Spin-off: minotauro artoniano (parte 1)

Spin significa torcer; spin-off é uma torção, ênfase ou interpretação que se desvia do cânone. Variante paralela, não-oficial.
O Manual 3D&T Alpha sintetiza o minotauro artoniano (pág. 53):






















Spin-off: minotauro artoniano (parte 1) 1

Minotauro, conforme Tormenta RPG (ilustração de Érica Awano)























A raça guerreira dos minotauros é composta por humanóides de grande estatura (em média 1,90m de altura) com corpos humanos musculosos e cabeças bovinas. Embora a cabeça de touro seja mais comum, existem numerosas sub-raças com cabeças de búfalo, gnu, bisão,boi-almiscarado, antílope, alce e outros animais aparentados. Alguns têm cascos bipartidos em vez de pés, mas essa não é a regra geral.
Não existem minotauros fêmeas. Eles se reproduzem com fêmeas humanas e élficas. Por esse motivo, minotauros ricos e poderosos mantêm grandes haréns de escravas — fazendo com que sejam odiados por outras raças.
Conforme a Revista Tormenta, número 2:
Embora os minotauros se assemelhem fisicamente a bovinos (…), o animal a quem eles mais se assemelham mentalmente seria  lobo. Eles o vêem como uma criatura honrada, social e devotada à sua espécie — embora pague pelos favores que fazem a ele (…) Além de seu poder, ele sabe ser esperto e traiçoeiro. E os lobos também devoram os mais fracos.
Marcadores: estética greco-romana; raça guerreira; cultura escravista; grande senso de honra; cultuam a força física; invasores militares.

Spin-off: “Taurus primigenius

De Bos taurus — o gado doméstico que conhecemos — e Bos primigenius — o auroque, ancestral do gado doméstico, extinto no século XVII. Os auroques (cujo nome taxonômico pode ser traduzido como “boi primordial”) eram animais impressionantes — mediam por volta de dois metros de altura (do casco ao topo do ombro) e pesavam em torno de uma tonelada.

Spin-off: minotauro artoniano (parte 1) 2

Comparação de tamanho entre macho, fêmea e um humano de 1,80m (representado pelo Modulor de Le Corbusier)


Esta releitura é naturalista, e se baseia na seguinte premissa: e se os minotauros forem uma linhagem de artiodáctilos (ungulados de cascos fendidos) que evoluiu de maneira a possuir cérebro grande e postura ereta?
Por se tratar de uma linhagem naturalista, a raça possui fêmeas. Assim, o nome “minotauro” não serve; “minovaca” está fora de questão. Então tomaremos de empréstimo o “gado primordial” e os chamaremos de aurok (singular ou plural). Aurok podem ser macho ou fêmea, sem a conotação exclusivamente masculina de “minotauro”.
Outro ponto de destaque: por ser uma raça não-humana, parece interessante ressaltar estes aspectos. Aqui tomamos tanto o comportamento social e os sentidos dos bovinos. Os sentidos moldam a maneira como o ser vivo compreende e se relaciona com seu meio; o comportamento social em uma espécie aparentada “selvagem” tem muito a nos informar sobre os costumes dos primos “civilizados”. (Eu, primata, de Frans De Waal , relata as características comuns a humanos e chimpanzés e bonobos.)
Elementos icônicos dos minotauros artonianos (os marcadores) se mantém inalterados (e, conseqüentemente, seu espaço no cenário e conexão com demais elementos). O que se modifica é a forma que tomam.

Aurok

Fisionomia
Aurok são ungulados bípedes de cascos fendidos. Têm corpo musculoso e cabeça bovina, sustentada por um pescoço massivo e trapézio hipertrofiado. Seu faro e audição são bem desenvolvidos, e a maneira como seus olhos estão arranjados permite um campo de visão próximo de 360 graus. Aurok não distinguem a cor vermelha. Seus músculos faciais não permitem expressão. Possuem chifres tanto as fêmeas quanto os machos, sendo maiores nestes.
Exibem um aspecto neotênico. Exceto por uma fina penugem, não há pêlos cobrindo seu corpo. O focinho é curto. Machos têm orelhas e rosto cobertos por uma pelagem curta, que se torna mais comprida e espessa na testa, topo da cabeça e porção dorsal do pescoço; se estende por uma faixa ao longo do centro das costas, perdendo gradativamente a intensidade até alcançar o cóccix. Esta pelagem mais espessa requer cortes regulares de modo a ser mantida em um comprimento prático. As fêmeas são ainda mais neotênicas: rosto e orelhas são desprovidos de pêlos como o corpo, pelagem curta cobre parte da testa e a base dos chifres, e se torna mais comprida e espessa no topo da cabeça e dorso do pescoço.

