Tormenta em Cinco Níveis (TeCN): O Ladino

NOTAS DE DESIGN DO LADINO

Bom, aqui nós vamos discutir basicamente o que estava passando pela minha cabeça na hora de fazer design do Ladino. O ladino é uma classe que eu honestamente considero bastante problemática, mesmo que ela seja redondinha ao mesmo tempo. Eu não precisei fazer muitas alterações na classe pra fazer ela rodar. Eu meio que não achei necessário. Mas ao mesmo tempo, eu rebalanceei a classe, pois infelizmente a classe tem problemas graves que precisavam ser ajustados. Vamos a elas:

Tormenta em Cinco Níveis (TeCN): O Ladino 1

Isso! Faz multi-classe, Sandro idiota!


Ataque FurtivoAtaque Furtivo Aprimorado foram as habilidades que eu precisei mexer. Na verdade, eu nunca entendi bem porque um ladino bate tão ou até mais forte que todos os combatentes do sistema, só por estar em uma posição específica no campo de batalha, que nem é difícil de se colocar (flanquear inimigos é algo que qualquer grupo devia estar abusando, não só grupos que tem ladinos), mesmo com baixa otimização (um ladino de nivel 5 com duas armas causa +6d6 de dano só por existir!). E eu também quis diminuir a síndrome de balde de dados que o ladino tem.
A inspiração para a modificação, curiosamente, veio de um sistema que eu não gosto, chamado Old Dragon, embora ela funcione de forma diferente. Enquanto no Old Dragon, os ladrões multiplicam seu dano por um valor fixo, o ladino aqui ganha maior margem de ameaça para acertos críticos. Apesar de não ser mais tão garantido que você vá conseguir causar tanto dano, ele sinergiza muito bem com classes, talentos e manobras que abusem de críticos e abusem da condição desprevenido (o guerreiro é um exemplo). E pra quem acha que ele tá fraco… Digamos que os combatentes mais assustadores do Tormenta RPG são aqueles que abusam de acertos críticos.
O fato que jogadores tenham que forçar o oponente a ficar desprevenido para ativar seu ataque furtivo também tem grande impacto. Ladinos não podem simplesmente só “ficar junto com o guerreiro” para fazer as coisas. Ele vai precisar ser mais ativo, mais malandro, abusando de furtividade, enganação e truques sujos para vencer seus oponentes. O que encaixa com o conceito do ladino.
As Técnicas Malandras foram melhoradas, em compensação.Elas foram bastante expandidas, para abrigar numerosos estilos de jogo pro seu personagem. Quer abusar de venenos? Tá lá. Quer ser um ladino clássico que desabilita armadilhas? Dá pra fazer. Quer focar em combate? Dá também. E dá pra você misturar vários estilos diferentes. Mas acho que a minha habilidade favorita de todas as habilidades novas é a Imã para Tesouros. Inspirada no Final Fantasy RPG 4e, eu achei muito hilário que haja uma habilidade que mexa diretamente com o tesouro que o grupo recebe, pois a parte de Tesouro do sistema é extremamente deficiente, e acho que é justo fazermos uma reconfiguração das regras, pra fazer itens serem importantes, mas também acessíveis. Isso vai ser relevante no futuro.
O resto da classe é bastante “padrão” pra ladinos, então não tem muito o que falar, o que nos deixa com os caminhos, a parte realmente divertida do sistema.
Capangas foi curiosamente inspirado no Kit de mesmo nome do Manual do Aventureiro do 3d&T, muito por um motivo hilário: o capanga de 3d&T tem uma habilidade que eu não faço ideia do porque o capanga de TRPG não tinha: capangas recebem bônus quando estiverem sob efeito de uma habilidade que o beneficie. Afinal de contas, um ladino recebendo ordens do seu contratante, faz sentido que ele seja mais eficiente, pois ele estaria mais acostumado a receber ordens para fazer. Isso faz o Capanga ser um team-player mais que um combatente per se. O resto do capanga é padrãozinho até e faz ele ser ainda um combatente eficiente. Mas acho que essa habilidade do capanga é a mais divertida que eu fiz até agora.
Ladrões de Magia foi uma mistura das regras do guerrilheiro do Guerras Táuricas com a classe básica ladrão de magia do Completo Aventureiro, do D&D 3.5. Eu cogitei criar o trapaceiro arcano como “a variante mágica” do ladino, mas eu achei ela um tanto… sem graça quando fui transcrever para regras, simplesmente porque ela não é muito mais que um “guerreiro mágico, só que ladino”. E eu achei bastante divertido que o personagem possa ganhar benefícios ao enfrentar conjuradores, inclusive dando uma habilidade que estava numa versão anterior do guerrilheiro (a variante do guerreiro) para ele, simplesmente porque fazia muito mais sentido.
Ninja tinha que estar em algum lugar, já que eu não pretendo criar uma classe básica só para o Ninja (na real, nem pro Samurai), e um ladino focado em furtividade é sempre muito bem vindo. Ninjas cumprem o nicho de serem  rápidos e furtivos, podendo até se esconder em plena vista e tudo mais. Mas acho que a parte mais divertida dele são os “artefatos ninja”, que são competitivos com magias, mesmo que durem pouco, e dão ao ninja o nicho de serem os “controladores de campo de batalha” dos ladinos. Sempre muito bem vindo, é claro.
 
