Pathfinder no Brasil pela Devir

Na quarta-feira de manhã os boatos começaram a se espalhar pela internet: a Devir Livraria era a editora que havia comprado os direitos de Pathfinder para o Brasil e estaria trabalhando na versão brasileira do livro. De lá para cá tivemos a confirmação da informação, a divulgação do time de produção da versão brasileira e até soubemos em que pé estaria a produção (os quatro primeiros capítulos já estão traduzidos).
Muitas perguntas emergiram de lá para cá: estaria a Devir abandonando D&D? Ou ela pretende manter no mercado dois jogos diretamente concorrentes? (Lembrando que Pathfinder é o primeiro jogo a tirar a supremacia de D&D no mercado de RPG ao enfrentar ele dentro de seu próprio nicho, a fantasia medieval). Quanto custaria o tijolão de 600 páginas coloridas e capa dura? Qual a previsão de lançamento? Até o momento, nenhuma dessas perguntas foi respondida, portanto neste artigo pretendo me focar em algo mais opiniativo. Vou falar sobre o que faria se estivesse no lugar da Devir.
Veja bem, não é que esteja dizendo que o pessoal da Devir não sabe o que está fazendo, mas sim, em face da falta de informações atual, tentando imaginar qual seria o cenário ideal, para mim, para o lançamento da linha no Brasil e, mais importante, sua continuidade.
Em primeiro lugar, não lançaria o módulo básico de Pathfinder. Este seria meu segundo ou terceiro lançamento. Para lançar a linha no Brasil apostaria em outro lançamento: a Beginner Box. Minhas razões para isto são puramente mercadológicas. Sei que Pathfinder é um grande sucesso no exterior, mas quão bem sucedido ele seria no Brasil? Com a Beginner Box tenho duas oportunidades. Poderia testar a temperatura do mercado com um produto menor da linha e criaria uma porta de entrada ao sistema que elevaria a temperatura em volta da linha ao mesmo tempo que serve de termômetro.
Com a temperatura medida e a certeza de que o módulo básico não encalharia, o que seria um desastre considerando o investimento necessário para publicar um livro assim tão grande, começaria então a produção do básico. Ao mesmo tempo produziria um produto menor que funcionaria em conjunto com a Beginner Box e manteria a confiança dos leitores na continuidade da linha (o módulo básico é um livro gigantesco, a produção poderia levar meses, talvez até um ano, para chegar ao lançamento). Provavelmente escolheria algo como o GM Screen ou, se tivesse uma equipe maior, a primeira aventura da série Rise of the Runelords, Burnt Offerings.
A partir daí, com o lançamento do módulo básico, tudo dependeria da resposta em vendas. Mas acho que com essa estratégia é possível sentir com antecedência se vale ou não a pena, por exemplo, desistir de publicar D&D e investir no jogo da Paizo.

João Paulo Francisconi

Amante de literatura e boa comida, autor de Cosa Nostra, coautor do Bestiário de Arton e Só Aventuras Volume 3, autor desde 2008 aqui no RPGista. Algumas pessoas me conhecem como Nume.

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17 Resultados

  1. Aislan Adi disse:

    Engraçado que esta é justamente a estratégia que a Galápagos está utilizando ao trazer o Star Wars – Edge of the Empire.
    Acho que o grande problema dessa estratégia é que o valor pago de adiantamento de licensa refere-se a toda a linha Pathfinder, mas é o que eu acho. Caso seja assim, o pesado do investimento já foi feito de qualquer jeito, então lançar ou não o cramulhão torna-se obrigação. Sem contar que produzir jogos com caixas e dados é difícil no Brasil (salvo a RedBox ninguém consegue) e joga a margem do jogo lá em baixo o que pode ter jogado o lançamento da Beginner Box para segundo plano pela Devir.

    • Opa, faz diferença porque pagar por tradução, diagramação, edição e impressão de livro de 600 páginas coloridas capa dura aos milhares não sai nem um pouco barato.
      Traduzir a Beginner Box custaria bem menos porque são dois livros somando 160 páginas, ambos capa mole, fora que é uma caixa introdutória feita para atrair novos jogadores. Bem mais funcional do que um livrão de 600 páginas.
      E sobre caixas, todo mundo está fazendo: primeiro a Jambô, depois a Redbox e a própria Devir (O Um Anel é uma caixa com dados), diacho, até o Cosa Nostra tem caixa com dados!

      • Álvaro disse:

        “pagar por tradução, diagramação, edição e impressão de livro de 600 páginas coloridas capa dura aos milhares não sai nem um pouco barato”
        Verdade, mas aposto que eles vão pagar pouco pela tradução, diagramação e edição…

      • Leo Lima disse:

        Concordo que a Beginner Box seria uma melhor opção para começar, principalmente por trazer tudo que se precisa para jogar (depois do lançamento do Core ainda vamos ter que esperar um ano pelo bestiário).