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Mão aurok


Possuem quatro dedos — ungulados de casco fendido, aurok não têm o primeiro dedo (polegar e hálux nos humanos). Nos pés, o terceiro e quarto dedos são bem desenvolvidos, ao passo que o segundo e o quinto são vestigiais. Aurok são digitígrados — se apóiam sobre extremidades dos dedos (em contraste com os humanos que o fazem sobre a planta do pé). Tal adaptação auxilia na velocidade de corrida e é responsável pelo formato característico das pernas.
Nas mãos, o terceiro e quarto dedo são bem desenvolvidos; os demais são menores, mas funcionais. O segundo dedo é adaptado para maior mobilidade, atuando de maneira análoga ao polegar humano. Todos os dedos, das mãos e dos pés, possuem a extremidade revestida por um casco.
As fêmeas possuem um ubre com quatro mamilos no tórax — no macho, não há ubre e os mamilos são atrofiados. São onívoros e, embora tenham o estômago dividido em seções, não são ruminantes.
Psicologia
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Aurok macho


O conceito de rebanho é central — para os aurok, o indivíduo só faz sentido enquanto parte integrante do grupo. A mentalidade gregária permitiu que os aurok prosperassem pela força dos números, mas também produziu uma espécie de indivíduos deficientes em autonomia. Um aurok isolado sente desconforto e não age com clareza; pode enlouquecer se o isolamento persistir. No rebanho, o aurok só toma iniciativa se for hierarquicamente dominante — indivíduos de status inferior se limitam a seguir.
A dominância no grupo se dá com base na idade (mais velhos são dominantes sobre mais novos), tamanho (maiores sobre menores), presença e tamanho dos chifres (maiores são melhores) e sexo (masculino sobre feminino). Indivíduos hierarquicamente dominantes lideram o rebanho, e têm preferência na partilha de espaço e recursos (entre os machos, inclui acesso às fêmeas).
Os aurok reconhecem sua posição e nunca desafiam aqueles cuja superioridade hierárquica é clara. Mas nem sempre é o caso. As fêmeas sempre reconhecem as de maior idade, o que não ocorre entre os machos. Não é incomum que jovens fortes de chifres vistosos se sintam no direito de desafiar adultos dominantes. (Isto limitava a cooperação entre os machos e só foi contornado via ferramentas sociais.)
Sendo incapazes de expressões faciais, os aurok não as compreendem intuitivamente. Em contrapartida, são mais atentos à linguagem corporal, especialmente a postura e o andar.
Civilização
No estado selvagem, rebanhos de aurok consistiam de haréns de fêmeas, seus filhos e um macho adulto dominante. Estes grupos mantinham distância de modo a evitar a concorrência de machos rivais, e machos jovens eram expulsos do grupo antes de se tornarem desafiantes pela dominância. Vagavam em grupos de adolescentes problemáticos, lutando entre si e contra líderes de rebanhos que encontrassem.
Por sua capacidade limitada de se defender, estes rebanhos foram presa fácil para escravistas goblinóides, capazes de sobrepujar os rebanhos em número durante ações coordenadas. Esta situação se prolongou até Goratikis unificar os rebanhos aurok.
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Aurok fêmea