Mas é basicamente isso mesmo. O ladino não precisou de muitas torções no sistema, porque eles são bons o suficiente. São fortes, mas relativamente equilibrados. O que acharam?
 

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11 Resultados

  1. Tiago Oriebir disse:

    Gostei de como a classe ficou abrangente, mesmo desconsiderando os caminhos. Você pode fazer um ladino mais sociável, oportunista ou focado em combate escolhendo as técnicas malandras (ou ladinas? na tabelas está escrito de um jeito; no texto, de outro) corretas.
    Uma pergunta (e aí pode ser noobice minha, que não tem tanta intimidade com TRPG): por que não transformar as técnicas malandras em talentos próprios, já que a ideia de progressão do sistema TeCN é baseada em talentos?
    Tenho curiosidade para saber como se dará a progressão de magias do Ladrão de Magias. Pelo que entendi, fora o bônus, ele aprende novas magias à medida em que aumenta o Carisma, certo? De toda forma, vou aguardar um post explicando o funcionamento do sistema de magias, para ver se tenho mais algum comentário a respeito.
    A propósito, podia rolar um post explicando sobre como você pensa a mecânica de funcionamento das magias — não precisa apresentar nenhuma classe conjuradora, só explicar como funcionam mesmo. Acho que isso gera um post bacana, que já vai fundamentando o caminho quando você vier com listas de magias e as classes adequadas.
    Aproveitando que dei uma desviada do tópico em questão, outra dúvida: como é calculada a quantidade de surtos heroicos de um personagem? Desculpe se você já explicou isso em algum outro post, mas passei batido. =P
    Voltando ao tema, gostei bastante da mecânica de ataque furtivo e de como ele força o ladino a ter que criar soluções para desferir estes ataques.
    Ainda sobre o Ladrão de Magias, será que ele não ficou excessivamente dependente do ataque furtivo? Ele também aprende magias, mas principalmente o grau moderado desse caminho me pareceu muito trabalhoso/custoso para um efeito relativamente curto (mas isso é o que me parece agora, sem ter visão total do sistema).
    Gostei de como ficou o Capanga — uma opção “de combate” para a classe, mas com uma personalidade própria. O Ninja é muito bom também; ao menos à primeira vista me parece o mais forte dos caminhos.
    Sobre o próximo post, gostaria de ver como ficou o Bárbaro! =D
    Abração e continue com o projeto, está muito bacana!

