Resenha: Os Sete Rebeldes
Apesar do nome, não é Os Sete Samurais o filme de Akira Kurosawa com que este mais se parece. O título em português de Os Sete Rebeldes, apesar de ter um sentido dentro do do seu enredo, não é exatamente uma tradução fiel ao original, Kiru! (que por sua vez já é uma niponização da palavra inglesa Kill! – “Mate!“). No entanto, ele é de fato baseado no mesmo conto do autor japonês Shuguro Yamamoto que inspirou outro clássico do maior diretor japonês, Sanjuro.
Como no filme estrelado por Toshiro Mifune, o centro do enredo é um grupo de rebeldes que desconfia da honestidade do senhor do seu feudo e decide levantar armas contra ele. Por trás da sua atitude, no entanto, se esconde uma conspiração um bocado mais complicada, e eventualmente o grupo se vê preso em uma fortaleza na montanha, contando os dias até que o exército inimigo os massacre ou que a cavalaria salvadora enviada pelo governo central os salve.
No meio disso, se envolvem no conflito dois ronin, ou guerreiros sem mestre: Hanji, um camponês de força descomunal que vendeu as terras para comprar uma espada e perseguir o sonho de se tornar samurai; e Genta, um ex-samurai que, conhecendo as contradições e hipocrisias da classe, parece querer mesmo é ser apenas um mero camponês. Se encontrando por acaso ao chegar no feudo e desenvolvendo uma empatia instantânea, ambos acabam em lados opostos da batalha, e terminarão por ter um papel fundamental na sua resolução.
A história toda se desenvolve com um tom muito mais leve e pop do que o filme de Kurosawa, a bem da verdade. Há humor, cortes ousados de câmera e até mesmo uma trilha sonora de instrumentos elétricos. Fãs do diretor Quentin Tarantino provavelmente reconhecerão um bocado da estética, e não exatamente sem razão – ambos bebem aos litros da mesma fonte, os western spaghetti italianos, devolvendo a inspiração que os filmes de samurai clássicos tiveram sobre os próprios cineastas europeus.
O resultado é uma experiência muito divertida, em especial para quem gosta do tema de batalhas de espada e guerreiros acima da vida. O filme é um dos seis presentes na caixa de DVDs Cinema Samurai, da Versátil Home Video, que tem lançado um bocado de filmes japoneses no mercado recentemente – além deste, há a caixa da cine-série O Lobo Solitário, inspirado no famoso mangá, além da trilogia de filmes sobre Miyamoto Musashi adaptadas do romance de Eiji Yoshikawa e outra com três versões diferentes da história dos 47 Ronin (sim, aquela mesma). Recomendo bastante para os interessados que só conheçam Samurai X e outras figuras animadas que tenham a oportunidade de ver alguns clássicos do verdadeiro cinema de samurai.
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