Goratikis nasceu com uma bênção. Era naturalmente mais robusto que qualquer aurok, como se uma divindade da força lhe houvesse insuflado com um sopro. Acadêmicos de Sallistick oferecem uma teoria alternativa. Afirmam que os aurok possuem um desequilíbrio do humor alquímico que rege o crescimento de músculos — Goratikis, se realmente existiu, teria sido o sangue em que esse desequilíbrio se originou. Seja como for, com facilidade tomou a posição de dominância em seu rebanho. E nada mais de típico aconteceu dali em diante.
A prole de Goratikis, em sua maioria, herdou a mesma constituição assombrosa do pai. Para estes filhos, o costume se inverteu:  mantinha os machos no rebanho e fazia as fêmeas emigrarem. Doutrinou, estabeleceu com a prole laços de lealdade, criando machos capazes de feitos coordenados impressionantes e fêmeas obstinadas em criar filhos disciplinados e dominantes. Por anos o clã de Goratikis migrou, crescendo em tamanho — a cada rebanho encontrado, Goratikis derrotou o dominante e distribuiu o harém entre seus filhos, cada vez mais numerosos. As fêmeas emigradas também contribuíram para a expansão — elas levavam a doutrina e o sangue do pai. Fêmeas, não tinham problema em serem aceitas em outro rebanho. Facilmente atingiam dominância entre as demais fêmeas e não tardava para que um filho seu ascendesse à dominância e replicasse a cultura.
Com sua força, sangue e lei, Goratikis reuniu todos os rebanhos sob uma única bandeira, uma única liderança — mesmo os rebanhos mais distantes estavam ligados por elos sanguíneos. Assim organizados, os aurok estavam em posição de vantagem sobre os goblinóides. Dominaram o território e estabeleceram sua própria sociedade — absorvendo os restos do lado derrotado no processo.
Os aurok sempre foram deficientes na fabricação de ferramentas. Suas mãos grosseiras e terminadas em cascos dificultam o manejo fino. Como resultado, possuíam tecnologia primitiva — não dominavam a tecelagem ou a manufatura (e uso) de instrumentos como arcos e flechas, por exemplo. Mas assim como os goblinóides haviam escravizado os aurok por sua força física, estes escravizaram criaturas dotadas das mãos delicadas que lhes faltavam.
Estudaram todos os tomos e pergaminhos que sobreviveram à guerra, e depois passaram a produzir seus próprios. Com a enorme disponibilidade de escravos humanos, elfos, e outros humanóides, tinham mão de obra capaz de pôr em prática projetos desenvolvidos pelos aurok. O rebanho mais rico é visado — para proteger a civilização que florescia, os guerreiros deveriam lutar melhor e cooperar com maior eficácia; estudando a cultura de seus escravos, os aurok desenvolveram suas artes militares em direções pragmáticas. A progressão deste modelo culminou na Tapista que ameaça dominar o Reinado.

A seguir

Conhecemos o corpo e a mente dos aurok, bem como sua trajetória da selvageria para a civilização. Na segunda parte veremos os costumes e a sociedade dos aurok — e também os aurok aventureiros, aqueles que escolheram se desgarrar do Grande Rebanho tapistano. Quem são, por que desertaram, como vivem? E os aurok também ganham umas roupas.

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33 Resultados

  1. Sensacional! Uma forma diferente de ver as coisas, bem explicada, e que ao menos pra mim, pode significar um ingrediente de singularidade e originalidade para os Minotauros de Arton. Gostei muito!

  2. Ótima matéria!
    As ilustrações são de quem?

  3. @crudinho disse:

    Qualquer coisa que se dê uns dois minutos de estudo e esmero em pesquisar antes de escrever já fica 200% melhor que o original.
    Auroques, hein? Boa. Só me explica como Gorátikis foi o primeiro e único a ter o bom senso de distribuir fêmeas entre seus filhos machos e já ganhou meu respeito.
    Só por deixar de lado Tauron já merece até mais de minha pessoa.
    Será que a disfunção hormonal que o deu músculos exagerados também aprimorou sua inteligência? De limitados tecnologicamente por conta de seus dedos passaram a estrategistas e escravistas tão rapidamente que me assombra tanto quanto a versão "oficial".
    E você diz que são onívoros, mas não descreve a cultura, se era só colheita, se tinha agricultura ou não, afinal esses músculos enormes e corpos pesados tiveram de ser alimentados ferozmente, e se eles não conseguem lá ter muitas expressões de rosto, como será que a linguagem falada é encarada?
    Bom, vou esperar a próxima pancada. Está muito interessante o estudo.

    • Remo disse:

