Romância: Humanos e Eloi
Apresento a seguir as duas raças hominídeas do Romância: os humanos e os eloi. O texto aparece no formato que estou considerando usar para apresentar as informações descritivas — através de relatos, cartas, diários e livros escritos por personagens do cenário. Para os textos das raças, pensei ser interessante pôr trechos do Das espécies sapientes, de Charlotte Dawnqueen, biomante evolutiva de Vitória (e de Estética Celestial, o que confere ao texto um aspecto técnico, objetivo e seco, como se tivesse sido extraído de um tratado científico), com citações da obra Vivissecção de raças sencientes, de Jean-Luc Esseintes de Vestearge-Carnassier, um biomante vampiro que gosta de abrir gente. São considerados apenas os aspectos biológicos (os culturais entram na descrição da cultura e costumes de cada nação).
Humano
Homo practicus
DESCRIÇÃO. – Pele de pigmentação uniforme. Presença de cabelos na cabeça e outras poucas áreas (axilas, região pubiana; nos homens, inclui o rosto), sendo desprezível na maior parte do corpo; coloração pode ser loira, castanha, ruiva ou negra. A cor dos olhos pode variar entre azul, verde e castanho. Os homens da espécie tendem a ser maiores e de musculatura mais desenvolvida que as mulheres; estas possuem quadris mais largos e glândulas mamárias proeminentes.
TAMANHO. – Altura média de 1,70m entre os homens, peso médio de 60kg. Entre as mulheres, estas médias tendem a ser menores.
Humanos possuem um período de gestação de aproximadamente nove meses, atingem a puberdade por volta dos doze anos e a maturidade corporal ao final da casa dos vinte anos. Seu período de gestação mais curto que o das demais espécies do genus Homo – Homo otiosus e Homo robustus (extinto) – garantiu-lhes dominância da maioria das áreas de planícies temperadas, habitat adotado pela espécie em virtude da mudança da dieta herbívora para a onívora. Evidenciam-se papéis sexuais distintos em seu estado selvagem: os homens realizam a caça, ao passo que as mulheres empreendem a criação dos jovens e manutenção da habitação – divisão de tarefas essa que provavelmente está associada às diferenças físicas entre um e outro sexo. Tal modo de vida gerou uma tendência ao patriarcalismo, bem como à monogamia (um arranjo imperfeito, que conflita com aspectos mais instintivos da psiquê humana e gera conflitos até os dias atuais). De acordo com Dr. Vestearge-Carnassier (“Vivissecção de raças sencientes”) seu córtex pré-frontal possui uma afinidade com os arcanos de hipercognição; tal afinidade, contudo, mostra ser recessiva na maioria dos casos, sendo incomuns manifestações taumatúrgicas espontâneas. Esta “hipercognição latente” poderia ser a causa da “maior adaptabilidade do Homo practicus” defendida por alguns teóricos (não há, contudo, provas conclusivas para esta hipótese).
Eloi
Homo otiosus
DESCRIÇÃO. – Comparados aos demais hominídeos, os eloi possuem físicos frágeis e traços delicados — boca e nariz pequenos, olhos grandes e expressivos, queixos estreitos, compleição esguia, ausência de pêlos corporais. Duas características são especialmente marcantes: o hermafroditismo e o formato de suas caixas cranianas, de tamanho maior que o observado nos humanos e com a presença de duas protuberâncias do formato e tamanho da porção rombuda de um ovo de galinha, localizadas atrás das orelhas. Coloração de olhos e cabelos é similar à dos humanos.
TAMANHO. – Altura média de 1,70 metros, peso médio de 40kg.
Eloi (singular ou plural) deriva-se da palavra elisiana eleytheroi, cujo significado é “homens livres” ou “homens de lazer”, em virtude da abolição do trabalho braçal em sua cultura, substituído pela praxis arcana, que possibilitou maior emprego de tempo e energia em atividades intelectuais. Evidências arqueológicas afirmam que, em passado remoto, tenham coexistido com os humanos em outras áreas, mas acabaram por eles extintos (como ocorrido com os anões, o Homo robustus), tendo sobrevivido apenas na ilha de Elísia, isolados. O que chama a atenção nos eloi é a improbabilidade evolutiva de seus traços mais marcantes, o hermafroditismo e as protuberâncias cranianas, que são muito provavelmente produto de bio-taumaturgia praticada a tempo suficiente para que tais aspectos sejam hoje onipresentes na espécie. Especula-se que em algum momento do passado tenha havido distinção entre os sexos – visto que eloi e humanos descendem do mesmo ancestral –, hipótese sustentada por evidências da incapacidade anatômica dos eloi de gerar crianças em seus corpos (é provável o uso de incubadoras externas). Os eloi mostram-se reticentes em se tratando do assunto; afirmam que o hermafroditismo sempre lhes foi inerente, que jamais foram “meias-pessoas” (a forma que usam para se referir às espécies possuidoras de divisão sexual, em oposição a si próprios, “completos”, por possuírem ambos). É possível que tal crença seja sincera, se se considerar que suas alterações bio-taumatúrgicas sejam suficientemente antigas e que registros anteriores a seu início tenham se perdido. Segundo Vestearge-Carnassier, o córtex eloi é sensível às vibrações no éter, que percebem tão naturalmente quanto som ou visão. Seu cérebro possui, ainda, afinidade natural com arcanos psicocinéticos, suplementada e amplificada, artificialmente, com os lóbulos localizados atrás das orelhas – uma porção do cérebro, que lhes permite sua notória e prodigiosa manipulação espontânea de forças etéricas. É sabido que a cobertura óssea dos lóbulos cranianos só enrijece totalmente por volta dos sete anos de idade, e que a capacidade dos mesmos só se desenvolve completamente por volta dos quinze. Informações sobre o envelhecimento são confusas (é provável que seja retardado por meios arcanos).
