Falando com o Mestre: Gustavo Brauner
Gustavo Brauner trabalha junto com a Jambô Editora como tradutor, revisor e agora autor do primeiro suplemento para o Tormenta RPG, o polêmico Guerras Táuricas, além de ser autor do próprio Tormenta RPG. Gustavo, primeiramente muito obrigado por conceder esta entrevista para o .20, mas indo direto ao ponto: você esperava tanta comoção pelas Guerras Táuricas?
Primeiramente, agradeço a oportunidade, Nume! É sempre bom poder compartilhar um pouquinho do que estamos fazendo, principalmente com aqueles mais interessado em nosso trabalho: os fãs! Pois, afinal, é para eles que escrevemos.
Sobre as Guerras Táuricas: o resultado das Guerras Táuricas é mudança. Mudança no status quo do cenário, mudança que afeta mestres e jogadores. E mudança, por si só, gera comoção (seja positiva ou negativa). No que tange as mudanças das Guerras Táuricas, há os dois lados: gente que gostou da invasão dos minotauros, acreditando que eles finalmente fizeram aquilo para o qual vinham se preparando há tanto tempo (e que é o seu direito e dever), e também há os que não gostaram, porque talvez preferissem que os tapistanos se mantivessem para sempre como uma grande ameaça do cenário (e apenas como uma ameaça, sem nunca materializá-la).
Acho que uma das primeiras coisas que surpreende é o fato de as Guerras Táuricas realmente terem acontecido. Uma coisa era ter Tapista lá no cantinho do Reinado, sua população ocupada com os próprios problemas, sem nunca interferir de maneira mais contundente nos assuntos do resto do continente: conseguir mais fêmeas, encontrar oponentes à altura, esconder o fato de que haviam tomado Hershey, ameaçar um grupo ou outro de aventureiros com um pelotão bem armado… E ponto. Outra coisa é Tapista realmente agir, invadindo reinos vizinhos, espalhando morte e destruição. E conquistar reinos que durante muito tempo gozaram de liberdade e serviram de palco para muitas aventuras.
Mais do que o que acontece com o cenário como um todo, acho que essa mudança leva a todos a pensarem no que vem a seguir em suas próprias aventuras e campanhas: “Mas Malpetrim era a base do meu grupo de jogo!”, “Minha próxima campanha ia girar em torno de encontrar a cura para a praga de Lomatubar!”, e “No meu jogo, o Rei Thormy libertava Hershey dos minotauros!”. Sei que isso não serve de consolo para a maioria dos fãs, mas, assim mesmo, aqui vai: você, mestre, é o dono do cenário e de sua própria campanha, não os autores. Nós apenas apresentamos desafios e problemas para você aproveitar as idéias e usá-las como quiser em sua campanha. Se no seu mundo de Arton os minotauros não invadiram o Reinado, que assim seja. Se Tauron não é o líder do Panteão, tudo bem. E se na sua campanha Thwor e a Aliança Negra invadiram o Império de Tauron e deram uma surra em Aurakas e seus minotauros e você e seus jogadores se divertiram, então, melhor ainda. O material de jogo do Tormenta RPG permite todas essas possibilidades.
Acho que o mais interessante é pensar em todas as novas possibilidades de campanha, e em como usar as antigas idéias no cenário pós-Guerras Táuricas; afinal, todo a região que formava o oeste/sudoeste do Reinado agora é uma zona de muita intriga, paranóia e conflito, com os minotauros tentando manter seu poder e a resistência tentando encontrar brechas para libertar os reinos conquistados. Todos viram Bastardos Inglórios, não é? Imaginem agora aquela cena do encontro da equipe do Brad Pitt com o agente inglês e a atriz alemã naquele pub onde um nazista comemora o nascimento do filho com alguns colegas de regimento. Agora imaginem que não é um pub, mas uma taverna, e os nazistas são minotauros (embora os minotauros não tenham as mesmas motivações mesquinhas). Ainda sobre a equipe do Brad Pitt, que tal um grupo de personagens infiltrados atrás das linhas inimigas? Ou um taverneiro (no lugar da proprietária de um cinema) ajudando a resistência?
