Dia da Mulher (Atrasado): Entrevista Dupla (R)
Olá, Joes e Sues. Só notei que o Dia da Mulher tinha passado no dia 10. Decidi entrevistar duas damas para compensar. A ideia era enviar as mesmas perguntas para duas mulheres sem que cada uma soubesse quem seria a outra participante. E não sabem até agora! As questões são sobre RPG e ponto de vista feminino. Como estou reinaugurando meu blog esta semana, dividi a matéria em duas: O Roleplayer fica com a parte mais RPG e o Juca’s Blog com a inquietação. Você não precisa ler os dois textos, mas saiba que eles se complementam e serão postados simultaneamente. É hora de dar voz às senhoritas, em ordem alfabética: Allana, de João Pessoa (que faz parte da Liga Narrativa comigo e o Marlon) e Varda, de Mar del Plata, Argentina, cujas respostas estão traduzidas para o nosso brasileiro. Você não encontrará “notas de tradução”. Você está na Internet, faça bom uso. Vamos a elas.
Atualização: Como fechei as portas do meu blog, resolvi incluir a outra metade do texto. Aprecie.
Fale um pouco sobre si.
Allana: “Allana, nascida em 86, leitora, pseudo-escritora, míope.”
Varda: “Meu nome é Maria, mas todos me chamam de Varda, Vardis, Vardita ou similares. Estudo Administração de Empresas e eu sou uma geek de nascimento. Eu sempre preferi os videogames e essas coisas do que brincar com barbies. Ah, eu tenho 31 anos.”
Como encontrá-la na Internet?
Allana: “Eu escrevo no Brainsstorm (http://brainsstorm.wordpress.com), no Paragons em caráter eventual (www.paragons.com.br), compartilho besteirol no Twitter (@brain_storm) e já tenho redes sociais o bastante para me ocupar.”
Varda: “Sou um tipo de spammer na Internet. Existo em toda parte. Poderá me encontrar no meu Facebook, blogs, Tumblr, Twitter, Livejournal. Sou muito adepta do Twitter, Facebook naturalmente e Tumblr.”
http://www.facebook.com/varda.elentari
http://varda.tumblr.com/
http://twitter.com/vardita
http://www.proyectorpg.com.ar/
http://www.reinadelasestrellas.com.ar/
http://vardita.livejournal.com/“
Como o RPG surgiu em sua vida?
Allana: “Aos 10 anos, tive contato com A Cidadela do Terror, um daqueles livros-jogos. Embora não fosse uma das atividades mais sociáveis, foi meu primeiro contato com RPG. Alguns meses depois, eu e um primo compramos a revistinha da Dragão Brasil de Megaman, e passamos uma tarde bem divertida jogando a aventura que tinha no final. Daí em diante segui comprando revistas e pequenas publicações que encontrava nas bancas, até que conheci uns amigos que jogavam Vampiro – A Máscara. Depois, foi só alegria.”
Varda: “Comecei a jogar RPG em 2000 com um grupo de garotos pertencentes à Associación Tolkien Argentina, eles jogavam e me convidaram. Meu primeiro RPG foi MERP (Middle Earth Roleplaying Game), em seguida, joguei GURPS com o mesmo grupo e, então, comecei a conhecer outros jogos (AD&D, In Nomine Satanis/Magna Veritas, D&D 3.X, WoD, etc.).”
O que tem jogado atualmente?
Allana: “D&D (sempre!), Supernatural (uma adaptação do Dan Ramos para o storytelling), e não tão recentemente passei por SLA Industries, Mago, Hunter e Legend of Five Rings”
Varda: “Tenho algumas partidas em standby (isso sempre acontece), e atualmente estou jogando uma campanha de Mage the Ascensión, e começando uma de Mage the Awakening. Também estou jogando um PBeM (play by mail game) de Star Trek.”
Descreva uma cena memorável de uma personagem.
Allana: “Ihh… complicado. Personagens minhas eu não consigo pensar muito (até porque tem uma propensão muito grande de ser tendenciosa hehe), mas falando sobre personagens femininas, eu consigo lembrar da Starbuck, de Battlestar Galactica, quando ela consegue pilotar uma nave cylon na base da tentativa e erro. Muito épico!”
Varda: “Uma cena memorável … Bem, há três anos jogando Mago a Ascensão, no final do segundo arco da trama, minha personagem (eu mesma) tinha de ajudar a derrotar uma das Garras da Wyrm no meio de uma batalha. Eu estava na Umbra e minha missão era canalizar toda a quintessência de MECHA (um reino da Tecnocracia) e dirigi-la contra o inimigo. Porém eu falhei em todas as rolagens de dados e supostamente minha personagem morreu. Mas lembrei que tinha três pontos no antecedente “destino”, e pude fazer uma jogada com três dados, conseguindo cumprir a missão. E isso é apenas um resumo, podia estar escrevendo várias páginas sobre essa batalha.”
Qual foi o RPG mais machista que você viu ou ouviu falar?
Allana: “Eu não conheço tantos títulos indies ou obscuros, pra ser bem sincera. Mas uma frase meio célebre, que circulou quando saíram notícias sobre o RPG do Conan, foi “Lugar de mulher é no ombro!”. Não deixa de ser engraçado, mas tem um certo tom machista que pode incomodar. Afinal, a indumentária feminina deve se limitar a biquínis de cota de malha e outros tipos de roupas mínimas.”
Varda: “Nenhum que eu conheça até agora.”
O que sugere para um jogo mais harmonioso entre homens e mulheres?
