Peças Sobre um Mapa
? Por Douglas Seacat
Esta história serve como um epílogo para a Trilogia do Fogo das Bruxas e refere-se a certos eventos que acontecem em A Legião das Almas Perdidas. Aqueles que planejam jogar a Trilogia Fogo das Bruxas ou aqueles que ainda não completaram sua aventura podem querer esperar antes de ler “Peças Sobre um Mapa”.
Em Caspia, capital do Reino de Cygnar – 2 semanas após a Batalha de Corvis…
O Rei Leto Raelthorne olhou-se rapidamente no espelho, ajustando suas vestes reais, certificando-se que sua coroa estava colocada apropriadamente em sua testa, e permitiu ao escudeiro prender a espada de seus ancestrais ao seu cinto. O pesado cetro da liderança foi então colocado em suas mãos, um símbolo vistoso que o Rei Leto preferia deixar de lado exceto nas mais formais das ocasiões. Este conselho de guerra qualificava-se, facilmente, como uma destas ocasiões.
Já fazia agora próximo de uma década desde que Raelthorne o Jovem tinha pego a coroa de seu corrupto irmão, e estes anos não haviam sido gentis tanto para o rei quanto para a terra de Cygnar, que ele governava. A face que o encarava de volta no espelho não era mais o jovem que ele esperava achar ali, mas as aparência marcada de um monarca aproximando-se da meia idade. Ainda que tivesse um porte forte, e fosse um homem bonito, com cabelos negros agora mostrando lampejos de cinza. Dizia-se que Leto tinha mais de sua mãe na aparência, que tinha sido uma rainha bela, enquanto o cruel Vinter era mais como seu pai com ângulos afiados e olhos perfurantes. Ambos os irmãos se mostraram hábeis no campo de batalha, aptos com arma e cavalo, mas foi Vinter quem tornou-se o mestre espadachim, e Leto quem gastou suas horas na biblioteca, a estudar junto do tesouro ancestral de Caspia em pergaminhos e tomos.
“Devemos, sua Majestade?” Foi o Capitão Renard da guarda real, um pequeno e rijo velho guerreiro que havia sido o professor de armas de Leto quando este era um jovem garoto. “Eles estão esperando.”
O rei virou-se do espelho e sinalizou, avisando um servo para abrir as portas da sua suíte então ele poderia fazer seu caminho para a sala dos mapas. Uma pequena comitiva o acompanhou, incluindo sua guarda pessoal, numerosos servos, e vários jovens escudeiros, os filhos de nobres importantes de Cygnar. Apesar de inicialmente desconfortável com tais enfeites, Rei Leto estava bastante acostumado com sua presença e raramente os percebia mais.
Ele foi positivamente surpreso em ver uma face familiar esperando polidamente do outro lado da porta. Parou para abraçar o velho homem que esperou por ele. “Arius! Esteve esperando muito? Pensei que já estivesse na sala dos mapas.” Os homens perto deles empertigaram-se, mas permaneceram quietos, desconfortáveis como sempre com a falta de formalidade entre estes dois grandes homens.
O Primarca Arius respodeu, sua voz profunda e rica tanto com autoridade e afeição paternal, “Pensei se poderia acompanhar você, se não se importar.” O Primarca estava vestido de forma relativamente simples, Como era seu habito quando visitava o palácio real. Como a mais alta autoridade na Igreja de Morrow, esperava-se que estivesse no Sancteum todo o tempo, guardado por um pequeno exército de paladinos, monges e outros padres. Por protocolo ele deveria mandar um Exarca para o palácio no seu lugar, mas Arius não era do tipo que deixava outros falar por ele, particularmente com o Rei Leto, seu pupilo favorito e um grande amigo.
O rei também preocupa-se sobre o hábito do Primarca em deixar a proteção do Sancteum. Mas ele também foi capaz de perceber as duas pessoas próximas que permaneciam em atenção, respeitosamente mantendo distância mas sempre alertas. Um era um cavaleiro em armadura de placas brilhante, sua sobrecasaca decorada com o símbolo de Morrow, uma pesada espada longa presa em suas costas. A outra em contraste aparentava ser uma noviça, uma mulher vestida em um simples mas (pristine) robe branco, sua cabeça escanhoada no estilo dos monges, sem carregar nenhuma arma aparente consigo. Ambos eram da mesma idade que Rei Leto, suas faces marcadas mas seus corpos fortes e saudáveis. O homem de armadura era Sir Gordan Mathis, o mais aclamado espadachim dos Cavaleiros do Profeta, um paladino de grande renome. A outra era a Irmã Dashell, uma monja da Ordem da Manutenção e defensora jurada do Primarca. Estes dois acompanhavam o Primarca onde quer que fosse e podiam sacrificar suas vidas para salvá-lo de qualquer ferimento. Em sua companhia, o grande sacerdote estava melhor protegido do que se estivesse sendo vigiado por mais de cem soldados. Os dois fizeram reverências profundas para o rei e ele sinalizou com um sorriso.
O Primarca passou os olhos sobre o Rei Leto com olhos críticos enquanto eles caminhavam para o salão, seguidos por sua comitiva. “Não está parecendo que você tem comido bem. Ou dormido muito.”
O rei soltou uma horrível risada reprimida. “Tenho tido muito o que pensar e sem tempo para dormir. Ou comer.”
“Desculpe por ter trazido tão problemáticas notícias.” Os dois haviam se encontrado privadamente na última tarde e conversado muito.
“Você fez certo em vir, e este conselho é necessário. Com todos os seus planos receio que meus conselheiros algumas vezes perdem a visão do todo. E mesmo eu sempre esperei que o dever deles era me aconselhar, não o contrário.” Como esperado o Primarca nada falou, preferindo evitar tópicos políticos, ou pelo menos pretendente desinteresse. O Rei leto sorriu ironicamente. “Eu suponho que o Exordeum não aprovou sua vinda até aqui?”
“Se eles soubessem disto, não aprovariam. Não, eles me pediram para manter toda a história com a Igreja, mas é claro. Eles querem investigações, uma entrevista completa com o sacerdote que testemunhou tudo, e assim por diante. Estarão ocupados durante meses tentando decidir se devem ou não acreditar, independentemente das provas que lhes são apresentadas.”
“Você acredita nesta testemunha então? Prelado de Corvis, é isso?”
“Sim, e logo será Alto Prelado de Corvis se eu puder dizer algo sobre isso.” Foi uma declaração ridícula, dada sua autoridade. Mas Arius era hábil em deixar as pessoas à vontade, e sobre seu sorriso caloroso e maneiras amigáveis era fácil acreditar na ilusão que ele não detinha metade do poder que atualmente tinha. “Ele é um bom homem, tem passado por diversas provações difíceis ultimamente… Eu também tenho confirmação de uma fonte superior.”
Rei Leto ficou em silêncio sobre isso, sentido-se intimidado, apesar de si mesmo; o velho sacerdote algumas vezes tinha contato direto com Morrow e os agentes divinos do deus. Como os Primarcas antes dele, Arius havia sido escolhido pessoalmente por Morrow, por uma manifestação de Arcontes, e era o maior servo mortal do deus. O rei conteve-se do impulso de fazer um gesto de respeito sagrado. Um rei deve ser piedoso, mas não supersticioso, como Arius em pessoa havia instruído Leto quando era um jovem príncipe.
