Quarta Era: o que é mesmo jogar D&D?

É bem comum observar edições de jogos de RPG como portadoras de necessários aperfeiçoamentos nas mecânicas de um sistema. E ainda mais comum a luta ferrenha contra esta noção por parte de quem joga (muito bem, obrigado) o sistema antigo. “Ora, como assim eu tenho que ‘me atualizar’? Vá se F@&er….” brada o jogador/mestre/consumidor. E, dessa forma, muita coisa começa já sendo hostilizada com uma rápidez flashânica (é, eu invento palavras. Você não?).
Vejamos, de relance, o caso do Novo Mundo das Trevas. Nunca vi uma resistência tão grande (ao menos na minha cidade) para com as mudanças dos RPGs que reinaram soberanos na década de 1990. Não é de se espantar já que falamos não apenas de uma nova edição das regras, mas sim de uma reinvenção de todo o cenário e clima do jogo. Alguns até alegaram que, “finalmente”, teríamos jogos de horror com Vampire: The Requiem. Para quem é jovem o suficiente apenas para ter ouvido falar de WoD, gosto de lembrar que, antes disso, quando passamos da 2ª para a 3ª edição de Vampiro: A Máscara e seus primos, a recepção foi boa. Algumas mudanças técnicas importantes melhoraram o já muito criticado sistema Storyteller. E mesmo as mudanças de cenário, que foram espécies de atualização da linha de tempo do Mundo, não foram muito apedrejadas (ainda que eu até hoje prefira Mago: A Ascensão Segunda Edição. Acho que tenho sorte com números pares).
Mas então, veja só: as mudanças chegaram também ao velho AD&D de guerra. Lembro muito bem do estardalhaço e da incrível recepção que a 3 ª edição de D&D teve. Foi uma sensação. E foi movimentada, claro, pela enorme qualidade do novo sistema, pelo brilhante tratamento dos livros e dos mundos de jogo. D&D voltava com força total para retomar seu velho lugar “de direito”: o RPG mais jogado do mundo. Claro que digo isso sabendo que, no geral, a novidade também tem poder. E a voz dos amantes de AD&D foi bastante obliterada pelo furor do novo formato, da praticidade técnica e de um novo imaginário. Não foi apenas a qualidade da renovação do sistema ou das atualizações dos mundos de campanha que renovou D&D. Foi a perspectiva que a nova edição trouxe. A possibilidade de acrescentar materiais novos por meio da idéia da Open Game License, juntamente com a fabulosa ressurreição de cenários esgotados, com o retorno do primeiro RPG após anos de considerável abandono por parte do mundo editorial, deu um fôlego incrível à proposta. D&D era uma marca forte mais uma vez.
A etapa seguinte carrega, como você leitor deve imaginar, suas polêmicas. O que significou a “edição revisada”? Mera ganância da Wizard Of The Coast? Acho que muitos vão concordar comigo quando digo que, mais do que uma simples estratégia comercial perfeita, que visava a manutenção de uma linha de consumo, a 3.5 trazia sim, novidades. Algumas sutis mudanças nas regras (quem nunca revisou a Magia Velocidade, ainda que não tenha comprado os livros?) permitiram manter toneladas de material compatível e ainda criar um “nicho dentro do nicho”, fazendo com que uma parcela de jogadores migrassem para os novos manuais. Não penso que esse momento seja tão forte aqui no Brasil quanto nos EUA. Já foi dito mais de uma vez que a maioria dos grupos por aqui ainda joga a 3.0. A despeito dessa estatística ser complicada, é relevante dizer que esse é um exemplo possível de como a força da revolução da 3ª edição foi capaz de reagir até mesmo contra sua suposta sucessora. O novo D&D fora tão bem recebido que a edição revisada não representou nem uma afronta nem uma necessidade.
