Construindo um futuro melhor
Para esta semana temática, que fala sobre tecnologia e virtualidades, resolvi trazer aqui alguns pensamentos sobre campanhas baseadas em ficção científica, e como a maioria dos jogadores e mestres lida com a criação de um cenário de nível tecnológico superior.
1 – Pensando no Futuro.
Acho que o essencial ao desenvolver um cenário sci-fi é definir mais ou menos quais aspectos são importantes para a sua campanha e quais não são. De fato, a maioria das histórias futuristas se passa em um cenário que depende em grande parte de algum aspecto tecnológico fictício. (Precogs em Minority Report, Robôs em Eu, Robô) Uma vez definido isso, deve-se pensar em quanto tempo seria mais ou menos necessário para desenvolver essa tecnologia. Por exemplo, se a sua campanha depende de carros voadores e computadores biológicos embutidos em seres humanos, é bem provável que isso não aconteça em um futuro próximo. Digamos que sejam necessários uns 80 anos para que isso seja viável, de alguma forma.
2 – Construindo o Futuro.
Ok, 80 anos. 80 anos é um tempão. A tecnologia, e consequentemente o modo de vida da sociedade, serão muito dierentes daqui a 80 anos. Ao passo que a nossa tecnologia evolui, poderíamos afirmar sem risco que a tecnologia de 2090 será tão diferente da nossa que pareceria irreal. Exagero? Talvez. Vamos pegar alguns dos aspectos onde mais existem pesquisas e desenvolvimento tecnológico hoje em dia.
Medicina – Em 80 anos, poderíamos dizer que todas as doenças que conhecemos hoje serão no mínimo controláveis através de drogas. A expectativa de vida deve ser extremamente superior, e a maioria das mortes se dá de formas violentas. Tratamentos de beleza chegaram em um ponto em que é impossível diferenciar uma pessoa de 100 anos de uma de 20.
Comunicação – Internet ilimitada. Qualquer informação pode ser transmitida pela rede instantaneamente. Vídeos, além de profundidade, possuem também cheiro e solidez. Caem as leis dos direitos autorais, prejudicando artistas e desenvolvedores de softwares pagos de todo o mundo. Publicidade e spamming tornam-se verdadeiros estorvos.
Computadores – Praticamente tudo tem um computador ultra-rápido e conectado à rede embutido, desde geladeiras até tesouras.
Armas – Armas não-letais extremamente desenvolvidas. Armamento letal não muito diferente od que temos hoje.
E além disso, teremos carros voadores e computadore biológicos.
Tudo isso seguindo uma perspectiva otimista, claro. Mas como tudo no nosso mundo tem dois lados, mesmo esses aspectos positivos poderiam influenciar negativamente a sociedade de alguma forma, geralmente na forma de crimes.
Ok, temos internet extremamente rápida e computadores implantados em pessoas. Além disso o uso de armas não-letais pela polícia torna a vida mais difícil para criminosos de rua. Qual é a saída? Crimes virtuais, naturalmente. Hackear carros, casas e ate pessoas pode ser o tipo de crime mais difícil de lidar em uma época como essa. É um pensamento mais ou menos lógico, que nos leva a outro ponto importante.
3 – Sociedade do Futuro.
Como as pessoas lidam com isso tudo? Bem, se até pessoas são hackeáveis, seria natural que pelo menos uma parcela da população desejasse fugir disso, e passaasse a tentar fugir completamente do domínio tecnológico. Deveria haver alguma espécie de “rixa” entre os velhos “conservadores” que continuam sempre conectados à internet por puro comodismo e os jovens “inovadores”, que acreditam que fugir do domínio tecnológico é a solução para o futuro.
Além disso, pelo desenvolvimento nas áreas da medicina, as pessoas tendem a viver muito mais, “empurrando” a idade de aposentadoria para muito longe. Talvez ela nem exista. Isso com certeza tornaria a vida difícil para os jovens que estão tentando entrar no mercado de trabalho agora, talvez até empurrando muitos deles para o crime ou algo assim. Também por conta disso, as hirearquias empresariais tendem a ser muito mais longas e complexas do que são hoje.
E até agora só falamos dos benefícios (de certa forma) que tudo isso trás. Some a tudo isso a superpopulação, falta de recursos naturais e um abismo ainda maior entre países desenvolvidos e subdesenvovidos e teremos uma baita bomba nas mão.
Lugares que hoje têm pouco desenvolvimento, como vários países da África e da Ásia, (e da América Latina, por que não?) tendem a ficar ainda mais para trás em relação aos países ricos, possivelmente trazendo de volta um tipo de economia quase escravista. Talvez as pessoas desses países até deixem de ser considerados seres humanos pelas pessoas dos países mais ricos, “rebaixando-os” à pouco mais do que animais.
4 – O Infinito e Além.
Até agora nos restringimos a falar de assuntos mais ou menos possíveis dentro da ciência que conhecemos hoje, no século XXI. Mas e se você quiser ir muito além disso na sua campanha? Talvez ao invés de computadores e carros você queira naves mais rápidas que a luz, teletransporte e viagem no tempo!
A idéia naturalmente se aplica a isso também. Tente imaginar como essas coisas afetariam a sociedade do seu cenário. Quem pode viagar no tempo? Apenas militares? Ou também é acessível à população capaz de pagar por ela? No que implica? Talvez viajar no tempo possa ser considerado um crime, criando um novo tipo de máfia temporal.
5 – Eu Vi o Futuro, Baby. Ele É Passado.
Uma outra abordagem interessante, e que eu gostaria de citar aqui, é quando a sociedade de alguma forma retrocede tecnologicamente, talvez devido a algum cataclisma ambiental, ou mesmo devido à própria ganância humana. É uma idéia interessante, ter uma sociedade evoluida em todos os aspectos, mas atrasada em apenas um deles.
Um dos cenários que eu já concebi trazia uma sociedade mais avançada que a nossa tecnologicamente, mas sem internet. Isso porque, depois de algum tempo, a internet tornou-se algo realmente indesejável para a maioria da população, devido à crimes virtuais, hacking, spamming e uma série de outros fatores. A maioria da população decidiu simplesmente abandoná-la em virtude da própria segurança. A rede então tornou-se um ponto de encontro de toda a bandidagem daquela época, sendo habitada exclusivamente pela escória da sociedade.
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