A Guarda Arbórea de Lenórienn

Séculos no passado, quando a capital dos elfos ainda resplandecia em Lamnor, a função de protegê-la cabia a uma unidade de elite especial: a Guarda Arbórea de Lenórienn. Comandando um tipo único de criatura-árvore gigante, eram estes guerreiros que garantiam as defesas da cidade contra invasores, tantos seus eternos inimigos hobgoblins como também monstros e outras criaturas de grande porte que eventualmente ameaçavam os seus muros de cristal.
O nyarlandall, como esta árvore é chamada, é uma espécie muito rara, que, até onde se sabe, cresce apenas na região da Floresta de Myrvallar. Através de espinhos e sulcos que perfuram a pele e penetram no corpo de um “piloto,” ela é capaz de se conectar ao seu sistema nervoso, e assim ele pode movê-la como se estivesse movendo o seu próprio corpo. É o ideal máximo de união entre um ser vivo e a natureza: uma simbiose com a própria vegetação, tornando-os uma só entidade.
No passado, membros de certas casas nobres de Lenórienn eram treinados desde a infância para guiar estas criaturas. Sua primeira conexão com uma muda era feita quando surgiam os primeiros sinais da puberdade, e ambos então cresciam em conjunto, desenvolvendo habilidades e poderes simultaneamente. Há uma razão para que isso fosse feito tão cedo: quando ambos estão conectados, a seiva da árvore e o sangue do usuário passam a percorrer os mesmos canais, o que possui uma série de efeitos colaterais. Em primeiro lugar, isso faz com que todo o dano sofrido pelo nyarlandall também seja sentido pelo seu piloto. Em segundo, isso restringe as pessoas com quem ele pode se conectar: tanto a árvore como o piloto assimilam o código genético um do outro, de forma que nem ela jamais aceitará outro usuário, e nem ele jamais poderá se conectar com outro nyarlandall. E em último lugar, existe uma chance forte de que o corpo do piloto rejeite a seiva nesta primeira união, tornando a conexão impossível e pondo em risco a sua própria vida. Um corpo de criança possui defesas biológicas mais frágeis, diminuindo as chances de rejeição; não é impossível que um adulto tente uma primeira conexão com um nyarlandall e seja bem sucedido, mas é bem mais raro de acontecer.
Já fazem alguns séculos, no entanto, que o número de pilotos de nyarlandall está diminuindo. Por uma razão desconhecida, o número de rejeições nas primeiras conexões têm aumentado a cada geração, reduzindo o efetivo da Guarda Arbórea já por muitos séculos antes da queda de Lenórienn. O próprio Myrva Dellantal, o nyarlandall da família real, já havia rejeitado o avô, o pai e o próprio Khinlanas, último rei élfico. Quando a Aliança Negra invadiu Lenórienn, seus números não eram mais grandes o suficiente para mudar os rumos de uma batalha. Os últimos pilotos conhecidos foram então mortos, escravizados ou se tornaram fugitivos.
A Guarda Arbórea de Lenórienn 1
O Nyarlandall
Como já dito, o nyarlandall é uma espécie de árvore raríssima, capaz de entrar em simbiose com outro ser vivo e ser guiado por ele como um tipo de veículo de combate. Não apenas elfos são capazes de realizar esta simbiose: há registros históricos de alguns pilotos humanos no passado, e até mesmo um anão há cerca de duzentos anos. Por algum motivo, no entanto, a árvore parece rejeitar conexões com a maioria das espécies goblinoides.
Quando realiza a primeira conexão, o personagem deve fazer um teste de Resistência, e falhar. Um sucesso significa que o seu corpo foi capaz de expulsar a seiva do nyarlandall, tornando a conexão com aquela árvore impossível (mas ele ainda pode tentar realizar uma primeira conexão com outras mudas). Por isso que o normal é que esta primeira tentativa seja feita ainda no fim da infância e começo da adolescência, quando a sua Resistência ainda é baixa (geralmente 0).
Tendo cumprido este pré-requisito, o personagem pode adquirir o nyarlandall como um Aliado, seguindo todas as suas regras e custos normais. As únicas restrições é que ele e o piloto devem obrigatoriamente possuir a vantagem Ligação Natural; e a árvore não pode possuir Habilidade maior do que 0, sendo apenas um tronco imóvel sem um piloto guiando-a. Ela é pilotado normalmente seguindo as regras de Comando de Aliado, e você pode usar todas as regras do netbook Mechas para 3D&T se quiser.