A câmara dos mapas não era longe dos seus aposentos, e muitos bem armados guardas reais veteranos guardavam a entrada. Com a chegada da comitiva, estes homens curvaram-se profundamente e abriram as portas da câmara para seu rei. Dentro da grande sala circular os outros membros do conselho de guerra já estavam presentes, reunidos em torno da enorme mesa central e seu mapa dos reinos. Outros mapas decoravam as paredes entre espessas estandes de livros. A sala estava bem iluminada a partir de janelas engenhosamente trabalhadas no teto e ao longo das paredes, projetadas para focalizar a luz sobre a mesa. Uma dúzia de confortáveis cadeiras cercavam a mesa do mapa central – ainda que poucos daqueles presentes estavam sentados, preferindo ficar de pé e conversar com os outros.
Muitas das discussões terminaram com a entrada do rei, exceto para o Mestre de Guerra General Turpin e o Alto Magus Calster, que estavam muito concentrados em uma disputa para notar. O mago da corte estava fumando, sua mão fechada sobre o símbolo da Ordem Fraternal que pendia de uma fina corrente ao redor de seu pescoço. “Eu não me importo com o que Larson da Academia Estratégica lhe disse, nós estamos produzindo córtices tão rápido podemos sem sacrificarmos qualidade. Encantar um córtex é um pouco mais complicado do que preparar pólvora explosiva.”
O Mestre de Guerra lhe devolveu uma carranca. “Assim você diz, como você aumentou os preços pela quinta vez em dez anos! Não importa que é o nosso exército que protege você e permite que continuem a estuprar nossos cofres com impunidade. Nós precisamos produzir mais gigantes, e se você não pode convenser seus pares a fazê-lo, e a preços melhores, nós podemos ter que achar outras soluções.”
O Alto Magus fez uma careta. “Do que você está acusando a Ordem Fraternal? Traição, ou ser bons homens de negócios? Eu sirvo ao trono primeiro, Mestre de Guerra. Devo avisá-lo para relembrar isto. Sobre encontrar outras soluções, boa sorte. Tenho certeza que os Lordes Cinzentos de Khador irão lhe fazer preços maravilhosos.”
Os dois homens nunca concordavam, e o Rei Leto suspeitava que eles secretamente gostavam de achar desculpas para discordar. Finalmente eles notaram o silêncio e viraram-se envergonhados para encontrar seu soberano, curvaram-se e desculparam-se.
Rei Leto sinalizou graciosamente, observando-os com olhos afiados. Ele notou que eles inadvertidamente encaravam diretamente o Primarca e seus guarda-costas. O choque e a indignação eram claros mesmo que suas expressões rapidamente mudassem para sorrisos de boas vindas. Este era a primeira vez que o Primarca havia sido chamado para tal encontro, então a surpresa podia ser esperada. Nem mesmo os nobres e comerciantes mais influentes de Caspia eram chamados para tais conselhos de guerra.
Mestre de Guerra Turpin parecia particularmente desconfortável, seus olhos indo freneticamente para o mapa dos reinos sobre a mesa central. Rei Leto era perspicaz em julgar as pessoas, e ele sabia que o velho general queria nada mais que retirar os marcadores do mapa antes que o Primarca pudesse examiná-los. Sobre o mapa havia muitas peças esculpidas e pintadas em madeira, representando a disposição do exército e marinha de Cygnar, assim como a dos outros reinos. Turpin era um homem religioso, mas ele sabia que o Primarca não jurava fidelidade a Cygnar. Mesmo que o Sancteum fosse protegido pelas muralhas de Caspia, era governado por si mesmo, e o Primarca servia uma igreja que dominava os reinos, mesmo aqueles fomentadores da guerra sedentos de sangue em Khador. Esta paranóia era uma da razões que o Mestre da Guerra também ficava desconfortável com o mago da corte, cuja Ordem Fraternal era uma organização internacional, ainda que sem influência em Khador. Apesar da sua tendência em presumir o pior das pessoas, Mestre de Guerra Turpin era um grande líder e um estrategista confiável. Ele não era conhecido por sua ingenuidade, mas ele manteve as fronteiras de Cygnar seguras por muitos anos e lutou pessoalmente em muitas batalhas importantes.
Para dar ao seu conselho tempo para acostumarem-se, Rei Leto apresento-os ao Primarca, apesar que ele suspeitava que o sacerdote já conhecia seus nomes, e muito provavelmente suas opiniões também. Leto foi informado pelo General Batedor que a rede de inteligência da Igreja era três vezes maior e duas vezes mais eficiente que a sua própria.
“Primarca Arius, este é o Mestre de Guerra General Turpin, alto comandante das nossas forças terrestres. Acredito que já se conheçam.”
O Mestre de Guerra inclinou-se. “Sua Santidade, é um prazer inesperado. Nós nos conhecemos, apenas brevemente no último Festival da Ascenção.”
O rei indicou o mago. “Este é o Alto Magus Calster da Ordem Fraternal da Magia, servindo mais habilmente como mago da corte e meu especialista em todas as coisas arcanas.” Suas trocas de gentilezas foi perfeitamente polida, mas o Rei Leto sentiu tensão. Primarca Arius não era particularmente um amante de magos, exceto por aqueles que servem a Ordem da Iluminação – que tem vínculos com a Igreja. O Primarca havia tentado persuadir o rei para escolher alguém desta ordem como seu mago da corte, mas o Rei Leto havia recusado. Apesar de um amor por ouro, o Alto Magus era um mago brilhante e um conselheiro devotado, talvez mesmo o homem mais inteligente com quem o Rei Leto havia se aliado. Ele também não tinha medo de falar sua opinião não importando as conseqüências políticas, uma características que Leto valorizava.
Em seguida, o rei virou-se para um velho homem, um dos poucos que estavam sentados. “Este é nosso Navarca, Govan Trent, alto almirante das nossas forças no mar.” O Navarca estava fora de forma, e não mais era o veterano de mente afiada que tinha sido, e verdade seja dita, ele já havia passado da hora de ser sucedido por seu mais capaz subordinado, Almirante Wassal. O Navarca piscou e envesgou para o Primarca, levantando com dificuldade de sua cadeira para executar uma dolorida reverência. Rei Leto teria proferido que o Almirante Wassal estivesse ali, mas não houve tempo de convocar o homem do seu dever a bordo da nau capitânia.
“E eu não acredito que você tenha conhecido o General Batedor Rebald, antigamente um Cavaleiro da Vigília de Portão Alto, antes de eu o promover ao seu dever atual. Notório por liderar patrulhas particularmente longas e dolorosas ao sul da Muralha da Serpente. Dizem que os rangers de Portão Alto ainda temem dizer seu nome.” Rei Leto piscou para o ranger, por quem ele tinha genuína afeição. Rebald estava vestido com seus típico traje negro, carregando poucas jóias ou condecorações militares, um hábito que não o tornava querido a outros membros do conselho de guerra ou a corte real. Oficialmente o General Batedor supervisionava as várias companhias de batedores e rangers do reino e coletava relatórios do exército e mercenários. Ao contrário do Mestre de Guerra e do Navarca, não havia vastos exércitos ou frotas sobre seu controle. Não oficialmente, no entanto, ele era o mestre espião de Cygnar, e supervisionava sua rede de informação. Era seu trabalho manter o rei a par de quaisquer acontecimentos importantes no reino e além.