Mas, como você também deve imaginar, a historinha segue até… a Quarta Edição. Ahh… Muitos paladinos sofreram nesta guerra santa ainda não terminada. E julgo que muitos ainda sofrerão. A mudança de edição, neste caso, todos sabemos, é bem mais profunda. Não apenas em termos jurídicos (com a criação de uma nova licença para produtos de outras editoras e pessoas), a 4E alterou bases fortes de sua antecessora. Reconstruiu o coração do sistema de criação de personagens, alterou a mecânica o suficiente para “obrigar” qualquer um que queira conhecê-la a ler seus livros novos. Em suma, desta vez, não se trata de algo que possa ser ignorado se a sua intenção é jogar o “D&D oficial” ou, dito de outra forma, se você deseja acompanhar o primeiro RPG em sua nova encarnação.
A maior das polêmicas aqui é: ainda é D&D? Há alguns meses eu me fazia a mesma pergunta e não acho que ela seja boba. Se trata de uma tentativa de reconhecimento. Afinal, por quase dez anos “jogar D&D” envolvia jogar no que a 3.0/3.5 criaram. Hoje, me contentando com a idéia de que jogar D&D é fazer uso de qualquer de suas versões, penso também que a 4ª Edição de Dungeons & Dragons foi criada como um novo produto e, como tal, precisa ser… bem, novo. Além dessas redundâncias chego a pensar que o novo D&D sofre e ainda sofrerá porque é uma retomada das mudanças em uma época que poucos queriam mudanças tão radicais. O tempo da editora e o tempo dos consumidores estão diferentes desta vez. A demanda por uma novidade radical – e ainda mais uma novidade em termos tão diversos – não existia na grande massa de jogadores. É bem possível que jogos nos patamares de 3.6, 3.7, e 3.8 ainda se sustentem, especialmente quando as inovações conseguem “romper sem romper” (como Mutantes & Malfeitores, True20 e outros OGLs). Mas a 4ª edição está aí. Faz sentido dizer que ela é “menos RPG” porque assumiu uma leitura diferente de D&D? Faz sentido pensar que sua ênfase no combate retira a possibilidade de interpretação?
Essas perguntas já tem muitas respostas por aí e a intenção aqui não é reiventar roda nenhuma. Só gostaria de concluir esse raciocínio dizendo que a 4E tem vantagens mecânicas curiosas e que o jogo de ataca-rebate tem impedido muitos de vê-las – o preconceito é sempre mais forte sobre as nossas escolhas do que a gente gosta de admitir. Esperei até sua versão nacional para conhecê-la melhor e para perceber que a sua simplificação dos aspectos narrativos não é um prejuízo para a minha mesa ou para notar que suas resoluções de regras não sejam um problema. Posso, sem grande dificuldade, ver Pulsos de Cura como folêgo retomado, PVs como fadiga em combate e poderes como proezas marciais. Posso entender que as capacidades de combate listadas não fecham as capacidades de um personagem fora da luta. Posso, muito bem, viver com o fato de que criaturas e personagens não-jogadores não tem classe de jogadores. Pode ser que eu consiga essas abstrações porque AD&D e D&D 3ª edição já tenham forjado uma visão de RPGs de fantasia para mim e para meu grupo que nenhuma simplificação pode desfazer. Dessa forma vejo que como parte de uma boa ironia, a 4E pode ser bem mais interessante para jogadores mais antigos. Porque serão esses os que melhor poderão se valer das histórias antigas com variações técnicas curiosas. Não porque a 4E seja uma “evolução do jogo” em si, mas porque talvez, e só talvez, jogar D&D signifique conhecer e aproveitar a sua história de mutações, inovações e edições, se valendo do passado para repensar a “mesa de agora”.
É isso. Eu precisava dizer o que passei a pensar.
Abraços.