      Vamos às perguntas:
      Eu deveria ter incluído isso no texto, mas, na minha visão, o Goratikis é o "Remo e Rômulo" tapistano — um relato poético colorido por mitologia. É bem provável que tanto a mutação (a.k.a. desequilíbrio alquímico) quanto a abordagem (unir machos e aumentar o rebanho) tenham se originado independentemente em diversos grupos. Com certeza esses grupos devem ter guerreado uns contra os outros, mas a presença goblinóide, inimigo externo, eventualmente motivou uma unificação.
      Deixei em aberto porque bastante gente deve curtir esse trope de culto à celebridade/"exército de um homem só" que volta e meia rola na fantasia. Mas se formos estritamente naturalistas, faz mais sentido as diversas ocorrências paralelas e Goratikis é um artefato de propaganda patriótica.
      Quanto ao desequilíbrio alquímico, trata-se da deficiência de miostatina no gado da raça belgian blue (http://en.wikipedia.org/wiki/Belgian_Blue):
      "The Belgian Blue has a natural mutation of the gene that codes for myostatin, a protein that counteracts muscle growth. The truncated myostatin is unable to function in this capacity, resulting in accelerated lean muscle growth, due primarily to hyperplasia rather than hypertrophy. The defect in the breed's myostatin gene is maintained through linebreeding."
      O cérebro aumentado, a postura bípede e as patas dianteiras adaptadas já existiam antes disso. As pressões que eles sofreram desde o ancestral em comum com os bovinos podem ser as mais diversas. As patas adaptadas foram pressionadas pela postura bípede ou o contrário? O cérebro aumentou por causa da dieta de proteínas ou por algum outro motivo? Dá para especular em diversas linhas, todas válidas.
      Antes de derrubarem os goblinóides, é bem possível que fossem apenas caçadores-coletores. A forma como "absorveram civilização" faz sentido se tiver sido gradual — um desses rebanhos ambiciosos e anabolizados, ao passar por uma fazenda goblinóide, tem contato com a tecnologia, e a assimila até certo grau. Nas primeiras incursões, talvez ninguém fosse poupado, mas o hábito de fazer escravos deve ter pegado logo em seguida, dadas as vantagens práticas de fazê-lo.
      Quis deixar o texto o mais enxuto possível, aí essas pequenas distinções ficaram de fora.

    • Dan Ramos disse:

      "Tão rapidamente" é um exagero de hipótese seu, não foi dado nenhum indicativo de tempo. Eu já imaginei que eles foram tendo contato com raças mais "delicadas" e dominando elas.

  4. Lord Seph disse:

    ainda prefiro minovacas XD
    mas muito bom essa materia, fico a espera da proxima

  5. Dan Ramos disse:

    Ei Remo, muito bacana o estudo, hein? Sempre interessante ver um outro olhar sobre alguma característica de jogo, que pode aprimorar muito o que já se tem. Por isso o desenvolvimento compartilhado, apesar de ter suas desvantagem, é muito bom.
    Achei o embasamento biológico bacana, sem deixar de usar o fantasioso. Aliás, a prática de usar as habilidades de manufatura e construção de outrem me remeteu muito aos dothraki, de A Game of Thrones. Curti muito e vou esperar o restante do material pedindo licença pra usar partes dele na minha versão da raça!

  6. Fumaça disse:

    so sei d euma coisa… essas femeas tauricas são muito estranha ò_Ó

    • @crudinho disse:

      São mesmo. Com tetas assim imagino que devam ter muitos filhotes por gestação, ou que são no mínimo muito famintos, pra justificar a pressão seletiva que gerou essa característica. 🙂
      Sabia que no reino animal, as fêmeas humanas são quase exceção por terem só duas tetas? Nós primatas somos muito estranhos.

      • Remo disse:

        Alguém tão anal-retentivo quanto eu! =D
        Só um por gestação — um filhote disso seria enorme. Postulo de uns 10 a 15kg no nascimento — um bezerro fica na média de 25-40kg (mas filhotes de aurok, como os de humanos, nascem muito pouco desenvolvidos, sendo totalmente indefesos, incapazes, e, portanto, necessitam de amparo total). Se um bebê de 3~4kg já suga que é uma calamidade, imagina um de 15kg.
        Os grupos na natureza se baseavam na linhagem feminina — as fêmeas eram fixas no rebanho; machos podiam ser expulsos (quando jovens) ou depostos. Talvez fosse esperado que fêmeas hierarquicamente inferiores ajudassem na amamentação das filhas de uma fêmea dominante; talvez isso fosse uma moeda social, como o grooming dos símios.
        Na estrutura social atual, existe, pelo menos no esboço do texto, a presença de amas leiteiras. Todos no rebanho tapistano têm sua função — as piores ficam pra quem tem status mais baixo. (Mas nem é tão ruim assim — pros escravos é pior.)

