Sobre jogos bons e ruins
Acordei anteontem e encontrei no Twitter um assunto que me estimulou a pensar sobre como enxergamos jogos e sistemas de RPG. A culpa foi do JM Trevisan:
https://twitter.com/JMTrevisan/status/339010089237233664
Consigo entender de onde veio o comentário dele (e discuti bastante a respeito na hora). Mas em última instância, é difícil fazer um julgamento claro do que é um RPG “chato pra caralho” ou “insuportável”. Ora, foi aí que eu entrei na discussão, em defesa de Mago: a Ascensão.
O ponto é que o ato de dizer se um jogo continua bom depois de muitos anos é algo subjetivo, sim, e muito pautado por saudosismo. Não dá pra ser objetivo com elementos que muitas vezes representaram diversão, boas lembranças, epifanias, imaginações. (Na verdade até dá, mas isso certamente exige mais que 140 caracteres).
Mas estou fugindo do que pretendia discutir. Do mesmo modo que a crítica literária é uma ciência que sofre muito com a dificuldade em delimitar seu escopo, penso que criticar RPGs é algo mais complexo que simplesmente usar argumentos simples como “é uma bosta” ou “não envelheceu bem”.
Pensemos em livros “médios” de RPG. Eles costumam trazer idealmente um conjunto de regras, uma (ou mais) ambientações, e instruções sobre como deve rolar um jogo, muitas vezes por meios de exemplos, outras por meio de uma aventura pronta, ou ambos. Mas o que faz um produto de RPG “bom”? Regras enxutas? Regras que cubram todo tipo de situação? Uma ambientação instigante? Um jogo em que você consiga reproduzir a experiência exemplar do livro?
(Note que sequer entramos nos méritos gráficos de um livro de RPG, que pode alçá-lo a “bom”ou “ruim” por uma boa parte dos leitores. Ou vocês acham que GURPS, em suas três primeiras edições, era motivo de chacota só pelas regras?)
Proponho que um jogo seja medido pelo sucesso na reprodução em mesa de jogo daquilo que ele se propõe. Nesse caso, a opinião-estopim do Trevisan é mais do que válida, já que Vampiro: A Máscara realmente era apresentado como um jogo de horror pessoal, mas a própria aventura incluída no módulo básico trazia ferramentas para um sistema centrado em política e intriga. Claro que haverão argumentos do tipo “mas eu jogava um jogo de horror pessoal na minha mesa!”. E eles serão obviamente válidos. Mas a própria empresa que desenvolveu o jogo em algum momento deixou de lado esse conceito, focando-se em hierarquias e jogos de poder.
Mas acho que no final das contas mesmo, não vamos ter como medir um jogo como “bom” ou “ruim”. Eu ainda continuo achando Trinity um RPG excelente. Mesmo tendo o evidente fracasso em vendas, crítica e jogadores do jogo como medida de que ele falhou. Meu grupo continua jogando, continua se divertindo, e eu aprendi que esse é que é um bom objetivo para o RPG: se divertir. Não precisamos elevar o nosso jogo favorito acima dos outros nem desfazer de um jogo em específico porque nossa experiência pessoal com ele foi uma merda. Vamos jogar RPG, e nos divertir. Isso deve ser suficiente.
A imagem de capa é uma foto do meu grupo de Trinity, se divertindo na RPGCon 2010.
Aberrant continua sendo, na minha opinião, um dos melhores títulos da WW. Mago idem. Ótimo artigo.
Eu sempre achei esses jogos fodas em termos de ambientação, e concordo plenamente com o Trevisan ao discernir-se que o sistema storyteller é chato pra caralho, e péssimo ao que se propõe, as vezes penso que se estes titulos surgissem ou ressurgissem hoje com um sistema mais narrativista, estes poderiam vir a ser excelentes, e podem me apedrejar mas acho que se tem uma pessoa nesse país que seria capaz de passar o clima destes jogos para regras seria o John Bogea…
Experimente jogar qualquer um dos titulos usando M&M e as regras de conflito do Mecha & Manga e depois me digam o resultado… =P
Concordo com o Alvaro, o autor, e não com o Trevisan…e olha que gosto do material dele pra Tormenta….mas eu leio o cenário antigo da WW até hoje e curto…apesar de sempre dizer que o tema de Lobisomem é meio simplório, parecido com capitão planeta, numa visão rápida e geral, mas que fica complexo quando nos aproximamos dos detalhes dos personagens e da sociedade deles….se alguém não gosta do sistema ou quer ele mais narrativo é só jogar as regras no lixo e partir pra algo mais narrativo….mas tentar resumir esses cenários a uma palavra é um tanto grosseiro…prefiro quem diz “eu não gosto”. No fim acabo lendo todos, gosto do antigo e do novo WoD, de M&M, rpgs narrativos, Tormenta…e por aí vai. Mas o texto conclui bem, o importante é o pessoal da mesa estar se divertindo.
Para na acontecer isto eu e meus amigos de mesa, jogamos poucos sistemas e alguns criados para certas “Mitologias” raramente a gente troca de sistema e se n gostamos nem tocamos mais neste sistema.
E Tormenta continua sendo um lixo!
Concordo com o Renato, e não trocaria nenhum dos que o Trevisan citou (Vampiro, Lobsomem e Mago) por um livro qualquer de Tormenta.Ele fala isso agora que tá ganhando dinheiro com Tormenta, pois antes falava bem desses RPGs, na extinta Dragão Brasil.
Ah esse fpd do trevisan baba ovo do cassaralho tem moral nenhuma pra falar. Ta todo dia fazendo ogia com traveco com scat com o dinheiro que ganha dos trouxas com tormenta e fica twiitando merda
Ele deveria ter dito “Se EU olhar para trás sem saudosismo”, porque seu colega de revista que também escrevia para a Dragão Brasil, um cara chamado Lalo, escrevia sobre Mago por gostar muito desse RPG, e não como o Trevisan fazia, escrever pura e simplesmente de maneira “profissional”. Trevisan escreveu sobre e até suplemento fez para Vampiro, mas numa edição da própria Dragão Brasil ele veio com essa conversa de que o jogo sempre foi uma enganação. Só se foi uma enganação pra ele que esperava se tornar um vampiro de verdade.