Sendo um ser vivo, o nyarlandall também cresce com o tempo, se tornando maior e mais poderoso. As constantes uniões e trocas de material genético entre ele e o piloto influenciam no seu desenvolvimento, de forma que é comum que ele acabe adquirindo características que o reflitam. Esta é uma das razões pela qual a primeira conexão em geral é feita com uma muda, e não uma árvore adulta: assim, o piloto é capaz de influenciar o crescimento do seu nyarlandall, tornando-o mais adequado às suas próprias características e gostos pessoais. Mas também existem, é claro, nyarlandall mais antigos, que são passados de pai para filho durante várias gerações, acumulando diversas habilidades ao longo dos séculos. Um nyarlandall ainda jovem pertencerá à escala Ningen; um já adulto, à Sugoi; e alguns muito raros e antigos podem pertencer até mesmo à Kiodai.
Uma vez que seja feita a primeira conexão com um piloto, o nyarlandall absorverá e assimilará uma parte do seu material genético, tornando conexões com novos pilotos impossíveis. A única exceção é no caso de filhos de um piloto anterior, uma vez que a árvore reconhecerá a herança genética do seu antecessor. O oposto também é válido: o próprio piloto também absorve uma parte do material genético da árvore, tornando impossível que se conecte com outros espécimes; a única exceção é com mudas que tenham nascido do próprio nyarlandall original, uma vez que o seu corpo reconhecerá os mesmos genes na sua seiva.
Normalmente um nyarlandall é equipado com grandes placas de armadura, além de armas de haste de grande porte, como lanças e alabardas. Armas como espadas e machados são difíceis de serem produzidas neste tamanho, de forma que são incomuns, mas não inexistentes. Para atacar à distância o mais comum é que sejam usadas pedras arremessadas, mas alguns nyarlandall podem possuir grandes balistas especialmente construídas para a sua escala, que são manuseadas como se fossem bestas.
O Último Guarda Arbóreo
Roland Argoral era filho do patriarca de uma das mais tradicionais famílias élficas pertencentes à Guarda Arbórea. Sua mãe, no entanto, não era uma elfa, mas uma aventureira humana com quem ele teve um breve romance após a morte da sua primeira esposa. Deixado para trás por ela, foi criado pelo pai, que o aceitou mais por uma questão de honra do que por realmente considerá-lo um filho legítimo.
Roland conviveu com esse estigma durante toda a sua infância e adolescência. Mesmo fazendo de tudo para chamar a atenção do pai e fazê-lo se orgulhar, sempre foi rejeitado em prol dos seus irmãos. Cresceu ouvindo histórias da Guarda e as criaturas fantásticas que eles comandavam, e por muito tempo sonhou em fazer parte dela – até que, já próximo de se tornar um adulto, tomou consciência da sua posição na família, e que jamais seria aceito. Conseguiu, no entanto, uma carta de recomendação para ser aceito na infantaria de Lenórienn; mas mesmo lá o sangue impuro impediu que atingisse postos de maior prestígio, por mais que fosse um soldado esforçado e pelo menos tão capaz quanto qualquer outro.
Tudo mudou, é claro, com o ataque derradeiro a Lenórienn pela Aliança Negra. Tanto Roland como seu pai e irmãos lutaram para defender a cidade, cada dentro da sua unidade. Foi o meio-elfo, no entanto, quem viu quando Coertineen, o nyarlandall da sua família, foi derrubado em combate, e correu para socorrê-lo. As últimas palavras que ouviu de seu pai antes de ele morrer em seus braços foram um pedido de desculpas pela forma como o tratou a vida inteira, e outro para que salvasse os seus irmãos da morte certa.
Ele então subiu no nyarlandall e fez a sua primeira conexão, sendo aceito como piloto instantaneamente. Ainda tentou lutar por mais algum tempo procurando seus irmãos, mas, vendo que a batalha estava perdida, decidiu fugir junto com outros guerreiros. Após uma longa viagem, chegou até Tyrondir, onde se uniu ao exército do reino contra a Aliança Negra. Hoje, busca informações sobre se seus irmãos ainda estão vivos, ao mesmo tempo em que tenta reerguer a Guarda Arbórea à sua antiga glória.
