Adaptando as Crônicas – Andarilho da Desolação

Pois é.  Enrolei-me todo e não postei o Adaptando As Crônicas que, de acordo com a frequência de postagens que estabeleci para mim mesmo, deveria ter saído domingo retrasado. Nenhuma desculpa particularmente profunda além de que o dia caiu num 1º de Abril e portanto fica automaticamente perdoada minha mentira.
Esse domingo também não teve nada, mas há um motivo. Mudei o dia das minhas postagens para segunda-feira.
Aproveitem esse começo de semana, então, e fiquem com um novo monstro para Tormenta RPG, “O Andarilho da Desolação”, inspirado na criatura que aparece no conto Canção para Duas Vozes, de Ana Cristina Rodrigues.
(Contém spoilers menores.)

Andarilho da Desolação (ND 10)
“E eis então, que das planícies assombradas pela infausta desolação, surge nefasto, o andarilho. Ummm, brilho, tomilho… espartilho…”
– Victor de Rochefocauld, bardo de grande prestígio, tentando achar uma rima decente para um poema.
Também conhecido pelo nome de “Centauro de Trebuck”, essa criatura não é propriamente um lefeu, embora o populacho local costume classificá-lo como um “dêmonio da Tormenta”. Andarilhos da desolação são aberrações criadas pelo poder corruptor da tempestade rubra, paródias blasfêmas de seres vivos de verdade.
São constituídos por um corpo quadrúpede e volumoso, protegido por um exoesqueleto repleto de pequenas escamas quitinosas que lembram escaravalhos e encimado por uma longa cauda com ferrão. Na extremidade frontal do corpo emerge um tronco humanoide,  trazendo dois tentáculos que terminam em garras na laterais e uma cabeça, que ostenta a caricatura de um rosto humano, petrificado em uma expressão de perpétua agonia.
Eles vagam sem propósito nas terras devastadas próximas às Áreas de Tormenta, em especial nas redondezas do antigo forte Amarid.
Possuem uma inteligência rudimentar, próxima da humana (ainda que sejam incapazes de se comunicar) e uma espécie de telepatia empática, limitada – não conseguem entender os pensamentos de outros seres, mas conseguem perceber sua presença à varios metros distância e ler suas emoções.
Sem personalidade própria, o andarilho imita o que está ao seu redor. Tenta substituir antigos predadores naturais, caçando e matando seres mais fracos com seus tentáculos e ferrão paralisante, embora não precise realmente se alimentar. É atraído por emoções humanas negativas – como o ódio, a dor e o medo –  e emula qualquer ação destrutiva e violenta. Na presença de emoções diversas, costuma ficar lerdo e confuso, esquecendo de combater por alguns instantes  e permanecendo parado no lugar até que seja atacado ou note uma emoção diferente.
Andarilhos da desolação morrem lentamente se afastados dos arredores de uma Área de Tormenta e são extremamente suscetíveis à todo tipo de fênomeno climático.
 
Andarilho da Desolação (ND 9)
Monstro 11, Grande (comprido), Caótico e Maligno
Inciativa +14
Sentidos: Percepção +19, percepção às cegas 18m
CA: 26 (+5 nível, +8 Natural,+ 4 Especial, -1 tamanho)
Pontos de Vida: 100
Resistências: Fortitude +16, Reflexos +12, Vontade +11. Redução de Dano 10/ Mágica,  Resistência à energia 10/ magia divina (druida e ranger). Imune a atordoamento, doenças, paralisia, sono e veneno.
Deslocamento: 9m
Ataques Corpo-a-Corpo: Tentáculo +18 (1d8+12) ou 2 Tentáculos +16  (1d8+12) e Ferrão +15 (1d6+12 mais paralisia)
Habilidades: For 24(+7), Des 10 (+0), Con 18 (+4), Int 8 (-1), Sab 12 (+1), Car 3 (-4).
Perícias: -4 furtividade
Presença aterradora: qualquer personagem que chegue à 9 metros de um Andarilho da Devastação deve fazer um teste de Vontade (CD 11). Se falhar, ficará assustado. Um personagem bem-sucedido fica imune à essa habilidade por um dia.
Agarrar aprimorado: se o andarilho da desolação acerta um ataque de tentáculo, pode fazer a manobra agarrar como uma ação livre (bônus +22).
Constrição: no início de cada turno, o andarilho da desolação causa o dano de um ataque de tentáculo (1d6+12) em qualquer criatura que esteja agarrando.
Tentáculos : o alcance natural dos tentáculos é 4,5 metros
Paralisia: uma criatura atingida pelo ferrão do andadrilho deve ser sucedida num teste de Fortitude (CD19) ou ficará paralisada por 1d4+1 rodadas.
Vulenrabilidade à natureza: Essa aberração encontra uma terrível dificuldade para se adequar à territórios longe das Àreas de Tormenta e é particularmente fraca contra fênomenos naturais. A mais simples alteração climática é capaz de perturbá-la e fazê-la recuar.
Energia vital vinda da natureza, que é canalizada por druidas e rangers em sua magias, é especialmente eficaz contra ela. Além de vencer sua resistência à energia, magias divinas conjuradas por essas classes causam dano dobrado e funcionam automaticamente, sem necessidade de testes.
Tesouro: Nenhum