“Por último nós temos o Lorde Tesoureiro Corumny, cujo aperto sobre a corda da bolsa do reino faz dele o mais poderoso e temido homem aqui presente.” Corumny corou a este cumprimento e balançou a cabeça, cumprimentando o Primarca com um gaguejar nervoso. Ele era o mais novo e jovem membro do conselho, tendo sido apontado para o posto apenas dois anos antes depois de ter herdado o Baronato de seu pai com a idade de vinte e oito. A inclusão do tesoureiro nas suas reuniões era outra fonte de discórdia, mas Rei Leto havia achado-o um observador astuto e possuidor de uma percepção e bom senso incomuns. Ele era um jovem letrado que havia sido alçado àquela posição quando seu irmão mais velho morreu em uma enboscada de bandidos fora de Cabo Bourne. Rei Leto sentia alguma afinidade e simpatia por ele, havendo “perdido” seu próprio irmão mais velho, ainda que de uma maneira muito pior; um irmão que havia aparentemente retornado como um fantasma para assombrar o reinado de Leto e trazer a ele problemas intermináveis.
Rei Leto desfez-se dessa ruminação melancólica e olhou em volta da mesa e daqueles sentados ali. Eles eram todos bons homens, completamente leais ao trono e aos melhores interesses de Cygnar, mas Leto tinha ainda que forjá-los para serem uma coesiva e cooperativa unidade que suavemente trabalhasse para a defesa do reino. Eles eram muito propensos a discussões, insegurança e complacência – todas qualidades que poderiam colocar Cygnar em perigo se não puderem ser colocadas de lado.
Também presentes estavam um certo número de assistentes para cada homem importante, incluindo muitos membros de alta patente do exército e da marinha, ficando respeitosamente atrás do Mestre de Guerra e do Navarca. O Alto Magus era assistido por um dos seus mais confiáveis protegidos, ele mesmo um notável e admirável mago. Ainda assim nenhum destes homens e mulheres era parte do conselho, e eles estavam apenas presentes para providenciar informação e responder questões colocadas a eles por seus superiores. Eles haviam feito juramentos de segredo e sabiam que suas vidas poderiam ser ceifadas se qualquer sinal de que aquelas discussões haviam sido referenciadas fora daquela câmara.
Rei Leto limpou sua garganta. “Tenho certeza que vocês estão perguntando-se porque o Primarca foi chamado a comparecer. Na verdade esta reunião foi sua idéia, e ele traz notícias de grave importância.” O rei sinalizou para o sacerdote e sentou-se, indicando aos outros para fazer o mesmo.
O Primarca dirigiu-se ao conselho reunido; “Isto tem a ver com o recente assalto sobre Corvis, sobre o qual imagino tem sido um pesado item em suas discussões aqui. Trago tanto boas quanto más notícias.”
Os membros do conselho mostraram uma aparência preocupada, por concordar que o estado da cidade sitiada havia sido a última crise a consumi-los, particularmente como havia sido preciso um tempo precioso para a notícia da invasão chegar tão ao sul em Caspia, e ainda mais tempo para eles mandarem ajuda. Todavia que todos os homens presentes eram inteligentes e rápidos de raciocínio, e eles imediatamente perguntaram-se como o Primarca poderia ter trazido a eles notícias relacionadas com acontecimentos tão longínquos. Mesmo os melhores adivinhadores da Ordem Fraternal se mostraram não confiáveis na melhor das hipóteses.
“Primeiro, a boa. Corvis foi liberada e está livre mais uma vez.” Isto prontamente provocou uma explosão de sussurros aliviados. Mestre de Guerra Turpin esta claramente aliviado, apesar de suspeitar que isto tenha sido trazido para eles pelo Primarca e não pela sua própria cadeia de comando. Primarca Arius continuou uma vez que o barulho cessou. “Os danos para a cidade foram consideráveis, mas ela vai se recuperar. Eu recomendo fortemente a vocês considerar aumentar as guarnições lá, já que elas eram completamente inadequadas durante o assalto. A Igreja irá mandar alguma força armada e vários gigantes-de-guerra para proteger a congregação local, que foi diretamente atacada e aparentemente um foco da agressão.”
Aqueles homens não estavam acostumados a serem instruídos sobre o que deveriam fazer, mas o sentimento de poder e autoridade vindos do Primarca era palpável, e cada homem presente achou difícil permanecer indignado. Era significante que a Igreja estivesse chegando tão longe ao norte com seu próprio braço militar, algo não facilmente feito.
O Primarca continuou. “Agora, a má. Os rumores de que Vinter Raelthorne IV estava liderando a invasão são verdadeiros. Tenho certeza que suas próprias fontes tenham atualmente confirmado isto. Apesar da invasão ter sido rechaçada, nossas adivinhações revelaram que ele ainda vive, assim como fugiu mais uma vez dentro das Planícies da Pedra Sangrenta.”
O Alto Magus Calster sinalizou. “Posso confirmar que está vivo. Nós estivemos procurando por ele todos os dias, apesar de bem defendido, nós saberíamos se tivesse morrido. Esta mesma manhã fui capaz de sentir sua presença, apesar de não o que estava fazendo.”
O Mestre de Guerra limpou sua garganta. “Bem, você diz que fugiu sem nada, e seu exército foi destruído, presumo? Tal revés vai esperançosamente neutralizá-lo até que consiga achar mais ajuda. Nós tomamos medidas tais que ele não irá achar qualquer companhia mercenária aceitando levar sua flâmula, não importando quanto ouro ele ofereça.”
O Primarca levantou uma sobrancelha. “Ele não era servido por mercenários, Mestre de Guerra. Achava que sabia que os invasores eram de uma estranha e não familiar raça, chamada de Skorne.”
O Mestre de Guerra parecia desconfortável. “Nossos relatórios iniciais do ataque a Corvis não eram muito detalhados e tinham a marca do pânico. Tais boatos são usualmente sem sentido. Metade dos ataques dos bárbaros das Planícies ao longo do Rio Negro são descritos como infernais saindo dos intestinos de Urcaen para despedaçar almas e comer criancinhas. Algumas faces pintadas, armas primitivas e couros sangrentos são suficientes para intimidar mesmo soldados veteranos para fora da razão às vezes.”
Rebald falou em seguida. “Suspeito que eles não são simples rumores, Mestre de Guerra. Estes assim chamados Skorne são reais, temo. Nossos batedores tem visto eles recentemente nas profundezas das Planícies, mesmo que em pequenos números, e rapidamente desapareçam nas dunas. Eles pareciam ser um povo primitivo, similares aos remanescentes bárbaros sem religião das areias. Não tínhamos idéia de que poderiam ser encontrados em tais números, nem que se pode comunicar-se com sucesso com eles.”
