Os Quatro Pilares do RPG Nacional

Eles atraem novos jogadores, mantém os antigos, possuem grandes vendas, e nutrem todo mercado de RPG do Brasil. Quais sistemas seriam os quatro pilares do RPG nacional?


Pilar (sm): 1. [Arquitetura] Coluna simples de concreto, pedra, madeira ou metal que sustenta uma construção. 2. [Linguagem figurada] Que dá estabilidade ou segurança; apoio, arrimo, suporte.

Dicionário Michaelis

Recebem a alcunha de pilares os sistemas de RPG que sustentam todo mercado nacional, não apenas atraindo um grande número de novos jogadores para o hobbie, mas também mantendo um grande número jogadores antigos. Devido a sua força, estes baluartes estão constantemente transferindo jogadores para outros sistemas, alimentando e renovando todo o mercado.

Ao meu ver, para ser considerado um pilar, um sistema precisa cumprir com cinco requisitos:

  1. Ser publicado nacionalmente e em português. Novatos dificilmente vão procurar por livros em inglês na Amazon, e atrair novos jogadores é um atributo importante.
  2. Possuir um número considerável de suplementos, satisfazendo sua comunidade.
  3. Possuir lançamentos com certa constância, mantendo a comunidade interessada.
  4. Ter um número considerável de jogadores ativos.
  5. Possuir uma comunidade engajada comentando, compartilhando e produzindo material próprio.

Seguindo esses critérios, podemos recordar de diversos sistemas que já foram pilares no mercado nacional, como D&D 3ª edição, Storyteller, GURPS e Daemon. Nos dias de hoje, eu selecionei quatro sistemas, que ao meu ver, merecem o título.


Quatro Pilares do RPG Nacional - Tormenta RPG

1º Pilar: Tormenta RPG

Tormenta é sem dúvida o maior cenário nacional de fantasia medieval do Brasil, possuindo também quadrinhos, romances e videogames. Atualmente é publicado pela Editora Jambô para dois sistemas de regras: o Tormenta RPG (TRPG) e o 3D&T Alpha.

Tormenta RPG é um sistema D20 Open Game License (OGL), derivado e compatível com a 3ª edição de D&D, mas adicionando pequenas melhorias e modificações nas regras. Além de um cenário forte, o sistema possui vários suplementos e vem recebendo suporte mensal da revista Dragão Brasil.

O sistema possui uma grande e fanática comunidade de jogadores. Esta comunidade mantém até hoje um site Wiki por conta própria, compilando regras e material, seja oficial ou fanmade. Por outro lado, os fãs já não produzem material como antigamente, quando haviam inúmeros blogs e iniciativas.

Talvez o maior ponto fraco de TRPG seja também um de seus pontos fortes: a ligação íntima com seu cenário. Seria natural que TRPG herdasse o trono de D&D 3ª edição, como Pathfinder RPG fez no exterior, mas isso não ocorreu por completo. Mesmo sob licença aberta, não há lançamento de suplementos para outros cenários (ou interesse de outras editoras em fazê-lo), embora algumas adaptações tenham sido publicadas em revistas.

O manual básico de Tormenta RPG foi lançado originalmente em 2010 e está na sua 3ª edição. O “Tormentão”, como foi apelidado, conta com mais de 10.000 cópias vendidas.


Quatro Pilares do RPG Nacional - 3D&T Alpha

2º Pilar: 3D&T Alpha

Lançado pela revista Dragão Brasil no fim da década de 90, Defensores de Tóquio 3ª Edição (vulgo 3D&T) arrebatou um grande número de jovens jogadores, tendo sido (e ainda sendo) a porta de entrada de muitas pessoas para o RPG. Sua comunidade é tão fiel que convenceu o autor a relançar o sistema anos após este ter sido descontinuado!

Nascia assim a versão Alpha, publicada pela Jambô Editora e que hoje conta com três cenários oficiais publicados:

  • Mega City: mistura diversos gêneros modernos em cinco mini-cenários conectados entre si (supers, policial, terror, games de lutas e robôs), numa metrópole inspirada em Nova York.
  • Brigada Ligeira Estelar: uma ópera espacial com robôs gigantes. Inspirado em animes das franquias Gundam e Macross, com um toque brasileiro.
  • Tormenta Alpha: mais uma conquista da comunidade 3D&Tista, que convenceu a Jambô a publicar uma versão personalizada de seu cenário de fantasia medieval.