Você pode gostar...

57 Resultados

  1. Talude disse:

    Ao que parece, isso não ocorreu com jogadores de GURPS, eles aceitaram a nova versão mais tranquilamente. O mesmo não houve com 4D&T, tanto que o povo clamou para uma volta ao 3D&T.

  2. A minha opinião, a primeira vista, da nova edição é que era um jogo totalmente diferente. Claro que com o tempo eu vi que a mecânica era um pouco diferente, mas o cenário e o conteúdo ainda eram sobre fantasia medieval, o "estilo D&D" com personagens sobre-humanos (em comparação com as pessoas normais) em desafios espetaculares. Das primeiras vezes que mestrei, senti que tudo parecia muito congelado, fixo d+, os poderes pareciam delimitar o que o personagem era capaz de fazer, impossivel jogar sem miniaturas… Mas em alguns exemplos com outros Mestres, eu vi que tudo isso não passava de um dos estilos q é possível jogar, e não o único. O jogo ainda oferece possibilidades para muitas histórias diferentes. Talvez seja questão de se acostumar, como muitos fizeram da 2ed para a 3ed.
    Até me acostumar, ainda continuo jogando e criando para a 3.5.

  3. kendi disse:

    Não digo que D&D&Ed deixou de ser RPG, mas não é só porque eu consigo me esforçar para fazer dele um sistema mais aberto que ele vai ser algo melhor do que é. Ainda é um sistema ruim em certos aspectos, comparado com a 3ªEd.
    Ps: Por que as magias na 4Ed causam efeitos tão estranhos como "teleporte 3 quadrados e caminhe + 3 invisivel"? Será que o mundo de D&D se fundiu com Magic?xD

  4. Keldorl disse:

    Na "minha" opinião a 3ra edição e sua OGL foram uma evolução completa do jogo antigo em termos de regras (pq os materias antigos de cenários ainda são excelentes e não fizeram nada que batesse de frente até hoje), já a 4rta edição é um jogo diferente bem amigável ao mestre que cria mais rápido histórias (+ tempo para diversão)com um livro do mestre excelente com algumas idéias interessantes na mecânica dos personagens e dos monstros, mas mal trabalhadas na minha opinião

  5. Keldorl disse:

    …que mataram por exemplo a multiclasse da 3ra que era uma coisa que se o seu personagem não se enquadrava nas classes básicas, vc podia modelá-lo fazendo multiclasse( que poderia ser relacionado com o desenrolar da própria história da aventura ou do "background" mesmo)
    E acho também que apesar de centenas de poderes eles são todos muito parecidos na mecânica, sendo a diferença da maioria o dano causado e o nível. Poxa! Esse pessoal criou magic que é um jogo inteligentíssimo, não poderiam criar só um tanto de poderes mas que evoluíssem com o nível e fossem mais representativos e diversificados em termos de efeitos ?
    Precisavam matar multiclasse?

    • Keldorl disse:

      Assim você fica dependente de um segundo, terceiro ou quarto livro do jogador que vá encaixar numa nova classe ou "paragon" o conceito que você queria criar, ficou muito mais difícil fazer isso por conta própria tbm porque agora você tem centenas de poderes para cada classe e assim eles criaram uma dependência de quem aderiu a esse sistema e que vai estar sempre carente de um material novo; novas velhas classes, novos poderes para elas e para isso criaram um livro com poucas opções definindo essa dependência logo de início; não se joga legal só com os livros básicos agora como fazemos até hoje em meu grupo jogando 3.0 (com poucas regras caseiras) com os livros básicos+ forgotten + magia de forgt.

    • Daniel Anand disse:

      A "multiclasse" do D&D 3.0 que você estava acostumado estará de volta no PHB3, com as classes híbridas. Na minha opinião, para mistura de classes conjuradores com classes marciais, o AD&D (com seus fighter/mage e afins) funcionava melhor que o D&D 3.x. No entanto, para multiclass de classes marciais o D&D3 funcionava bem.
      Mas qualquer sistema baseado em classes sofre um pouco quando você quer parar de usar classes e fazer de tudo. Aí parecem as inconsistências, como o lance da classe favorecida favorecer você "sair" daquela classe! 😉

      • Keldorl disse:

        Concordo!
        PHB3! Esse que é um dos maiores problemas na minha opinião: a dependência artificial criada do material a ser lançado, pode funcionar lá para os americanos endinheirados, mas aqui dependendo da boa vontade da empresa que vai traduzir e quando vai lançar e se vai lançar.. mas mesmo assim a impressão que me deu é que os livros básicos são mais caros agora porque eles vêm divididos em 10… e para jogar legal você precisa dos 10!
        Na minha opinião forçaram demais a barra e acabaram por perder crédito comigo, mas talvez eles lucrem mais assim.. bem provável.