Bastidores: Em primeiro lugar tenho que dizer que Canção Para Duas Vozes é muito legal, além de bem escrito. Se algum marmanjo leu e torceu o nariz inicialmente, porque se deparou com certa dose de romantismo, por favor volte lá e leia até o final que vale a pena.
Quando sentei para ler e adaptar o conto fiquei profundamente tentado à fazer as fichas de Victor de Rochefocauld, um bardo humano de origem nobre, grande sucesso e cafajeste de marca maior, que viaja até Trebuck, o reino asolado pela Tormenta, em busca de inspiração para aquela que será sua obra prima e Crisobel, uma jovem elfa com olhos púrpura que tem como único pertence mais valioso uma alaúde de madeira e, por sua vez, também está em busca de uma canção de razoável sucesso, que pelo menos pague suas contas na estalagem.
Só que no fim, achei que a adaptação deles não tinha muito segredo e, embora carismáticos, os personagens não chegam a ser necessariamente PdMs relevantes numa campanha. Talvez volte e faça suas fichas, mais à frente.
Já quando olhei pro “lefeu” que aparece no conto, foi paixão imediata. A menos que eu tenha me confundido, não me lembro dele ter dado as caras em algum suplemento . E como diz o próprio conto “Uma parte de Victor racionalizou que ele nunca tinha ouvido falar de um ser da Tormenta com aquela descrição.”
Meu lado sou-ocidental-preciso-explicar-tudo-ai-meu-deus-por-quê-eles-estão-voando-nesse-filme-de-kung-fu ficou atiçado em enquadrar a criatura como uma ficha de monstro, detalhando seus poderes, fraquezas e comportamento.
O resultado final é esse que vocês viram aí em cima. Espero que tenham gostado.
Este material foi produzido por um fã.  Crônicas da Tormenta é uma antologia de contos de fantasia medieval da Editora Jambô. Reúne vários nomes da lit. fantástica nacional para narrar histórias em Arton, o mundo de Tormenta RPG. 
Crônicas da Tormenta. JM Trevisan (Org.). 288 páginas. R$ 39,90.
 

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11 Resultados

  1. Leonardo disse:

    Não li ainda antalogia de contos, mais tenho muita vontade.
    Goste da adaptação e fiquei muito tentado em usar.
    Fico pensando na cara do quaren feiticeiro do grupo quando descobrir que o monstrengo tem resistencia 10 as suas magias arcanas.
    Só tenho uma duvida?
    Essa resistencia a energia funciona contra itens magicos de origem arcana. EX. A magia Arma magica ou uma espada magica +1

  2. Di Benedetto disse:

    Resistência à energia só funciona contra ataques de ácido, eletricidade,essência, fogo, frio e sônico (no caso atravessada por magias divinas de druidas e rangers)
    Mas o dano “físico” é detido pela RD 10, que não é vencida por armas mágicas (ou então estaria RD 10/ Mágica)
    A melhor forma de causar dano nesse bicho com uma arma, é usando uma que seja feita de Aço Rubi (material especial que vara qualquer RD, Tormenta RPG pág 141)

  3. Di Benedetto disse:

    PS: Leia! Sou suspeito pra falar, é claro, mas em toda a antologia há apenas um conto que não gostei muito.
    Além disso, ela traz alguns nomes relevantes da lit. fantástica atual aqui no Brasil. Dá pra ter uma ideia do que esperar de cada autor, se vale a pena ir atrás ou não.

  4. Leonardo disse:

    Deixa ver se entendi bem.
    A RD10 não é supearada por itens magicos pois não / magia depois da RD do monstrengo?
    Então seria o mesmo caso da ameba gigante do bestiario de arton. Pois na minha mesa eu deixei um elfo arqueiro superar a RD 10 da ameba com o seu arco com o encantamento arma magica (1 nivel arcana) então errei feio no entendimento da habilidade.
    Outra duvida é que essa RD10 é sim superada com ataque magico (bola de fogo) pois se trata de um ataque magico sujeito apenas a resistencia a energia e não a RD que é de ataque convencional fisico

  5. Di Benedetto disse:

    Do jeito que eu coloquei ali em cima acho que pode ter ficado meio confuso.
    Seguinte:
    Se não tem “/magia” na RD então armas mágicas não atravessam. Bola de Fogo e outras magias SIM, porque RD não detém nenhum ataque de energia.
    No entanto, se além de RD, a criatura tem RE geral, ela vai barrar parte do dano causado por algumas magias.
    Ajudou?
    Nesse caso a Ameba Gigante que você falou teria subtraído 10 do dano causado pelo arco mágico (pois a RD dela não tem “/mágica”) , mas tomado dano DOBRADO da magia (já que ela possui vulnerabilidade ao fogo)

  6. Leonardo disse:

    Isso mesmo.
    O dano dobrado pela vulnerabilidade eu calculei mais o RD eu errei feio.
    Bem vlw por sanar a minha duvida.

  7. leonardo disse:

    maneiro os portulanos mais bem ke vc podia adaptar a Crisebel……..
    ou então o mago / bardo do conto reves….
    to ansioso pela adaptação do conto o ultimo golpe de javelin…

  8. Di Benedetto disse:

    Acho que a Crisobel vai demorar um pouco. Revés ainda não pensei no que adaptar.
    Todo caso (sem contar o próximo post) deve ser ele ou o do javelin mesmo.

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