Resenha: DragonSlayer 30
É uma infelicidade que a banca tradicional onde fazia minhas compras tenha fechado as portas. Agora para adquirir a DragonSlayer tenho de fazer um pedido na Loja Jambô, o que acaba demorando muito mais e atrasando qualquer comentário meu sobre a revista. A DS 30 chegou aqui em casa no mesmo pacote em que veio o Guerras Táuricas, mas é óbvio que preferi ler o suplemento primeiro. Agora que terminei de ler a revista, dá para dizer que ela era o verdadeiro tesouro daquele pacote.
A DS 30 começa com um editorial matador, ou “chutador-de-bundas” se você preferir, e termina com a segunda parte da HQ Batismo de Gelo que deve continuar ainda durante algumas revistas pelo jeito. As Notícias do Bardo traz as principais notícias do mercado nacional e internacional, e um artigo opinativo pequeno sobre jogos adaptados de seriados, games e quadrinhos. Esse modelo artigo-e-notícias já foi elogiado aqui nas outras vezes em que apareceu e volto a dizer que é o modelo mais bacana para a sessão. Em seguida temos os Encontros Aleatórios com as cartas de sempre e com a velha química do Paladino e Paladina voltando aos poucos, o Grimório de Jade do companheiro de blogue Leonel Domingos dessa vez não conseguiu me tirar mais que um leve sorriso em vez das risadas habituais. Não se pode acertar sempre, acho. As Falhas Críticas foram sensacionais essa edição, apesar de uma delas ser bem fraca.
As resenhas desta edição são as de O Caçador de Apóstolos e A Cidade dos Ladrões, pelo Gustavo Brauner, e Mago: o Despertar, pelo Leonel Caldela. Bastante bacanas, e até que enfim o Gustavo abandonou aquele formato “aventura-solo” nas resenhas dos livros da linha Fighting Fantasy da Jambô, era legal no começo mas já estava começando a me irritar com o vai e vem no meio do texto toda vez. Como que para compensar a falha do Leonel, o Zambi me fez rachar o bico com seu Sir Holland dessa edição, parabéns mesmo.
Em seguida temos Toolbox e Mestre da Masmorra, também conhecidas como “as sessões do Leonel e do Gustavo”, e ambas estão excelentes esta edição. A coluna do Leonel dá dicas para mestres e autores recuperarem a “inspiração” e voltarem a ter idéias enquanto o Gustavo fala sobre como criar o clímax de campanhas e aventuras.
A terceira e última parte de Allansia, o cenário onde acontecem as aventuras da linha Fighting Fantasy, traz regras para magia, descrição da parte sul do continente, deuses, um breve bestiário e finalmente orientações para criação de itens mágicos. Particularmente não me interessei muito pela série toda de artigos, Allansia realmente não me atrai enquanto cenário e o sistema simples também não chama muito a minha atenção, mas acho que os amantes do chamado Old School devem amar.
Finalmente chegamos na cereja do bolo dessa edição: a adaptação de Kick-Ass para 3D&T e M&M! A matéria começa com uma introdução sobre a história de Kick-Ass e passa para uma breve descrição do universo do quadrinho/filme, em seguida focando em falar dos personagens em uma campanha de supers realista, seu nível de poder e motivações, um questionamento sobre usar ou não super-poderes e finalmente idéias para aventuras. E então chegamos na criação dos personagens. A idéia para ambos os sistemas é a “proteção de nicho”, basicamente existe alguma coisa que você faz muito bem, o seu “nicho”. O nicho do Kick-Ass, por exemplo, é apanhar pra caramba e continuar de pé e por isso ele possui Resistência acima do permitido para personagens novatos em 3D&T. Além da regra de proteção de nicho, na parte de 3D&T tem uma lista de vantagens e desvantagens proibidas em uma campanha de Kick-Ass, embora algumas possam ser compradas caso você escolha que sua proteção de nicho seja uma vantagem.
