O que faz um super-herói realmente super?

Então você vai jogar com um super-herói na sua próxima aventura.  Mas o que torna uma aventura ser reconhecida como uma história de super-heróis?

Quais são os elementos comuns das HQs que atravessam o gênero e tornam seu personagem reconhecível como “super-herói”?

Eu estava fazendo um personagem de supers para para uma aventura, e não conseguia passar do básico. Criei seus super-poderes e aparência, e só.

É engraçado, mas as informações abaixo, apesar de básicas, foram me ajudando a criar o personagem.

Poderes!

Os poderes são o que normalmente entendemos como o fator determinante para tornar um personagem “super”. Eu não acredito inteiramente nisso.

Vários personagens nas mesas de RPG podem realizar feitos incríveis sem serem “supers”. Magos podem conjurar magias poderosíssimas, clérigos podem ressucitar os mortos, e guerreiros podem eliminar dezenas de oponentes antes de cair.

Normalmente, para ser considerado “super”, um PC precisa ter habilidades extraordinárias em alguma das funções abaixo:

  • Ser capaz de derrotar diversas criaturas comuns em uma briga. Isso não quer dizer que o PC deva necessariamente entrar em combate corporal. O importante é tirar o inimigo do combate. Um personagem pode controlar a mente do oponente, amarrá-lo com teias ou plantas, congelá-lo, etc.
  • Se defender de maneira extraordinária de ataques que normalmente derrotariam um ser humano normal. Ele pode ter o corpo recoberto de metal, pode se esquivar de maneira sobre humana , se teleportar, etc.
  • Possuir capacidades investigativas e/ou de dedução únicas. Ter a capacidade de extrair informações de fontes, ou a capacidade de se infiltrar de maneira sobrenatural. Poderes como telepatia, teleporte, intimidação e criminologia são a pedida aqui.
  • Ser capaz de se transportar e/ou aos outros de maneira eficiente. Isso inclui super velocidade, capacidade de vôo, um carro ultra poderoso, etc.

E, na minha opinião, ainda falta o item mais importante de todos:

  • Ser capaz de realizar feitos fantásticos que impressionem as pessoas comuns do mundo onde você joga. Como, por exemplo, enxergar em um mundo de cegos.

A menos que seu personagem atue sozinho, você não precisa se preocupar com todas essas habilidades. Essa é a grande vantagem de agir em equipe. Enquanto um personagem solo precisa se virar para cobrir todas essas necessidades, uma equipe consegue unir personagens mais poderosos naquilo que sabem fazer.

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Mesmo assim, não acho que isso seja o suficiente para fazer de um herói, um super-herói.
Faltam os itens necessários ao gênero “super”.

EXEMPLO:
O personagem que estou criando terá o poder de plasma.

Ele criará rajadas de gás super quente, e terá o corpo flamejante. Sua rajada é tão quente que chega a alterar a própria estrutura da materia que toca. Isso significa que ele é capaz de destruir até as armaduras mais resistentes (mesmo que leve algum tempo).

Ele será capaz de voar, e também poderá absorver energia direcionada contra ele. Com a absorção, ele poderá se tornar mais forte, ou até mesmo se curar de ferimentos.

A estrutura do seu corpo é instável, por isso ele também resiste a danos físicos normais, podendo se dissolver e se reestruturar no instante seguinte.

Para o nome real dele, precisamos de algo poderoso, bonito e ameaçador.
Vamos dizer que o nome dele será “Alex”…hehehe

Origem:

Tradicionamente, os super-heróis se distinguem dos demais seres humanos por presenciarem algum evento único e inexplicável que lhes dá seus super-poderes. Muitas vezes, a origem do super-herói explica a natureza dos seus poderes e suas motivações.

Enquanto mutantes lutam contra o racismo, Batman luta para vingar sua família, por exemplo.
Na maior parte dos cenários, não existe uma única fonte para os poderes dos heróis, mas várias explicações.

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Um personagem pode ser alienígena, ter um poder cósmico, pode ter uma arma única, usar de misticismo, ser um mutante, etc.

Mesmo assim, nem sempre um super-herói precisa ter uma origem definitiva para ser bacana. O Wolverine teve sua origem obscura durante décadas, por exemplo.