Mas se você não quiser usar os minotauros como os principais antagonistas de uma aventura ou campanha, então vá em frente: para descobrir uma cura para a praga em Lomatubar, é preciso ir até um ponto específico do reino e recolher amostras (um corpo infectado serve). Mas o reino está sob o domínio dos minotauros. Então, além de ter que encontrar alguém contaminado (certamente enfrentando vários outros contaminados, sem falar nos orcs), os heróis ainda têm de infiltrar-se no Reino da Praga evitando patrulhas dos minotauros. Talvez nunca encontrem nenhum patrulha, talvez enfrentem duas ou três. As idéias de campanha se mantêm — só precisam de alguns novos elementos. Além disso, nem tudo é combate: muitas batalhas são travadas na base da diplomacia, onde políticos tentam desacreditar uns aos outros (e muitas vezes de maneiras muito escusas e de baixo nível…).
Então, se você ficou achando que todas as suas idéias de campanhas foram para o lixo, ou que tudo virou um enorme conflito armado, não se desespere: a verdade é que todas as suas idéias podem ser aproveitadas. E eu tenho certeza que novas idéias surgirão também. Ignore ou não o desfecho das Guerras Táuricas, nenhuma de suas idéias precisa ser deixada de lado. Na verdade, eu acho até que elas acabaram de ganhar um elemento a mais.
Aproveite as idéias de Guerras Táuricas para fazer a passagem do antigo mundo de Arton para o novo cenário de Tormenta RPG. Mas não jogue fora nenhum de seus planos de campanha. Junte as suas idéias com as nossas e conquiste o mundo — foi para isso que escrevemos o livro!
Ao fim das Guerras Táuricas, mais uma parte da profecia da flecha de fogo foi completada, depois do resultado do megaevento dos minotauros em 2008-2009, qual é a expectativa para o megaevento da Aliança Negra anunciado para 2010-2011?
Eu sei que fui eu mesmo que anunciei alguma coisa para a Aliança Negra entre 2010-2011, e sou eu mesmo quem vai se retratar sobre o assunto: por enquanto vamos deixar a Aliança Negra um pouco de lado, principalmente até assentarmos todo o material básico do cenário. Com as mudanças recentes introduzidas durante as Guerras Táuricas (como o Império de Tauron e a troca de comando do Panteão, sem falar em outras mudanças que ainda não apareceram para os fãs), precisamos primeiro estabelecer uma base sólida para o cenário. Isso significa que só vamos mexer na Aliança Negra depois de publicarmos o Guia do Mundo de Arton, o Manual das Raças e, no mínimo, o Bestiário de Arton (os títulos são todos provisórios). Mas existe um plano para um livro sobre a Aliança Negra, sim (e que pode até se transformar em um suplemento sobre o continente de Lamnor como um todo).
Eu sei que os fãs de Tormenta ficaram sem mudanças no cenário durante um bom tempo, e que muitos acharam o andamento das Guerras Táuricas um pouco rápido demais. Em parte, isso aconteceu porque precisávamos sedimentar certos elementos do cenário antes da publicação do Tormenta RPG (para não fazer tudo de maneira retroativa) e, também, porque o número de DragonSlayers até o Tormenta RPG chegar nas livrarias era limitado (foram 5 edições em 2009: a 24, em que eu, o Leonel e o Guilherme assumimos, 25, 26, 27 e então a 28, com o desfecho do conflito, que só chegou às bancas em 2010). Mas o livro Guerras Táuricas traz todo o material sobre o conflito de maneira organizada e com inúmeros ganchos para cada mestre introduzir o maior evento militar da história conhecida de Arton em suas aventuras e campanhas.
De maneira mais direta e sem rodeios, a expectativa é de que o mega-evento da Aliança Negra está para chegar.
Além do Guerras Táuricas, quais outros suplementos para Tormenta você está trabalhando para 2010? Eles já estão adiantados ou só na fase de planejamento?
Acho que todos já viram o cronograma de lançamentos da Jambô para 2010 (e, se não viram, aproveitem e adquiram já a DragonSlayer 29, que traz todo o cronograma da Jambô e uma parte do que foi anunciado pela Devir para D&D em 2010!). Para Tormenta, depois do Tormenta RPG e do Guerras Táuricas, teremos suplementos que compõem elementos centrais do cenário, como o Manual das Raças e o Bestiário de Arton (mais uma vez, estes são títulos provisórios). E o Leonel está escrevendo Valkaria, Cidade sob a Deusa, um suplemento sobre a capital do Reinado.