        • Daniel Anand disse:

          Dá pra jogar muito legal só com o básico. Os outros só expandem o jogo. Assim como todas as edições anteriores. Não tinha bárbaro no AD&D, nem warlock no 3e, e a coisa funcionava bem! 🙂

          • Tek disse:

            Aliás o Warlock da 3e era bem roubado hein? Com aquele raiozinho (acho que era 1d6) à vontade…

          • Jagunço disse:

            É. Até o nível 10, por lá. Depois disso ele olhava o Mago e dizia "O senhor quer o banho quente ou frio?"

          • Aiken Frost disse:

            Só expandem vírgula, né… Sem o PH3 não tem multiclasse e essa é uma das opções mais básicas na minha opinião. Até no AD&D dava pra fazer isso logo de cara (mesmo que quase tendo que parir um filho, mas…), minha mesa de D&D 3.X não sobrevive sem multiclasse… No 4e eu tenho que comprar dois livros ALÉM do básico só pra fazer mais de 70% dos personagens que já fiz até hoje.
            Mas a minha birra pelo 4e nem vem tanto pelas regras não. Até gosto de muitas das opções novas, mesmo odiando outras. O problema é a ambientação. Eu só vou parar de achar a Quarta Edição retardada o dia que uma santa alma abençoada me convencer que o meio-capeta e o meio-lagartixa não estão lá no livro básico só pra agradar jogadorzinho de MMO de 14 anos de idade.

          • Daniel Anand disse:

            Eu espero que essa alma santa não te encontre não, aí todo mundo fica feliz, ó que legal.
            Multi-classe nunca foi pré-requisito em jogo nenhum, não existia no OD&D, e precisava de raças específicas no AD&D. E, na 3e, não funcionava em várias combinações (como conjuradores e lutadores marciais de qualquer tipo). Se é isso que faz falta pra seus 70% de personagens… recomendo GURPS, eles são bem flexíveis e não tem classes.

          • Denommus disse:

            E não tem nenhum problema em ter “meio-dragão-meio-abissal-meio-celestial-meio-elfo” na 3.X, né?
            A diferença da ambientação da 4E para a 3.X é que é uma ambientação LIVRE. Você pode fazer o que quiser dela. Não é como a 3.X, que é um Greyhawk camuflado.
            Por favor, leia o Guia do Mestre. Boa parte das pessoas que falam mal da ambientação da 4E nunca leram esse livro.

  6. Keldorl disse:

    Eu também consigo fazer abstração de que um poder pode ser uma proeza marcial e etc.. mas precisavam fazê-las tão surreais a ponto de você ter que forçar a barra para inventar uma explicação?
    E a escalada de poder…
    Além de terem feito um sistema de regras que não é nem um pouco genérico e que personagens de baixo nível já teletransportam como o noturno dos X-men! Ficou Highfantasy demais e não dá para rodar um jogo que não seja higfantasy pq mesmo nos baixos níveis nego já tranca o armário com a chave dentro!
    Ficou overpower demais e com muita influência de videogames; quando você tem que abstrair direto e se requebrar para poder esplicar os efeitos das regras você acaba perdendo a imerção no sistema por ele ser muito irreal, pra mim se vc tem que ficar se esforçando para acreditar é porque o sistema já não serve para o seu tipo de jogo.

    • Daniel Anand disse:

      D&D já não é "medieval" faz tempo. Se você quer um jogo mais "gritty real", tem aí o Castle & Crusades e vários outros.
      E para "esplicar" (sic) é só ter um pouco de imaginação, não se perde "imerção" (sic) nenhuma não.

