FVM 2012 – Meu projeto

Fala galera. Como vocês sabem, a Secular Games iniciou há quase uma semana o Concurso Faça Você Mesmo de Criação de Jogos, Edição 2012, cuja regra especial é a adequação do seu jogo a pelo menos quatro de oito temas pré-determinados (Luto, Romance, Tribos, Jornada, Navegação, Labirinto, Esporte e Ciência). Decidi tentar participar e, após a frustração inicial de ter várias idéias legais e não julgá-las adequadas para prosseguir em seu desenvolvimento, finalmente consegui escolher uma para elaborar meu projeto: um jogo de narrativa coletiva sobre crime e autoridade no âmbito virtual.

Por enquanto ele ainda não tem nome, e enquadra-se nos temas Ciência, Labirinto, Tribos e Navegação. É muito parecido com o conceito do cyberpunk, embora inspire-se nos movimentos internet afora do nosso mundo real, como o vazamento de informações pelo WikiLeaks, as ações de grupos como o Anonymous e a discussão pelo cerceamento da liberdade pela internet com propostas como SOPA/PIPA/ACTA e a Lei Azeredo. (Tá certo que algumas coisas aí ainda conheço por cima, mas já estou estudando e pesquisando sobre.) Existe até mesmo um nome para o nascente gênero literário, derivado do cyberpunk, e que até mesmo o Gibson está trabalhando recentemente, que possui tais acontecimentos como base: é o “nowpunk“.

Além do parágrafo anterior, que explica muito das minhas premissas e expectativas para com este jogo a criar, também consegui pensar num rascunho para responder à primeira das “três perguntas” do Jared Sorensen (e amplamente divulgadas pelo John Wick). As outras duas quero responder quando já tiver elaborado melhor as mecânicas de jogo, embora tenha algumas idéias e rascunhos no momento.

1. Sobre o que é o seu jogo?

Este jogo, ainda sem nome, permite aos seus participantes criarem em conjunto uma história¹, sobre pessoas e grupos dedicados a garantir a liberdade de informação e compartilhamento de dados, a proteger a integridade e a privacidade dos cidadãos contra os desmandos de governos cada vez mais controlados por empresas e corporações multinacionais², e a combater grupos que utilizam das mesmas ferramentas para a paranóia e tirania cibernética por parte das autoridades antiquadas, o roubo e a espionagem perpetrados pela internet, e até mesmo o ciberterrorismo. Nem que, para isso, essas pessoas precisem passar por cima de alguns artigos e parágrafos de legislações muitas vezes obsoletas, e serem enquadrados em crimes “menores” em comparação com os objetivos de suas ações.

Enfim, este jogo é sobre os chapéus cinzas.

Enquanto os chapéus brancos tentam “limpar o nome” do significado da palavra hacker, mas trabalhando como analistas de segurança para governos e empresas cujas práticas vão de encontro à própria ética hacker que dizem defender, e os chapéus pretos cometem abertamente crimes pela internet, de roubos e estelionatos até ações completamente caóticas, resta aos chapéus cinzas limpar a bagunça que seus colegas de navegação criaram pela rede, e defenderem a liberdade virtual, o compartilhamento sem restrições e a inclusão digital com o objetivo de continuar a transformar e integrar a cultura e a sociedade ao presente computadorizado.

Notas:
¹ Pequeno detalhe técnico, espero que o jogo esteja mais inclinado a ser um story game, embora seu uso como RPG tradicional também seja estimulado.
² A gente cresce e percebe como a democracia é falha, especialmente nesta banana que é o Brasil, onde os políticos atendem mais aos interesses daqueles que os agradam, do que aos interesses da população a quem devem servir.

Aviso: minha idéia de jogo, embora venha trazer uma reflexão (também a mim) sobre os rumos que a internet está tomando, tanto de forma orgânica quanto via controle externo, não visa ofender ou agredir ninguém, principalmente aqueles que trabalham na área de TI.

Bom, estou empolgado, talvez ainda tenha uma visão algo romântica da ambientação para o jogo, e espero conseguir terminar a Trilogia do Sprawl (não consegui terminar o Neuromancer ainda) como incentivo. E, claro, gostaria muito das opiniões, sugestões e correções (espero não ter falado muita besteira) de vocês; e também saber o que é que estão planejando para o concurso da Secular esse ano.

Referências: além de um monte de artigos da Wikipedia, tem o livro Fortaleza Digital do Dan Brown (não é unanimidade, mas eu gosto dos livros dele), os Adeptos da Virtualidade de Mago: a Ascensão e, mais tarde, a Trilogia do Sprawl a ler. Até mesmo o artigo do Rocha sobre pirataria, publicado no Mamute #1, lança alguns pontos sobre uma das inspirações do cenário.

Imagem destacada gentilmente cedida pela Secular Games para uso neste post.

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