O Primarca retirou uma bolsa de pergaminhos de suas vestimentas, e desfraldou uma peça de pergaminho sobre a mesa, sendo cuidadoso para não mexer nos marcadores sobre o mapa. Era um habilidoso desenho rascunhado de uma face estranha, com pele rija esticada sobre ossos afiados, um crânio largo e careca, orelhas pontudas e uma boca com lábios puxados para trás para mostrar dentes afiados. Não havia dúvida que a face era inumana. “Eles não são primitivos, como descobrimos, mas sim membros de uma civilização avançada com magia e armas não-familiares a sua disposição. Eles também tem o suporte de bestas de guerra treinadas. Amostras de suas armas e armaduras estão a caminho, mas ouvi que são de excelente qualidade.” Ele pôs vários outros rascunhos sobre a mesa, mostrando tanto armas quanto vários animais desconhecidos.
O Mestre de Guerra tocou um dos desenhos com um dedo, seus olhos alarmados. “Onde conseguiu isto? E sua outra informação?”
“Uma carta foi despachada imediatamente pelo Prelado local, que se envolveu ativamente na defesa da cidade. Ele é conhecido por ser um hábil pesquisador e historiador, e trabalhou junto de um notável professor da Universidade de Corvis em interrogar vários Skorne capturados.”
O General Batedor olhou para cima. “Professor Pendrake?”
“Sim, ele mesmo.”
Rebald assentiu. “Um bom ranger, duro como couro de bota velha e feroz como um gorax.” Ele notou as expressões questionadoras dos outros e deu de ombros. “Ele é um professor de zoologia na Universidade de Corvis, mas gasta a maior parte do seu temo caçando monstros e escrevendo livros. É muito bom em figurar o que faz uma funcionar. Eu acredito em suas teorias sobre os Skorne.
Mestre de Guerra Turpin estava chocado, encarando o rascunho a sua frente. “Definitivamente não houve tempo para nosso exército chegar a Corvis. E as forças despachadas de Fort Falk eram insuficientes e também atrasadas.”
O Primarca sinalizou aprovando a dedução. “Exato, Mestre de Guerra. Corvis não foi salva pelo seu exército.”
“Como então? Você acabou de tomar as dores de nos informar que a cidade não era adequadamente defendida.” Frustou-se o Mestre de Guerra.
O Primarca parou e falou com convicção, “Foi a mão de Morrow que salvou Corvis. Nada menos.”
Eles todos ficaram em silêncio chocado, absorvendo aquela incrível declaração. Rei Leto observou suas faces, com descrença forçada e maravilhamento. Foi por esta razão que havia chamado o Primarca a reunião em pessoa. Fossem estas mesmas palavras sido ditas por qualquer outro sacerdote, eles provavelmente teriam sido recebidas com escárnio e desaprovação.
O Navarca Trent falou primeiro, piscando confuso para o Primarca. “Você quer dizer simbolicamente?”
“Bastante literal. Nós não tivemos tempo para investigar apropriadamente, mas parece muito como se Corvis foi salva por intervenção miraculosa. Parece que uma profecia com três séculos de idade foi cumprida, e apenas pela vigilância e graça de Morrow o povo de Corvis foi salvo da escravidão e massacre. Nós vivemos em uma era fantástica, e ninguém de nosso clero foi capaz de antecipar tal evento.”
“Com todo o devido respeito, Sua Santidade,” o Alto Magus falava devagar, dúvida preenchendo sua voz, “isto é uma coisa fantástica a se dizer. Poderia explicar?”
O Primarca Arius circulou devagar a sala enquanto falava. “Nem todos os detalhes foram obtidos ainda, e estou certo que iremos montar as peças deste mistério por anos ainda. Mas havia uma profecia escrita no ano 295, quando um Arconte de Morrow manifestou-se. O arconte apareceu para um sobrevivente de um grande massacre. Ele ordenou que uma tumba deveria ser criada para acomodar os corpos de um exército derrotado em serviço do Rei Maligant. Acredito não precisar explicar esta parte da história, já que os problemas de seu reinado e eventual queda são bem conhecidos.” Os homens reunidos indicaram sua concordância, por todos os presentes serem bem versados em história cygnara e conhecerem a história deste particularmente atribulado rei e seus desafios contra a Rainha Cherise de Khador e os bárbaros Tharn da Floresta dos Espinhos.
Nós nunca entendemos porque estes homens derrotados foram enterrados com honra especial.” o Primarca continuou. “Nem porque eles mereceram uma manifestação da vontade de Morrow. Mas parece que ele foram colocados lá apenas para os eventos que ocorreram em Corvis, eventos que são frustantes em suas ramificações. Pois que os corpos deste exército derrotado ergueram-se e andaram pela força de um poder profano, ainda que servindo o bem maior. E então aos mortos foi dada a chance de redenção por suas falhas passadas, e seu conhecido horror contra os vivos foi trazido a Corvis contra os invasores e conseguiram destruir os Skorne. Um milagre muito estranho, mas um milagre sem dúvida, e o cumprimento de uma profecia complicada.” Ele então respondeu as outras questões rapidamente, da melhor maneira possível baseado no relatório que havia recebido sobre a espada Fogo das Bruxas e então esquecida tumba. A carta do Prelado de Corvis relatava como um admirável bando de heróis havia conseguido resolver a profecia junto da própria sobrinha do sacerdote, aí então salvando a cidade após todos os esforços de seus habitantes terem falhado.
“Nós devemos recompensar estes indivíduos por seus esforços em ajudar o reino,” Rei Leto mencionou para aprovação geral. Ele virou-se para um membro da sua comitiva. “Escreva uma carta para ser enviada ao norte para eles. Aqueles que desejarem fazer os juramentos serão feitos honoráveis Cavaleiros de Cygnar.”
Rebald balançou a cabeça a isto. “Ah sim, o velho ‘honoráveis Cavaleiros de Cygnar.’” Ele riu-se, até ser calado por um olhar de reprovação do Rei Leto.
“Ser um Cavaleiro de Cygnar não é pequena honra, Sir Rebald, nem o é a cerimônia dada.”
“Claro, sua majestade.” Rebald pode sentir que seu soberano não estava para brincadeiras hoje.
Limpando sua garganta, Mestre de Guerra Turpin falou, “Este é a mais maravilhosa seqüência de eventos. Vou enviar ordens para a força que mandamos ao norte para investigar a cidade e certificar-se que a ordem foi restaurada. Presumo que lá haja casualidades, e nós poderemos ter de deixar alguns homens para ajudar a guarda da cidade. Se lá houver quaisquer prisioneiros Skorne vivos ainda em custódia vou pedir que os mandem para cá. Talvez os mortos também, se examiná-los ser de qualquer utilidade. Obrigado por nos trazer estas notícias tão prontamente, Sua Santidade.”