      • Keldorl disse:

        Não conheço esse Castle & Crusades, e acho que me expressei mal, eu gosto muito de fantasia(pode até exagerar) mas abomino mesmo é a parte do overpower.
        E obrigado pelas correções dos meus erros bizarros de português, e olha que eu até escrevi certo quase a mesma palavra no início do comentário huauauau bizarro mesmo.
        Mas acho que existe sim uma perda de imersão se você tem que se redobrar para explicar coisas que acontecem a toda hora no jogo. Do tipo: se é uma proeza marcial porque eu só posso executar uma vez por dia?

        • Daniel Anand disse:

          Fazer uma vez por dia é uma mecânica. Nada impede de você descrever a mesma proeza com um ataque básico, só não vai ter as mesmas consequências mecânicas. É uma restrição cuja explicação fica por conta do próprio jogador. Pode ser que ele fique cansado, ou não tenha mais a concentração necessária para puxar o golpe. Pode ser que ele precise de sorte para entrar na precisão.
          É a mesma explicação de porque o mago não começa com 10 magias no nível um das edições anteriores, ou porque algumas raças tinhas algumas habilidades que só funcionavam uma vez por dia. Restrição de mecânica, não de história.

  7. Keldorl disse:

    Tem coisas que só são divertidas no video game, tipo no seu god of war…
    É isso, pode até ter poderes, mas eu queria algo mais senhor dos anéis e menos dragonball z.

    • Jagunço disse:

      Hmm… Pode ser. Mas nisso a 3.0 também não resolve de todo. Acho que o ponto é que D&D já não é "medieval" faz tempo. " mesmo, como diz o Daniel. Senhor dos Anéis já não é inspiração da Wizards há anos (na verdade acredito que nunca foi…) 🙂

  8. valberto disse:

    Santo flood bátima!
    De qualquer forma D&D 4e não me agradou por uma série de motivos que já elenquei em várias oportunidades. Não é implicância; é gosto puro e simples. Da mesma forma que gosto de rock e não gosto de pagode, goste de OGL/d20 e não de D&D 4e.

  9. Daniel Anand disse:

    Quando vi o titulo do post no Reader, achei que era mais um post do Shido detonando gratuitamente a 4e. Mas vi que era só mais um post dizendo "cada um tem gosto diferente" para polemizar os comentários. Bom, deu certo. 🙂
    Em relação à mudança do AD&D para o D&D 3e, do jeito que está no texto, parece que foi uma alegria e celebração só. E não foi, muita gente dos fóruns e Internet (a mesma que bate na 4e hoje) ficou revoltadíssima com as mudanças. (Como assim não tem mais dual-class? Não tem tabela de habilidade de ladinos? Cadê meus saving throws? Não tem mais clérigo especialista?). Acompanhei o processo inteiro na ENWorld na época e dava o que falar.

    • Jagunço disse:

      O "só mais um" doeu. Na verdade era só "mais um post opinativo". O "cada um tem gosto diferente" está implícito em quase tudo, não? Eu estava mais preocupado em dizer "a 4E morde menos do que me disseram".
      Vá lá que não vou ganhar o troféu originalidade… 🙂
      Sobre a recepção da Terceira: o fato é que a maioria das críticas e das vozes anti-3.0 quase desapareceu com a venda em massa do jogo novo e com a posterior adesão de muitos dos críticos. E aqui no Brasil nem teve tanto disso.

      • Daniel Anand disse:

        Ok, foi mal, não queria dizer isso, no sentido de ser irrelevante. Mas de fato, o troféu não rolou! 😀
        Aqui no Brasil você fala a crítica desaparecer ou rolar a adesão?