Para M&M temos orientações gerais e a regra para proteção de nicho para o sistema, em seguida temos novos Feitos que são basicamente Poderes com uma graduação (porque nenhum personagem de Kick-Ass pode ter Poderes, exceto o próprio Kick-Ass!). A matéria termina com a ficha dos quatro personagens centrais Kick-Ass, Red Mist, Hit-Girl e Big Daddy e uma lista de inimigos, incluindo o chefão do crime John Genovese, vilão do quadrinho/filme. Infelizmente esses inimigos prontos são só para 3D&T, mas como o manual básico de M&M já traz toda uma gama de fichas de criminosos comuns, não é exatamente uma grande perda. Vale elogiar muito o visual da matéria, que ficou bacanudo. Especialmente as páginas com as fichas de cada personagem.
Em seguida temos um artigo muito bem produzido pelo Leonel Caldela sobre a ida dele a RPGCon 2010, o maior evento de RPG do Brasil. Se há uma crítica que pode ser feita a matéria, é o pouco número de fotos. De conhecidos nas fotos, acho que só vi o Bruno Cobbi e talvez o Tsu (que tá sumido da blogosfera faz tempo). Depois dessa matéria temos os personagens do filme Homem de Ferro 2 na Chefe de Fase. Só senti falta do Máquina de Combate, que aparece no filme mas não aqui.
A Gazeta do Reinado traz algumas idéias interessantes essa edição. As mais notáveis são a convocação de todos os elfos de Arton para uma reunião em Valkaria e mais uma notícia sobre uma possível guerra civil em Doherimm, os devotos de Tenebra buscando aprovação legal e forjadores anões buscando liberdade para criar armas de pólvora contra o ultra-tradicional governo anão.
A segunda melhor matéria da revista fala sobre a elite de Valkaria, capital do Reinado. O artigo capta bem o espírito de gente muito rica, ou pelo menos a forma como enxergamos esse comportamento. Além de descrever a alta sociedade de nobres, burgueses e celebridades da maior cidade do mundo, ele traz também alguns novos talentos para gente rica e a classe de prestígio Nobre de Valkaria, que é muito forte para uma classe de cinco níveis e é o maior deslize da revista nessa edição.
Quase terminando a revista a sessão Fundo do Baú traz o interessantíssimo Birthright, um cenário de fantasia dos anos finais da TSR onde você é o rei em vez de um zé ninguém. Fiquei com vontade de jogar e também brincar de casinha. Aliás, a possibilidade de “brincar de casinha” sendo o regente de uma nação me atrai bastante e um dos meus sonhos de consumo é a adventure path Kingmaker do importado Pathfinder RPG. Um certo detalhe não me passou despercebido: no mundo de Birthright os deuses morreram numa batalha final contra um grande mal que tentava destruir o mundo, e suas fagulhas divinas permanecem com certos mortais que podem vir a se tornar deuses ou terem esse poder divino roubado por outros. Reconheceu?
Fechando a edição temos a segunda parte da história em quadrinhos Batismo de Gelo, sobre o primeiro encontro entre Andilla Dente-de-Ferro e o resto do grupo que viria a ser conhecido como Esquadrão do Inferno e personagens principais d’O Inimigo do Mundo. Com roteiro de Leonel Caldela e arte de Daniel HDR, é uma HQ em geral fraca. O Leonel parece não ter se adaptado bem ao pouco espaço para desenvolvimentos nos quadrinhos ou qualquer que seja o problema. A treta é que o quadrinho não está interessante, e isso é ruim. Como a história parece que vai continuar por mais algumas edições, fica a dica para trabalhar melhor nela.
A DS 30 está recheada de bom material e tem lá seus deslizes, como é esperado em qualquer publicação, mas vale muito bem o seu preço.
DragonSlayer nº 30 (Editora Escala).
64 páginas coloridas, capa mole.
R$ 14,90 ou R$ 13,40 na Loja Jambô.
Gostei da Revista também, as colunas para os mestre e fundo do baú sempre são as melhores partes!
Nume, achei razoavel as tretas da Andilla… será q vc num tava com expectativa de parede de escudos e coisas assim?! 😀