“Mestre de Guerra, você confundiu o proposito desta reunião e a importância da informação do Primarca,” disse o Rei Leto. “Corvis foi salva, mas acredito que nós estamos agora em maior perigo que nunca antes.” Ele parou e então fez a questão que tradicionalmente iniciava uma reunião do conselho de guerra. “Mestre de Guerra, qual é o estado da defesa do reino?”
O Mestre de Guerra Turpin pôs-se de pé orgulhoso. “O reino esta tão seguro e forte como sempre, Sua Majestade. Nossos exércitos estão prontos. Nossas fronteiras estão seguras. A… insurreição em Corvis era meu principal ponto de preocupação. Mas ao que parece esta ameaça não mais existe.” Ele consultou algumas notas a sua frente. “Nós recentemente aposentamos vários dúzias de gigantes-à-vapor velhos, muitos deles atualmente descomissionados. O grosso destes gigantes foi comprado para uso de Ceryl, que tem necessidade deles. Nós estamos em negociações com a Ordem Fraternal para produzir córtices para substituir os gigantes fora de linha com novos.” O Mestre de Guerra lançou um olhar gélido para o Alto Magus, então continuou. “Nós também estamos orgulhosos do sucesso da nossa nova armadura mekânicamente melhorada, e estamos planejando enviar vários trajes para Forte Falk para ver como eles funcionam no campo…”
“Mestre de Guerra, espere.” Rei Leto levantou uma mão para parar o relatório. “Você diz que o reino está seguro, ainda que tenha diante de você rascunhos de invasores que recentemente capturaram uma das nossas mais importantes cidades. Invasores liderados por meu irmão em uma tentativa aberta para reclamar seu antigo poder. Preciso lembrá-lo que Vinter permanece vivo e livre, e sem dúvida retornou para seus novos aliados?”
“Mas senhor, seu exército foi esmagado! Esta ameaça está acabada. Qualquer que seja a fonte destes Skorne, eles pensarão duas vezes antes de acreditar novamente nas mentiras e promessas de seu irmão. Agora que estamos cientes deles, espero que eles não achem tão fácil capturar uma das nossas cidades. Nós fomos pegos despreparados…”
O rei subitamente perdeu sua paciência. “Você honestamente acredita que Corvis era o objetivo de Vinter Raelthorne? Ele não é um idiota nem um tolo. Ele iria usar Corvis como uma cabeça-de-praia, estou certo disto. Aquela era a vanguarda de um força de invasão muito maior. Ele esperava segurar a cidade contra nós em um cerco, enquanto trazia outras forças para nos derrubar.”
O Mestre de Guerra corou. “Isto pode ser verdade, senhor. Mas ouça o Primarca. O próprio Morrow favorece Cygnar! Como podemos temer estes Skorne com Morrow nos ajudando diretamente?”
“Morrow nos favoreceu quando os Orgoth invadiram também,” o Alto Magus falou calmamente. “Não esqueça disto. Nós não fomos poupados de séculos de opressão por milagres.”
“Agora você está igualando estes Skorne com os Orgoth?” Turpin escarneceu.
“E porque não? O que nós conhecemos deles, ou de sua civilização? Antes disto nós pensamos não existir nada vivo após as Planícies da Pedra Sangrenta. Claramente Vinter encontrou uma maneira de trazer mil soldados em segurança por um terreno que – em nossa arrogância – achávamos intransponível. Porque não dez mil? Cem mil? Estes Skorne são desejosos de sangue e pilhagem. Claramente eles não sabiam que nós existíamos mais do que nós sabíamos deles… até Vinter cair em seus braços. Agora eles sabem que estamos aqui.”
O Primarca falou inesperadamente, “Eu concordo que esta preocupação é prudente. Estou temeroso não só por Cygnar, mas por todas as pessoas que nossa igreja jurou proteger e servir. Não lhes falei do cumprimento da profecia em Corvis para jogá-los em complacência. Não tenho razão para acreditar que mais milagres estão preparados para nos salvar. O Profeta espera que os homens cuidem de si mesmos, sofram seus próprios desafios e as conseqüências das suas escolhas. Pela Sua sabedoria nós fomos salvos desta vez, nós dando um aviso. Mas isto é tudo que podemos esperar. Eu não seguraria a respiração esperando pelos Arcontes e Ascendidos de Morrow para defender as fronteiras de Cygnar.
“Nossas fronteiras estão defendidas, o Mestre de Guerra insistiu obstinadamente, ainda que com menos confiança.
O Rei Leto levantou e colocou suas mãos sobre a mesa do mapa, seu olhar fixo cuidadosamente estudando os muitos marcadores colocados ali. Ele tocou no grande conglomerado de peças colocado em Caspia, o grosso do exército e marinha Cygnara. Havia um menor mas igualmente impressivo numero no oeste em Portão Alto, vigiando as Ilhas Scharde. Pequenos grupos de peças estavam colocados em Cabo Bourne e Fort Falk, e em vários fortes ao longo do norte da Floresta dos Espinhos. Um número de peças representando guarnições estava em Llael, seu aliado no norte.
Ele encarou seu tesoureiro, que ainda não havia falado. “Lorde Tesoureiro Corumny, ignorando por um momento os desconhecidos Skorne, quais são as três ameaças primárias para Cygnar?” Esta era uma velha tradição no conselho de guerra, usando o membro mais novo como um meio para provar um ponto. Também servia para educar membros novatos e encorajar sua participação.
O jovem barão sabia que estava sendo testado, e limpou sua garganta, passando os olhos pelo mapa. Ele apontou para o norte. “Primeiro, há Khador. Nós estivemos em paz durante anos, mas eles ainda nos consideram rivais e ressentem nossa interferência em suas disputas de fronteira. Sua atual rainha é tão ansiosa por expandir seu controle como aqueles antes dela.”
“Segundo, há o Protetorado de Menoth.” Ele apontou para um pequeno território a leste de Cygnar. “Apesar de nominalmente ainda fazer parte de Cygnar, eles crescem em ousadia e independência a cada ano, e sua força militar cresce da mesma maneira. Eles nos odeiam muito. No mínimo capturariam Caspia se pudessem, e destruiriam o Sancteum de Morrow para substituir ele por monumentos para o velho deus.” Ele lançou um olhar de desculpas para o Primarca, que simplesmente sinalizou para ele continuar. O Primarca estava bem ciente das intenções de Garrick Voyle, líder do Protetorado.
“Por último, há o reino de Cryx. O dragão Lorde Toruk nos observa de perto e com grande paciência. Rumores indicam que ele vem estocando armas e esta pronto para atacar qualquer alvo fácil ao longo da costa oeste. Seus piratas se tornaram cada vez mais agressivos nos últimos anos.”
Navarca Trent murmurou para si mesmo, “Eu gostaria de vê-lo tentar. Nossos navios estão prontos para a serpente.”
O Rei Leto ignorou o Navarca. “Obrigado. Agora, qual é a grande força de cada um destes três potenciais inimigos? E o que está impedindo-os de suas metas?”
O tesoureiro respondeu prontamente, sua voz ganhando confiança. “Para Khador, a força está em seus números e habilidade na guerra convencional. Seu exército é quase tão forte quanto o nosso, sua cavalaria é superior. Nós temos muitos mais gigantes-de-guerra a nossa disposição, porém, e também canhões e atiradores habilidosos. Nós também podemos contar com grande suporte arcano.”
