Iniciativa TRPG: Igreja e dogmas de Thyatis

A Iniciativa Tormenta RPG está de volta! Para quem não conhece, é uma proposta entre os usuários do Fórum Jambô para criar mais material para o mundo de Tormenta RPG. O tema deste período é “Igrejas e Dogmas”. E resolvi revisitar uma série de textos que escrevi há muitos anos sobre várias igrejas e religiões do mundo de Arton. O resultado vai aparecer aqui em doses homeopáticas; o primeiro falou sobre igrejas relacionadas a Khalmyr, o Deus da Justiça; o segundo tratou dos clérigos e da ordem de Valkaria, Deusa da Humanidade; o terceiro artigo fez o mesmo por Tanna-Toh, a Deusa do Conhecimento, enquanto o quarto o fez por Marah, Deusa da Paz. O quinto artigo tratou sobre a organização dos druidas de Allihanna, deusa da Natureza.
E finalmente, este é o último da série (aleluia?). Aqui falamos sobre a igreja e os dogmas de Thyatis, Deus da Profecia e Ressurreição.
Uma nota relativamente importante: eu não reconheço a mudança de Triunphus para algum lugar de Sambúrdia, simplesmente porque isso faz um retcon completo em textos que EU escrevi – todo o capítulo de Hongari nos suplementos O Reinado e O Reinado D20. Ajustem como necessário para suas campanhas 😉

Fogo e profecia, persistência e triunfo

Thyatis é conhecido em toda parte; cada localidade de Arton parece já ter ouvido falar sobre o Triunfante sobre a Morte. No entanto, seu culto sempre foi aparentemente pequeno, considerando-se o status do deus como membro do Panteão. A despeito disso, Thyatis possuiu grande papel nos primórdios do Reinado.
Conta-se que o resultado da Grande Batalha foi previsto pelo sumo-sacerdote de Thyatis da época, Croanax; no entanto, ninguém no reino de Cobar estava disposto a acreditar na profecia e o sumo-sacerdote partiu para a Planície Yughart, onde tentou sem sucesso impedir que a profecia se realizasse. O próximo sumo-sacerdote nomeado foi Krilos, o Triunfante, que fez parte da caravana de refugiados para Ramnor quando era apenas uma criança, e foi iluminado pelo deus, partindo para o território dos halflings, onde fundou a gloriosa cidade de Triunphus.
A despeito da influência de Krilos na formação de uma das maiores cidades do Reinado, o culto à Chama da Profecia nunca atingiu grandes proporções. Seus clérigos estão espalhados por toda Arton-norte, seja em pequenas vilas, seja em grandes cidades, mas sempre dispostos a reverter o maior dos empecilhos para todas as raças: a morte.

História da Ordem da Fênix

O antigo reino de Cobar era um dos maiores redutos dos clérigos deste deus, e um dos cultos que praticamente se transferiram completamente para Arton-norte foi o culto a Thyatis.
A Ordem da Fênix se estabeleceu no reino de Tyrondir, mas seu maior representante, o sumo-sacerdote Krilos, recebeu uma visão do próprio Thyatis e partiu para a região onde fundaria Triunphus. A Ordem perdeu muito de sua força com a partida de seu sumo-sacerdote, mas Dedriannes Zocktrinn, um dos sacerdotes mais conhecidos por suas capacidades proféticas, passou a liderar a Ordem, expandindo lentamente a Ordem da Fênix por toda a região do Reinado.
Além do amplo culto à Thyatis em Hongari (em especial em Triunphus) e em Tyrondir, os reinos que possuem templos de Thyatis pelo menos em suas capitais são Deheon, Zakharov, Namalkah, Wynnla, Petrynia, Sckharshantallas e Sambúrdia. A capital de Tapista, Tiberus, possui um grandioso templo à Thyatis, mas seu culto e suas atribuições são suficientemente diferentes do padrão do Reinado, a despeito de seu nome ser idêntico em ambos os casos. O mesmo vale para os cultos dos khubarianos e dos anões ao deus da ressurreição.
Thyatis não parece possuir muitos seguidores, mas na verdade a Ordem está tão espalhada que seu culto pode ser considerado tão grande quanto o de Marah. Os aventureiros em especial possuem grande estima por Thyatis, sendo os principais beneficiários dos serviços de ressurreição da Ordem da Fênix. Esses serviços podem ser cobrados em dinheiro ou em missões ordenadas pelo próprio Thyatis através de profecias; o dinheiro serve para manter a Ordem e seus templos, enquanto as missões podem ter todo tipo de consequências, que apenas a Chama da Profecia pode prever…