EXEMPLO:
Pensei durante algum tempo sobre isso, e realmente não conseguia passar daqui. Parte do bloqueio se dava por não conhecer a ambientação na qual jogaremos. Então optei por algo simples.

O personagem definitivamente nascerá com seus poderes, como um mutante.

Ele não conhece seus pais, e terá sido criado em um orfanato.

Ele tem seus poderes desde que nasceu, ao contrario dos mutantes normais, que os desenvolvem na adolescência. Pelo contrario, na adolecência ele já aprendeu a dominá-los.

Durante a infância, seus poderes eram descontrolados, como quando uma criança faz xixi na cama.
Ele dormia e brincava sozinho, em um quarto especial. E só passou a dormir em um quarto normal aos 8 anos de idade.

Ele terá 16 anos, e dividirá o quarto com seu melhor amigo. E terá como outros NPCs importantes um padre e uma freira, que administram o orfanato, além de um garoto que faz bulling com Alex.

Missão:

Parte do trabalho de ser super-herói é ter uma causa pela qual ele pode lutar.

Super-heróis não lutam por dinheiro ou fama (não normalmente, embora muito do gênero tenha se alterado na Era de Ferro dos quadrinhos). Usualmente, os herois lutam por causas grandes, e estão dispostos a morrer por ela.

É possível que o cargo de “heroi”seja um trabalho pago, como no caso de uma super-agência governamental, no entanto, o salário não deve ser o suficiente para motivar o trabalho.

Como o Besouro Azul, que perde a fortuna, mas continua usando sua máscara na Liga da Justiça.

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Mesmo assim, a maioria dos heróis deveria lutar contra o crime como uma espécie de trabalho voluntário, ou hobby.

Pense no que motiva seu personagem e quais são os princípios éticos que ele segue. Será ele motivado pela vingança? Ou ele sera um patriota? Será ele um idealista? Ou sera um mercenário pago para realizar trabalhos?

EXEMPLO:
Essa também demorou. Estava na cara, mas eu não conseguia pensar em um motivo para que um garoto saísse de casa para combater o crime.

Até que me dei conta:
Alex deseja encontrar seus pais.

O padre do orfanato costumava chamá-lo de “especial” ao explicar o porquê de seus poderes. E dizia que seus pais também eram especiais. Assim, ele acredita que entrando nesse mundo de super-heróis poderá saber mais sobre sua própria história. pElo menos, ele imagina que seus pais fossem heróis…

O Código de Conduta:

Além dos valores morais do personagem, muitos herois seguem códigos rígidos de conduta. Muitas vezes são códigos bem mais rígidos que aqueles normalmente seguidos por pessoas normais.

Alguns herois optam por nunca usar de força letal contra seus oponentes. Alguns nunca quebrarão suas promessas, mesmo para seus piores inimigos.

A maioria dos herois optará apenas por seguir a lei.

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O código de conduta é a linha divisória definitiva entre ser um herói e ser um vilão. Talvez seja a única coisa capaz de manter um herói sob controle.

EXEMPLO:
Alex ainda é um adolecente. Além disso, teve uma criação bem rígida. Ele é bom, e se recusará a matar ou a ferir inocentes.

Identidade Secreta:

Muitos herois possuem uma identidade secreta. Na maior parte das vezes, isso é uma questão de tradição.
Apesar disso, existem uma série de razões que podem beneficiar o uso de identidades alternativas como proteger sua família de seus inimigos; se proteger caso o heroi quebre a lei (muito frequente em caso de vigilantes mascarados); se proteger da mídia e dos fãs; o herói quer que as pessoas próximas gostem dele pelo que ele é, e não por ter super-poderes, etc.

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Em termos de jogo, ter uma identidade secreta é muito legal, pois cria conflitos entre os diferentes papéis que o personagem tem, e excelentes chances de roleplay (muitas vezes hilárias).

EXEMPLO:
Alex fugirá do orfanato quando puder. Nem o padre nem a irmã sabem que ele está atrás de informações sobre seu passado.

Para isso, contará com a ajuda do seu companheiro de quarto.

Pseudônimos:

Se o personagem tiver uma identidade secreta, então ele não pode chamar a sí mesmo pelo seu nome real (dããã).

