixes que se escondem sob a terra do fundo do mar. Rangers, sintam-se humilhados! 😛
    Uma coisa que eu sempre achei estranho é que, na nossa natureza, todos os predadores possuem algum sentido especial ou apurado para localizar suas presas, além de táticas de caça que, eu acredito, muitas pessoas não seriam capazes de criar. Já os monstros clássicos de D&D e cia… Ataque Poderoso e Trespassar! Ou então uma porção de magias “at will”, 1/dia, 3/dia.

  8. Rey Ooze disse:

    Fantastico artigo, muito bom mesmo !
    É bom que o GM pode criar monstros, npcs, novas raças, sem ter que adotar a postura de que foi um Mago quem criou ou um Deus criou escondido, etc…
    Vale lembrar que na Natureza, animais que usam sentidos menos usuais, como no caso do tubarão, do morcego, tem deficiencia nos sentidos usuais como visão, audição e olfato. Fica a dica para os Mestres quando forem criar um Orc que “sente o cheiro do medo”.

  9. Caraca, eu não sabia dessa do tubarão capaz de perceber pulsos magnéticos! Tá aí uma coisa bacana pra pesquisar — se se descobre qual a particularidade dos órgãos que efetuam isto, como funcionam e por que razão, pode-se transpor isso sem problemas, com resultados interessantíssimos — ah, a nova geração de rangers que não teríamos!

  10. Arquimago disse:

    Adorei!!!! Você abriu uma mundo de possibilidades em minha mente!
    Continue com temas interessantes!

  11. Daniel R disse:

    Remo, meu querido, que artigo fantástico, rapaz. Fiquei aqui viajando em como contextualizar as raças da minha campanha, além de todo o resto. No meu mundo isso vai ficar mais a meu cargo e a cargo dos personagens mais “acadêmicos”, sendo que o resto do mundo vai continuar pensando que “é magia”, mas ao menos eu vou sentir que o mundo é mais real! Acho ótimo!
    Será que você não perderia mais uns 20 minutinhos do seu tempo nos brindando com mais algumas divagações sobre outras raças clássicas do D&D “cientificadas” e mais algumas teorias bacanas? =)

  12. Gun_Hazard disse:

    Bom eu passei a gostar dos artigos do Shido, mas vou discordar dele.
    Sobrenatural é a desculpa para o que não pode ser compreendido.
    Durante a idade média as caracteristicas de decomposição dos corpos eram vistos como “Indicios de Vampirismo”, em ambientações mais “avançadas” as explicações que o Shido acham legais podem ser aplicadas, em outros ela será ridicularizada (Terra Redonda? Você é Louco!).
    Mesmo uma embassada teoria será vista como sobrenatural para o aldeão comum.
    Mesmo Assim eu acho muito mais válido este método que ele apresentou mas como utilidade apenas para o Mestre e os “Filosofos do Jogo de plantão”.

  13. Leonel Domingos disse:

    Olha… eu entendi que o Shido estava se referindo ao trabalho de criação, e não à interpretação dos personagens.
    Até porque, num mesmo cenário, podemos ter interpretações completamente diferentes sobre a origem de determinadas habilidades de algumas criaturas, coexistindo. Tudo dependerá da cultura, crenças, nível de educação, etc, do personagem. Aliás, ainda hoje, em determinadas partes do mundo, a morte violenta gera suspeitas de que a vítima irá se tornar um vampiro.
    Então… eu até compreendo a que você se refere ao falar do que seja sobrenatural, mas discordo de sua colocação.
    Do que o Shido reclama é do jogador (e mestre) que abusa de soluções sobrenaturais desnecessariamente.

  14. Gun, o Leonel disse tudo: o que escrevi se refere à criação e, portanto, a coisa tem como objetivo ser útil aos mestres.
    A explicação pode ser qualquer uma — depende do cenário e dos personagens envolvidos em questão; mesmo a magia teria explicação diferente no Neokosmos e nos Reinos de Ferro, por exemplo. Embora com explicações diferentes, o *processo* de decomposição é idêntico na Idade Média e nos dias de hoje. O funcionamento da física ou da biologia não dá a mínima para como acreditamos que ele seja — apenas acontece. Logo, mesmo que não se tenha o conhecimento científico sobre os fenômenos e que se tenha, de fato, magia presente, os processos físicos e biológicos não vão simplesmente deixar de ocorrer por isso.
    No parágrafo sobre os elfos, aliás, eu apresentei uma teoria (maior amplitude de freqüências perceptíveis) que não é explicação, mas, sim, causa — a explicação fica a cargo do cenário, e o que apareceria em jogo são as aplicações daquilo no mundo (música com tonalidades ultra-sônicas, cartela de cores mais rica, percepção intuitiva da magia). Um elfo nessa conjuntura não iria dizer “Esses humanos percebem menos freqüências!” mas, provavelmente “Esses humanos são meio surdos!” — ou nem isso, afinal, pode sequer ocorrer para os elfos que escutem mais; se ele não é um estudioso no assunto (seja cientista, biomante, necromante — ou um druida que possa experimentar outras formas!), pode passar a vida achando que *todos* escutam da mesma forma que ele e, portanto, “Esses humanos são toscos mesmo!”.
    A tônica do artigo é “quando for criar, pesquise um pouco, não deixe todo o trabalho sujo para magia”. Fazer isso dá no mesmo que pôr um pequeno “portal de teleporte” em cada latrina por não querer pensar em algo simples como um sistema de esgoto.
    (E o raciocínio desse texto não se aplica apenas para criar raças — serve bem para monstros, e é especialmente útil quando se precisa de novos pelo fato de os jogadores terem memorizado todo o bestiário.)