  2. BURP disse:

    Não espero exatamente que a estratégia da Devir seja mais do que “enchem o saco sobre esse Pathfinder há tanto tempo, vamos publicar ele.” Se vier a lançar mesmo, né. Ainda to esperando o Arcana Evolved.

  3. Gabriel disse:

    Fico triste em saber que a DEVIR esta com os direitos autorais de um dos RPGs mais famosos do mundo de novo… Justamente pelos Poucos títulos trazidos em função dos investimentos feitos… Na bienal eu conversei com o funcionário do stand e reclamei dos poucos títulos de D&D que foram trazidos pela DEVIR… a desculpa dada o pouco retorno das vendas… Que os brasileiros compram muitos importados e que não recompram o licro depois de lançado em portugues… Pela propria demora da Devir que tem poucos tradutores, que é um processo demorado… etc etc etc… Estamos vendo no mercado outras empresas dando banho com uma equipe talvez até menor… A Devir ta atirando para tudo que é lado e tentando acertar em tudo, quadrinhos, boardgames, cards , RPG, literatura, etc… acho complicado dar atenção ao mercado sem um foco especifico até para alavancar o mercado. A estratégia acima esta perfeita… A CAIXA INTRODUTORIA DE D&D foi o produto que esgotou no stand da Devir… Se é dinheiro que ela quer por que não PENSA e monta uma estratégia de vendas que faça sentido???!!!! Só colecionador de livro vai comprar esse caramalhaço de livro de regras … quem joga mesmo já tem o importado ou em PDF que baixa de Graça na Internet…. Precisamos de sangue novo consumidor … precisamos cativa-los com coisas simples e gostosas de jogar… sem muita regra no inicio… Para depois lançar mais coisa … quando ele estiver fisgado e quiser mais coisa…

  4. Eduardo Lima disse:

    É uma boa e também um tanto controversa a Devir trazer o Pathfinder!. Digo isto pela quantidade de lançamento já dito acima pelo colega Gabriel. Ela começa mais não engrena na sequência de seus produtos!. Vido o novo Mundo das Trevas, que pelo menos sairão os básico e muito pouco coisa. Em D&D os mesmo resultados. Não sou rico e o meu dinheiro não é capim!; mais tenho varios livros importados e quando sai versão nacional compro sem pestanejar!. Espero sucesso da Devir e melhor tratamento nos seus produtos, por que mercado têm!.

    • Nerun disse:

      Eu tenho os dois GURPS Basic Set e os dois GURPS Módulo Básico. Compraria sem problemas. Só não comprei outros em inglês porque esperava a Devir traduzir mais livros. Sou burro mesmo, caí nessa lorota! Fora que a versão nacional de GURPS 4ªed. é um festival de erros!

  5. Ricardo disse:

    O foda é nem a própria Devir confirmou ainda.Não tem nada no site deles.

    • É confiável, já que a divulgação no Facebook vem de empregados da própria empresa, além de confirmação de uma tradutora de Florianópolis de que ela foi sondada pela Devir tão cedo quanto abril para dar início a tradução. E o site da Devir é meio lento para divulgar qualquer coisa mesmo (não se esqueça de que o Guia dos Jogadores de Faêrun foi LANÇADO sem ser divulgado no site da editora, ou em qualquer lugar, para falar a verdade).

  6. ásbel disse:

    Eu queria é saber quando alguém vai lançar o Mouse Guard por aqui…

  7. Guto disse:

    Bom… Até lá, nós publicamos a tradução do sistema aqui: rpg.art.br

  8. Caio Viel disse:

    Well, eu tenho 3 grupos de RPG para os quais mestro Pathfinder com alguma regularidade.
    Um dos grupos é composto por um público universitário, todos com uma larga experiência em Tabletop RPG e com um bom domínio do inglês. Para esse grupo, o Pathfinder em português não fará dirença.
    O segundo grupo é por um público também universitário e com domínio de inglês, porém sem muita vivência com RPGs (fui o primeiro mestre deles e estamos jogando ainda nossa primeira campanha). Não os vejo comprando livros de RPG, nem em inglês nem em português.
    Já o último grupo tem pessoas com experiência em RPGs, porém sem domínio do inglês. Esse grupo certamente vai querer comprar o Pathfinder Pt-Br, e isso vai ser um alívio para mim enquanto mestre, pois não vou precisar ficar explicando todas as regras para eles.
    Pode não parecer, mas o idioma ainda é uma barreira para muita gente.

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