Resenha: 100ft Robot Golf
100ft Robot Golf é um desses raros jogos que já dizem tudo o que são logo no título: robôs de cem pés (mais ou menos trinta metros) de altura jogando golfe. Não há muitas dúvidas sobre o que você encontrará dentro dele.
É claro, você não esperaria um jogo sério com esse tema, e ele de fato não o é por um segundo sequer. Há uma história, sobre a tentativa de reorganizar um torneio de golfe de robôs cancelado após um acidente misterioso no passado, mas ela é praticamente apenas um pretexto para fazer piadas com clichês e clássicos dos animes de mecha. Há espaço para todos: do seu genérico de Gundam até um jaeger de Pacific Rim, passando por Evas, Gunmen (de Tengen Toppa Gurren Lagann) e robôs-carros. Para pilotá-los, você encontrará desde vendedores de carros usados até um grupo de cinco corgis que se unem para formar o seu clone de Megazord da vez.
O jogo se ganha facilmente nesse humor galhofeiro, que se recusa a se levar mesmo que minimamente a sério. Os personagens são dublados por comediantes do YouTube, com direito a uma apresentação animada no início de cada episódio – e muitas são mesmo de largar o controle para rir, como a dos cinco corgis mencionados acima. Claro, é um humor de nicho, que você dificilmente entenderá se não tiver as referências certas – você certamente não RIRÁ EM VOZ ALTA (em maiúsculas) na cena final, como eu fiz, se não tiver assistido Neon Genesis Evangelion -, mas, para o seu público específico, é uma das experiências mais divertidas que você pode ter.
Com esse foco todo na galhofa, é verdade que a jogabilidade acaba não sendo o elemento principal, e parece adicionada quase que por obrigação. Enquanto jogo de golfe, ele certamente não é muito desenvolvido – poucos tacos, campos simples, controles não muito eficientes. A parte divertida é que não funciona realmente como um jogo de golfe padrão: ao invés de apenas acertar o buraco da vez com o menor número de tacadas, o objetivo é fazer isso antes do adversário, que também está tentando acertá-lo simultaneamente, como em uma espécie de corrida. Você pode até atrapalhá-lo, desviando a bolinha em pleno ar, ou atacando-o com golpes de taco para impedi-lo de avançar! Tudo isso em cenários abertos, como grandes cidades e até uma base lunar, que você destrói enquanto corre de um ponto a outro.
Há alguns toques pequenos nessa jogabilidade que adicionam cor ao jogo. Cada robô, por exemplo, utiliza um sistema completamente diferente para determinar a eficiência da sua tacada – um requer que você o acelere como um carro, outro que sincronize os seus pilotos, e no clone de Eva você deve sincronizar corpo, mente e alma para ter o melhor resultado. Há ainda habilidades especiais, como a espada do Megazord ou um hoverboard para o jaeger, que tornam cada um mais único à sua maneira. No entanto, o jogo carece também de tutoriais que o ajudem a entendê-lo, forçando-o a descobrir como cada robô funciona na base da experimentação.
Se a jogabilidade é simplória e até deficiente, no entanto, a verdade é que ela também não tenta ser mais do que isso. O melhor que se pode dizer é que não é frustrante: com comandos simples e sem muitas firulas, é feita apenas para não ficar no caminho da galhofa, e me parece que esse é claramente o objetivo. Nem todo jogo precisa ser uma experiência estética profunda e intelectualizante, afinal. Você quase consegue imaginar ele sendo concebido em cada cena, com os desenvolvedores rodeando uma grande mesa com uma dúzia de garrafas de cerveja vazias; e há um tom quase nostálgico no seu formato, de quando videogames eram pouco mais do que um passatempo para tardes chuvosas depois da escola (ele até chega a se parecer com um jogo barato de PSOne, pra falar a verdade).
No fim, 100ft Robot Golf é, antes de tudo, um jogo divertido. Não é o jogo que o fará abandonar o seu The Witcher ou Final Fantasy, mas ele pode bem lhe ajudar a passar o tempo entre uma campanha deles e outra. No mínimo, é garantia de umas boas risadas. Good boy!
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