“Então é nosso armamento avançado e conhecimento que os mantêm afastados?”
“Não…” Corumny hesitou. “Eles podem não desejar nos atacar diretamente, isto seria muito difícil, como as guerras passadas provaram. A Floresta dos Espinhos é muito grande como um obstáculo e protege nossa única fronteira compartilhada. De outra maneira eles podem precisar através de Ord ou Llael. Parece mais provável eles tentarem conquistar um destes reinos primeiro antes de se voltarem para nós. A distância os impede, e nossa aliança com Llael. Ord não está formalmente aliado conosco, mas Khador sabe que nós ficaremos parados assistindo eles serem invadidos.”
O Rei Leto sinalizou, satisfeito novamente com seu instinto em trazer o jovem Barão para o conselho. “Continue, por favor.”
“A maior força do Protetorado de Menoth é seu fanatismo. Eles não conhecem seus limites e possuem absoluta convicção de suas ações. Isto faz deles extremamente ferozes em batalha, e nós não encontramos maneiras confiáveis de instigar espiões e aliados entre eles. Seus números são, no entanto, relativamente poucos. Eles carecem de força para tentar um assalto sério contra Caspia, não sem grandes perdas. Eles são muito fracos com suporte arcano mas tem suficientes clérigos prontos para batalha para compensar por isto. Mas eles não podem rivalizar conosco em gigantes-de-guerra, nem canhões, nem armas de fogo.”
“Talvez sozinhos.” Rebald não conseguiu resistir em interromper. “Mas como nós havíamos discutido, nós temos fortes indícios que Khador está suprindo o Protetorado com armas e gigantes-à-vapor. As relações entre estes dois estão se tornando desconfortavelmente quentes. Há fanáticos por Menoth demais em Khador.”
O Rei Leto fez um sinal. “Isto é verdade. Vamos ver isto mais tarde. Continue, Lorde Tesoureiro Corumny.”
“De Cryx nós sabemos menos do que gostaríamos. Sua força? Lorde Toruk por si só é uma força militar única, adorado como um deus por seu povo escravizado. Seus exércitos são bem pequenos, mas apoiados por horrores que nós não podemos pretender compreender. Necromancia em larga escala, talvez laços Infernais também. Vários milhares de bem armados ogruns e trollkin, mais os generais mortos-vivos de Lorde Toruk, acreditamos que eles mesmos são poderosos necromantes no mínimo, talvez pior. Me sinto desconfortável falando sobre Cryx, metade do que nós sabemos pode ser contos de grymkin criados para assustar crianças. Apesar de todas as suas terríveis forças, Lorde Toruk sabe não possuir a força para capturar Cygnar, ou já teria feito isto. Ele tem grande paciência, e parece ser imortal. Tem descansado e esperado por pelo menos mil anos. Pelo quê? Ninguém sabe. Nós temos debatido várias vezes sobre manter uma grande força em Portão Alto, o que é muito caro. Mas o consenso foi que é necessária como uma forma de dissuasão.”
O Rei Leto sorriu para si mesmo nesta frase. O barão era um dos principais membros da sua corte – junto de muitos nobres e guildas de mercadores poderosas – que acreditava haver desperdício de dinheiro em Portão Alto, e que a ameaça de Cryx era superestimada.
“Uma excelente sumariação. Obrigado. Nós estamos em uma posição muito precária agora, e não pretendo insultar você, Mestre de Guerra Turpin, ao dizer que o reino esta em perigo. Você tem feito um excelente trabalho balanceando nossas forças contra essas três ameaças.” Ele fez uma pausa antes de continuar. “Mas já estamos fazendo mágica aqui, e não podemos lidar com outro ingrediente jogado no mistura. Nós estamos atualmente espalhados e fracos. Toda semana ouço nobres e mercadores reclamando sobre taxação, pedindo que reduzamos nossos exércitos desde que estamos em paz. Nossa fronteira norte é atualmente mais fraca do que gostaríamos.”
Ele indicou com um passar das suas mãos as peças espalhadas ao longo da Floresta dos Espinhos, e ainda menores próximas as fronteiras com Ord e Llael, muitas delas centradas em Cabo Bourne. “Nós sabemos muito bem que se Khador pressionar Llael podemos não conseguir pará-los facilmente. Eles podem conseguir capturar o reino antes que possam juntar uma força suficiente para defende-los.” O Rei Leto preencheu sua mão com marcadores de Khador e empilhou-los dentro de Llael.
“O que devemos fazer? Mandar nossos exércitos de Caspia para confrontar Khador?” Ele moveu os marcadores de cisne para fora da capital, empurrando-os para o norte. “Deixando nossa capital aberta para uma invasão do Protetorado?” Sua mão moveu as peças com o símbolo sagrado de Menoth uma pequena distância para juntarem-se em cima de Caspia. Então os moveu de volta. “Ou nós podemos simplesmente não fazer nada, e deixar Llael cair, cortando nosso comércio com Rhul, mas quanto tempo antes de Khador decidir conquistar Ord? Porque você acha que eles estão provendo armas para o Protetorado? Eles nos querem ameaçados em nossas portas dos fundos. Eles querem nossos exércitos temerosos de deixar a capital. Cada dia isto fica pior. Nos temos ouvido os relatórios de Rebald sobre os gigantes-a-vapor sendo produzidos algumas milhas daqui do outro lado do rio em Sul.”
Ele agarrou os marcadores de Portão Alto e moveu-os para o norte. “Ou talvez nós devemos mandar este exército para enfrentar Khador uma vez que tenham feito seu movimento.” Ele seguiu isto com os marcadores da serpente negra de Cryx, colocando-os em Portão Alto. “Devemos tentar Lorde Toruk a conquistar nosso forte ocidental? Uma vez que Portão Alto caia, assim como a passagem pela Muralha da Serpente, seu exército negro poderá passar pelas montanhas para nossa terra-natal.”
O Mestre de Guerra Turpin resmungou. “Nós já passamos por isto antes. Nós conhecemos as ameaças, sua majestade!”
O Rei Leto recolocou os marcadores. “Verdade. E você fez um trabalho admirável lidando com o que você tem. Mas diga-me, se os Skorne decidirem invadirem, com meu irmão – um homem que conhece todas estas coisas – liderando o caminho, como nos o paráramos? Qual exército nós usaremos para vigiar nossa fronteira leste? Forte Falk tem uma guarnição pequena, designada para proteger o comércio fluvial de poucos e espalhados bárbaros do deserto. Qual exército você irá mover para vigiar o leste, ou guarnecer Corvis? Qual inimigo nós devemos provocar a nos atacar primeiro? É preferível pedir para nossa capital ser queimada por fanáticos, ou devemos procurar o exército de um dragão obliterando nossas defesas ocidentais? Você acha que podemos sobreviver a uma guerra em quatro frontes, Mestre de Guerra?”
O velho guerreiro ficou pálido. “Isto não pode chegar a tanto.”