Entre os meus projetos pessoais relacionados à Tormenta para 2010 (além do Tormenta RPG e do Guerras Táuricas), eu escrevi o primeiro rascunho do Manual das Raças ainda em janeiro de 2009. O texto ainda precisa ser revisado, diagramado e revisado de novo antes de seguir para as prateleiras (não se assustem, este é apenas o procedimento padrão de qualquer publicação). Além disso, o Manual das Raças ainda precisa da parte de regras (modificadores e habilidades raciais, talentos e outros elementos de regras voltados exclusivamente para as raças), porque o que está no texto é mais uma sugestão baseado em rascunhos do sistema do Tormenta RPG do que uma versão final.
Posso afirmar que todos os lançamentos do cronograma da Jambô para 2010 já passaram da fase de planejamento há tempos.
Saindo um pouco de Tormenta e indo para outras áreas de atuação suas na editora, você recentemente anunciou que a tradução d’A Cidade dos Ladrões estava completa, acha que conseguirão cumprir o cronograma para 2010 da linha? Poderão, aliás, publicar ainda mais livros da linha que os já anunciados?
Eu acredito que vamos dar vencimento de todos os títulos já anunciados. Não arrisco dizer que vamos publicar algo além disso, mas em se tratando desta equipe, surpresas positivas são sempre esperadas! Especialmente para os fãs de 3D&T… Ooops! Ah, sim, o novo livro do Leonel (O Caçador de Apóstolos) está muito bom. Entreguei a revisão na semana passada, e valeu a pena cada vírgula colocada ou excluída dele (me perdoem a piadinha de revisor…). A capa, como vocês já viram, também está fantástica. Como eu disse ontem para o Leonel, é uma grande capa para um grande livro.
E quanto a Mutantes & Malfeitores? Agentes da Liberdade estava em fase final de diagramação, poderemos ver o livro nas bancas ainda em abril? Qual o estado dos outros livros anunciados no cronograma?
Sábado (dia 10 de abril) entreguei a revisão final do Agentes da Liberdade. Hoje (segunda-feira, dia 12 de abril) o livro foi para a gráfica. Como eu disse, todos os livros estão dentro do prazo, sendo o Tormenta RPG a única exceção. Mesmo assim, todos os livros que dependem dele (em termos de cronograma de publicação e conteúdo de regras) já estão em andamento. Incluindo o Bestiário de Arton, que traz um enorme conteúdo de estatísticas de jogo.
Você trabalha como revisor da linha Reinos de Ferro, e já prefaciou o livro Sem Trégua Vol. 3, mas saindo um pouco da esfera profissional e falando como um fã do cenário, quais são suas expectativas para o Reinos de Ferro RPG anunciado pela Privateer Press para 2011?
Eu acredito que o objetivo maior de um sistema de regras voltado para um cenário específico seja refletir da maneira mais fiel possível o clima do cenário para o qual ele foi desenvolvido. Por exemplo, D&D 3.x e high fantasy no geral, os títulos de storyteller do Antigo Mundo das Trevas e Castelo Falkenstein. Em se tratando de Reinos de Ferro, que mais do que conseguiu passar o clima do cenário já nas regras de D&D 3.x, acredito que o resultado deve ser, no mínimo, muito bom.
Como autor, qual é seu método de trabalho para escrever?
Anotar idéias, organizá-las, estudar seus entornos, escrever. Revisar, reescrever, revisar, reorganizar, estudar, reescrever, revisar. Conversar com outras pessoas, analisar sob diferentes perspectivas, confrontar com material existente, revisar, estudar e reescrever. Reconhecer quando está ruim, jogar tudo fora, recomeçar quase do zero. Reorganizar, reescrever, revisar. Estudar. Tentar aceitar que já está bom e suficiente e parar de escrever. Voltar a pensar no resultado dali a algum tempo e refletir. Lapidar aqui e ali. Terminar. Ou não. Aceitar quando outras pessoas dizem que já está pronto. Partir para um novo projeto.
Vamos falar da Dragonslayer. Como está sendo sua experiência como editor-assistente de uma revista? Quais os desafios de escrever e editar a única revista de RPG nas bancas atualmente?