  15. Gun_Hazard disse:

    Eu entendí exatamente isto que voce Shido e o Leonel disseram e concordo com tudo.
    Só dei uma de advogado do diabo mesmo no sentido que saber a razão é muito bom tanto para o mestre quanto para os jogadores, mas só fiz questão de ressaltar que as vezes isto não é transparente para os personagens como vocês também disseram (Que as vezes tem de assumir a explicação de sobrenatural, até para as coisas mais simples para nós).
    Não encarem como crítica foi mais como um desabafo mesmo.
    PS: Me admira voce falando sobre Latrina, me lembro uma conversa que voce disse que este tipo de assunto nunca seria abordado durante um jogo seu, inclusive cabendo um trocadilho de “Latrinas & Alguma-coisa” por sua parte…

  16. Fiquei mais flexível — afinal, depois do Trainspotting, fica inegável que coisas importantes podem cair dentro dela. Sem falar na possibilidade de esconder pertences lá dentro (caso em que o funcionamento dela fica relevante) em momentos emergenciais (autoridades perseguidoras e invasoras de lares, personagens com coisas a esconder…).
    Adicionalmente, você tocou em uma tecla interessante — a transparência de elementos de cenário aos olhos dos personagens jogadores, um ponto sobre o qual vale a pena escrever.

  17. Excelente o artigo…. faltou apenas uma foto do tigre-leão.

  18. Gruingas disse:

    Só pra resolver sua dúvida…
    Leão + Tigresa = Ligre, um bicho maior que um tigre ou leão. O maior felino que vc pode encontrar hoje.
    Tigre + Leoa = Tião (tradução livre para o termo em inglês, Tigon) – um bicho mirrado um pouco menor que um leão.
    Pra comentat, eu não acho que pitadas científicas sejam tão detestadas no mundo RPGista. Veja os povos trovão de Galrásia e alguns livros como “Lords of Madness” ou os ancestrais livros de ecologia dos reinos escritos pelo elminster.
    Mas que mais pitadas científicas seriam bem vindas isso seriam.

  19. Keldorl disse:

    Depois de ler vários artigos seus só falo uma coisa: Você é foda, camarada! Você é foda!
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    Um tanto fora do assunto RPG eu vou comentar a seguinte frase:
    “alguém que recorre em excesso ao sobrenatural provavelmente mascara desconhecimento sobre o natural”
    Eu diria que no mundo real tudo de sobrenatural é criado para suprir um desconhecimento sobre o natural, tudo! Até os deuses que se você notar só foram criados no passado e de umas centenas de anos pra cá não se viu mais a necessidade de criar novos deuses, pq agora o homem sabe de “onde” vem o raio.
    Abraço

  20. Gruingas, muito obrigado pelas informações sobre os ligres e tiões (nunca vou me acostumar com esse último)! Não sei o quão geral é o “receio ante o científico” mas, ao menos em várias discussões de que participei, sempre tive qualquer tentativa de introduzir tais conceitos na conversa defletida na base do “o texto criacionista do cenário disse que foi desse jeito, logo, não tente quebrar a festa com essas coisas sem graça”.
    Keldorl, esse é exatamente o ponto de vista que eu tenho — deuses são criações humanas. Deuses, hoje em dia, se escondem em lacunas — o que *ainda* não se consegue explicar, atribui-se a eles. Se as coisas sem explicação acabam…

  21. Moyza disse:

    Penso exatamente da mesma forma que você, e o encerramento:
    "O sobrenatural, afinal, tem a serventia de evocar assombro e espanto, logo, é prudente guardá-lo para os momentos em que for realmente indispensável — o que falhará se for banalizado, a magia reduzida a apenas “o ataque fodão do boss da masmorra”.
    Conclui precisamente o texto. Excelente! o

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