O caminho das pedras para ser publicado

Provavelmente não sou o cara mais indicado para a tarefa, eu sei. Aposto que vocês, como eu, levariam um artigo assim muito mais a sério vindo de um cara como o Rocha do Área Cinza ou do Doutor Careca. Mas bem, eu também já publiquei uma coisa ou duas por aí, então acho que também conto, certo? 😉
Mas então, o que você deve estar se perguntando é: será que existe mesmo um caminho das pedras para ser publicado? Bom, existem quatro regrinhas básicas que devem ser seguidas, se quiser se dar bem e não acabar virando um troll da internet porque não reconheceram tua genialidade genial.
1. Seja educado
Básico do básico. Nessa regrinha você pode incluir escrever todos os seus e-mails com o melhor português possível. Nada de miguxês e internetês, pelo amor do Cristo. E tenha paciência com o processo às vezes demorado de publicação. E se o editor lhe disser para reescrever alguma coisa e tentar de novo na próxima, então você reescreve e tenta de novo na próxima, sem surto psicótico, por favor.
2. Começe pequeno
Quando for apresentar algo para publicação, esquece aquele projeto de RPG com três básicos capa dura e coloridos ou de uma matéria em doze partes de vinte páginas para a revista de RPG, por favor. Grandes projetos são para grandes escritores, com vários livros publicados (e que vendam bem), não para você. Você pode começar escrevendo uma resenha, uma classe de prestígio ou um NPC.
3. Aprenda
Toda vez que você submeter alguma coisa a um editor, sendo publicado ou não, vai aprender alguma coisa sobre escrever, o mercado editorial ou sobre o RPG. Às vezes sobre os três. Isso, claro, se você estiver disposto a aprender. Se não estiver, nem tente ser publicado, vá trabalhar com qualquer outra coisa.
4. Preste atenção às tendências editoriais
Cada editora ou publicação tem uma certa linha que costuma seguir. Se você pretende submeter algum material para publicação, esteja atento a essas tendências e tente escrever seu material de acordo, isto te ajuda a não receber um “não é bem o que nós procuramos” dos editores.

João Paulo Francisconi

Amante de literatura e boa comida, autor de Cosa Nostra, coautor do Bestiário de Arton e Só Aventuras Volume 3, autor desde 2008 aqui no RPGista. Algumas pessoas me conhecem como Nume.

Você pode gostar...

13 Resultados

  1. Shin disse:

    Muito legal isso!
    E pode-se usar o mesmo conceito em qualquer coisa.
    1- Seja educado
    2- Aprenda a dar pequenos passos para depois correr.
    3- Veja o outro lado da moeda, e não apenas o seu.
    4- Saiba o que o mercado quer, afinal o produto é para pessoas e não para sí proprio.
    Acredito que isso são minhas visões a respeito dos 4 pontos abordados.
    Abraços

  2. Tek disse:

    Usando como exemplo um material que publiquei (a resenha do True20 na DS#9), ela demorou bastante para sair como saiu. Na época o editor era o Marcelo Wendel, e foi uma (não tão) longa troca de e-mails com as versões do texto, até a versão final. E, acreditem, ainda houve uma "versão do editor" do texto, porque ele deu uns ajustes finais para obter o texto que saiu na revista.
    Só para saberem, apesar de conhecer ele de antes disso, uma vez comentei que estava lendo o True20 e que ele era muito legal, daí os caras falaram pra eu fazer uma resenha dele porque se ficasse legal poderiam publicar na revista. Foi uma ótima experiência, recomendo a todos.

  3. Filipi disse:

    Como o Shin disse, é o básico para praticamente qualquer carreira profissional. Pena que ainda tem muita gente boa, que escreve bem e tal, mas ignora o número 4….

  4. rsemente disse:

    Muito legal, apesar de não mostrar exatamente o caminho das pedras, e sim dar dicas sobre como trafegar.
    Olhando para o que o Filipi falou, as vezes, dependendo do seu objetivo, publicar uma coisa independente, escrever para o mercado não é mais importante, e sim mostrar seu trabalho, quase como uma forma de arte (é bonito, legal, mas ninguém usa).
    Claro que pro RPG isso nunca trará dinheiro de fato (RPG não é quadro :P).

    • Saoki disse:

      Não que pintar quadros de dinheiro, don't believe the hype.
      Mas realmente, muita gente quer apenas escrever seus livros e publicar independente, sem nada de grandes distribuições e grandes editoras. RPG é hobby, escrever RPG muitas vezes também é hobby.
      Sobre a dica 4, só posso dizer que a tendência editorial mais geral é não enviar material não solicitado. Não importa se a editora iria adorar o cenário que você escreveu, pergunte se eles tem interesse em publicar um cenário escrito por brasileiro antes. Muita editora por aqui só publica edição traduzida, outras só publicam material nacional que vá vender com certeza (isso se chama plano de mercado).

  5. Rafael disse:

    Um conselho bacana que eu aprendi com o Marcelo Del Debbio é: "editoras publicam livros, e não idéias" Muitas vezes recebemos contatos do tipo "Tenho uma idéia ótima, vocês querem publicar?". Infelizmente, salvo rarissimas exceções, a editora não podem abraçar a idéia de um iniciante e conduzí-lo até o final do trabalho. O autor tem que ter alguma coisa já feita para a editora analizar.
    Assim, fica a dica. Quando forem enviar um trabalho para uma editora tenham o trabalho finalizado ou, no caso de uma proposta de texto, pelo menos um projeto/plano da obra, incluindo um trecho (ou uma amostra de algum outra trabalho de vocês).
    Lembrem-se: o mercado editorial está sempre a procura do próximo Monte Cook ou da próxima J. K. Howling 🙂

    • Cassaro disse:

      Todo mundo sabe a história sobre o gênio ser 1% inspiração, 99% transpiração.
      Como o Rafa disse, nenhuma editora publica ideias — porque uma ideia sozinha não é nada. Não existe. Uma ideia só toma forma e só tem valor se EXECUTADA.
      Ideias, qualquer um pode ter. EXECUTAR uma ideia, no entanto, exige tempo, esforço e/ou dinheiro. Por isso há tanta gente querendo apenas "dar ideias", esperando que outra pessoa tenha o trabalho de torná-las reais.
      Também perdi a conta de quantas pessoas me procuraram com alguma "ideia" para uma aventura, artigo, acessório… Quando gostava da ideia, em geral eu respondia: "Legal! Pode escrever, se ficar bom eu aceito!" E a pessoa nunca mais dava notícias.
      Pode parecer esquisito, mas ter uma ideia não é tão importante quanto executar bem essa ideia. E no caso de RPG, é preciso saber escrever bem, ter domínio do sistema de jogo, entender o público-alvo, e ter tempo e disposição para trabalhar na obra, entre outras coisas.

  6. Tiago Lobo disse:

    Eu acho tremendamente errado escrever qualquer coisa pensando, somente, em publicação.
    Não que esperar que seu material seja publicado esteja errado, na minha opinião, mas produzir alguma coisa só pra isso, quando você não está inserido no mercado, me parece um erro. E pelo menos pra mim, ver um material publicado não despertou tanta satisfação quanto eu imaginava que aconteceria.
    Então eu sempre digo por aí: escreva por prazer, publicação é uma feliz consequência (se o trabalho for bom).

  7. Tiago Lobo disse:

    "Todo mundo sabe a história sobre o gênio ser 1% inspiração, 99% transpiração".
    Fato, uma vez na redação onde eu trabalhava ouvi do meu editor: talento não passa de esforço.

Deixe uma resposta