Antes que me aviltem com mil invectivas, deixem-me explicar do princípio. O portal RPG Online, em parceria com o blog Pop Dice, anunciou intenção de atacar com um novo cenário de fantasia — há, adicionalmente, um elemento inovador na construção do mesmo, nominalmente a interatividade com os leitores, que contribuem com sua opinião votando em pesquisas. “Mas, ei”, você diz, “se o projeto conta com um diferencial assim, por que raios invocar a expressão ‘mais do mesmo’?”.
Dê uma olhada nos resultados parciais da pesquisa. Okay, o resultado é apenas parcial, é cedo demais para afirmar qualquer coisa e, é claro, eu posso vir a estar gargantuescamente equivocado — mas, até o presente momento, pode-se notar algumas coisas. Vamos às perguntas propostas e aos votos:
Qual será o nível tecnológico do nosso mundo?
Baixo. A Era do bronze, como na Grécia 17% (8)
Médio. A Idade Média, como na Europa até o século XV 47% (22)
Alta. Revolução Industrial, com vapor, pólvora e tudo mais 36% (17)
Um cenário com nível tecnológico da… Idade Média! Quão… inédito.
Como a Magia Funcionará no Mundo
Liberada, forte e muito atuante 33% (16)
Liberada, entretanto fraca e rara 19% (9)
Proibida, perseguida pelas igrejas e temida pela população 48% (23)
Inexistente. Não há magos ou magias no mundo 0% (0)
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A pergunta não se refere ao funcionamento da magia em si, mais de sua raridade e difusão no cenário. Senti falta de um meio-termo entre a primeira e a segunda opção — low magic de alta difusão — afinal, high magic não quer dizer, necessariamente, que seja altamente disseminada; ela pode muito bem ser poderosíssima mas usada apenas por uns poucos. A coisa fica espinhosa na preferência pela proibição da mesma, por tratar-se de um prato cheio para preguiça. Eu explico: se a magia é proibida e pouco presente, as chances de ela causar um impacto social interessante — revolucionando a indústria (não precisa ser necessariamente indústria no sentido “revolução industrial” da coisa; guildas de artesãos podem se beneficiar de aplicações arcanas), as ciências/conhecimento, transportes, comércio e relacionados no mundo de jogo. Sem esse impacto, a coisa descamba para “Europa medieval com fauna bizarra e gente de roupão que volta e meia lança bolas de fogo”. É justamente esse impacto social da magia que faz cenários mais recentes, como o Eberron e o Reinos de Ferro mais interessantes e vibrantes que aqueles nos moldes mais antigos. Como será o Panteão Divino?
Panteão Clássico: Como na Grécia antiga com muitos deuses 32% (15)
Panteão Econômico: 3 deuses, um ruim, um bom e um neutro 13% (6)
Deus Único: Apenas um Deus mas várias igrejas rivais 9% (4)
Sem Deuses: Eles moreram, fugiram, desapareceram e etc. 28% (13)
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“Panteão clássico”, leia-se “mais um politeísmo com deuses demais”. Se somados os votos das opções de “sem deuses”, contudo, ruma-se em direção a um cenário mais parecido, nesse quesito, com a nossa Terra — não há deuses (não cuja existência seja provável, ao menos), mas temos um menu mais que sortido de religiões. O fato de não haverem deuses não significa que as pessoas não vão inventar religiões que, com o passar do tempo, têm suas lendas e histórias tomadas como fatos. O interessante disto é um conflito muito mais político entre as religiões, alimentados por motivações bem mais terrenas (e plausíveis); em vez de bem ou mal absolutos, passamos para algo mais “o nosso lado” e “o lado deles”.