3D&T sempre teve como pontos fortes a simplicidade, velocidade e versatilidade. Atraindo novatos e podendo ser adaptado para uma vasta gama de gêneros e cenários. Com uma rápida busca pela internet é possível encontrar dezenas de adaptações feitas por fãs: de animes como Naruto e Shaman King, até livros, filmes e games como Harry Potter, Resident Evil e World of Warcraft.

Assim como o Tormenta RPG, o “azulzinho” também recebe suporte mensal através da revista Dragão Brasil, mas é interessante destacar (e elogiar) que diferente de TRPG, 3D&T também recebe um considerável suporte oficial gratuito através do blog da Jambô, onde os autores lançam material para os cenários já existentes, além de novos cenários experimentais.

Ainda existe bastante preconceito e rejeição ao sistema, especialmente entre os jogadores mais tradicionais. 3D&T ganhou fama de ser simplista, e seu sistema voltado para ação e baseado em efeitos (não em causas) é estranho para muitos. Claro que 3D&T tem suas limitações, mas as acusações de ser “malfeito”, “simplório” ou “infantil” são bastante injustas. Estas pessoas ignoram que 3D&T vem aprimorando sua profundidade tática e versatilidade ao longo de mais de duas décadas.

O manual básico de 3D&T foi lançado em 2009 e está na sua 3ª reimpressão, tendo mais de 9.000 cópias vendidas (fontes internas na editora). Além disso, a Jambô fornece o PDF do manual básico gratuitamente em seu site, tendo sido pioneira nesta estratégia.


Quatro Pilares do RPG Nacional - Old Dragon

3º Pilar: Old Dragon

Criado por dois lendários blogueiros de RPG, Old Dragon é um sistema D20 OGL com fortes influências do movimento “old school”, retornando com o clima e filosofias de jogo das primeiras edições de D&D, com poucas classes, alta mortalidade de personagens, e regras simples e soltas.

O “Velho Dragão” é o carro-chefe da Editora Red Box. Hoje o sistema conta com diversos suplementos publicados e alguns deles licenciados. A editora mantém uma Wiki onde compila regras e materiais, sejam oficiais ou produzido por fãs; além de publicar material de suporte com certa frequência em seu blog. Por fim, a Red Box oferece suporte para que a comunidade produza seu próprio material. Essas políticas criaram uma das comunidades de fãs mais engajadas e ativas do RPG brasileiro.

Além de ter publicado diversas aventuras sem uma ambientação específica, hoje o “Velho Dragão” também conta com um cenário oficial publicado (Tordesilhas, Sabres & Caravelas), e outro a caminho (Legião). O sistema também possui uma versão voltada para a ficção científica pulp: o Space Dragon.

É difícil encontrar pontos fracos em Old Dragon: o sistema é barato, acessível, e seus livros e caixas estão cada vez mais bonitos (incluindo um bestiário 100% ilustrado e colorido). Pode-se dizer que a mecânica e filosofia “old school” é tanto um ponto forte quanto fraco, afastando grupos a procura de sistemas e cenários maiores, mais modernos e complexos como Tormenta RPG e D&D 5ª edição, com dezenas de classes, opções táticas, e suplementos de cenário.

Lançado em 2011, o módulo básico de Old Dragon já conta com 12 mil cópias vendidas*. Além disso, o PDF pode ser adquirido gratuitamente na loja da Red Box.


Os Quatro Pilares do RPG Nacional 1

4º Pilar: Savage Worlds

A posição de Savage Worlds como quarto pilar nacional é um tanto incerta. Apesar disso, acredito que o sistema tenha potencial para preencher esta posição.

Publicado no Brasil pela Retropunk, Savage Worlds é um sistema genérico indie que conquistou inúmeros jogadores nos EUA e além. O sistema é conhecido pela simplicidade e velocidade, mas sua verdadeira força está nos cenários, elogiados por críticos e jogadores.