        • Jagunço disse:

          🙂 Valeu.
          Falo da crítica mesmo. Entendo que ela existiu por aqui, especialmente em fóruns onde habitavam os defensores de AD&D mais próximos do material importado. Mas não foi como lá fora, por questões de número mesmo. Por termos um mercado obviamente menor que, na época do lançamento, contava com um único meio realmente massivo de divulgação do jogo – a Dragão Brasil (e pela possibilidade de o jogador americano ter sofrido de um incômodo mais "emocional" com a mudança de um jogo tão "nacional" no nerdworld de lá). A adesão foi rápida aqui também, pelo que me lembro e, salvo engano meu, a 3.0 vendeu bastante, não? 🙂

    • danramos disse:

      Eu entendi mais com um "quando as pessoas pararem de bater de frente por causa das edições, vão conseguir experimentar melhor a 4e".

    • Tiago Lobo disse:

      "Quando vi o titulo do post no Reader, achei que era mais um post do Shido detonando gratuitamente a 4e. Mas vi que era só mais um post dizendo "cada um tem gosto diferente" para polemizar os comentários. Bom, deu certo. :)"
      Acho que você deveria ser mais educado da próxima vez.

  10. Shin disse:

    Céus!
    Ainda tem gente fazendo "bibibi" e "mimimi" de edição contra edição?
    Irei lembra-los que ainda tem gente que joga AD&D e não reclama da 3rd edição. Porque não fazemos o mesmo?
    Ps.: Estamos no mesmo barco, sempre que o RPG for mais popular, e chamar mais gente para jogar, teremos melhores qualidades e mais diversão, então para que "ir contra" ? Fazer birra? Vamos todos jogar e ser felizes!
    Abraços!

  11. Rom_Machado disse:

    Engraçado que só no D&D rola esse tipo de "mimimi" besta.
    Sinto muito menos isso no GURPS. Pelo menos meu grupo jogava o GURPS antigo e não detonava o "novo". (que nem é tão novo assim)
    Sinceramente, eu acredito que na 4E tenha alguns poderes forçados e tal, mas em alguns pontos isso até ajuda em minhas mesas.
    Funciona igual ao que eu fazia no 3D&T: O Ataque Especial dod 3D&T(acho que era esse o nome) era como se fosse um poder de videogame genérico. Então o que eu fazia, dava aos jogadores liberdade para desenvolver os efeitos visuais do ataque. Fazia o mesmo com as magias. E pra mim esse era o ponto forte do 3D&T.
    Tem gente que não gosta, mas dai não cabe a nós ficarmos brigando por algo que no fundo é o mesmo jogo, é RPG.

  12. kendi disse:

    A Wizards ta cada vez mais com cara de nintendo: lança os lvros básicos (console) pra depois vender sub produtos diversos (cartões, miniaturas, assinaturas online, etc…).

    • Jagunço disse:

      Já foi meio que discutido aqui (e Deus nos proteja disso de novo) que empresas precisam vender. Concordo que isso pode até ser criticado. Por exemplo: podemos até nos perguntar se RPG é algo que só existe como produto comercial. Mas isso não deveria afetar, necessariamente, o julgamento que fazemos de certos sistemas. Só acredito que algumas comparações se pretendem críticas mas nem sempre valem como tais. A despeito da Wizards existir como um bando de capitalistas ela tem produzido material que não é ruim por isso (pode ser ruim por outras coisas). Entende o que quero dizer?

      • kendi disse:

        Sim, mas como consumidor (ex-consumidor na verdade) tenho o direito de reclamar os caminhos tomados pela, por falta de um termo melhor, "estratégia de marketing" da empresa e como isso afeta seus produtos.
        Um livro tem que valer mais pela qualidade para poder vender, e não pelo seu apelo a venda de alternativos e design arrojado. Na minha visão, isso não é deixar de ser capitalista.

