Não existe crise

Um grande portal brasileiro de RPG veio a público recentemente anunciar uma diminuição do número de posts diários em razão de uma suposta crise que se estende desde 2005 no mercado de RPG mundial. Certo. Sei. Me acompanhem.

Gen Con 2008 was a great weekend for Paizo! We sold every copy we brought of both the Pathfinder RPG Beta and the Pathfinder Chronicles Campaign Setting; we won 8 ENnie awards, including Best Publisher; we successfully kicked off our Pathfinder Society organized play campaign; we had great receptions at our convention panels; and we debuted a bunch of exclusive products that we’re now pleased to offer to paizo.com customers!

A Paizo vendeu todo o seu estoque do seu novo sistema e do seu novo cenário. Venceu 8 ENnie’s e lançou seu jogo organizado em grande estilo. Que crise, hein? Calma, tem mais, muito mais!
Eu acho que todo mundo já sabe que o D&D 4E tá vendendo feito água, né? Bom, se não sabem fiquem sabendo que além de não sair da lista de top selling da Amazon, ele ainda esgotou tudo o que a Wizards levou para a Gen Con. A mesma Gen Con onde a Paizo esgotou dois dos seus produtos, veja bem.
Aqui no Brasil, a Devir promete a 4E ainda para este ano. Menos de seis meses após seu lançamento nos EUA. Nem durante a febre da 3E o jogo chegou tão rápido por aqui. Não bastasse isso, a Jambô Editora vem lançando dezenas de títulos nos últimos três anos, e ainda promete expandir ainda mais as suas linhas ainda esse ano!
Ah, mas isso é só na esfera do D&D/OGL, pode dizer o rpgista desavisado que está lendo essas linhas. Não mesmo.
A White Wolf está indo muito bem, obrigado, lá fora. Inclusive esgotando o novo Hunter: The Vigil já na pre-order para a Amazon. Sim, o livro esgotou antes de ser lançado. Além disso, a empresa vem lançando mais e mais livros básicos e suplementos para suas novas linhas. Eita crise boa, onde Changeling: The Lost pode ser o mais vendido, hein?
No Brasil, temos até mesmo novas editoras no mercado, como a Cozinha do Inferno e sua bomba atômica, o Seres do Inferno (provavelmente o pior livro de RPG de todos os tempos, superando o antigo Angus RPG) e a Caladwin, que tem duas linhas de produtos e três títulos lançados apesar de seu pouco tempo de vida!
E como se não bastasse, enquanto esse grande portal diminui seus posts diários, sites muito menores aumentam essa quantidade! Além disso, a blogosfera de RPG, inexistente até então, finalmente nasceu e começou a se organizar, promovendo um encontro de Blogs dentro do EIRPG e contando até mesmo com um genial agregador chamado RPG Brasil. E para finalizar, temos a Área RPG, que com 20% dos membros do referido portal tem picos de mensagens muito maiores ao mesmo.
Aí, meu amigo, depois dessa enchurrada de informação eu te pergunto: existe crise no mercado de RPG? E eu mesmo respondo: não existe crise alguma!
O que realmente existe é incompetência. Por que nada justifica que em tempos de bonança no mercado como esses um portal daquele tamanho esteja em declínio.

João Paulo Francisconi

Amante de literatura e boa comida, autor de Cosa Nostra, coautor do Bestiário de Arton e Só Aventuras Volume 3, autor desde 2008 aqui no RPGista. Algumas pessoas me conhecem como Nume.

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15 Resultados

  1. valberto disse:

    Crise existe. Crise de competência. Em áeas bem localizadas, diga-se de passagem.

  2. Veio disse:

    Cara, desde que jogo RPG, e isso faz um bom tempo, o mercado sempre esteve em crise… E eu digo: Dá um tempo!
    Tá na hora de descartar essa desculpinha esfarrapada e inventarem outra maneira de fazer o pessoal comprar seus produtos. Ficar na chantagem emocional com o consumidor já deu no saco!
    Bom post cara!

  3. Pois é, isso que eu nem falei que até mesmo o dono desse portal conseguiu lançar dois livros em menos de um ano por duas editoras diferentes. Eita crise boa, sô!
    Eu só espero que essa crise dure mais dez anos.

  4. Ziderich disse:

    “Em tempos de crise, uns choram e outros vendem lenços”
    Essa história da crise foi a desculpa encontrada pra justificar (e que não justifica) a cagada-mór feita com a Dragão Brasil. O jeito agora é morrer dizendo que há uma crise, igual aos presidiários que insistem que são inocentes. Nunca houve crise alguma, o que houve foi falta de competência.