O engajamento da comunidade é vital para o sistema, pois a editora publicou quase todos os títulos via financiamento coletivo. “Mundos Selvagens” conta atualmente com quatro cenários publicados no Brasil, com um quinto a caminho:

  • Deadlands: cenário cujo antigo sistema deu origem ao Savage Worlds. É um velho oeste com bagulhos sinistros.
  • Accursed: um mundo medieval dominado por monstros, onde você joga com um monstro liberto das influências malignas de seus mestres.
  • Terra Devastada: cenário nacional de apocalipse zumbi, adaptado para o sistema.
  • Weird Wars II: 2ª guerra mundial com bagulhos sinistros.
  • Lahnkmar: É um clássico cenário de fantasia medieval, popular por seus romances. A Cidade dos Ladrões é o próximo cenário a ser lançado pela Retropunk.

Com uma comunidade engajada e lançamentos constantes, o maior questionamentos quanto a “pilaridade” de Savage Worlds se deve a dependência em relação aos financiamentos coletivos. Embora isso possibilita a produção de livros coloridos de alta qualidade, tenho dúvidas sobre o quanto isso limita o seu acesso a novatos (que vão esbarrar com RPG pela 1ª vez em livrarias e lojas especializadas). Talvez Savage Worlds esteja restrito demais a um nicho para ser considerado pilar, mas ele tem potencial para ir além, ocupando o nicho deixado por GURPS no Brasil, com cenários diversos, mais “históricos” e menos exagerados que os de 3D&T Alpha.

O manual básico de Savage Worlds foi publicado em 2013 e encontra-se na sua 2ª edição. Segundo fontes da editora, o manual já teria vendido um total de aproximadamente 3.000 cópias.


Análise sobre os quatro pilares

Sobre a ordenação dos pilares, me pareceu óbvio que Tormenta e 3D&T possuam uma história antiga com profundos impactos no mercado brasileiro, de modo que os posicionei na 1º e 2º posições, deixando o recém-chegado Old Dragon como 3º pilar, e o incerto Savage Worlds na 4º colocação.

Se no passado a maioria dos pilares foram RPGs gringos (GURPS, Storyteller, D&D 3ª edição), hoje a situação se inverteu. Isso se deve tanto a um amadurecimento do mercado, quanto ao afastamento da Editora Devir em relação ao RPG. A editora era a única no passado com cacife para licenciar e publicar estes RPGs na qualidade crescente exigida pela comunidade e editoras gringas. Este afastamento gerou um vácuo que porventura foi ocupado pela Jambô e Red Box com títulos nacionais de custo reduzido.

Destaca-se também que os manuais básicos de 3D&T Alpha e Old Dragon possuem vendagens altas, mesmo com seus manuais disponíveis gratuitamente. Que isso incentive outras editoras e sistemas a seguir a mesma estratégia!

A menos que D&D 5ª edição seja lançado em português, não vejo como esta conformação dos pilares possa se alterar a curto prazo. Notei a ausência de um pilar focado no terror e campanhas modernas: nicho que já teve vários pilares, como GURPS, Daemon e Storyteller. Esta é uma lacuna que 3D&T vem tentando preencher com Mega City, e outras editoras parecem desejar investir.

Concordam com a lista dos pilares? Gostariam de acrescentar algo mais? Tretemos amistosamente nos comentários! 😀


*Informação sobre as 12 mil cópias na live com Mr. Pop (55:40) em 30/11/17, gravação no link.
Agradecimentos ao Moreau do Bode, Marlon Teske (Jambô Editora) e Daniel Martins (Retropunk) pelas informações; e ao Pedro Feio pela revisão.

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16 Resultados

  1. Edjan disse:

    Não é da Retropunk, mas Interface Zero é um cenário cyberpunk pra SW publicado pela Pensamento Coletivo.

  2. Camila Gamino disse:

    Eu sempre digo que sou “cria da Dragão Brasil” porque meu primeiro RPG, há 16 anos atrás (completados dia 19/01/2018) foi 3D&T. Há 16 anos, morando no interior de uma cidade do interior, nada chegava. O bairro não tinha sequer banca de revista. Dois amigos jogavam e eu e mais dois quisemos conhecer. Foi o auge. Jogávamos desde aventuras em reinos medievais genéricos até até aventuras baseadas nos nossos animes preferidos, como Pokemon e YuYu Hakusho. Sem o 3D&T, provavelmente eu – e muita gente – jamais teria acesso ao jogo.
    Achei os pilares muito bem escolhidos, eu apenas inverteria 3D&T e Tormenta pela importância histórica que 3D&T tem no cenário nacional e na formação de jogadores no país.
    Old Dragon não tive o prazer de conhecer ainda (aceito convito para one shots ou mesas curtas).
    Savage World tive o prazer de jogar uma sessão divertidíssima que infelizmente ficou nisso pq o mestre não pode mais nos encontrar. Também aceito convites.
    No mais, o texto está ótimo e achei aos critérios muito bons.
    E desculpem pelo textão xD