Deixo claro que, apesar do título sensasionalista e das rabugices ocasionais, repito, posso estar equivocado. Minhas afirmações se baseiam nas afirmações generalistas das perguntas da pesquisa, e nelas apenas. O desenvolvimento tem um peso enorme e decisivo nos resultados finais — uma premissa “mais do mesmo” (medieval, magia de pouco impacto social, politeísmo), conforme fluir o desenvolvimento, pode fazer aflorar algo diferenciado e inovador; as próximas pesquisas, ainda, podem abordar outros pontos que tragam algo que constitua uma novidade. É esperar para ver.
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Calma meu rapaz! Calma!
Se o povo quer pão, por que lhes dar brioche?
Vamos ver como as coisas avançam. Vamos ver.
Não dá pra sair inovando a torto e direito sobretudo na primeira pesquisa. E por mais que as opções sejam “clássicas” o importante é que se vai fazer com o escolhido. Não acha?
Pra finalizar, gostaria de ajudar? Quer contribuir? Se topar, eu lhe passo o título das enquetes e vc bola as respostas. O que acha?
Abraços
Antônio, concordo contigo — como eu atentei no artigo, o desenvolvimento das premissas é que dá a forma final do cenário. O problema (minha opinião, claro) é fato de algumas das premissas “fecharem as portas” para possibilidades interessantes. Mas, pensando um pouco no assunto, um item escolhido não precisa *necessariamente* excluir os demais. E, aceitando seu convite — com o qual me sinto realmente honrado –, posso te mandar um email elaborando melhor isso .
Valberto, deus não é algo tão confiável — um amigo imaginário coletivo que insiste em persistir ao longo da vida adulta me soa, na melhor das hipóteses, como insensato. Não sei se viste nos noticiários o fato de o prefeito eleito aqui de Londrina correr o risco de não assumir em virtude dos trocentos processos de corrupção que tem nas costas; é amplamente sabido que ele está sob tais processos e que, em cada uma das administrações passadas (pré-lei fiscal), ele quebrou magistralmente os cofres da prefeitura. Mesmo com os diversos sinais de alerta, a maioria não hesitou em escolhê-lo. A voz de deus, como deve saber, nem de longe tem a mesma infalibilidade atribuída ao demiurgo.
Bem tocado Shido! publiquei um artigo lá no meu blog sobre as possibilidades de Os temas batidos serem transformados em temas nào batidos 🙂 Depois gostaria de ver suas considerações adicionais sobre o assunto Shido. Valeu!
Na verdade a voz do povo é a voz da massa. Nunca vai surgir uma idéia original de uma consulta pública, mas sim o que a maioria já está acostumado, no caso uma versão de Greyhawk mesmo. A originalidade é um desvio do normal, e o normal é a maioria, por definição. Originalidade vem da criação individual.
Se vocês começarem a tomar os temas dados pela votação e tentarem transformar em algo original, o povo que votou nos temas clássicos pode abandonar o cenário por terem sido abandonados. Eles queriam mais do mesmo e isso foi transformado em algo irreconhecível: “Não foi isso o que eu pedi!”
Façam algo original ou façam algo com a intervenção da massa. Não há meio termo.
Sabe, para mim pouco importa se deus existe ou não. Usei apenas um jargão popular para afirmar aquilo que o Hackback disse com tanta proficiência: se é para inovar, não pergnte ao povo.
Legal um cenário com a votação dos internaltas!!
¬¬
Preparem-se pois vem ai “aTormenta Adolescence Nonsense 2.0″…
Vejam minha cara de animação… |-(
PS: Mesmo um cenários feito com base na opnião das pessoas pode ser manipulado o resultado simplesmente escolhendo as perguntas certas e restringindo as respostas.
Assim teria-se a falsa sensação de democracia… Mas pelo menos seria uma maneira de impedir um surgimento de uma “aTormenta Adolescence Nonsense 2.0”
Maíra, até onde eu sei, o projeto old school deles é outro, não esse do RPG Online.
O bacana de algo realmente inovador seria injectar um ânimo novo no universo de produtos brasileiros que, fora os lançamentos da Jambô, não tem surpreendido com nada novo e empolgante.
Calma meu rapaz! Calma!