Roland é um guerreiro mediano, esforçado mas não muito acima do seu soldado de infantaria padrão. O que ele perde em treinamento compensa com muita força de vontade. Comandando o Coertineen, no entanto, ele pode ser bem mais perigoso: pode fazer ataques em carga com a sua alabarda, arremessar grandes pedras contra seus inimigos, além de usar cipós grossos para atacar ou mesmo prender inimigos distantes.
Roland Argoral
F1 (corte) H2 R2 A1 PdF0 10 PVs 10 PMs
Kit: Combatente (Ataque Inesperado).
Vantagens/Desvantagens: Aliado, Ligação Natural, Meio-Elfo, Devoção (resgatar seus irmãos de Lenórienn).
Coertineen
F3 (corte) H0 R3 A2 PdF2 (esmagamento) 35 PVs 15 PMs
Vantagens/Desvantagens: escala Sugoi; Ataque Especial (Força), Membros Elásticos, Paralisia, PVs Extras x2, Modelo Especial
O Myrva Dellantal
Myrva Dellantal é o nome do nyarlandall pertencente à família real de Lenórienn. É possível que seja o mais antigo espécime da árvore, de quem todos os demais são descendentes, e há quem remonte a sua história desde os navios mitológicos que teriam trazido a raça élfica de um continente misterioso quatorze séculos atrás.
Seja ou não verdade, é fato que se trata de um exemplar único: seu tamanho não possui paralelo com o de qualquer outro nyarlandall conhecido, bem como seus poderes. Além de uma grande capacidade de regeneração, ele também pode, através de poros no seu corpo, liberar uma série de gases orgânicos no campo de batalha, que aumentam as suas capacidades durante algumas rodadas até se dissiparem (seguindo as regras de Área de Batalha). Por fim, ele possui ainda a gigantesca espada Brivrting, toda esculpida na madeira de um tipo de carvalho mágico inexistente em Arton, e que é capaz de ferir tanto o corpo como a alma dos seus inimigos.
Infelizmente, uma arma tão poderosa não pôde ser usada para proteger Lenórienn da Aliança Negra. Por alguma razão desconhecida já fazem três gerações que os descendentes da família real têm sido rejeitados ao tentar uma conexão. Há quem fale sobre uma punição divina pela arrogância ao lidar com as outras raças, enquanto outros teorizam que o sangue dos antigos regentes se diluiu demais nos seus descendentes, tornando-o irreconhecível para a árvore. Qualquer que seja o caso, hoje ela pode apenas ficar imóvel no antigo palácio real, esperando o dia em que um novo usuário digno apareça.
Rumores, no entanto, dizem que o nyarlandall teve alguns movimentos inesperados quando na presença da princesa Tanya, indicando que talvez ela não fosse rejeitada se tentasse comandá-la. Outras histórias falam que entre os planos do comandante hobgoblin Holgor está fazer um filho na herdeira élfica, e então tentar conectá-lo ao Myrva Dellantal para adquirir uma arma que o tornaria temido pelo próprio Thwor Ironfist…
Myrva Dellantal
F4 (8) (corte) H0 R6 A5 PdF4 (esmagamento) 60 PVs 30 PMs
Vantagens/Desvantagens: escala Kiodai; Arma Mágica (Brivrting – F+4, Espiritual, Vorpal), Área de Batalha, PVs Extras x3, Regeneração, Resistência à Magia.
Imagens por ferret42.

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5 Resultados

  1. Meu caro, existe alguma adaptação destes mechas para TRPG?

  2. Renan disse:

    Po amai muito esta materia, realmente muito obrigado (adoro Elfos)

  3. Gilmar disse:

    A meu ver (e deixo bem claro que é minha visão pessoal), as regras de Mechas da DS 39 devem ser combinadas com a da DS 23.
    Assim, teriamos mechas “vivos”, inteligentes, mais rápidos, maiores e/ou mais fortes, etc.
    Pessoalmente, uso a progressão de talento do TRPG (um talento por nível ímpar), combinada com a ficha do mecha da DB 39 e adicionando a ele a característica de resistência a unidades*.
    *No suplemento guerras taúricas, há uma regra que, “para cada três pontos que o ataque exceder a classe de armadura do inimigo, a unidadde causa dano mais uma vez”. De forma identica, por sua coesão, a unidade sofre 50% a mais de dano dos golpes de um mecha, como se esses fosse efeitos de area.

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