Resenha Dupla – LEDD Vol. 1 & Ditadura No Ar No 1


Disponibilizar a sua própria HQ num site. Conseguir um número significativo de acessos. Transformar o número de acessos em atrativo para anunciantes e a propaganda em um lucro modesto. Vender camisetas, bonequinhos e pelúcias dos seus personagens para os fãs. Com sucesso o suficiente, distribuir através de uma editora ou por meios próprios, uma versão impressa da história. Quem sabe, até mesmo faturar alguns prêmios da crítica especializada.
Essa “fórmula” embora simples, não é nada fácil de ser executada. Exige muito esforço, comprometimento, disciplina e dedicação.
Foi perseguida por alguns autores e blogueiros nacionais, hoje de grande sucesso. Que o diga André Dahmer e o seu Os Malvados!
A maioria das HQs vinculadas a internet no Brasil, entretanto,  ainda se alinham ao mesmo formato: o da tirinha humorística.
Isso provavelmente deixa alguém se perguntando se essa mesma fórmula pode ser aplicada a “sabores” mais variados. Acredito que sim, claro.
Falo hoje aqui de duas corajosas iniciativas quadrinhísticas vinculadas à internet, que se arriscam cada uma a sua maneira, na inovação desse cenário, e também, de suas respectivas versões impressas!
 
LEDD Vol.1 – @JMTrevisan & @LoboBorges
 

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Diferentemente de outros quadrinhos na internet, LEDD era desde o momento de sua criação uma história pensada para o papel. Disponibilizar o trabalho gratuitamente on-line foi, antes de mais nada, uma estratégia anti-pirataria.
O que temos aqui é  praticamente um mangá de aventura produzido no país, e só isso, já o destaca dentre os outros materiais que você encontra por aí, na rede. Sobre o conteúdo do Vol.1 você pode arriscar ouvir meu áudio comentário ou acompanhar os posts que faço aqui no RPGista , periodicamente, quando cada episódio vai ao ar.
Destino esse espaço para falar da versão impressa, o produto bruto e físico que você VAI querer colocar na sua estante!
A capa traz a arte fantástica de Lobo Borges e cores de Rod Reis. A contracapa e as nove páginas iniciais, cores de Alyne Leonel. Gostei de ambas as colorizações tanto as cores vibrantes da capa, como a coloração de aparência artesanal do restante.
O resto segue no preto e branco clássico do mangá e traz ainda 19 páginas de extras com comentários dos autores sobre estudos para personagens e cenários. Destaque para uma pequena amostra de uma das versões originais do roteiro.
Mas a surpresa mais agradável da versão impressa de LEDD, para mim, foi a substituição do formato americano, divulgado pela editora, para o formatinho tradicional dos mangás.
Parafraseando (parafraseando MESMO!) as palavras que ouvi de um dos próprios autores, JM Trevisan , durante o FIQ- BH, parece que os motivos para a mudança foram logísticos, pensando no público a ser atingido. “Com o formato americano iam acabar colocando ao lado de Daytripper. Desse jeito tem sempre chance de que as livrarias ponham a revista junto com os mangás da Panini!”
O que importa mesmo é que ficou bonito, e não vai fazer feio, perto da sua pilha de Narutos e One Pieces!
LEDD. JM Trevisan & Lobo Borges. 144 páginas. R$ 19,90.


Ditadura No Ar #1 – @RaphaFernandes & @Abeloverdrive

 
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Não é de espantar que o gênero humorístico e a tirinha, sejam as escolhas da maioria absoluta de sites de quadrinhos on-line, que possuam certa periodicidade. Afinal, o próprio nome dos quadrinhos, em inglês, vem daí  – “comic strip”.
Esse formato, que era tão adequado para ser lido em jornais, provou-se eficiente também na internet 2.0.
Mas havia nos jornais espaço apenas para o humor? Não. A partir de 1930 surgiram também tirinhas de ação e aventura como Tarzan, As Aventuras de Tintitn, Terry and The Pirates e Steve Canyon.
Qual  não foi  minha surpresa, quando descubro que uma tirinha de natureza similiar também existe na internet, e criada por brasileiros.
“Ditadura No Ar” é um pastiche de filmes noir da década de cinquenta (como já diz o título) , das HQs antigas que já mencionei,  e de uma boa dose daquele marxismo de faculdade que qualquer um que pisou num campus univeristário deve ter presenciado.
Não deixa de haver humor, mas aqui ele é ácido, distribuído em diálogos e há também um “plot” a ser seguido.
O enredo se desenrola durante os anos de chumbo da ditadura militar, no nosso país, e acompanha a jornada de Félix Panta, um fotógrafo descendente de italianos, para libertar Lenina, uma mimada e belíssima estudante “comunista de boutique” por quem está apaixonado, e que foi presa durante uma manifestação política.
As tirinhas são postadas  regularmente no blog Contraversão.
A versão impressa, feita e distribuída de maneira independente, vem em um formato que lembra um gibizinho da Disney ou da Turma da Mônica. São poucas tirinhas no 1º número (as 7 iniciais), o que leva desejar que os autores façam futuramente uma versão encadernada com a história completa.
Ainda assim a arte de Abel é muito bonita. A sensação é de estar lendo um Dylan Dog com cores.
Por míseros R$ 4,00 é uma aquisição válida pra quem gosta de colecionar esse tipo de coisa, ou para quem simplesmente queira dar uma força e prestigiar o trabalho dos caras.
Diatadura no Ar. Raphael Fernandes e Rafael “Abel” Vasconcelos. 19 páginas. R$ 4,00.

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