    • Edu Guimarães disse:

      Valeu Camila, eu também sou “cria da DB”. Mesmo morando numa cidade grande como o Rio, eu e meu grupo aprendemos a jogar RPG sozinhos, na raça, e a DB era nosso “senpai”. Muitos dos meus amigos conheceram RPG através da Dragão Brasil 54, com Pokémon na capa e o suplemento Panteão a tiracolo.
      Confesso que tive dúvida sobre a ordem entre TRPG e 3D&T. Acho que é um empate técnico. Acabei optando por TRPG por esse ter menos rejeição do que o 3D&T, ter vendido mais (mesmo sendo mais caro), e por seu cenário ser a maior franquia do mercado nacional.
      Obrigado pelo textão 🙂

    • Edjan disse:

      Esse teu texto me lembrou jogando pela primeira vez com o D&T, mesmo Belém sendo uma capital material era difícil.

  3. Leishmaniose disse:

    Olá,
    Edu, por curiosidade, o que faltou pro Fate entrar como pilar?
    É preciso que as produções sejam todas da editora ou os fanmades entram nessa lista?
    Por exemplo, vários materiais são lançados aqui e ali pra Fate, incluindo uma revista periódica como o Conexão Fate que não tem ligação com a Solar (editora antiga do Fate).
    E o Cypher que é representado pelo Numenera e pelo The Strange?
    O D&D não entrou em português ainda, mas o Pathfinder trazido pela Devir, o que faltou pra entrar?
    Bonanças.
    Atenciosamente,
    Leishmaniose

  4. Leishmaniose disse:

    Olá,
    Só complementando a questão anterior (e porque esqueci de marcar a caixinha de receber e-mail quando alguém comentar), por exemplo, o Icons é derivado do Fate, assim como o Espírito do Século e o Jadepunk (Redbox, Retropunk e Pensamento Coletivo), além dos suplementos lançados pela Solar (Fate Acelerado, Bukatsu, entre outros). Fora livros, tem a revista Conexão Fate e as “revistas na medium” (que entrariam como blog). Enquanto fanmade tem até material pra Carga Pesada, Ursinhos Carinhosos, Mouse Guard, Pokemon, Cavaleiros do Zodíaco, etc.
    Bonanças.
    Atenciosamente,
    Leishmaniose

    • Edu Guimarães disse:

      Salve Leish, boas questões, me deram muito o que pensar
      Sobre o FATE: eu diria que falta ele romper a barreira entre “mainstream” e “indie”. Um pilar é sem dúvida um RPG voltado para “as massas”, jogado por muitos. Muitos dos questionamentos que eu faço pro SW são também válidos para o FATE. Talvez a diferença entre os dois é que SW parece possuir uma política de lançamentos mais constante, fazendo mais barulho no meio RPGístico.
      Em relação aos produtos de terceiros para FATE. Posso estar enganado, mas me parece que o Icons está para o FATE o que M&M está para o D&D/D20. Ao meu ver são linhas de produtos distintas e autônomas.
      (Eu tento clarificar meu ponto sobre a importância de lançamentos oficiais e por fãs num comentário mais abaixo.)
      Por fim, FATE foi descontinuado pela Solar? Alguma outra editora assumiu o título?
      Outros pontos:
      – Numenera e The Strange (e praticamente todos os títulos da New Order) são linhas voltadas para RPGistas veteranos dispostos a gastar uma boa grana para tê-los na melhor qualidade possível. Tão pouco são voltados a um grande número de jogadores, como suas tiragens limitadas mostram.
      – Pathfinder RPG só possui seus livros mais básicos lançados pela Devir, e não parece haver interesse da editora em expandir a linha. Não vejo como ele poderia ser um pilar de sustentação do nosso mercado.