O Rei Leto deixou as implicações se aprofundarem neles, observando àqueles que ele reuniu, todos eles olhando intensamente para o mapa com uma nova perspectiva, vendo vulnerabilidade no lugar de força. Depois de uma pausa suficiente, ele falou novamente, desta vez mais gentilmente. “Agora que nos entendemos apropriadamente nossa posição, quero ouvir o que podemos fazer sobre isso. Precisamos discutir opções e ações. Agora. Antes que haja uma crise. Antes que outra de nossas cidades seja capturada por nossos inimigos. Antes que meu irmão faça seu próximo movimento. Nos não podemos contar com milagres novamente. Quero ouvir todas as idéias, mesmo que radicais.”
Mestre de Guerra Turpin olhou para o Primarca inquieto, então falou com um tom baixo. “Sua majestade, dada a sensibilidade destas discussões para nossos interesses…”
“O Primarca é nosso aliado, e não há necessidade de preocupação sobre a sua presença.” Ele não acrescentou que mesmo se o Primarca fosse mandado embora, a Igreja poderia descobrir a natureza das deliberações. Rebald havia informado ao rei que suspeitava de um dos próprios subordinados do Mestre de Guerra era um informante para o Exarca Sebastian, um dos mais confiáveis amigos do Primarca.
“Eu poderia, sua majestade?” O Primarca pediu polidamente. O rei fez sinal, e o sacerdote falou suavemente para os membros da reunião, “A Igreja de Morrow não serve Cygnar. No entanto esta potencial invasão Skorne é de grande preocupação para nós. Nós não desejamos uma repetição da ocupação Orgoth, e iremos fazer tudo ao nosso alcance para impedir isto. E ainda assim, mesmo sem os Skorne, nossos interesses estão com Cygnar. As ameaças ao seu reino são também ameaças para a Igreja. Mesmo em Khador, que apoia a Igreja, muitos dos problemas tem sua raíz na forte minoria de fiéis menitas lá. São eles quem vem pressionando por apoio militar ao Protetorado. Nós do Sancteum estamos bem cientes da proteção que nos é fornecida pelo bem estar de Cygnar.” Estas palavras pareceram acalmar o velho soldado.
O Navarca Trent falou primeiro. “Sua majestade, sinto que devemos pressionar Ord para uma aliança formal. Eles confiam em nosso apoio tanto quanto Llael, ainda que se recusem a nos reconhecer. Eles continuam a fazer vista grossa para a pirataria de Cryx, e mesmo permitem a estes contrabandistas fazer livre comércio em seus portos! Isto é inaceitável. Sua ilusão de independência nos enfraquece a todos.”
O Mestre de Guerra respondeu, “Ord é muito fraca para nos ajudar, ainda que deva admitir que são covardes e Cryx está ganhando engordando pela sua leniência. Sinto que nossa única opção para dar segurança a nossa capital é uma invasão imediata do Protetorado de Menoth. Nos devemos subjuga-los agora e ensiná-los a lição que falhamos em providenciar no final da guerra civil. Uma vez que sejam subjugados podemos fortalecer nossa fronteira leste.
Rebald balançou sua cabeça. “O Protetorado esta fortemente entrincheirado, Mestre de Guerra. Poderíamos vencer? Sim. Mas a que custo? A perda em vidas seria enorme em ambos os lados. Isto também poderia durar para sempre. Nos poderíamos gastar nossos recursos e ficarmos vulneráveis. Não pense que Lorde Toruk ou Khador irão falhar em agir uma vez que tivermos nos comprometido contra Sul e Imer.” O batedor virou-se para o rei. “Senhor, entendo que é um assunto controverso, mas acredito que devemos considerar a oferta feita a nos pelo Culto de Cyriss. Isto pode nos comprar algum tempo no mínimo.”
Isto foi recebido com silêncio chocado, e mesmo o rei estava surpreso. O contato com estes supostos líderes do culto da relativamente nova religião ainda continuava algo pelo que muitos deles ficavam desconfortáveis. Todos os olhos viraram-se para o Primarca, que parecia curioso mas não furioso ou alarmado. O Rei Leto não havia contado ao velho amigo sobre isto, e não fazia idéia se Arius já sabia.
O Alto Magus Calster foi o primeiro a quebrar o silêncio. “E de que ajuda eles serão? Eles são uma pequena facção religiosa. Muitos atualmente já são leais cidadãos de Cygnar, alguns dos nossos melhores engenheiros são suspeitos de adorar esta deusa. Acredito que seus recursos tem sido exagerados.”
Relald riu-se. “Você tem certeza que não está falando em defesa da Ordem Fraternal e seu monopólio dos córtices?”
O mago fez uma careta. “É verdade que desejo proteger nossos contratos, mas estou aqui para ajudar o trono. Minha lealdade para com o Rei Leto vem primeiro. Sou muito cético em relação a estes cultistas e suas intenções.”
“Nos fomos contatados por agentes do Culto de Cyriss,” O Rei Leto explicou para Arius. “Eles se ofereceram para nos ajudar com tecnologia em troca de certas concessões e reconhecimento. Ao que parece eles tem os meios para um aumento considerável da nossa produção de córtices, e possivelmente fornecer outras armas úteis.” O Rei Leto não mencionou que os cultistas prometeram poderem assassinar várias figuras chaves tanto em Khador quanto no Protetorado. “Seus números não são tão pequenos quanto acreditamos, se Sir Rebald estiver correto. E parece que seu entendimento da mekânica é consideravelmente avançado.”
“Isto parece lógico.” O Primarca concordou neutramente. “Que tipos de concessões?”
“Primariamente reconhecimento como uma religião aceita, e permissão para construir igrejas em Caspia e Ceryl. Também os direitos sobre uma certa porção de terra ao leste de Orvem, que atualmente é inabitada. Nós ainda não havíamos levado sua oferta a sério. Sei que o Exordeum pode se opor fortemente a isto.” Internamente o rei estava irritado com seu General Batedor. O homem não divulgava segredos involuntariamente, e era evidente que tinha abordado o tópico na frente do Primarca como uma aposta deliberada. “Hoje em dia aqueles que adoram esta deusa o fazem muito secretamente, apesar de não termos aprovado quaisquer leis limitando sua liberdade para venerar quaisquer deuses que desejem. Ao mesmo tempo, há um estigma associado com essa religião. Eles não são confiáveis ou apreciados, particularmente por culpa de seus próprios sacerdotes.”
“Isto é verdade,” o Primarca falou cuidadosamente. “Nós pregamos tolerância. Ainda que os adoradores da assim chamada “Donzela das Engrenagens” perturbem muitos dos nossos sacerdotes, particularmente aqueles entre o Caminho Justo. O culto tem muitos segredos, e eles não estão interessados no desenvolvimento da humanidade. Ciência é uma ferramente útil, mas levada a um extremo, é perigosa. Devo aconselhar você a ser cauteloso com eles, Sua Majestade. Eles devem buscar mais do que contaram a você, e eles sempre tem objetivos secretos. Nem você pode saber se irão cumprir seus compromissos.