Se o povo quer pão, por que lhes dar brioche?
Vamos ver como as coisas avançam. Vamos ver.
Não dá pra sair inovando a torto e direito sobretudo na primeira pesquisa. E por mais que as opções sejam “clássicas” o importante é que se vai fazer com o escolhido. Não acha?
Pra finalizar, gostaria de ajudar? Quer contribuir? Se topar, eu lhe passo o título das enquetes e vc bola as respostas. O que acha?
Abraços
Ah! O convite é sério! Sério mesmo.
O tema foi muito bem abordado, Antonio, as bases do cenário podem esconder o X da questão.
Opa, citei o Antonio, mas queria ter citado o Shido :). Mas em preve te respndo antonio. 🙂
A voz do povo é a voz de Deus…
Antônio, concordo contigo — como eu atentei no artigo, o desenvolvimento das premissas é que dá a forma final do cenário. O problema (minha opinião, claro) é fato de algumas das premissas “fecharem as portas” para possibilidades interessantes. Mas, pensando um pouco no assunto, um item escolhido não precisa *necessariamente* excluir os demais. E, aceitando seu convite — com o qual me sinto realmente honrado –, posso te mandar um email elaborando melhor isso .
Valberto, deus não é algo tão confiável — um amigo imaginário coletivo que insiste em persistir ao longo da vida adulta me soa, na melhor das hipóteses, como insensato. Não sei se viste nos noticiários o fato de o prefeito eleito aqui de Londrina correr o risco de não assumir em virtude dos trocentos processos de corrupção que tem nas costas; é amplamente sabido que ele está sob tais processos e que, em cada uma das administrações passadas (pré-lei fiscal), ele quebrou magistralmente os cofres da prefeitura. Mesmo com os diversos sinais de alerta, a maioria não hesitou em escolhê-lo. A voz de deus, como deve saber, nem de longe tem a mesma infalibilidade atribuída ao demiurgo.
Bem tocado Shido! publiquei um artigo lá no meu blog sobre as possibilidades de Os temas batidos serem transformados em temas nào batidos 🙂 Depois gostaria de ver suas considerações adicionais sobre o assunto Shido. Valeu!
Na verdade a voz do povo é a voz da massa. Nunca vai surgir uma idéia original de uma consulta pública, mas sim o que a maioria já está acostumado, no caso uma versão de Greyhawk mesmo. A originalidade é um desvio do normal, e o normal é a maioria, por definição. Originalidade vem da criação individual.
Se vocês começarem a tomar os temas dados pela votação e tentarem transformar em algo original, o povo que votou nos temas clássicos pode abandonar o cenário por terem sido abandonados. Eles queriam mais do mesmo e isso foi transformado em algo irreconhecível: “Não foi isso o que eu pedi!”
Façam algo original ou façam algo com a intervenção da massa. Não há meio termo.
Sabe, para mim pouco importa se deus existe ou não. Usei apenas um jargão popular para afirmar aquilo que o Hackback disse com tanta proficiência: se é para inovar, não pergnte ao povo.
Legal um cenário com a votação dos internaltas!!
¬¬
Preparem-se pois vem ai “aTormenta Adolescence Nonsense 2.0″…
Vejam minha cara de animação… |-(
PS: Mesmo um cenários feito com base na opnião das pessoas pode ser manipulado o resultado simplesmente escolhendo as perguntas certas e restringindo as respostas.
Assim teria-se a falsa sensação de democracia… Mas pelo menos seria uma maneira de impedir um surgimento de uma “aTormenta Adolescence Nonsense 2.0”
mas se é para ser old school, é preciso mesmo inovar tanto? 🙂
Maíra, até onde eu sei, o projeto old school deles é outro, não esse do RPG Online.
O bacana de algo realmente inovador seria injectar um ânimo novo no universo de produtos brasileiros que, fora os lançamentos da Jambô, não tem surpreendido com nada novo e empolgante.