É uma experiência muito positiva e interessante. Eu venho de um background acadêmico, onde a redação de textos (livros, capítulos, artigos, prefácios, material de aula, etc.) é muito diferente da abordagem usada na imprensa e na indústria do entretenimento no geral; é muito mais circunspeto, indireto, frio e menos “descolado” e divertido. É bom ter mais liberdade ao escrever.
O maior desafio em cada DragonSlayer sempre é escolher aqueles tópicos que mais vão agradar aos leitores, e tratá-los da maneira que serão mais úteis para eles. E a gente aprendeu muito com as nossas revistas em 2009, o que é um ponto forte e muito favorável: apesar de acertar na maioria das matérias, a abordagem às vezes não foi a melhor (Hellsing foi um sucesso mesmo sem nenhuma ficha ou estatística de personagem, enquanto Transformers gerou alguns comentários negativos exatamente por trazer muitas fichas e estatísticas). Mas acho que isso agora já é passado, aprendizado, experiência. Crescemos muito no e com o último ano, principalmente no que tange a produção da DragonSlayer (o que acaba espalhando-se para outros trabalhos, como títulos de outras linhas: livros-jogos, Tormenta RPG, 3D&T Alpha e seus respectivos suplementos).
Eu gostaria de ter mais tempo para viajar e prestigiar eventos de RPG ou eventos que envolvam RPG em outras cidades e estados, porque acho importante o contato com o público. Por natureza eu sou uma pessoa que prefere ouvir a falar, e aprendo com cada coisa que escuto (ou tento tirar o melhor possível do que li ou ouvi). Então gostaria de ouvir mais o nosso público, encontrá-lo e conversar cara-a-cara. Eu acompanho os fóruns da Jambô e o e-mail da DragonSlayer com muita atenção (além do .20, Área Cinza e outros), e gostaria de dizer aqui que sim, vocês são ouvidos. A gente presta atenção em vocês. Mas entrem em contato direto conosco pelo e-mail da revista, deixem-nos saber o que vocês pensam, o que vocês querem. Não basta apenas postar uma dúvida ou um comentário no fórum; se você quer expor suas idéias para a gente, diretamente para a gente, escreva para o e-mail da DragonSlayer. Nós não podemos — e não vamos — pegar o seu tópico ou post em um fórum e colocá-lo na revista. Uma das mudanças que a gente quer para a DS em 2010 é aumentar os Encontros Aleatórios de duas para quatro páginas, para aumentar a participação do leitor. Temos um bom feedback, mas queremos mais — escrevam para a gente, pessoal!
Aproveitando para tentar conseguir uma palinha: e a Dragonslayer 29, já dá para revelar alguns detalhes?
Bom, acho que o .20 já abordou tudo o que eu poderia falar sobre a DragonSlayer 29 por enquanto… Mas, extrapolando um pouquinho, vamos lá.
O Paladino está finalmente de volta ao lugar de onde nunca deveria ter saído: os Encontros Aleatórios. Allansia apresenta a primeira parte de uma matéria sobre o continente mais badalado dos livros-jogos da série Fighting Fantasy, com regras para a criação de personagens e muito, muito material para situar aventuras e campanhas (as regras são as mesmas usadas nos livros-jogos, com adendos). Claymore traz regras para jogar com as bruxas de olhos prateados deste excelente mangá, ou para incluí-las em seus jogos (com regras para D&D 3.x e 3D&T Alpha). Chefe de Fase apresenta a ficha de um dos mais importantes generais de Tapista e do Império de Tauron: Abelardus, da Legião do Inverno. Já a Gazeta do Reinado talvez seja uma das mais mornas dos últimos tempos, com notas mais gerais sobre os eventos pós-Guerras Táuricas, mas importante assim mesmo, Para o olho mais clínico, costura com eventos de O Terceiro Deus. De matérias, é isso. As colunas seguem com a força de sempre e, como sempre, acredito que vão agradar.
Entrevista legal.
Só espero que os tapistanos não sejam transformados em vilões, nesse novo suplemento.
Parabéns pela entrevista Nume. Sem rodeios, bem direta.
