Tormenta: um mundo pacífico
Algo que aprendi escrevendo sobre Tormenta durante todos estes anos é que Arton é um mundo muito, muito pacífico. Sim, é verdade! Sim, há cultistas malignos, monstros e mortos-vivos ameaçando vilarejos e cidades e todo tipo de problemas. Mas sabem do que há muito pouco em Arton? Guerra.
O ambiente geopolítico do Reinado é extremamente estável. Em toda a sua história, aconteceram pouco mais de duas dúzias de guerras civis e conflitos entre nações. Parece muito, até você perceber que o período pós-Segunda Guerra Mundial é um dos mais pacíficos da história humana, mas nós tivemos cerca de 100 guerras desde 1945. Neste exato momento há 55 conflitos armados acontecendo ao redor do mundo, com quatro deles tendo mais de 10 mil mortes por ano e sendo considerados de alta intensidade.
Durante o lançamento do cenário, quando a linha do tempo marcava 1400, cerca de metade dos reinos jamais haviam experimentado um conflito armado. A outra metade experimentou conflitos apenas durante uma parte minúscula da sua história, como Khubar e Trebuck que enfrentaram terríveis guerras contra Bielefeld e Sambúrdia, mas que fora este acontecimento estão em paz há centenas de anos.
Mesmo as guerras que assolaram o continente durante os últimos anos, Guerra contra a Tormenta, Guerra de Arsenal, Guerras Táuricas, são extremamente rápidas em relação a conflitos reais. A marcha do exército corrompido de Crânio Negro pelo Reinado durou alguns meses, a marcha de Arsenal, semanas, e as Guerras Táuricas pouco menos de um ano. A Segunda Guerra Púnica entre Cartago e Roma durou dezessete anos, a Guerra dos Cem Anos durou 116 anos, e há outros exemplos, como a Guerra dos Trinta Anos ou a Guerra dos Sete Anos. Em geral, conflitos entre grandes potências se estendem durante anos a fio. Diabos, mesmo conflitos entre grandes potências e pequenas nações na maior parte do tempo se estendem por anos. A Terceira Guerra Púnica, quando a já superpotência Roma decidiu acabar com a então caquética antiga rival Cartago, durou três anos. E o único conflito em Arton que tem duração de conflito de verdade, bem, não é um conflito entre nações. A Guerra contra a Tormenta é única em que o inimigo não é uma nação ou organização, mas uma entidade extradimensional lovecraftiana.
A razão para esse mundo relativamente pacífico é a instituição que é o Reinado. Uma organização supranacional que dá a um conjunto de estados independentes uma liderança política comum e um exército supranacional pronto para intervir em qualquer conflito. O Reinado é, basicamente, uma super forte e super eficiente ONU. ONU esta que, mesmo severamente restrita, foi bem sucedida em criar, como já falamos, o período mais pacífico da história humana.
Mas o que isso significa para você que está mestrando em Arton ou você que está criando seu personagem? Bem, em primeiro lugar, que ninguém está realmente preocupado com conflitos entre nações em Arton. O cidadão comum artoniano se preocupa com ataques de monstros, com clérigos malignos sequestrando donzelas para rituais de sacrifício humano, e todo tipo de ameaça sobrenatural. Mas nem lhe passa pela cabeça que um conflito armado com os vizinhos possa estourar e exércitos irão matar, pilhar, estuprar e destruir regiões inteiras tentando alcançar a vitória. Afinal de contas, isto não tem acontecido por centenas de anos, porque aconteceria agora?
O que me leva a perguntar: porque exatamente Keenn é uma divindade maior? Ou porque ele tinha um SD tão alto no antigo Panteão d20? Por que existe bastante pancadaria em Arton, mas bem pouca guerra.
Então, dependendo de como você vê… de fato não há guerra em larga escala, mas…
Primeiro, temos um século de colonização do Reinado, onde provavelmente aconteceram inúmeros conflitos de pequena e média escala. Depois sempre tem um dragão ou horda de monstros para ameaçar os reinos e ser tema de campanhas.
Tapista provavelmente tem quilombos e levantes de escravos periodicamente. Os feudos de Trebuck devem enfrentar as nações bárbaras das Sanguináras de forma crônica, o mesmo provavelmente rolando com as nações vizinhas das Uivantes. Isso sem falar em prováveis rusgas entre feudos.
Eu diria que o Reinado deve ser tão pacífico quanto o Brasil até o Estado Novo. Parece pacífico, mas celebra-se uma revolta, batalha ou revolução todos os dias do ano.
Estão esquecendo a Infinita Guerra, que durou 1350 anos, a guerra de dominação da Aliança Negra e a guerra do Expurgo, que levou os exilados a colonizarem Arton.
São no outro continente, mas seguem o mesmo panteão.
Dentro de Arton tiveram a Guerra de formação de Tapista, contra os orcs, a Guerra Órquica em Lomatubar, onde usaram arma biológica, a atual Guerra Civil em Doherimm, fora as já citadas e os conflitos com os nativos (bárbaros). N’O Reinado é descrito que muitos conflitos de colonização foram sangrentos e duraram mais de década.
Keenn também é axaltado como um deus dos guerreiros, inclusive os que combatem em dungeons.
Quanto a duvidar do status de divindade maior de Keenn. Que tal um deus oriental, que governa só sobre um bairro? Não adianta dizer que é deus da honra, pois Khalmyr é o deus da justiça, da ordem, dos paladinos… que lutam honradamente.
Lin-Wu, pra mim, sempre teve cara de divindade menor. Força Teldiskan, que rege os ventos e alterações climáticas do MUNDO inteiro, esse sim deveria ser mais respeitado.
Que o Gigante Máximo os proteja.
Gostei do seu texto, mas gostaria de fazer alguma observações:
1-A comparação com guerras no mundo real é complicado, já que em mundos de fantasia com deuses, magia e dragões, e outros elementos envolvidos, os conflitos geralmente ser resolvem com um tempo menor e com estrago maior.
2-Sobre guerras entre reinos, como o amigo citou, tiveram as guerras do antigo continente sul que duraram anos e resultado no exílio para o continente norte, há também a guerra dos elfos contra os goblinoides, que resultou na aliança negra que lutou contra os reinos restantes e acabou com tudo no continente sul.
3-No continente norte, durante a colonização tivemos vários conflitos até estabilizar o reinado, império de tauron e liga independente.
4-Sobre Keen, ele também ocuca o portfólio de deus da Guerra, das Batalhas e
das Armas (de acordo com o Mundo dos Deuses, um livro seu), então, mesmo não tendo guerra em larga escala, também é dos guerreiros que lutam contra monstros e até mesmo um embate entre um grupo cavaleiros de bielefeld contra outro de bárbaros da união púrpura pode ser considerado uma guerra também, só que em escala menor.
5-Arton, tanto norte quanto sul, não é exatamente um continente pacífico por ausência de conflitos em GRANDE ESCALA, mas há muitos conflitos em PEQUENA ESCALA.