  5. Tek disse:

    “Até mesmo o dono desse portal conseguiu lançar dois livros em menos de um ano por duas editoras diferentes”
    Essa frase é minha. E não é um factóide.

  6. Sim, eu roubei sua frase. 🙂

  7. Gun_Hazard disse:

    Dando uma de Advogado do Diabo.
    Não sei se pode se chamar de Crise, já que por prática só tivemos 3 bons momentos (Boom entre 94-96 com a Abril e outras, a onda-vampiro e a onda-d&d3.0).
    Mas eu tô achando as coisas (NO BRASIL) meio que estagnadas.
    Talvez por causa da espectativa pelo lançamento do D&D 4th (que me decepcionou). E pelo fato de termos pouco lançamentos por aqui.
    As Editoras (tirando a Devir) que fazem lançamentos aqui parece (eu disse “parece”) que adotam a técnica de lançar poucas unidades apenas para cobrir os custos de criação, impressão e um pequeno lucro e se a tiragem for boa fazem uma reimpressão que sai mais em conta. (Tática da Daemon se não me engano)
    Nínguém “INVESTE” do crescimento do RPG.
    A Devir que é a maior editora aqui no Brasil, não investe a nível de ampliar o RPG, por mais que critiquem a única editora que ví fazer isto foi a Daemon com a iniciativa do RPGQuest e dos Cadernos de RPG. Não se vende se não colocar seu produto em evidência.
    A Abril investiu em propaganda a Devir Espanhola Investe em propaganda, mas aqui ficamos no boca-a-boca, e por meio de sites especializados.
    Resumindo divulgamos para quem já está procurando algo relacionado.
    Quando alguém reclama que a coisa tá mal todo mundo critica (muitos olhando mais para fora do país do que para dentro), sem olhar os dois lados, um de um mercado realmente estagnado, pois não cresce, ele se desenvolve na fidelidade dos que já estão dentro dele, outro de pessoas que “deveriam” estar interessadas no crescimento do ramo mas que preferem ter seu lucrinho comodo do que investir para colher mais para frente, outro lado é o dos materiais que realmente não vendem por serem ruins, ou mal administrados.
    Ah, já ia esquecendo…
    Tem também os oportunistas da aTormenta, que de forma meio torta fazem a divulgação “deles” utilizando temas que cativam as massas pré-adolescentes-consulmistas para o nosso hobbie, muitas vezes disseminando apenas uma vertente de RPG e colaborando para afastar quem não se identifica com ela.
    (Mas graças a Deus está também perdeu a força.)

  8. Gun, você não leu o que eu escrevi, não acompanha os lançamentos de RPG ou as duas coisas? Poucos lançamentos? No Brasil? Ah, por favor!
    Por que não tenta listar os lançamentos de novos livros e linhas nos últimos três anos para você notar que a única crise que existe é a da competência de algumas pessoas? Aliás, mesmo essas pessoas conseguem lançar livros!
    Francamente, tá parecendo mais que você tá estagnado, não o mercado.

  9. Fabio Sooner disse:

    Eu acho que no Brasil muita gente se prende fácil em uma situação, notícia ou fato, e não consegue sair mesmo quando esta situação, notícia ou fato não corresponde mais à realidade.
    Por exemplo, muito pouca gente em São Paulo sabe que o IBGE já detectou uma tendência de emigração na cidade – isto é, tem mais gente saindo dela do que vindo pra ela nos últimos 5 ou 10 anos – e continua repetindo os mesmos mantras sobre como a cidade fica inchada por conta dos imigrantes e tal e coisa.
    É a mesma coisa com o RPG, na real. E dou um exemplo. Nosso amigo aí que vê uma estagnação no Brasil mencionou a “onda vampiro”. E eu pergunto, qual onda? A de Máscara, há anos atrás, ou a de Réquiem, do ano passado pra cá?
    Porque Réquiem se pagou em três meses (prazo curtíssimo para um RPG se pagar no Brasil) e continua vendendo tranquilamente. E por conta disso a agenda de lançamentos de Mundo das Trevas deste ano pela Devir tinha sete ou oito produtos, número não alcançado em um mesmo ano nem na época de ouro de Máscara. Na prática, um ou dois livros vão atrasar – Lugares Misteriosos já era pra ter saído, se me lembro direito – mas ainda assim é uma aposta que ninguém esperava.
    Enfim, vale a pena dar uma sapeada por aí antes de concluir coisas.

