Old Dragon Day 2011 – Conto dos Personagens Oficiais
Para que conste nos registros, o sistema Old Dragon completa hoje, dia 03/11, um ano desde que foi lançado. E toda a equipe que trabalha nos bastidores do sistema preparou uma série de materiais muito bacanas para o Old Dragon Day, um evento de jogo organizado com várias mesas em todo o país. Infelizmente, não poderei jogar no dia 05, entretanto, também dei meu jeito de aproveitar os cinco personagens prontos disponibilizados pela alma por detrás de toda a identidade visual do jogo, o Dan Ramos.
Uma “homenagem” bem singela minha para todos os envolvidos. E que o sistema OD seja como os velhos dragões, que ficam cada vez mais fortes conforme os anos passam.
Conto – Velho Dragão
Quando o grito de ira de Evendur ecoou pela campina, Isiscarus instintivamente buscou abrigo no alto da pedra solitária que fornecia a única sombra sob o sol abrasador do meio dia. A escalada rápida não apresentava para ele desafio maior, os dedos minúsculos de halfling encontrando pontos de apoio impossíveis. Mas o calor, este sim, estava prestes a dobrá-lo. Nem o mais fino fio de brisa soprava ali, e sua camisa, aberta ao peito, colava no suor das costas.
Haviam marchado desde a aurora através da mata de galhos secos levantando a poeira do chão ressecado. Caminhavam poupando as três mulas que adquiriram no vilarejo de Ponte de Pedra para a carga dos equipamentos e para o transporte das mulheres. Melina, a silenciosa maga do grupo, não pareceu satisfeita a princípio por trocar a bela égua presente de um amante em Torre’alta por aquele animal ossudo. Mas conforme o sol subia nos céus sem afetar o trote manso, agradecia intimamente por ter uma vez mais engolido seu orgulho.
Também havia sido o orgulho de Dorgauth que de certa forma restringiu o número de animais adquiridos para um número inferior ao de membros da comitiva. O anão jamais aceitaria montar em qualquer coisa maior do que seu próprio machado. Evendur achou graça da teimosia furiosa do pequeno robusto, de tal forma que também recusou-se. Não havia pressa, de qualquer maneira. O covil de dragão que desejavam explorar estava abandonado há séculos, um dia ou dois a mais de marcha não fariam diferença. Acompanharia o amigo pelo caminho pedregoso. O próprio Isiscarus teria aceitado a montaria de bom grado, mas havia gasto todo seu ouro com prostitutas e vinho. Teria que caminhar quer quisesse, quer não.
A batalha havia fugido da mente do halfling por alguns instantes, dando lugar a uma série de lembranças desconexas, e ele cuspira por isso, nervoso. Divagara pelo tempo em que o urro do guerreiro morria na garganta, e foi suficiente para que sangue fosse derramado, que vidas fossem ceifadas e que as armas de seus amigos rendidos caíssem soltas ao chão. O suficiente para que as coisas se tornassem ainda piores e fugissem totalmente de seu controle.
A sacerdotiza Eledriel estava ferida, com o braço delicado virado para trás, seguro nas mãos de um imenso gnoll. A criatura peluda com quase dois metros de altura sorria um riso nervoso, doentio. Moscados revoavam sob o couro imundo, e um fio de saliva morna escorria pelas presas muito acima da cabeça da elfa, gotejando em seu cabelo cor de ouro. Ela chorava, soluçando, a face marcada pela dor. Isso parecia incitar o monstro a virar seu pulso ainda mais.
Um grupo de oito daqueles bichos haviam atacado. Caíram sobre eles tão logo apearam dos animais, buscando o descanso adiado sob a sombra daquela pedra. Os dois primeiros monstros morreram pelo machado de Dorgauth, e outros três caíram pela espada de Evendur. Melina havia feito alguma coisa com a mente dos demais, algo tão terrível que os colocou em fuga. Mas havia um último, o maior e mais feroz. E o desespero da criatura o fez usar a mais frágil dentre eles como refém.
Eledriel era vital para o grupo. A única capaz de curar as feridas do corpo e da alma. O rosto de menina escondia a fé de uma mulher feita. Não só nos deuses, mas principalmente em seus companheiros. Acreditava piamente em seus amigos. Os olhos lacrimejantes ergueram-se por um segundo e enfim encontraram o semblante de Isiscarus. Um aceno único. Confiança.
O halfling não se podia dar o luxo de errar. Segurou uma de suas facas pela ponta da lâmina, e do alto da pedra, fez mira. Nem mesmo o inseto que pousou irritante sobre seus lábios roubou sua concentração. Era o seu alvo. Era seu momento de brilhar. Uma gota de suor desceu por sua testa, escorreu por sua face e caiu pelo queixo. Só então atirou. A faca cruzou o ar num silêncio surdo, uma flecha de prata cortando o espaço entre ambos.
Preciso, como sempre.
Direto no olho direito. O monstro tombou sem jamais saber como fora atingido.
– Será que com isso consegui uma carona em sua mula, Eledriel? – questionou o ladino com um sorriso faceiro no rosto pequeno. A clériga, que deixava que as energias curativas dos deuses fizessem seu trabalho no ombro ferido, sorriu em concordância. Ele de fato havia feito por merecer.
Tá vendo que Isiscarus PalmoGrande sempre faz por merecer!!! =D