  13. Shin disse:

    Bem,
    Qual a lider atual do mercado de consoles no japão? Nintendo.
    Qual a unica empresa a ter 3 jogos com as melhores notas na Famitsu (revista mais consagrada em questão de games) ? Nintendo.
    Acho que a Wizards então fez uma jogada perfeita 🙂
    Eu continuo não entendo o motivo do "mimimi", não quer… Não joga.
    Não precisa ficar falando que o seu é melhor que o meu.
    Parece até disputa de futebol, ou mesmo de estilo musical.
    Cya

  14. kendi disse:

    Não entendi o porque de exaltar que a Nintendo é "lider atual do mercado de consoles no japão", como se isso rebatesse minha crítica. Nunca questionei sucesso algum e pra mim isso não faz diferença.
    O que eu tava reclamando mais era a atitude da Wizards.
    E veja bem, não estou querendo cataquizar ninguém pro meu lado, gostou joga, como você disse, mas gosto pessoal não vai mudar as qualidades e defeitos que a 4Ed realmente tem.

  15. Gurps tem a mesma estrutura mecânica desde sua primeira edição nos anos 80.
    Engraçado que vários sistema copiaram coisas legais como as desvantagens dos personagens.
    Gilson

  16. Vinicius disse:

    O 4e tem regras interessantes, além do fato de incorporar "kits" de personagens, algo que começou com os suplementos da própria 3e.
    Eu gostei de várias regras e principalmente do uso dos cartões.
    O sistema de magia da 3e? hmm… você aprendeu a andar de bicicleta, caso você ande por uma hora e pare um pouco, você esquecerá como se anda depois do descanso? Isso para mim era uma inconsistência do sistema e nem por isso meu mundo caiu.
    A 4e é meio videogame? Realmente é! Também achei =)
    Quanto ao uso de miniaturas e matriz de combate… D&D 1st e já usava :^ Isso já é história do próprio sistema, sem esquecer que ele foi originado pelos wargames.
    Gostei da 4e. Mas continuo jogando as 4 edições e um pouco de outras coisas… jogo até mulheres machonas armadas até os dentes… =~

    • vinicius disse:

      hmm… respondendo a mim mesmo. LOL
      Só esqueci de um detalhe:
      A Wizards of the Coast é uma empresa capitalista. Sua intenção é de faturar sobre os produtos lançados sim. A 2e de D&D ou AD&D 1st e 2nd tiveram toneladas de livros quando a TSR bateu com os pregos. A WotC retomou a linha e reformulou o que gerou a 3e e mais uma tonelada de livros. A quarta edição não irá ser diferente. Em seis meses já temos 5 livros que podem ser consirados básicos, pois trazem grandes upgrades no sistema (só temos 8 ~ 9 meses com essa edição no mercado)

  17. NILSON disse:

    D&D4e é o melhor jogo de estratégia com tematica medieval/fantasia e com personagens customizados q existe, contanto q vç tenha o tabuleiro e as peças.^^

    • corvo da tempestade disse:

      Peque um antigo jogo de damas e seja feliz 🙂
      Não ha, repito, não ha a minima necessidade de comprar peças oficiais da Wizard para se jogar 4ed.

  18. Leisses disse:

    Não posso negar que me surpreendi com o post.
    Saindo da sequência de posts sobre a quarta edição de D&D com criticas sem sentido como livros com sequência numérica no nome este post apresente criticas bem fundamentadas e que, em sua maioria, são problemas que realmente afligem muitos daqueles que poderiam migrar para a nova edição.
    Fico feliz em ver essa mudança e espero que continue assim.
    Sobre o post em si, já que você citou a mudança no sistema de criação de personagens vale também lembrar que agora a criação de monstros segue mecânica diferente da de personagens.
    Sobre ser D&D ou não ser:
    Comecei a jogar D&D (e RPG) na terceira edição em 2001 e só recentemente conheci o AD&D. Para mim são jogos tão diferentes quanto D&D3.x e D&D4e.

  19. slayn82 disse:

    Pessoalmente, achei que a mecânica do sistema da 4ª edição é muito afinada e ágil, mas que não tem nada a ver com o clima das ambientações que existiam até então. Alguém aí já olhou o Forgotten da 4ª? Se olhou, vai entender o que eu digo. Por outro lado, quando vc pega um cenário LOUCO como o do aventuras fantásticas, a ambientação e a mecânica casam muito bem. FICOU SIM muito videogame, me lembra bastante a série Wizardry, principalmente 7-8 (que aliás ando jogando). Lancemos o d20.