  10. Gun_Hazard disse:

    Bem Nume, realmente neste caso o problema pode ser só no meu circulo de convivência mesmo.
    Dentre meus amigos que estão ligados a RPG nenhum que jogava Vampiro a Mascara migrou para Vampiro o Réquiem, pelo contrario deixaram de jogar qualquer um dos dois. Mesmo o Vampiro o Réquiem tendo vendido tanto como o Fabio falou, eu não ví resultado disto em lugar nenhum.
    Sobre os lançamentos realmente minha frase foi prá lá de infeliz, eu devia ter tentado algo como “poucos lançamentos Marcantes”.
    Dos lançamentos Recentes eu sei que tivemos muita coisa mas os que mais Chamaram a atenção foi realmente a linha nova do Mundo das Trevas, Reinos de Ferro e M&M, sendo este último um verdadeiro Estouro, os demais ficaram meio apagados meio xoxos.
    Praticamente todo mundo que pode está preferindo comprar os livros em inglês por chegar muito mais rápido que as traduções, e por causa da má qualidade de algumas traduções.
    Sobre o restante do meu comentário eu reintero.
    Cadê a renovação?
    Cadê Divulgação?
    Por Exemplo: A Linha antiga do Vampiro levou o RPG a um público diferente expandindo o conceito de RPG, a nova não conseguiu o mesmo efeito “Carismático”.
    Teria sido porque:
    – Falta de divulgação?
    – Falta de Qualidade?
    – Falta de interesse do público-alvo?
    Eu realmente não sei.
    Mas sei que a “Impressão” que eu tenho é que nós que já jogamos, compramos material de RPG (Alimentamos o mercado nacional ao ponto de sobreviver). Quem não joga, não chega nem perto ou por desconhecimento ou por falta de interesse pelo RPG. Nem mesmo a curiosidade de “O que será este Mutantes e Malfeitores que ví fulando falando?”, eu não noto.
    Mas novamente pode ser só um ponto de vista de alguém que conversa ocasionalmente com jogadores de RPG de lugares diferentes e que não tem os numeros das editoras, mas eu vejo não uma crise mas uma estagnação.

  11. Ok, sobre lançamentos “marcantes”, o que isso significa? Vendas, qualidade gráfica e editorial do produto, o interesse provocado pelo jogo no meio ou apenas o seu gosto pessoal?
    Por que eu reparei que você deixou de lado os lançamentos da linha Tormenta. Eu sei que você não gosta, mas os fãs do cenário estão em extase com todos os lançamentos feitos nos últimos três anos. A Jambô publicou mais livros em três anos que a outra editora em mais que o dobro desse período de tempo. E livros há muito esperados e que vem avançando o cenário.
    Outro ponto: quem é, exatamete, esse “todo mundo” que prefere comprar as edições ? de que livros, por sinal? ? em inglês?
    Por que não dá para confiar em uma dúzia e meia de comentários para revelar uma tendência de mercado. Dito isto, leve em conta os seguintes pontos: apenas uma parcela muito pequena dos brasileiros é fluente em inglês ao ponto de ler satisfatoriamente um livro neste idioma. Destes, apenas uma parcela muito pequena tem acesso a cartão de crédito internacional ou a uma importadora. Logo, estas pessoas não formam um público pelo qual vale a pena se orientar quando se pensa no mercado. Em poucas palavras: eles não fazem diferença.
    Agora, eu concordo que há uma “estagnação” no mercado. O que eu quero dizer é que o público não cresceu desde a onda 3D&T ? que você fez questão de esquecer também, vale assinalar. Usando um pouco do jargão de economia: as empresas vem crescendo seguindo a tendência de aumento do consumo visto na economia brasileira desde 2004. No entanto, elas vem crescendo dentro de um mercado potencial que não se alterou desde o 3D&T.
    Por isso você não nota o “carisma” do novo Requiem ou os novos jogadores que ele trouxe: o público potencial dele ainda é o mesmo da Máscara. Góticos, punks e esse pessoal todo, provavelmente com a adição dos emos… O mesmo aconteceu com o 3D&T, ele abriu as portas do RPG para o público do anime e mangá e por isso bombou.
    Mas é claro que essa estagnação não deve durar. O Mutantes & Malfeitores é a maior aposta nesta direção. Ele deve abrir as portas do pessoal dos quadrinhos de super-heróis para o RPG. O maior problema dele, no meu ver, é a divulgação. Claro que propaganda em mais lugares que não os dominados pelos que já compram RPG é o melhor. Mas é aí que chegamos no maior desafio.
    Dinheiro. Uma página de propaganda em uma HQ da Marvel ou DC deve estar, chutando baixo, uns vinte mil reais. Sério. Isso provavelmente é mais do que o que foi gasto em toda a produção do M&M até agora. E é aí ? como disse o Leonel Domingos numa conversa ontem, que chegamos na encruzilhada do Tostines: gastar dinheiro para vender mais ou vender mais para ganhar dinheiro?
    Eu venho tentando ajudar, é claro. Você notou a promoção .20? Está atrelada a uma HQ independente muito boa chamada Muertos, com isso, eu consegui uma chamada no site do artista e chamei mais gente para conhecer o jogo de lá. Não é muito, mas só vai me custar quarenta reais, então o custo-benefício me parece bom.
    P.S: Seu maldito! Acabou com a minha tradição de posts pequenos e concisos! HAHAHA! 😛