  7. Gruingas disse:

    Gostei muito Shido!
    Achei a narrativa sociobiológica muito bem desenvolvida, e a anatomia dos aurok bem plausível também. Pelo menos mais plausível que o Minotauro "sitio do picapau amarelo" que vem sendo adotado em Tormenta.
    Sobre as mãos dos Aurok, será que os dedos II e V não poderiam ambos ser usados como polegares? Isso talvez gerasse outro fator de estranheza para a raça. Ainda sobre as mãos, não acho que a habilidade manual deles seriam tão ruim assim, arcos e flechas e até a forja de metais acho que estão dentro das possibilidades destas mãos. Mas tecelagem talvez esteja mesmo fora de cogitação…
    Por fim devo dizer que fiquei impressionado com o tamanho dos bagos do aurok! Isso é que é estar de saco cheio…

    • Heitor disse:

      É mesmo. Outro dia, estava imaginando uma raça extradimensional, e um dos fatores que estava levando em consideração para fugir do antropomorfismo "conveniente" seria a existência de 2 dedos opositores nas mãos, além dos sempre discutíveis seios. Porque inseto e lagarto peitudo é coisa de zoofilo.
      Ah, sem esquecer que o artigo é excelente.

    • Remo disse:

      "Sobre as mãos dos Aurok, será que os dedos II e V não poderiam ambos ser usados como polegares?"
      Por que não? O eixo da mão está entre os dedos III e IV, e é bem comum a natureza construir simetria — a mesma adaptação que ocorreu no II pode muito bem ter ocorrido no V.
      Dá um pouquinho de trabalho, mas deve ser um lance bacana — imaginar ferramentas que *necessitem* de dois "polegares". Poderia ser, inclusive, uma boa maneira de os minos impedirem que sua tecnologia de guerra caia nas mãos erradas — o humano seria anatomicamente incapaz de usá-las.
      (Coisa que não fiz porque sou preguiçoso e quero ficar o mais longe possível da parte mecânica — uma das considerações do projeto é permitir ao jogador um conceito diferente de minotauro sem precisar de nenhuma regra além do que consta no Tormenta RPG. Logo, devem usar o equipamento padrão previsto para PJs.
      Mas se for num FATE da vida, eu ia adorar ver um jogador usando o conceito "dois polegares" para justificar a invocação de seu Aspecto "Aurok" em alguma tarefa em que o uso das mãos é vital — da mesma forma que o narrador pode compelir o mesmo Aspecto em alguma outra tarefa manual em que mãos delicadas, mas não dois "polegares", apresentam vantagem.)
      Trivia: na etapa de projeto, uma das primeiras versões tinha o dedo V vestigial, como os atrofiados dos pés.

      • Gruingas disse:

        Também fiquei pensando nas ferramentas… mas como não tive nenhuma idéia de algo que precisasse de dois polegares achei melhor nem comentar…
        Mas acho que eles poderiam usar armas e ferramentas comuns sem problemas, o polegar adicional só daria mais firmeza. Já um soco inglês aurok seria algo diferente.

  8. Dan Ramos disse:

    Remo, retirando o fap-fapismo da fantasia desde 2011. =D

    • Remo disse:

      Meta fantasiosa: erradicação total até o fim do governo da Dilma! =P

      • Dan Ramos disse:

        Cara, quando eu ver o fim das guerreiras de biquíni em cenários "não-Conan" (porque lá é todo mundo pelado, por razões do cenário), já vou ficar feliz. =P
        Isso me faz ter uma enorme vontade de desenhar uma Shivara vestidinha com uma armadura decente. Assim que terminar o projeto que tô fazendo, vou ver se rascunho uma.

    • BURP disse:

      Peraí, tu prestou atenção mesmo nos desenhos? Ele acabou de criar uma mulher com quatro tetas! Imagina isso aí em um biquini de cota de malha…

  9. stinger957 disse:

    Olha, ficou ótimo!
    Você pretende fazer trabalho semelhante com outras raças?

  10. Jagunço disse:

    O Shido tem esse poder umbreático de sacudir. Por tabela pela fez pensar nos minotauros oficiais e no eventual desprezo filosófico que existe no uso da escravidão como banalidade narrativa (assim como das violências em geral).
    Quero ver a parte da sociedade. Estou especialmente curioso em como você vai lidar com a questão "raça fantástica: monocultural?"