O rei suspirou. “Não confio neles também. Mas pedi por todas as idéias aqui. Pensar em acordos com este culto francamente me dá arrepios. Mas talvez nos podemos arranjar um encontro e ouvir os detalhes da oferta deles.” Ele fez sinal para o batedor, mas deu-lhe um olhar prometendo que teriam uma conversa em privado sobre isto. “Não acredito que apenas eles poderiam aumentar nossas defesas significantemente, mas um aumento na produção de gigantes-de-guerra é algo a se considerar.” O Mestre de Guerra Turpin relutantemente concordou, enquanto o Alto Magus meditava silenciosamente.
O Primarca estava claramente mais incomodado que sua expressão calma indicava. Ele falou novamente, “Sua Majestade, se isto puder ser possível, gostaria de pedir permissão de comparar a este encontro, ou talvez o Exarca Sebastian em meu lugar. Nós podemos ser úteis em garantir a sinceridade deles.”
O Rei Leto encarou o Primarca silenciosamente por um momento, enquanto as tensões aumentavam. Tal pedido era certamente acima dos limites normalmente concedidos ao clero envolvendo questões políticas. “Talvez,” o Rei Leto permitiu a contragosto, “nos possamos conversar sobre isso quando os detalhes do encontro estiverem definidos. E não quero colocar nem você nem o bom Exarca em risco.”
O Primarca sinalizou graciosamente, e então houve um silêncio desconfortável. Lorde Tesoureiro Corumny abriu sua boca, mas hesitou em falar até que o rei o encarou. “Sua Majestade, pode ser apenas uma breve consideração, mas não esqueça as companhias mercenárias no norte. Seus números em coletivo são consideráveis. Tenho sido freqüentemente visitado por seus vários representantes, e todas as grandes companhias estão ansiosas para entrar em ação.”
“Ansiosas por sangue e dinheiro,” o Mestre de Guerra resmungou, sua face vermelha mais uma vez. “Malditos abutres, não são nada senão bandidos. Nunca nada de bom veio de se lidar com eles.”
O tesoureiro continou, hesitantemente, “Nossos cofres podem pagar por um número considerável de mercenários para suplementar o exército se eles precisarem, apesar de não por um período prolongado. E se a guerra acontecer, eles servirão a alguém. Eles lutarão por nós, ou contra nós. Khador nunca foi relutante em contratar seus serviços, particularmente aqueles em nossas fronteiras.”
“Vilões traidores!” O Mestre de Guerra explodiu.
O Rei Leto levantou uma mão para silenciar o homem, e sinalizou. “Mercenários são muito necessários, se chegar a acontecer uma batalha. Espero que não aconteça. Mantenha-os interessados, Barão Corumny. Quero que eles mantenham-se receptivos a nós. Pode ser prudente contratar uma ou duas das mais valiosas companhias para nos ajudar a patrulhar a fronteira leste, e talvez guarnecer Corvis. Caro, mas irá nos prevenir de reduzir nossos exércitos em Portão Alto ou Caspia.” Ele foi atingido por uma idéia.
“Nós poderíamos gastar o dinheiro para encorajar algumas expedições nas profundezas das Planícies por aqueles todos e gananciosos o suficiente para considerar isto. Acredito que o Mestre de Guerra irá concordar que não devemos arriscar nossos próprios soldados para esse fim?”
A esta idéia o Mestre de Guerra sorriu levemente, aparentemente gostando do pensamento de enviar mercenários para o deserto mortal. “Seria certamente útil se nós pudéssemos encontrar esta rota que Vinter está usando.”
O rei virou-se para Rebald. “Veja se você consegue mais pessoas nestas companhias, para ouvir por rumores sobre ofertas de Khador e do Protetorado.” Ele permaneceu parado por algum tempo, batendo um dedo sobre a mesa, os olhos pesquisando o mapa em frente a ele. “Também pode ser tempo de ver quão longe podemos levar nossa amizade com Rhul. E se algum destes assuntos pode ser de interesse de Ios.”
“Não parece uma possibilidade,” o Alto Magus suspirou para si mesmo.
O Rei Leto cruzou os braços. “Isto é tudo por enquanto. Obrigado pelo seu tempo.” Ele fez uma reverência para o Primarca. “E pelo seu conselho também, Sua Santidade. Nós iremos nos encotrar novamente, uma vez que tivermos mais informações. Não quero idéia não dita, sem lados deixados inexplorados. Uma vez que decidirmos agir vamos precisar convencer toda a corte, é claro. É possível que nós tenhamos ouvido falar pela última vez dos Skorne, mas mesmo sem eles somos confrontados por três lados por faces hostis. A balança deve mudar, e em nosso favor, ou estamos condenados.” Os outros estavam a sair, e o rei acrescentou casualmente como um caso a parte, “Navarca Trent, Mestre de Guerra Turpin, também peço a vocês que desenhem um plano teórico de invasão de Cryx.”
Todos eles congelaram e encaram o rei como se ele estivesse ficando louco. O Mestre de Guerra falou confuso, “Está falando sério, Sua Majestade?”
“Bastante sério. Apenas uma opção, não fique alarmado. Quero ver isto. Não quer dizer que vamos colocar isto em prática. Como disse, todas as possibilidades devem ser consideradas. Eu espero isto de vocês dois durante a próxima semana. Por favor envolva o Almirante Wassal, e também o ex-Comandante Gollan de Portão Alto, se você puder achar ele. E obrigado por sua lealdade contínua e serviço em nome da coroa.”
O Rei Leto fez uma profunda mesura para eles, e virou-se para sair, juntando o seu passo ao lado do Primarca Arius e piscando para o velho sacerdote com um sorriso leve. Sem saber bem porque, o rei sentia-se jovem novamente, e preenchido com uma excitação que não sentia desde que a coroa havia sido colocada sobre sua testa nove anos antes. Ele podia não desejar batalhas, já que era um homem de paz, mas era tempo para ação. Era a hora de merecer o direito de sentar no trono do maior reino de Immoren.
Nossa só eu encarei texto por hora?
Bem o Texto foi brilhante! Quem escreveu? Você João Paulo?
Bem ao estilo do cenário e já deu muitas idéias!
Hã, quem escreveu foi o Douglas Seacat, como o primeiro parágrafo do conto esclarece. 🙂
É um conto oficial do cenário, disponível no site da Privateer Press lá fora.
Du caraio, essa história me deu várias idéias, mesmo eu mestrando D&D 4E em Faerun. Pode ter certeza que parte desse negócio será aproveitada em futuras aventuras!
Cara, gostei da historia gostaria da liberdade de publica-la no meu blog, se me de um positivo me avisa , que eu com certeza irei publica-la
Opa,
Amigo, dando os devidos créditos, fique a vontade.
Definitivamente esse cenário é muito bom, é o que eu acho mais coeso de todos. Infelizmente não pude ainda mestrar uma campanha nele (meus jogadores são muito frescos), mas ele me dá muitas ideias para o meu próprio mundo. Excelente conto. Traduz mais contos, Nume!
Opa,
Vou me manter traduzindo, Dan. Depois de Um Momento de Silêncio, próximo conto que vai sair na União do Vapor, vou traduzir a série Haley.