Thyatis e Seus Servos

Em geral, os clérigos e os raros paladinos de Thyatis são treinados na sede da Ordem em Tyrondir, ou em algum dos templos que existem espalhados pelo Reinado. Não existe uma grande “propaganda” da Ordem para adquirir novos clérigos ou paladinos; em geral, aqueles que estão destinados a servir Thyatis recebem visões proféticas ou sinais divinos que indicam o caminho que devem seguir.
A Ordem não aceita leigos, embora dê boas-vindas à todos que desejarem conhecer a palavra de Thyatis. O treinamento dos clérigos dura cerca de três anos, e o dos paladinos, cinco. As cerimônias de ordenamento são simples, e a única exigência que o templo faz ao recém-ordenado clérigo/paladino é agir de acordo com o que Thyatis designar. A maioria continua no templo onde começou, mas outros podem receber visões onde fundam novos templos em homenagem ao deus, ou mesmo participam de grandes aventuras. Essa profecia em geral ocorre durante a cerimônia de ordenamento, e pode adotar muitas formas.
É interessante notar que a Ordem não possui uma hierarquia muito rígida, embora esta siga o figurino das ordens tradicionais (sumo-sacerdote, conselho de sacerdotes mais velhos, clérigos formados e iniciados); na prática essas diferenças não existem, já que qualquer servo de Thyatis pode ser agraciado com grandes visões, não importando seu status mundano.
Entre os rituais típicos da Ordem, temos o enterro daqueles que não podem mais ser devolvidos à vida, onde a graça de Thyatis é dada ao morto, cremando-o; o casamento, que só é feito se o clérigo responsável receber uma resposta favorável de Thyatis, durante a cerimônia; e o batismo, que além de polvilhar cinzas na fronte da criança, pode trazer augúrios sobre o destino do recém-batizado.
 
A imagem de capa é de autoria de Genzoman.

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4 Resultados

  1. Spocky disse:

    pó, post bacana, thyatis é um dos deus que acho mais legal entre os 20, mas você deixa meio que entender que eles cobram dinheiro pelas ressurreições, o que não é verdade, no máximo eles exigem favores(alem da missão que pode ser imposta pelos deuses sobre o revivido).
    E você deu bastante enfase em que o culto é um tanto pequeno, o que é verdade, mas lembre se que muito dos servos de thyatis são imortais, logo é um culto não muito grande mas duradouro.
    só comentários que acho bacana para incrementar , mas belo post cara!

    • Oi Spocky! Eles podem cobrar dinheiro pelas ressurreições sim. Só olhar no livro básico Tormenta RPG, página 140. É possível pagar um certo valor por uma magia de 5º nível, como reviver os mortos. Ou seja, eles podem sim apenas cobrar um valor.
      E vamos lembrar que eles serem imortais não quer dizer que eles não morram de causas naturais. O Dom da Imortalidade se refere à mortes violentas, “antes do tempo natural”, não criando uma batelada de gente que não morre nunca.

  2. Fernando Gomes disse:

    Em Triunphus, os Sacerdotes de Thyatis são emcumbidos de cuidar dos mortos até que sejam ressuscitados pela benção/maldição da cidade. Além disso, informam aos aventureiros incautos que não podem mais sair da cidade e orienta-os a construir ali uma nova vida. Também podem fornecer abrigo temporário aos forasteiros que ali morreram e ainda avaliar seu perfil, orientando-o a determinadas funções/cargos assim que revivem.
    No restante de Arton suas funções são bem diferentes:
    Dão uma segunda chace àqueles que morreram de causas não naturais, sejam eles assassinos impiedosos ou paladinos santificados. Não existe distinção de uma vida ou outra. Também são muito requisitados por aventureiros para reviverem companheiros que morreram durante aventuras.
    Quando abençoada pela ressureição, uma pessoa pode ou não receber uma missão do clérigo de Thyatis que a ressuscitou. As missões podem ser perigosas e humilhantes, caso o clérigo seja maligno ou importantes e honradas, caso seja benigno. Se recusar ou desistir de sua missão, perde 1 ponto de vida por turno e quando morre, seu corpo é reduzido a cinzas, sendo impossível devolver-lhe a vida por qualquer meio.
    Geralmente não cobram pelas ressurreições, mas podem fazê-lo, dependendo da região ou condições do templo/ordem naquele local. Provavelmente pedirão doações não obrigatórias em troca do favor, para manutenção do templo e dos sacerdotes.
    Não é comum que clérigos se tornem aventureiros. Em geral, os poucos paladinos da ordem é que preferencialmente o fazem. Clérigos aventureiros normalmente levam a palavra de Thyatis a onde vão e sempre poupam vidas, além de experimentar visões e augúrios em diversas ocasiões. Podem andar munidos de poderosas magias de fogo divino ou advinhações e formas de comunicação com seu deus. São poderosos estrategistas e protetores devido a estas habilidades.
    Servos de Thyatis sentem familiaridade e amizade quase instantânea por servos de Tanna-Toh. Em geral, ambos compartilham de visões, sabedoria e conhecimentos quase inesgotáveis. Também podem simpatizar por servos de Lena, Marah e Valkaria, por prezar a vida (as duas primeiras) e ambição e coragem (terceira).
    Espero que seja proveitoso! 🙂

  3. Will DL Souza disse:

    Queria muito fazer um clérigo de Thyatis, mas são tão poucos os poderes concedidos para devotos da ressurreição. Acho que deveriam criar mais recursos para devotos de Thyatis.

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