Resenha: Samurai X

Samurai-XO Japão tem uma filosofia curiosa de adaptações cinematográficas. No ocidente (ou, mais especificamente, Estados Unidos), um anúncio desses é um desespero para os fãs, sempre temerosos de quais mudanças o seu precioso material original sofrerá pelas exigências do estúdio, do público-alvo, e daí por diante; lá, ao contrário, me parece que esse tipo de temor é quase inexistente, ou no mínimo infundado. O objetivo parece muito ser o de fazer uma orgia de cosplayers, mantendo toda a identidade visual original quase que nos mínimos detalhes, e a maior parte da história, personagens e tramas também.
A adaptação da série de mangá e anime Samurai X segue muito bem essa tendência, caprichando na caracterização, figurino e no roteiro para que tudo o que for possível se mantenha fiel ao clássico de Nobuhiro Watsuki. Conhecemos nele a história de Kenshin Himura, um espadachim andarilho, sobrevivente das guerras da Restauração Meiji no Japão, mas que após o seu fim prometeu nunca mais matar um ser humano. Anos depois, quando um assassino começa a usar o seu antigo nome para cometer crimes, ele precisa confrontar novamente os fantasmas que deixou para trás.
Há desvios, claro, mas são na maioria das vezes inevitáveis – alguns pequenos ajustes na história, misturando alguns dos arcos iniciais, simplificando a introdução do Yahiko, colocando o vilão Jin-E no comando do grupo Oniwabanshuu, ao invés do anti-heroi Aoshi (que deve aparecer apenas na sequência), e coisas assim, eram necessários para dar coesão ao formato de um filme com seu par de horas de duração. De maneira geral, no entanto, são coisas pequenas, e que se encaixam bem com a trama geral.
O resultado é que o filme é muito mais uma festa para os fãs do que um blockbuster hollywoodiano. A série original sempre foi muito elogiada pelo pano de fundo histórico aprofundado, o que talvez tivesse algum apelo para fãs de um cinema mais tradicional, mas isso é perdido na estilização dos combates e personagens. E se eu acho isso ruim? Nem de longe! O que se perde, talvez, em realismo e verossimilhança, se ganha em combates impecavelmente dirigidos, que remetem aos quadrinhos e ao desenho animado sem perderem em emoção na sua versão de carne e osso. O único ponto negativo mesmo dessa estilização está na interpretação excessivamente caricata e afetada de alguns vilões, como o empresário Kanryu Takeda, mas é algo fácil de ignorar no fim das contas.
A edição nacional em DVD e blu-ray também tem alguns mimos muito legais para os fãs de longa data. A capa, por exemplo, possui dois lados – é vendida nas lojas com o título ocidental, mas possui no lado de dentro o nome original, Rurouni Kenshin (“Kenshin, o Andarilho,” lembrando que o personagem não é um samurai verdadeiro), bastando invertê-la se você preferir assim. E uma das opções de áudio é uma dublagem especial em português feita com os mesmos dubladores que fizeram a série quando ela foi exibida por aqui pela primeira vez. No entanto, há um problema sério no som também e na sincronização das legendas, deixando os consumidores até o momento na espera de um recall.
Em todo caso, é um filme muito legal sim, para os fãs da série original ou que gostem de filmes de ação e artes marciais. Apenas não esperem algum tipo de drama histórico do Akira Kurosawa, o que nem sequer é a proposta da produção.
 

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4 Resultados

  1. Christiano disse:

    Dublado tem problema de sincronia? Vou esperar pra ver mais adiante então. Eu gostava bastante da dublagem. =)

  2. Krlos disse:

    Eu assisti (pirata, mas irei comprar o original xD) e amei a dublagem original brasileira, o texto ficou impecável. Quanto os exageros nos personagens, só me incomodou o Kenshin toda hora repetindo “oro” e também estranhei o Jin-E liderando a Oniwabanshuu, porém, perdoável.
    A atuação da atriz que fez a Megume está impecável e o Sano também, as lutas foram perfeitas na minha visão.
    Ótima resenha, continuem com esse ótimo trabalho e vamos esperar o próximo filme, que já tem trayler.

  3. Alexandre disse:

    O “Oro” é do original. Claro, na versão que passou na nossa TV, isso foi cortado.

  4. Jaime Rangel disse:

    Foi uma aula de adaptação. Gostei demais.
    Até.

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