E parabéns ao Gustavo, pela dedicação e empenho que tem demonstrado ao longo desse curto período que estamos acompanhando o trabalho dele, da Jambô, DragonSlayer!
Gostaria de ver aqui no .20 uma entrevista com o Guilherme e o Rafael da Jambô. Os caras estão mostrando com trabalho sério que é possível crescer num mercado tão pequeno como é o de RPG no Brasil.
Novamente, parabéns!
Capaz de eu fazer essa entrevista quando for a Porto Alegre em maio, quem sabe?
Agora vou te falar, abrir a .20 de madrugada e topar com uma foto do Brauner dando sustinho nos outros é cruel…:D
Eu jurava que vocês tinham entrevistado o Ozzy
Que fotinho gay, hein, Gustavo?
Ei, nada de sujar o nome das fotos gay, cara-pálida! Foto gay alguma seria tão descuidada nos quesitos Hair & Make-up e Styling. Ah, e teríamos também fotos de underwear, com direito a poses homoeróticas e corpo besuntado de óleo — com toda a produção gravitando em torno do tema "300 de Esparta," por duas razões: primeiro, pelo elo temático com Tapista e seus minos militaristas; segundo, por ser o filme mais homoerótico dos últimos anos. Maquilagem no abdômen é super gay, vai por mim.
Ok, então qual é o termo que eu uso para designar essa foto do Gustavo? Gay mal-produzido? 😛
Concordo plenamente com o Shido!
Gatoooooo! ui.
Não jogo 3d&t, mas… o que será que tão aprontando pra ele? Fiquei curioso…
E os minos vão se tornar vilões mesmo, ao que parece… =/ (eu ainda to tentando engolir esta história das guerras tauricas…)
E A DRAGONS SLAYER É MUITO CARA!! 😀
No mais, parabens pela entrevista. A Editora Jambo ta cada vez mostrando mais a sua competencia ^^
Desculpe… o nome da revista é Dragon Slayer ^^
Camarada, os minos *escravizam pessoas*. Ou seja, foram vilões desde sempre.
Curioso também. Enquanto o Manual do Aventureiro já está no cronograma… espero que seja algo realmente inusitado!
.-= Último post no blog de Cavaleiro de Ornitorrinco: 1ª Promoção Defensora =-.
"Camarada, os minos *escravizam pessoas*. Ou seja, foram vilões desde sempre. "
Só se você considerar isso de uma ótica extremamente maniqueísta.
Não, trata-se de uma óptica que considera os *detalhes* — escravidão não é algo abstrato, mas repleto de detalhezinhos sórdidos.
Recomendo o artigo do Valberto sobre o assunto:http://valberto.wordpress.com/2010/03/02/a-escrav…
Não consigo ver como tirar liberdade dos outros de maneira forçosa e tratá-los como mercadorias pode ser bom.
Tem coisas que não existe discussão – é ruim e pronto. Relativização moral é legal, mas tem seus limites.
Não discordo com nenhum de vocês que escravidão é algo ruim, aliás, pior que isso eu diria. O que eu quis dizer é que não dá pra generalizar essa idéia de vilão pra todo minotauro. Você pode generalizar isso para a sociedade deles como um todo , mas dentro dela sempre há aqueles que não concordam com o sistema vigente.
Não estava relativizando a questão moral. Não façam críticas à algo que eu não disse e não penso. Eu conheço como o sistema escravista funciona, inclusive os detalhezinhos sórdidos que você citou. Sem dúvida que algo assim não pode ser justificado, muito menos visto como algo bom! Só me incomoda essa generalização de "os minatauros foram vilões desde sempre". Nem todos sao assim. Penso que deve haver aqueles que não concordam com a escravidão e a repudiam. Escravidão sempre me pareceu uma opção da sociedade de Tapista, e não uma característica inerente à raça como um todo.
Escravisão é ruim no paradigma atual. Era perfeitamente legal no mundo todo à uns cento e cinquenta anos atrás, e isso durou milhares de ano dessa forma. Detalhezinhos sórdidos ou não, partidos políticos também são uma coisa sórdida e maligna, mas são perfeitamente legais – como politicagem em geral. Assim como petróleo, cuja extração destrói completamente o planeta e mesmo assim é perfeitamente legal. Pense assim: Do ponto de vista de uma criatura ligada à natureza (como um fauno, ent ou centauro) nossa civilização é altamente maligna, porque destrói o meio ambiente.