  11. Tem como disponibilizar esse desenho? Mesmo sendo "estranho" queria ver se é tão "estranho" assim^_^

  12. Como sempre um grande texto, prefiro muito mais essa versão "biohistorica" que oficial.
    Mas acho que vou esperar os outros artigos para comentar mais.
    Porém ja atento para uma coisa, as fêmeas dominavam antes por ter o controle de quem era o pai, e de precisarem de proteção durante a gestação.
    A mudança que você diz ter ocorrido, me parece meio estranha, como deixar as fêmeas soltas por ai como os machos eram?
    Seria um tipo de prova para as mais aptas ou menos aptas a ter um tipo de "segundo posto de comando"?
    Ou você estava pensando em Esparta? As mais bravas são as melhores para nos dar filhos fortes, deixemos o mundo testa-las!
    Afinal hoje em dia a questão de migrar para dominar já se foi, isso então era só no "período-pré letrado"? deles?
    E falando nisso você vai falar de "comunicação" entre eles em detalhes?

    • O envio das fêmeas para outros rebanhos, pelo que entendi, seria uma estratégia de Goratikis: distribuindo suas filhas, ele disseminaria também sua cultura e conquistaria outros rebanhos pelos laços sanguíneos que surgiam – afinal o próprio modelo de sociedade aurok primitiva possuía apenas um macho líder, e os filhos que ele tivesse com uma filha de Goratikis eram, com certeza, os mais aptos do rebanho e capazes de modificar a sociedade onde viviam, sem derramar uma gota de sangue.

    • Gruingas disse:

      Oi Rubens, a mudança de fêmeas dispersando, ao invés de machos, faz sentido tento biológico quanto sociológico, se pensarmos do ponto de vista de Goriatkis.
      Goriatkis era um mutante tão forte que conseguiu conquistar dominar totalmente a tribo, e que "decidiu" (ou não, isso pode ser o efeito da mesma, ou de outra mutação) dividir seu rebanho de fêmeas com os filhos. Cooperando com os filhos, o rebanho de fêmeas pode ser maior e menos propenso a invasões de outros machos. Aumentando o sucesso reprodutivo de Goriatkis enormemente, afinal como todos os machos são seus filhos, todas as centenas de crianças geradas são seus descendentes.
      É fácil ver como essa dupla mutação de força+cooperação se espalharia. Os detalhes de como as duas coisas se juntariam são assunto pra outra hora…
      Pois bem, nesse contexto de cooperação entre os machos, deixar as fêmeas se dispersarem é outra idéia genial (ou não, pode ser efeito da mutação manter os filhos por perto e mandar as filhas pra longe). Como o Shido disse, fêmeas são sempre bem recebidas, afinal um macho sempre quer aumentar seu harém.
      Mas elas também carregam os genes mutantes, tendo um filho mega forte e com a propensão a cooperar com os próprios filhos, a fêmea gera um novo grupos nos moldes do de Goriatkis. A mutação (ou as mutações) se espalham então em ritmo alarmante, gerando uma mega revolução em poucas gerações.
      Nos dias civilizados, se manteria a tradição de enviar a noiva para viver com a família do noivo. Não o contrário. Os haréns. E a grande cooperação entre machos aparentados.
      Pelo menos é a forma como eu interpretei a coisa.

  13. Kuro disse:

    Ooopa, isso sim eu queria ver, Shivara como uma guerreira de verdade =o
    Pelo que sei, os autores nunca quiseram a bunda de fora, foi o desenhista que colocou…

  14. Kuro disse:

    Shido, você conhece os Tauren de World of WarCraft? É a raça "minotauro" de Azeroth, e são bem parecidos fisicamente com os seus Auroks, acho que valeria a pena você dar uma olhada (se não tiver feito ainda lógico).

  15. Haga disse:

    A matéria mais genial que já vi aqui. Parabéns!

  16. mamorra disse:

    Muito bom o material. Hilário a ideia de Minovaca!!!!!!

  17. Ziderich disse:

    Esse trapézio não inviabiliza o uso de armaduras não?

    • Remo disse:

      Não se a armadura for projetada para esse tipo de anatomia.
      Em se tratando de uma armadura greco-romana (o tipo que eles usam, conforme estabelecido pelo cenário), é relativamente tranqüilo — é quase tudo articulação de planos móveis, uma solução que se usa em confecção para trajes ajustáveis ou reconfiguráveis.

  18. Guardião_Vader disse:

    Sensacional o artigo. Uma visão inovadora e que com certeza deve ter demandado algum trabalho para elaborar. Espero ansioso pela continuação sobre o aspecto que mais acho interessante: a sociedade aurok. E os desenhos estão muito legais.

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