  12. Ziderich disse:

    @ Gun
    Você disse uma coisa interessante: a Devir daqui não investe em propaganda. Pelo menos não como deveria. Faz um bom tempo quie eles não fazem um esforço em divulgar suas linhas de RPG de forma expressiva.
    Sim, eu vejo anúncios da Devir na DS, posso citar os lançamentos do Mundo Das Trevas: Vampiro e Lobisomem. Mas a DS, apesar de ser uma revista de RPG, tem como foco o sistema d20, então já é um ponto perdido. E onde mais ele anunciam? Eu, pelo menos, não vejo. Antigamente isso acontecia mais: promoções, sorteios, concursos, apoio a eventos.
    Mas parece que eles estão satisfeitos com os resultados e não pretendem avançar. Pra mim, a maior prova disso é o descaso com que eles tratam os carros chefes da linha de RPG, como o D&D: a terceira reimpressão do D&D (acredito que tenha sido a ultima lançada) veio com erros de revisão muito ruins, que vem desde a primeira impressão.
    Isso é algo simples de ser corrigido e não foi. Fica parecendo que eles lançam o material de qualquer forma, acreditando que o público de costume vá comprar mesmo assim. Na prática um desrespeito ao consumidor, que investe noventa reais num produto, esperando que ele valha a pena e, percebe que o material adquirido poderia ter sido melhor acabado e não foi.

  13. Veio disse:

    Pessoal, acho que o Gun e o Nume acertaram o ponto, foram direto na veia, que é a questão da divulgação. É bem ai, nesta questão que somente vejo a Deamon inovando, e olha que não sou fan da Daemon, mas verdade seja dita eles divulgam seus produtos para um público mais amplo, e isso é bom para eles e bom para a gente que com mais gente conhecendo o Hobby, terá mais gente jogando e nos teremos mais coisa sendo publicada.
    Agora, o paradigma a ser quebrado é perfeitamente demonstrado pela frase que o Nume postou “gastar dinheiro para vender mais ou vender mais para ganhar dinheiro?”. Dae vejo a atitude do Nume, em fazer parceria com os Muertos e tal e fico pensando…”Puxa vida a net é uma blz, tem blogs, site, fóruns de discussão de tudo, inclusive de HQ, bem que as editoras podiam fazer o que o Nume fez, gastar R$ 40,00, e firmar parcerias com esses blogs, sites, fóruns que tem centenas de visitas mês, as vezes diárias…Porque, por Zeus eu rogo, porque as editoras de RPG no Brasil não rompem com essa visão retrograda e aceitam que vão ter que meter a mão no bolso e gastar dinheiro na divulgação de seu produto para ganhar dinheiro com uma venda bem maior, fruto de novos clientes angariados pela divulgação. Tudo que é empresa que agente vê por ai investe em divulgação porque no RPG seria diferente???” *respira, respira fundo com as mãos nos joelhos enquanto olha agoniado aos céus esperando por uma resposta*
    Só se agarrando ao metafísico mesmo pra procurar por uma resposta pra esse posicionamento….ou não.

  14. Gun_Hazard disse:

    Nume uma vez eu fui escurraçado como um cão porque estava rebatendo os comentários do Tipo “Que se dane o mercado nacional porque eu compro livros importados” e usei os mesmo argumentos que voce usou (Nem todo mundo sabe inglês fluente, nem todo mundo tem cartão de crédito internacional, tem poder aquisitivo suficiente para pagar um possivel valor de frete, etc).
    “Marcantes” eu digo no sentido de mobilizar grande número de jogadores, de se tornar referência, etc.
    Fico na espectativa do Lançamento Nacional do D&D 4ª ed (Apesar de eu não ir jogá-lo), um possivel lançamento do pathfinder e quem sabe os E-books da Conclave…
    PS: Eu esqueci a Tormenta e 3D&T por trauma mesmo ambos criaram um bloqueio mental em mim…
    PPS: Acho que por hora é só isto, não tenho mais nada para acrescentar.

  15. jerri witam disse:

    CRISE ESTA NA CABEÇA DAS PESSOAS !

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