A Dependência No RPG

Dependência De Sistemas De Rpg

Sistemas de regras são conjuntos de fatores projetados de forma a tornar o jogo equilibrado ou divertido [às vezes as duas opções, mas nunca a ausência das duas]. É o sistema que rege o jogo, englobando como resolver quaisquer questões e disputas que os jogadores enfrentariam. Eles sempre servem para que o narrador / mestre / observador / etc [que eu chamarei somente de mestre] mantenha as coisas em ordem, fugindo de discussões onde os jogadores não teriam certeza de o que exatamente aconteceu.

A Dependência No RPG 1

Sem os sistemas de RPG estaríamos de volta aos bons tempos de “Polícia e Ladrão” onde o jogador se esconde atrás do poste enquanto o outro “atira” e diz que acertou. Depois começa a discussão, sobre quem está certo e errado e logo depois vem o que desagrada a todos. O fim da brincadeira, já que ninguém entra numa solução igualitária.

O sistema de RPG veio sanar essa carência dos jogadores que usam a imaginação para se divertir, para sair da realidade em que vivemos e terem um pouco de emoção e aventura no imaginário.

A Dependência No RPG 2

Porém existem jogadores e mestres que levam isso muito à risca. Não aceitam nunca uma crítica ao seu sistema de regras e passam a agir como trolls quando são questionados sobre isso. Discussão sobre a superioridade de um sistema em posts falando sobre as qualidades de um outro são muito mais comuns que deveria ser.

Sinceramente não sei o que torna difícil um jogador entender que se eu gosto mais de sistema X, eu vou ver nele mais vantagens que no sistema Y. Assim como o contrário também acontece.

Definitivamente não existe sistema de RPG melhor ou pior, mas existe sim aquele que supri as suas necessidades. Sistema de RPG melhor que outros por ser mais vendido é o mesmo que dizer que a Bíblia é o melhor livro do mundo [eu pelo menos o vejo como um livro de estórias, como vários outros, mas que teve uma divulgação enorme e bem feita!].

Entenda isso e pare de trolar os sistemas alheios.

Dependência De Material Oficial

Recentemente vi na Lista de Blogs [um grupo seleto, diga-se de passagem, de mentes doentias] um tópico falando sobre os Cenários de Papel, do Tiago Hackbarth. Durante a conversa um colega veio falar sobre os seus amigos de jogo que fazem questão de jogar com cenários oficiais, material da editora e que torcem o nariz para os materiais artesanais.

Isso é um baita problema ao meu ver. O RPG é um jogo que se faz na imaginação dos jogadores, algo que é para ser totalmente mutável de jogador para jogador. Depender sempre de materiais feitos pelas editoras é um grande erro de um grupo, já que a editora que publica as atualizações [se é que publicam!] nunca levarão em conta as alterações do cenário feitos nas mesas de RPG e sim as alterações que eles acham que farão história e que valem algum dinheiro para ser pago no novo livro lançado com as atualizações.

A Dependência No RPG 3Imaginem que o mestre vem usando Arton numa campanha e que antes dos minotauros tomarem o poder oficialmente no cenário o seu mestre tenha matado o Rei Thormy [eu já fiz isso!]. Como fica a história da atualização do cenário, se o Rei Thormy passasse a ser um refém na última atualização?

Como ficaria Mystra se o seu grupo, de níveis altamente épicos, já a ressuscitou antes da atualização do cenário que diz que ela voltará à vida?

PS: Não sei se isso aconteceu ou acontecerá nos cenários citados. São só exemplos!

Onde fica a liberdade do seu grupo, de imaginar o que for melhor e mais divertido, se uma atualização do cenário diz que eles terão de refazer várias coisas?

Onde fica todo o trabalho de imaginação do mestre da mesa, que teve de repensar vários detalhes do cenário devido à grande alteração que ele fez no mundo de campanha dos seus jogadores?

Ai aparece o pior erro de um grupo de RPG: A dependência.

Acho que a melhor coisa do RPG é a estória que é criada conjuntamente, a evolução dos personagens e simpatia do jogador pelo seu personagem e todo o conjunto da obra que se cria. Cada mesa que começa a jogar com um mesmo cenário, vai ter um fim diferente. Às vezes os finais podem ser parecidos [se for uma aventura pronta], mas a aleatoriedade das mentes que estão participando da criação do roteiro vão fazer com que a sua mesa tenha uma aventura única.