Allana: “Não posso dizer que tive problemas de harmonia jogando com homens. A maioria dos meus amigos são homens (tenho poucas amigas), e jogo também com boa parte deles. Mas o que pode acontecer (veja bem, pode), são conflitos de interesses nos tipos de histórias desenvolvidas. Independente dos interesses envolvidos, qualquer jogo pode sofrer com esse impasse, mesmo quando há apenas jogadores. Nesses casos, o importante é chegar a um equilíbrio que favoreça a todos.”
Varda: “Nunca tive uma experiência machista ou feminista em uma mesa de RPG, nem falta de harmonia. Por isso não poderia responder à pergunta.”
Qual é sua atual trilha sonora?
Allana: “Ih, eu não costumo variar muito nas músicas ou bandas que escuto. Mas ultimamente, ando em um momento muito Blackmore’s Night. Recomendo!”
Varda: “TRON: Legacy, by Daft Punk”
Mulher Maravilha ou Carmen San Diego?
Allana: Carmen San Diego. Sem dúvida. Preciso mesmo justificar porque eu prefiro uma ladra esperta e inteligente a alguém que usa calcinha com estrelinhas?”
Varda: “Princess Leia Organa.”
Que mulher todos devem conhecer?
Allana: “Não costumo pensar em grandes celebridades. Prefiro me espelhar em exemplos próximos a mim, que eu conheço bem a situação. Nesse sentido, acho que todos deveriam ter a oportunidade de conhecer a minha avó, Maria das Neves Correia. Não só pela história difícil e sofrida, que de certa forma, todos nós temos, mas pelo exemplo que ela consegue passar sem impor nada. Além de ter enfrentado doenças como câncer sempre com um bom humor impecável, passa por situações que eu preciso admitir que não conseguiria tomar as mesmas atitudes que ela, que nasceu em uma outra época, e é fruto de uma criação completamente diferente da minha.”
Varda: “A Madre Teresa de Calcutá.”
Que homem todos devem esquecer?
Allana: “Mencionar o Bush é covardia, né? =D Mas falando sério, acho injusto fazer uma pergunta sobre homens assim. Dá um tom muito sexista, penso. Afinal, existem homens e mulheres que mereciam ser esquecidos por todo mundo. E mesmo esses têm algo a nos ensinar. Por exemplo, não seja tão idiota quanto aquele cara, não seja tão mané quanto aquela ali…”
Varda: “Papa Clemente V, que destruiu o que restou da Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo, mais conhecida como A Ordem do Templo ou Cavaleiros Templários.”
O que você odeia amar?
Allana: Odeio amar uma história dramática. Tenho uma reputação a zelar, oras! ;D”
Varda: “Essa pergunta é um enigma :P”
O que você ama odiar?
Allana: “Algumas personagens, como a Cersei Lannister, de Guerra dos Tronos.”
Varda: “”There is no passion, there is serenity.””
Alguma mensagem para homens e mulheres?
Allana: “Live and let live. :)”
Varda: “Que sejam eles mesmos, e que lutem pela igualdade.”
Faça uma pergunta para a outra entrevistada.
Allana: “Então… lençóis lisos ou estampados? Brincadeira. Já que o RPG foi começo de conversa, você já teve algum problema em relação ao RPG por ser mulher, ou coisa parecida?”
Varda: “Lençóis coloridos! Não, eu nunca tive problemas por ser mulher ao jogar RPG, quando, na verdade, sempre fui tratada como “mais uma” do grupo e nunca sofri discriminação alguma. Mesmo quando eu era a única mulher na mesa, sempre me diverti e nunca tive qualquer problema.”
Varda: “Acha que há machismo entre os jogadores de RPG? Tendo em conta que sempre houve predominância do sexo masculino.”
Allana: “Sexismo há em todo o lugar, em menor ou maior grau, inofensivo ou não. Vivemos em uma sociedade sexista, de valores patriarcais. No RPG, não é realmente diferente, embora eu nunca tenha passado por situações constrangedoras dentro de um grupo de RPG por ser mulher (situações constrangedoras todos passamos, convenhamos). Não sofri preconceito por parte dos jogadores (na verdade, a maioria gosta de ter meninas por perto), mas noto um tratamento diferenciado às vezes, o que não implica em uma coisa ruim.”
O que espera que alguém lhe pergunte?
Allana: “Certamente, não esse tipo de pergunta. =D”
Varda: “Qualquer coisa.”
Pergunte algo para o entrevistador. (OPCIONAL)
Allana: “Essa eu passo. Sou uma pessoa boa. :p”
Varda: “Apreciou as entrevistas?”
Agradeço às duas participantes que me honraram ao aceitarem o convite e responderam as perguntas mais rapidamente do que eu responderia a mim mesmo!
Aproveitando, mando um salve para as jogadoras para quem narrei (maioria) e joguei junto (minoria): Aline, Gabriela, Júlia, Janduy, Michele e Paula. Tenho certeza que esqueci alguém. Maldita memória…
Esta foi minha matéria improvisada para suprir uma lacuna monstruosa. Mas acho que ficou legal, assim mesmo. Ano que vem não esquecerei da data.
Opcionalmente, leia a versão do Juca’s Blog clicando aqui. (fora do ar)
Até.
Bacana a idéia, Juca. Eu acho que conheço as duas da coluna “Jogadoras” do Dados Limpos, não?
Impressionante. DUAS semanas e só tem barbudo comentando!
H: Já leu a versão “J” do texto?
Varda foi a última que vi por lá. E já conhecia as duas antes disso.
Até.