Do e o sucesso do crowdfunding

Do: Pilgrims of the Flying Temple é o novo projeto de Daniel Sollis e da Evil Hat Productions, se trata de um jogo sobre jovens viajantes com boas intenções e que vivem se metendo em confusão. Sim, é inspirado em produções da TV como Avatar: A Lenda de Aang e similares. Isto, claro, apenas faz dele outro daqueles jogos legais que talvez, um dia, cheguem ao Brasil. O que faz desta uma história que vale a pena ser contada é a forma como Sollis financiou todo o projeto: crowdfunding.
Certo, e o que é crowdfunding? É algo que nós já fazemos há milênios. Você o conhece usualmente por “impostos”. Calma, o Leão não vai aumentar a mordida para que a Evil Hat possa lançar livros. É preciso lembrar o que os impostos são em essência para entender o que é o crowdfunding: um conjunto de pessoas unidas em torno de um objetivo doando uma parte de seus recursos para conseguir algo que individualmente seria impossível conseguir. Escolas públicas? Crowdfunding. Exército nacional? Crowdfunding. Estradas? Crowdfunding. A idéia é, se podemos fazer isto para construir grandes coisas, porque não também com as pequenas coisas como financiar um filme, livro ou jogo?
O caso é que Daniel Sollis lançou, cinco dias atrás, uma iniciativa de crowdfounding no Kickstarter para financiar Do. O objetivo inicial era conseguir quatro mil dólares de financiamento para o livro. O objetivo foi alcançado no primeiro dia. Neste curto período de tempo, o projeto já conseguiu juntar $12,421 dólares de doações e virou notícia até na Wired, e ainda faltam 40 dias de prazo para o fim do período de financiamento do projeto. O que já garantiu o lançamento de um suplemento também, Do: The Book of Letters, que os doadores acima de $25 irão receber junto com o livro básico.
A experiência de sucesso está sendo observada com atenção por gente da indústria do RPG dos EUA e daqui, como Chris Pramas e o pessoal da Secular Games. Na verdade, cada um de vocês que pensar em lançar seu próprio cenário, jogo ou coisa do gênero deveria pensar com muito carinho sobre crowdfunding daqui para a frente. Uma dica é o site Catarse.me, um site brasileiro nos moldes do Kickstarter.

João Paulo Francisconi

Amante de literatura e boa comida, autor de Cosa Nostra, coautor do Bestiário de Arton e Só Aventuras Volume 3, autor desde 2008 aqui no RPGista. Algumas pessoas me conhecem como Nume.

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9 Resultados

  1. Parece que as iniciativas de crowdfunding favorecem os autores estabelecidos que têm uma reputação de excelência e de produtividade. E que dão meios aos próprios fãs de se sentirem também "autores" do esforço conjunto com pequenos privilégios alcançado através de maiores doações.
    Será que no Brasil existe algum autor (ou colectivo de autores) que encaixe neste perfil? E como é a percepção dos consumidores de RPG por aí relativamente a compras "online"? 🙂

    • Oriebir disse:

      Sim, eu acredito que aqui no Brasil temos muitos autores com capacidade para a empreitada, que já possuem alguma reputação entre o público RPGista. Se estes adotarem projetos em grupo, então, as probabilidades de sucesso apenas aumentam.
      Vejo vom bons olhos esse tipo de iniciativa. Do ponto de vista finaceiro, cria um público fidelizado antes mesmo do lançamento do produto; de um ponto subjetivo, todos os colaboradores se sentem mais integrados com o projeto, e sabem que, de alguma forma, ajudaram a fazer com que aquele produto se viabilizasse.
      É o caminho inverso de uma empresa formal, que primeiro capta recursos particulares ou de outros produtos, para depois se arriscar no lançamento daquele.
      É interessante. Fiquemos de olho.

      • Gruingas disse:

        Complementando, acho que o publico de RPG brasileito se sente comfortável com compras online.
        Primeiro porque jogador de RPG geralmente já é um cara nerd que gosta de ler, e provavelmente gosta de computador e visita lojas online (seja pra comprar ou pra ficar só babando).
        Segundo porque a maioria das cidades não tem loja de RPG, ou tem uma bem meia boca. De modo que a compra online muitas vezes é a única opção de se adquirir o jogo que você quer.
        Então se existe um publico acostumado com comprar online, é o publico do rpg.

  2. Tudor disse:

    Isto nao e tao original, a Open Desing ja havia comecado a adotar esta forma de "venda" /"financiamento" de seus produtos desde seu inicio.

  3. malkavfelipe disse:

    Hum… agora eu vi que os "benefícios" ganhos depende do valor doado ^^
    Pra doar, o cara realmente tem que confiar que o trabalho será bom hein? xD

  4. malkavfelipe disse:

    Valeu pela explicação. Ficou bem clara a ideia agora. ^^

  5. Tek disse:

    Foda foi a comparação com os impostos e os "benefícios" destes. Mas, felizmente, política é um assunto que concordaremos em discordar 🙂

    • Remo disse:

      Tek, os "benefícios" só ganham as aspas em virtude de toda a incompetência que rola na aplicação dos recursos (isto SE forem aplicados, e não corroídos e desviados através do nosso Labirinto Burocrático). Na teoria, o que o Nume disse faz todo o sentido — tanto que nessas iniciativas de crowdfunding, em que EXISTE boa vontade dos envolvidos, a coisa vai redondinha.
      O sistema em si é funcional. O problema está nos "mestres" lá de Brasília (e prédios públicos de outras cidades) que não apenas jogam os dados exclusivamente atrás do escudo como também usam e abusam da "regra de ouro". Desse jeito, não há sistema que funcione.

  6. Pessoal,
    Meu nome é Bruno Pereira e sou um dos criadores do site de crowdfunding http://www.movere.me. Após ler essa post, gostaria que vocês entendessem melhor o que me moveu a construir essa plataforma para, quem sabe, também incentivar vocês.
    Sou jogador de RPG há 15 anos e há muito tempo tenho um sonho de abrir uma editora que publica RPG.
    Em 2009, eu e meu irmão tentamos colocar esse sonho em prática usando o crowdfunding ou “incentivo coletivo”. As pessoas diriam os livros que elas gostariam que fossem vendidos e a gente, com o dinheiro já arrecadado, publicaríamos. Achávamos (e ainda achamos) que esse modelo de negócio poderia dar muito certo no Brasil no nicho de RPG. Seria muito bom para o público, que teria o poder de decisão nas mãos, e para editoras menores, que trabalhariam sem grandes riscos e com mais assertividade.
    Porém, não existia uma ferramenta desse tipo na "web brasileira", na época, onde pudéssemos colocar os nossos livros. Por isso, demos um passo para trás. Postergamos nosso sonho relacionado ao RPG e resolvemos fazer a nossa própria plataforma, abraçando de vez essa forma coletiva de ver o mundo. Daí surgiu o movere.me.
    Convido todos a conhecer de perto esse movimento que possibilita a realização de coisas maravilhosas. E, principalmente, gostaria de incentivá-los a participar, divulgar e me ajudar a levar esse mercado de RPG brasileiro às alturas!
    Assim, vou poder me realizar um pouquinho do meu sonho inicial com vocês. 🙂

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