      • Leishmaniose disse:

        Olá,
        A diferença entre o Savage Worlds e o Fate não é que o Fate é Creative Commons?
        Porque qualquer pessoa pode utilizar o sistema e hackear como ocorreu com o Icons. Isso faz com que a comunidade exista e produza materiais muito antes do Fate Core vir pro nosso idioma, por exemplo. E que outras editoras publiquem materiais sem ter de prestar contas a editora original, a Solar – inclusive utilizando as mecanicas que forem saindo lá fora porque elas saem em CC.
        Um fenômeno similar ao do CC do Fate tu pode encontrar no período que o 3D&T ficou sem publicação oficial e a comunidade manteve tudo ativo por uns 10 anos porque não tinha implicações legais proibitivas – que é o que costuma acontecer com sistemas com copyright e licença restrita.
        A diferença entre o Icons e o Fate, fora partes estéticas, é o não-uso do dado Fudge, mas uso de d6. Mas de resto, ele usa a base – por ser cc, isso pode ser possível, assim como é com o 3D&T que pode-se mudar os atributos em um hack, conforme mostrado no Manual do Defensor recentemente lançado.
        E pelo que eu sei, a Meeple BR entrou como sócia da Solar, que por sua vez só possui os direitos da diagramação e ilustrações do Fate Core, já que o sistema é Creative Common – por isso mesmo há outras duas traduções do Fate, que era até chamado Afim em uma delas. Por isso a independência do sistema de uma editora-chefe que me fez perguntar se materiais como o Conexão Fate e os periodiocos na Medium não entram como publicações.
        Bonanças.
        Atenciosamente,
        Leishmaniose

        • Edu Guimarães disse:

          3D&T ficou sem suporte oficial por 5 anos. Não há evidências de que nesse meio tempo a comunidade se expandiu e atraiu mais jogadores para o RPG. Sem dúvida o 3D&T, o mercado e a comunidade estão muito melhores agora, com suporte oficial.
          Ao meu ver, a comunidade sozinha tem capacidades limitadas quanto a isso, ela pode se manter, talvez até crescer lentamente, mas a presença de editoras e linhas de produtos ajuda muito mais no crescimento e manutenção do RPG no país. Por isso eu considero o Conexão FATE e outros produtos de fãs como critério 5, e não critérios 2 e 3.
          Na minha impressão o FATE (seja como linha da Solar, seja reunindo todos os CC atualmente no mercado), não faz tanto barulho quanto SW, e por isso um entrou como incerto e outro não. Talvez o CC acabe por não conseguir dar esse senso de “unidade e sinergia” aos títulos. Enfim, essas foram minhas percepções e minha linha de raciocínio.
          Estou acompanhando o Mundos Colidem e estarei mais atento ao FATE. Gostei do artigo que você linkou.

          • Leishmaniose disse:

            Olá,
            Eu acho que a evidência está justamente na quantidade de material que foi produzido durante essa época – embora infelizmente muito tenha se perdido com o final do Multiply, a plataforma que muita gente do 3D&T, como o Burp e o “Cavaleiros”, usava pra postar seus materiais. Chegou a sair uma revista digital, se não me engano, que depois se tornaria a 3D&T2, que foi outra revista que saiu após o lançamento do Alpha.
            Entendo a importância da editora nesta questão e suplementos realmente ajudam bastante, mas em uma época de mudança de paradigma, talvez alguns elementos não sejam tão funcionais – como vemos em alguns modelos lá fora, como o da Evil Hat do Fate e o da Pelgrane do Gumshoe (e que eu espero que o Cam do Cortex siga a mesma linha ao invés de manter aquela licença terrível do Cortex Plus). Aqui no Brasil, como a coisa é um pouco mais lenta (estamos agora entrando na discussão sobre Old School, após termos passado pela dos RPGs alternativos e indies), ainda não se vê isso com tanta ênfase, mas acho que seria algo a se observar – principalmente se começar a surgir produções autorais, como cenários tupiniquins, usando de algum dos sistemas.
            P.s.: Atributo também um pouco desse atraso no fato da Devir não ter soltado o SRD traduzido do D&D gratuitamente na net na época que lançou, assim como não soltou o do Pathfinder e a New Order não soltou o do 13ª Era – eu comparo a diferença das comunidades de TRPG, Pathfinder e 13ª Era pra embasar um pouco mais o efeito do “não-srd” (embora o SRD de TRPG tenha sido feito pelos fãs, mas com apoio da editora).
            Oh. Obrigado por nos acompanhar! Se puder, dá uma passada na comunidade do Fate do Face, como os fateanos são muito ativos por lá, fica mais fácil de acompanhar.
            Bonanças.
            Atenciosamente,
            Leishmaniose