  20. astrowar disse:

    A quarta edição esta muito focada em regras de tabuleiro. todos os poderes servem apenas para combate. a grande maioria deles influencia na posição dos personagens no tabuleiro. Praticamente não ha regras no livro do jogador para situações fora de combate. Até mesmo classes que não são focadas em combates, como o druida e o artificier se tornaram classes focadas em combate !
    Quando comparo os livros da quarta edição com a segunda edição fica claro como o jogo perdeu o foco no roleplay. Não consigo imaginar uma sessão da quarta edição que não use tabuleiros.

    • Jagunço disse:

      Aqui vamos nós… 🙂 (não é um debate novo, mas ainda é válido, sim ué)
      Ok, concordo com a dependência do tabuleiro em termos gerais. Mas dizer que o jogo não tem mecânica não-combativa é descartar todo o fantástico sistema de Desafios de Perícia. Verdade que ele não é coração do jogo. Mas, resolve muuuitas situações fora da porradaria.
      O que nos leva ao tradicional: D&D, de fato, tornou-se um sistema que privilegia as regras de combate. Mas não necessariamente um jogo que o faz. Separo assim porque entendo que um sistema é uma mecânica de apoio e um jogo é um estilo que cada mestre e cada grupo desenvolve. Volto para minha velha defesa: quanto mais experiência você tem como rpgista mais é possível aproveitar as mecânicas arrumadas e simples da 4E, combinando com seus conhecimentos da criação de histórias.
      Aí volto pro tabuleiro apenas para dizer: ele faz do combate um jogo divertido. Mais simples, mais direto e menos abstrato. Quase um jogo dentro do RPG. E divertido, pra mim, é a palavra principal da coisa toda… 🙂
      Inté.

  21. Rodrigo disse:

    exatamente…
    a 4e, ficou totalmente voltada para o estilo wargame (que eu ate gosto, mas que nao é o D&D).
    eu jogo d&d desde Ad&d 2ed, eu fui uma das pessoas que vi a 3e com certa desconfiança e achei q tinha perdido um pouco do foco do que era o Jogo ate então, mas depois de jogar o 3e me passou uma imagem boa, como uma evolução… ampliações de regras ja existentes, facilitações e coisas do tipo, ja a 4e, mudou completamente o jogo, alem do fato de mudar descrições basicas e mais realistas como a movimentação antes feita em metros, area de efeito de magias e etc, que agora são medidas em "quadrados?!" … sem contar que o fato da 3e ser generica, vc poder montar um monstro com a mesma ficha de um PJ e coisas do tipo era mto legal, e ajudava bastante os mestres. 4ed pra mim não é D&d é outro jogo com influencias de D&d, wargames e MMORPG, que fizeram e usaram apenas o nome pra vender…

    • Jagunço disse:

      "Totalmente"? Será mesmo?
      A perda do realismo também foi, logo de cara, o que me incomodou. 🙂 Pulsos de cura, quadrados (eu odiava essa palavra em RPG) e "retreinamento" são coisas realmente pouco realistas (nada realistas, vá lá).
      Mas é aquela coisa, Rodrigo: são abstrações mecânicas. Elas tornam a narrativa menos elegante, eu concordo. Elas induzem o jogador a pensar sempre em termos de "jogo", eu aceito ("ando seis quadrados", "gasto um pulso de cura" não são frases aceitáveis para um guerreiro realista!). Agora… algumas irrealidades tornaram as coisas mais fáceis sim (especialmente para o Mestre). Monstros, aventuras, ítens mágicos… Tudo passa a ser mais simples de ser modulado (eu não aguentava criar monstros na 3 edição. Fazer a ficha de um era uma tortura na forma de consultas de tabelas!).

Deixe uma resposta