Pense assim: Do mesmo modo que os minotauros são "maus" porque escravisam pessoas, os povos civilizados são "maus" porque derrubam madeira. Só que a gente não se acha "mau" por matar plantas, assim como os miotauros não vêem nada errado na escravidão.
Note que, embora nós não sejamos capazes de nos comunicarmos com plantas, em muitos cenários de RPG existem criaturas capazes de fazê-lo, até mesmo como forma básica de comunicação (há uma imensidão de criaturas vegetais em todos os RPGs por aí), mas os povos civilizados dos mundos de RPG nunca são vistos como vilões genocidas – que é exatamente o que eles devem ser para muitas criaturas vegetais- simplesmente porque nós não vemos o cenário do ponto de vista deles, mas do nosso.
E tudo uma simples questão de ponto de vista.
Excelente entrevista. Espero esse suplemento ansiosamente – junto com o Área de Tormenta e os romances, deve ser o que mais muda o cenário globalmente.
Só faltou abordar um ponto que tem causado choradeiras há um bom tempo no fórum da Jambô: o fato dos minotauros terem feito tudo o que fizeram sem terem nenhum problema, como se os autores estivessem protegendo os chifrudos, e o fato disso tudo não ser muito crível (normalmente, nada em Tormenta corre suavemente e sem problemas, hahaha).
A pergunta é: existirá no livro a descrição de eventuais derrotas, contratempos e demais problemas que Tapista encontrou em sua campanha de dominação? Não se faz uma campanha militar desse tamanho sem que haja eventuais problemas para os exércitos e até para o próprio Império, que deve ter visto seus cofres e recursos secarem em tempo recorde no processo de equipar, organizar, treinar e manter as tropas esse tempo todo que durou a guerra.
"A pergunta é: existirá no livro a descrição de eventuais derrotas, contratempos e demais problemas que Tapista encontrou em sua campanha de dominação? Não se faz uma campanha militar desse tamanho sem que haja eventuais problemas para os exércitos e até para o próprio Império, que deve ter visto seus cofres e recursos secarem em tempo recorde no processo de equipar, organizar, treinar e manter as tropas esse tempo todo que durou a guerra. "
Acrescento à isso o fato de a economia do reinado estar abalada. Pelo menos alguns reinos devem ter falido, como foi o caso de Bielefeld, que quase foi à bancarrota pagando os magos de Wynlla. Reino que aliás não deve ir bem das pernas com todo o dinheiro gasto construindo o Coridrian pra parar Mestre Arsenal. Também há os que foram dizimados pelo dragão da Tormenta, e, me corrijam se estou errada, acho que Tapista se inclui entre eles.
Todas esses acontecimentos teriam um impacto grave não só em todo reinado, mas em Tapista também, já que o reino não me parece uma ilha econômica. Com toda a certeza os minotauros sentiram o desfalque as suas finanças devido a depressão econômica no resto da Arton.
Sei que o fato de o reinado estar debilitado economicamente o tornaria um alvo fácil. Entretando, Tapista está na mesma situação, sendo, pelo menos ao meu ver, bastante complicado mover uma guerra total e conquistar o reinado nessas condições.
Também me fiz a mesma pergunta que o Meks, pois, como ele disse, equipar um exército e manter uma guerra é algo extremamente caro. Queria saber se isso vai ser levado em consideração como sendo um dos problemas enfrentados pelos minotauros durante as guerras táuricas e na descrição da atual situação do reinado.
Com toda certeza esse movimento todo em torno de Tormenta é algo muito bom e positivo… mas estou meio com inveja do M&M ter sido jogado meio de lado… os RdF… bem vou ficar quieto até sair o novo RPG dele nos EUA ou seja a não ser que a Jambô faça tradução simultânea com a Privateer Press só em 2012 o novo RdF por aqui em português… :'(:'(:'(
Gustavo, minha sugestão de fã para que, em vez de traduzir livros-jogo que ja foram antes traduzidos para portugues e podem ser comprados pela internet, traduzir antes livros-jogo fantasticos que NUNCA foram traduzidos como por ex: o rugido do lobisomem, o portal do mal, o dragão da noite, etc…