A hora de mandar as regras para o inferno
Esta semana um usuário da comunidade do Orkut de Tormenta RPG levantou uma dúvida que me levou a descobrir um pequeno detalhe nas regras do companheiro animal do druida/ranger que causa uma situação um tanto quanto absurda: seguindo as regras a risca, um druida/ranger só poderia ter uma águia comum como companheiro animal no 11º nível, enquanto um singelo peixinho dourado só estaria disponível no 17º nível.
Isso acontece por causa de um mecanismo inserido nas regras para equilibrar o companheiro animal: todos os animais usam a mesma ficha-base, e recebem habilidades extras da mesma forma que o druida recebe na sua forma selvagem. Equilibra o companheiro animal? Sim, mas também gera um problema que é a impossibilidade de possuir certos animais muito populares como a águia (tamanho Pequeno e habilidade de voo, só estando disponível, portanto, no 11º nível) ou mesmo o macaco (tamanho Pequeno e habilidade de escalar, só disponível no 11º nível).
Espera, impossibilidade? Não exatamente. Este é um caso clássico de mandar as regras para o inferno em nome da verossimilhança e, principalmente e acima de tudo, da diversão dos jogadores. Afinal, a função do mestre de jogo não é seguir as regras a risca, é tornar o jogo divertido para seus jogadores, e se para isso ele tiver que torcer as regras, que assim seja.
Mas sejamos justos, não estou falando de desequilibrar o jogo, estou falando de mudar as regras para permitir aos jogadores que se divirtam. Neste caso por exemplo, eu permitiria a águia, mas mudaria algumas coisas na ficha padrão do companheiro animal: pode ter tamanho Pequeno e deslocamento de voo no 1º nível, claro, mas perde 2 pontos de Constituição e Força, e não tem deslocamento terrestre normal. O que não pode rolar, de jeito nenhum, é você colocar o equilíbrio, o cenário ou qualquer outro elemento do jogo acima da diversão dos seus jogadores. Porque aí, muito em breve, eles não serão mais seus jogadores, já que vão largar de mão o jogo para fazer outras coisas mais divertidas com seu tempo livre.
Roubei a imagem da águia daqui.
Pro Inferno mesmo, as regras. Eu quero um peixe dourado agora….xD
Era pra ter usado essa imagem aqui http://f.i.uol.com.br/folha/ilustrada/images/09107349.jpg que o BURP te enviou ontem.
“Você quis dizer: REGRAS MAL ESCRITAS”?
O Nume quis dizer que a habilidade oferece um companheiro animal.
Não oferece TODO o reino animal.
Então, se quiser TODO o reino animal (e seu mais de um milhão de espécies, com habilidades que nenhum RPG no mundo nunca vai reproduzir), você precisará fazer adaptações próprias.
Como acontece, aliás, sempre que as regras — bem ou mal escritas — não se ajustam à sua visão do mundo.
Você quer dizer sistema mal feito? Ops nem foi feito, você quer dizer sistema mal revisado?
Não, ele quis dizer qualquer sistema mesmo, porque sempre haverão regras que não se adaptam a visão de alguém. Quando isso acontece, adapte você mesmo, como todas as mesas de todos os sistemas fazem.
Seria mais fácil então colocar todas as habilidades numa “lista”, e dizer que a cada tantos níveis o companheiro animal pode escolher uma delas, sem ter de listar mínimo de níveis, exceto se a habilidade for muito apelativa (que poderia valer por duas, por exemplo).
Regra de cenário de fantasia sofre igual rapariga em bordel com falta de pessoal: tem que simular o realismo ao mesmo tempo que explica o fantástico e tenta controlar o equilíbrio matemático abstrato. É muita sacanagem pra pouco dinheiro.
Caraca. Tinha que rolar um podcast da galera do dot20, só para ter essas frases do Jagunço no celular e ouvir a todo momento! Huhaha!
É só marcar esse chibil. 🙂
Pra mim nem faz diferença, ninguem no grupo joga de druida mesmo. Alias, eu nem tinha percebido que existia essa “falha” nas regras.
Num grupo onde um swashbuckler finge ser paladino, a gente só quer se divertir mesmo…
Na verdade concordo com o comentário do Google, essas regras para companheiro animal estão malfeitas; o ideal seria não ter elas assim, mas concordo com o Nume que o mestre deve driblar as eventuais falhas para melhor divertimento; e finalmente concordo com o Jagunço, é uma tarefa um tanto colossal criar um sistema bom e consistente.
As regras de companheiro animal são realmente um tanto limitadas… mas o preço em páginas para deixa-las “perfeitas” versus o custo em páginas não compensa…
Quando eu li as regras também fiquei pensando na águia, e também acho que reduzir atributos ou outras habilidades é o caminho certo.