O objetivo é ter toda a parte descritiva apresentada sem a presença de regras — após feitas as descrições do cenário em si, entram os capítulos de regras, com descrições, quando necessárias, naquele estilo 4e (no máximo um parágrafo, em linhas bem gerais) — na entrada do bloco de regras de um Eloi, por exemplo, eles seriam descritos como:
“Naturais do paraíso insular de Elísia, os eloi são semelhantes aos humanos, mas possuem físicos frágeis e aparência andrógina. Intelectuais, de temperamento apático e certo ar de superioridade, são capazes de perceber o éter, e as protuberâncias localizadas atrás de suas orelhas lhes conferem grande habilidade no uso de taumaturgia que lida com forças e elementos. Eloi possuem ambos os sexos: não são dividos entre homens e mulheres.”
Isso permitiria ao jogador uma referência rápida, sobretudo se for principiante e quiser fazer um personagem para sair jogando de uma vez. Caso ele queira saber mais, pode ler os textos descritivos sobre os eloi e a ilha de Elísia, estes com mais informações e texto mais “passador de clima”.
Que dizem? Esse formato de raça separada de cultura parece agradável? Pensei em fazer assim de modo a possibilitar liberdade total (um bebê eloi “contrabandeado” e criado na necrópole de Funére? Pode ser feito) — e tirar essa coisa de “todo humano é genérico, as demais raças, estereótipos culturais”. Ou a carga cultural acompanhando a descrição da raça faz falta? Excesso de informação? Ou “pode nem ser usado em jogo, mas é interessante como leitura”?
entre A B ou C
eu fico com C: “pode nem ser usado em jogo, mas é interessante como leitura”
de qualquer forma, vale ressaltar que a cultura varia conforme a região [ =
Achei a idéia de manter a descrição das raças puramente no aspecto biológico da coisa bem bacana. Mais seria legal, no início do capítulo, uma explicação sobre onde encontrar as referências às culturas das raças.
Bem interessante, seria legal o aspecto cultural também. Gosto também de exemplos de nomes, etc e vc poderia colocar a relação dos Eloi com as outras raças, por exemplo.
Shido,
Acho que o que determina os fatores culturais são o local de criação dos personagens e não sua raça. Um homem nascido na Alemanha na década de 20 seria muito distinto de outro nascido na Indonésia por exemplo. Fatores culturais são culturais, raça é biologia.
Cada sociedade acaba desenvolvendo uma cultura própria, já que modo de vestir-se, alimentação, entre outros são aspectos inerentes à cultura. Obviamente que o local de criação influencia nessa questão, contudo, acho válido que a descrição da raça contenha algo relacionado aos seus traços culturais.
No mais, gostaria de me oferecer como betta-reader de Romância. Como fã de tanto tempo, adorava visitar aquele seu fotolog, odiaria ficar de fora de tal acontecimento.
Como sempre, parabéns.
Alex.
Creio, então, que seja oportuno informar também sobre culturas, no plural mesmo. O livro de história natural do séxulo XIX que usei como modelo para o tipo de narrativa (abençoado seja o archive.org!) traz uma linha, que omiti, chamada "habitat", que posso muito bem usar — descrever qual o status/costumes/relação da dada raça em cada uma das regiões onde ela ocorre mais comumente.
A idéia da coluna de habitat é legal, minha sugestão é que você coloque referências a outras partes do livro, tipo um " Para sabr mais" – "sobre a cultura dos Eloi elisianos, pag X", "Elisia, pag X", "estatisticas de jogo, pag X", "Fichas de NPCs (ou" Monstros", se preferir a estética 4ªedição), pag X".
Como estudante de biologia gostei do texto, mas devo ressaltar que humanos, assim como qualquer ser gerado pela evolução, não é uma "tábula rasa", um corpo cujo espírito seja modelado somente pela cultura. Traços psicológicos são inerentes da nossa natureza, e isso tem reflexos culturais claros. Por isso vemos um "padrão" em todas as sociedades de nossa espécie. Humanos por exemplo são criaturas extremamente colaborativas e tendem ao altruísmo quando há possibilidade de reciprocidade. Por termos vindos de grupos de caçadores de animais grandes, dividimos o alimento com pessoas não relacionadas a família (nenhum outro animal faz isso à exeção do chimpanzé, mesmoa ssim com muitas ressalvas), pois precisavamos de sorte e de atividade em grupo para obtê-lo (a carne é um alimento sempre dividido com mais igualdade do que qualquer outro em todas as sociedades humanas). Como seriam as relações sociais básicas numa sociedade onde um indivíduo poderia abater um grande animal sozinho com força bruta ou magia?
Apesar de preferir a fantasia medieval clássica com seus anões mal vestidos, acompanho o cenário desde a RedeRPG e aprecio sua iniciativa e idéias. Continue assim (o post do crânio de lemure foi sensacional).