Isso se perde totalmente quando o grupo passa a depender dos lançamentos de uma editora.

Então, resumidamente, você deve ter uma boa interação do o sistema e o cenário que você usa, mas nunca dependa deles. Se fizer isso, pode ter certeza de que a sua mesa vai deixar um pouco da diversão de lado.

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14 Resultados

  1. tecnowancer disse:

    Ha ha ha, o mestre sortudo ai do texto sou eu, o pessoal do meu grupo so gosta de coisas canonicas…
    so o que sai pela editora oficial e talzs…

  2. Fnord disse:

    O que torna o jogo sem graça e batido. Quer dizer que você [o mestre] não tem liberdade total, como deveria ser…

  3. o Clérigo disse:

    Eu gostei do post. Também penso assim, tanto que até hoje não atualizei meu Forgotten Realms (ainda uso o de AD&D). Eu prefiro as coisas na imaginação, sem muito material das editoras (que quando uso, acabo modificando muito).
    Mas para quem gosta de ter só coisas oficiais deve haver um motivo. Afinal, se eles não achassem bom não usariam só material original de fábrica.

  4. Muito bom o post!
    Eu gostava muito de mestrar Mystara mas chegou uma hora que comecei a ficar frustrado com o tanto que lia de material oficial e não conseugia colocar com qualidade nas aventuras. Hoje mestro apenas cenários próprios e como mestre me divirto mais. Além de hoje jogar sem tanto apego às regras.
    Parabéns!

  5. Nerun disse:

    Bom post FNORD! Olha, eu já tive esse problema também. Principalmente mestrando Vampiro. Meus jogadores insistiam em jogar com os últimos suplementos, usando criaturas e regras as mais bizarras. Meu grupo também, nunca gostou de GURPS, embora tenhamos jogado uma ou duas vezes (Supers/Marvel e Fantasy/Lodoss War). Era difícil. Eu mesmo adorava Forgotten Realms, um dos melhores cenários já criados, principalmente aquele do AD&D (bem lembrado Clérigo!), bem mais simples, menos páginas, e o manual básico quase não tinha regras, servia bem pra GURPS ou outros RPGs. O que as pessoas tem que entender é que uma campanha ou aventura de uma tarde é um universo próprio, que nasce por “brotamento” a partir do sistema e do cenário que o Mestre escolheu, e a partir daís egue rumo próprio.

  6. Fnord disse:

    @Clérigo: Obrigado. Nem acho que seja problema ter livros oficiais, eu também tenho os meus. O que me incomoda é um jogador dizer que não jogará na minha mesa por que eu [mestre que criei a aventura e tive todo o trabalho pro cara vir jogar] quero mestrar em um sistema X e ele SÓ joga se fosse um sistema Y. Ou o jogador/mestre gostar tanto de livros oficiais de cenários que esquecem que têm a liberdade de alterar o cenário como lhes melhor convier.
    @Gand: Vide eu também. Jogo na sua mesa no Taulukko apesar de não gostar de cenários medievais. Jogo pela diversão, pelo prazer, não pelo sistema ou cenário… É disso mesmo que falo aqui… Obrigado!
    @Nerun: Ao meu ver [só achismo mesmo] acho que isso geralmente acontece quando o jogador não pode mudar de cenário, sem uma alteração brusca no sistema. Por exemplo, se o cara só joga D&D desde que começou no RPG e tem que mudar de sistema para jogar um jogo futurístico, se ele não for um jogador de RPG, mas sim um xiita do sistema que está usando, ele vai chiar pacas pela mudança. Talvez nem jogue. Isso é dependência.
    Obrigado a todos pela participação.