  5. tuim666 disse:

    Eu acredito que além dos citados na matéria, D&D 5e ainda é o maior pilar, mesmo não tendo uma versão traduzida oficial (os livros básicos, alguns suplementos e aventuras e vários homebrews podem ser encontrados facilmente por aí).
    A força que o D&D tem, aliado as várias streams que utilizam como sistema base, faz dele o alicerce que sustenta esses pilares.

  6. Thiago disse:

    Legal. Agora no aguardo sobre os pilares internacionais que influenciaram o RPG no Brasil, como o AD&D, GURPS, Storyteller, etc.

  7. Acho que você fez um excelente trabalho e matéria, só vou falar alguns pontos:
    1)Acho curioso (posso estar errado, porque a fonte é o boca a boca) que o RPG que mais venda no Brasil (o RPG do Games o Thrones) não tenha uma comunidade ativa como os outros pilares.
    2)Realmente o Tormenta RPG teve vários blogs de fãs que morreram ao longo do tempo. Mas eu acho que é mais um ciclo de vida que os blogs passam mesmo (a vida é muito corrida poucos conseguem usar o tempo livre para atualizar um blog)do que alguma evidencia. Podcasts tem esse ciclo de vida, poucos vão se tornar um Jovem Nerd.
    3) Segundo seus critérios não contaria, mas eu acho que D&D 5e dividiria o posto de quarto pilar. Graças propaganda boca-a-boca.
    Bem é isso excelente trabalho e é muito bom ter essa analise do mercado de RPG que você faz.Porque é algo que não temos muito aqui.

  8. Edu Guimarães disse:

    Uma nota complementar quanto aos 5 critérios (e uma resposta parcial ao Leishmaniose)
    Um pilar sustenta. Ele precisa atrair novos jogadores e manter antigos. Como isso ocorre? Todos os 5 critérios são importantes para que isso ocorra.
    Qualquer lojista ou editor dirá que o lançamento de um suplemento aumenta as vendas de outros livros da franquia. Lançamentos também geram assunto e agitação na comunidade. Não é raro ouvir que veteranos afastados retornaram a jogar por causa de um novo lançamento.
    Um novato que vai a uma loja especializada encontrará vários livros de 3D&T, OD e TRPG enfileirados, com suas identidades gráficas características chamando atenção. Convenhamos, é mais fácil ele ser atraído por esses livros, ou ter eles indicados por lojistas e amigos.
    Também existe uma maior chance que as pessoas em volta desse novato joguem sistemas populares (na escola, na facul, nos círculos nerds), e estejam comentando e falando sobre sistemas que tenham lançamentos constantes. Na internet, também será mais fácil esbarrar com sistemas populares.
    Portanto, sim, ter lançamentos oficiais e publicações constantes é algo importante.
    A produção feita por fãs também é, mas a tendência é que a comunidade vá diminuindo sem suporte oficial. Desconfio que a resiliência de alguns destes grupos se deva ao fato deles não terem produtos similares no mercado atual.

    • Leishmaniose disse:

      Olá,
      Mas tal questão não seria válida apenas com sistemas que tenham licenças restritas? Ou licenças abertas não entrariam em um caso que não precisasse de publicação oficial de uma única editora?
      Porque, por exemplo, acredito eu que muito do motivo do D&D não ter tido tantos derivados aqui no Brasil é que o SRD não foi liberado. Tanto que quando saiu em pt-br o TRPG, a comunidade criou uma wiki pro SRD, e tem muito material e adaptação saindo pra ele, não somente pro cenário de Tormenta, mas pra outros cenários – como até Reinos de Ferro.
      (Pra quem estiver confuso sobre licenças e quiser acompanhar a discussão, aqui um post explicando um pouco como funcionam as diferentes licenças – o 3D&T, por exemplo, é licença aberta, já que o Cassaro autorizou uso, e o TRPG é OGL: http://mundoscolidem.com.br/como-treinar-seu-sistema-4/ )
      Bonanças.
      Atenciosamente,
      Leishmaniose

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