Ao contrario de artistas, que inventam nomes bacanas para se apresentarem, os super-heróis possuem nomes que são obviamente falsos. Normalmente o nome descreve claramente quem são os personagens, com uma descrição de suas motivações ou de seus poderes.

Alguns herois não escondem suas identidades secretas, mas mesmo assim usam codinomes. Nos X-Men, por exemplo. O ato de chamar “Bobby” de “Homem de Gelo”, significa que ele está “trabalhando”.

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EXEMPLO:
Por enquanto, o alter ego de Alex se chamará “Plasma”.

Uniforme:

Nos quadrinhos, os uniformes dos herois normalmente são simples, com poucas texturas e com poucas cores. Os uniformes também são muito distintos entre sí, o que faz com que sejam facilmente reconhecíveis pelos leitores. Isso se dá para que eles sejam simples de desenhar e reproduzir.

Antigamente, os herois usavam roupas comuns, como o Mandrake, o Green Hornet, o Sombra, etc. O primeiro personagem de HQ a usar uniforme colante, e máscara foi Christopher “Kit” Walker, o Fantasma.

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Durante a Era de Ferro dos quadrinhos, muitos herois começaram a usar uniformes semelhantes aos de soldados, quase armaduras. Carregam mochilas, bolsas, um monte de fivelas e milhares de pochetes. Eles são mais funcionais, permitindo que os personagens carreguem milhares de armas consigo.

Alguns herois ganham suas habilidades do próprio uniforme (como o Homem de Ferro e o Super Herói Americano), ou de partes dele (como o Lanterna Verde e o Gladiador Dourado).

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Os uniformes também são usados como identificadores de super-times. O Quarteto-Fantástico, por exemplo, usa um uniforme padrão.

Pessoalmente, gosto quando cada um dos herois possui seu próprio uniforme, mas ostentam um símbolo em comum, como os X-Men.

Qualquer que seja a roupa do seu personagem, é importante que ela faça com que o personagem seja distinto dos demais. Acho que essa é a única coisa que não mudou no decorrer dos anos.
Mandrake sempre usava aquele smoking, cartola e bengala; O Sombra sempre estava de sobretudo e chapéu.

Tanto faz o que seu personagem use, desde que aquilo o torne distinto dos demais.
Uma coisa que esta completamente ligada ao uniforme é…

A Máscara:

Um acessório fundamental para manter a identidade secreta de um heroi.

Na vida real, uma máscara de verdade deveria cobrir o rosto inteiro de um justiceiro, no entanto, nos quadrinhos, muitas vezes basta algo para cobrir os olhos (como um par de óculos) que as feições do herói tornam-se irreconhecíveis.

Na maior parte das vezes, é melhor assumir que a necessidade de máscaras é uma convenção. Uma necessidade do gênero, por assim dizer.

A melhor máscara acontece quanto o super-herói tem o poder de se transformar em outra entidade. Ser capaz de cobrir seu corpo em chamas, virar uma criatura pavorosa, ou ficar mais velho e musculoso eliminam a necessidade de máscaras.

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EXEMPLO:
Alex terá a capacidade de se transformar em um “elemental de plasma”. Mais do que isso, quando ele se transformar, suas feições serão completamente alteradas. Seu nariz e boca desaparecerão, e ele será capaz de respirar por meio da sua pele, e se comunicará vibrando as moléculas de gás do seu corpo.

Como uniforme, ele usará apenas um par de luvas e botas. Tanto as luvas e as botas possuem buracos nas palmas e solas, que o auxiliam a direcionar o plasma ao lançar suas rajadas e ao voar.

Gostei do resultado final. Não é um desenho profissional como esses aí em cima, mas vai pra ficha.

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3 Resultados

  1. valberto disse:

    Poxa cara, muito interessante o seu texto. Por que vc não se increve na Iniciativa Mutantes e Malfeitores Brasil?

  2. Alexandre disse:

    Valeu, Valberto!
    Eu até pensei nisso… a questão é que não jogo o M&M (por pura falta de oportunidade).
    Eu poderia escrever posts mais genéricos, como esse texto aí…se estiver valendo…

  3. Fodástico o Post !
    último post de d.darkangellus:Bom é Jogar RPG – Ponto de Encontro Virtual

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