  2. Kleber disse:

    Bem vamos lá..
    1 bônus/bba/ proficiência como quiser chamar já disse no guerreiro sou extremamente contra números quebrados mude pra 1 por nível, vc pegou justamente a pior coisa do D20 que foi abolida nos sistemas atuais o bba quebrado.
    2= técnicas laminas cara diminua o benefício 2 habilidades incluindo talentos e forte e deixa o guerreiro que vc fez ruim, de 1 abilidade apenas isso pra todas as classes que você fizer
    Essas habilidades são vícios de sistema passados..
    3= use o furtivo como no d&d 5e
    1 vez por turno ou rodada apenas resolve o problema, o jeito que colocou foge demais do estereótipo
    Dele e se o seu problema e ele cause muito dano aumentar. Chance de ele causar críticos piora demais em vez de resolver.
    De resto muito bom parabéns pela iniciativa.

    • Vrikolaka disse:

      1- Não. Isso já foi definido. Eu não quero que os bônus sejam muito altos, porque isso faz bônus de +1/+2 serem pequenos demais, irrelevantes demais. E como já falei, os bônus de proficiência da 5e (que foi minha inspiração pro bônus, e que você reconheceu inclusive) também são quebrados por nível (tu fica com proficiência +2 até o nível 5, depois +4 no 9, e tudo mais). Eu só “acelerei eles” para ficar uma coisa melhor e mais progressiva.
      2- Não acho que seja um problema. O ladino pode pegar talentos? Pode, mas ele só pode pegar um talento por nível. Então se o cara quiser queimar suas preciosas técnicas ladinas por talentos, é direito dele. Se eu deixasse eles pegarem 2 talentos, daí sim eu até concordaria com a crítica. (e dar dois talentos pro guerreiro pra “compensar” seria bizarro pra cacete, e ISSO daria um edge pro guerreiro. Mas tirar do ladino, eu tiraria ainda mais poder de uma classe que “já está sendo considerada fraca”).
      3- …Discordo, e totalmente. Eu respondi no Facebook com mais cuidado, mas eu vou responder algo parecido aqui. Eu tenho dois argumentos para manter o
      ataque furtivo como está agora: role de personagem + coerência da própria habilidade.
      O meu problema com ataque furtivo é que dentro do role do ladino (que é pra ser um especialista sutil), o ataque furtivo é incoerente. Porque um cara que abusa da sutileza (como furtividade, enganação, sutileza e tudo mais) vai meter trocentos de dano, ultrapassando o dano de personagens combatentes (que devotam sua vida pro combate e como ser mais efetivo nele), até mesmo o bárbaro, que é a classe feita pra ser “a causadora de dano”? Entende onde eu quero chegar? Esse meio que eu fiz dá mais cara pro ladino de ser especialista. Tirando os benefícios de flanquear, o cara vai ser forçado a jogar, bom, como especialista para ser efetivo, abusando de furtividade, fintas, de truques sujos e tal, pra ter efetividade em combate. Não ficar parado do lado do seu coleguinha combatente e causar tanto dano que seu coleguinha guerreiro vai parecer que tá batendo com uma pluma (e sim, isso é uma crítica ao ladino do 5e).
      Quanto a coerência da própria habilidade… …todo o conceito interpretativo e de regras do Ataque Furtivo é o mesmo do acerto crítico. Então porque eu diferenciar os dois, e criar uma mecânica extremamente específica só pra ele? É mais fácil pegar a regra de acertos críticos, e mesclar dentro do ladino.

  3. Darcy disse:

    Eu quero ver o Nobre, de preferencia se ele tiver algo como uma especialização pra ser um Senhor da Guerra (tipo, o Cavaleiro, que já tem em Tormenta, mas feito com mais cuidado) e um como o especialidade em ser “SOU, RICA! VOCÊ SABE, PQ, EU GANHEI??!! PORQUE SOU RICA!!!”.

  4. Darcy disse:

    Btw, eu trocaria a Evasão Aprimorada, por algo como Mente Escorregadia.

  5. Bonito demais esse ataque furtivo.
    Abaixo o ladino DPS, viva o verdadeiro ladrão faca nas costas!

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