  7. Julius O Gangrel disse:

    Cara, eu concordo plenamente com vocês, eu tenho um hd com suplementos em pdf, de todos os sistemas imagináveis, mas somente os utilizo pra consulta eventual, ou pra pegar alguma ideia, mas nunca dependo dele, tanto é que jogo vampiro a mascara 3ª edição ainda, se eu fosse depender dos suplementos jah teria acabado, pq veio o suplemento time of judgement onde caim vem e fode todo mundo. Eu sinceramente sou bastante maleável com as regras, ignoro algumas crio outras tudo pra ficar um jogo mais jogável mesmo, sem perder horas consultado livros ou rolando dados o q eh um saco isso pra mim.
    Não sei se vcs já jogaram um rpg de humor chamado paranóia, ele tem um sistema de regras q utiliza o d20, bem simples por sinal, mas quando eu to jogando eu simplesmente ignoro todo o sistema e jogo live action, quando tem duvida discordia vaiu um joken po melhor de 3 e ta resolvido, todo mundo sai ganhando e minhas mesas, por onde eu mestro saum muito mais divertidas, tudo vai do mestre e dos jogadores que ele têm.

  8. Fnord disse:

    É disso que eu falo, Julius… Independência total de sistema e cenário. Obrigado pela visita!

  9. Julius O Gangrel disse:

    Tamo ae!!!! Vlw cara!!!

  10. VC É UM FANFARRÃO, SR. FNORD!!! Quer dizer que vc posta um excelente texto desses e não avisa aos amigos?!?!? Tive que esperar pelo RPG do Mestre divulgar o Top Post de Setembro pra saber que ele existia!
    E é primeiro no top bem merecido!
    Eu felizmente passei pouco por situações como essa, apesar de sempre tentar adquirir materiais oficiais, meus jogadores sabem que não adianta ler o Forgotten Realms, por exemplo. Eu mudo tudo!
    Mas eu tento sempre aproximar minhas mudanças das mudanças feitas pelo cenário. Por exemplo,na minha campanha atual, mesmo antes da 4e, estava previsto uma pequena mudança na magia do mundo. Agora, com a chegada do FR 4E, vou ampliar essas mudanças para introduzir o Spellplague, que é muito legal, IMHO.
    O importante é usar o que vc gosta, e não ser obrigado a usar o que não te interessa. ou,
    Como vc mesmo diz: “jogue o que jogar, jogue RPG”
    Abraços!

  11. Tio Lipe "Cavaleiros" disse:

    Olá!
    Cara, falou bonito. Eu não gosto de cenários prontos justamente pq tenho medo de alterá-los a minha maneira e os possíveis jogadores que o amam ficarem me apurrinhando com isso. Tem também o fato de eu não me sentir a vontade em mexer em cenários desta forma, por isso sempre crio os meus e ponho pra frente as regras adicionais que achar interessante para o RPG.
    Com relação a sistemas, eu odeio D&D 3.X, e faço questão de dizer por aí que não gosto dele se for cabível, mas não fico trolando como muita gente faz. O sistema não é bom pra mim, e ponto final. TRPG até me deu uma esperanças, mas preferi deixar passar (tenho GURPS pra testar ainda XD).
    Até and Bye…

  12. Fnord disse:

    Já tem alguns anos que eu não uso cenários prontos. O último foi justamente Tormenta [na boa época da Dragão Brasil] e os jogadores reclamaram quando o Rei Thormy foi sequestrado e os sequestradores fizeram parecer que tinha sido os personagens.
    Imagina minha indignação quando eles reclamaram que “no cenário oficial, isso não aconteceu”. Fala sério. A mesa é do grupo e o grupo deve fazer a estória como achar mais divertido.
    Valeu pelo comentário Tio Lipe.

  13. MalkavFelipe disse:

    Realmente existe muito esse negocio de os mestres ficarem com medo de modificar d+ o cenario oficial, tanto por pressão dos jogadores que podem reclamarem q no oficial o ocorrido não aconteceu, como o mestre preferir se manter no eixo e evoluir conforme forem serem lançados novos suplementos (o que é uma pena, pois diminui as chances de diversão com ideias próprias)…
    Por isso eu apoio a ideia de criação de cenarios próprios. É muito mais divertido xD, além de se poder pegar emprestado conceitos de qualquer cenario oficial e aplicar no seu mundo com as mudanças que acharem necessárias hehehe.

  14. Natan Afonso Starke disse:

    è realmente melhor utilizar de cenário próprio, digo porque eu jogava direto pequenas aventuras e por ai vai, é muito melhor mesmo, se vc se prende muito a regras ou até a muitas rolagens de dado, o jogo fica extremamente entediante.

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