Resultado do concurso Secular Games
E hoje foi anunciado o resultado do Concurso Faça Você Mesmo de Criação de Jogos promovido pela Secular Games:
É isso pessoal, encerramos o Concurso Faça Você Mesmo de Criação de Jogos e tivemos um empate técnico: Abismo Infinito e Onírica ficaram empatados em primeiro lugar, ambos com nota 9,0, seguidos de perto pelo Meu Brinquedo Preferido em terceiro e a EMPRESA LTDA em quarto! Nosso interesse é que os dois jogos vencedores sejam publicados e discutiremos com os autores acerca desta possibilidade, então não se surpreendam se daqui um tempo trombarem com uma imagem de capa deles circulando por aí ok?
Quem acompanhou o ciclo de avaliações sabe que tivemos jogos muito bons e que os ganhadores realmente merecem seu lugar no pódio.
Mais do que as congratulações, acredito que os organizadores merecem sobretudo nosso agradecimento. Além de tomarem a iniciativa, houve muito cuidado e boa vontade na leitura e avaliação dos quase trinta jogos enviados. Foi realmente bonito ver tanta gente empolgada em produzir coisas que enriquecem nosso RPG.
Acredito que apenas por participar já se é vencedor. Pois não se tratou de um em que os vencedores emergem de uma caixa preta, separados por um abismo dos demais. Aqui todo o processo de avaliação foi divulgado — o que para os participantes significa “consultoria grátis com profissionais do ramo”. Em que outra situação se pode mandar um manuscrito para um autor experiente com a certeza de que não apenas ele será lido, mas que o feedback também é garantido?
A melhor parte é a crítica construtiva, nem sempre fácil de conseguir nesse nosso meio. Claro que é faz bem pro ego saber o que se fez certo, mas é ainda melhor saber o que não funcionou — pode-se direcionar esforços futuros com maior eficácia. Se era uma idéia em que nem confiávamos direito no início, talvez nossa intuição estivesse correta e será mais frutífero atacar noutras frentes. Uma idéia bem embasada, por outro lado, pode ter sua execução revisada de forma a melhor exprimi-la, ou de repente pode haver uma outra forma de executá-la. Sempre se sai mais sábio do que quando se entrou.
E a cereja sobre tudo isto: o RPG independente no Brasil só está começando. Se a quantidade de interessados e a qualidade dos trabalhos for um indicativo confiável, a tendência parece ser melhorar. (E imagina se não houvesse crise!)
A avaliação dos meninos foi corretíssima, não tenho o que discordar delas. Inclusive fiquei mais que lisonjeado com as notas altíssimas no critério de criatividade por parte do Rocha e do Giltônio.
Como o Rocha disse, enquanto o lance de dividir a parada de dados para acumular recursos de tipos diferentes (pontos de Fama e Monstro) é uma idéia interessante, ainda precisa de muito trabalho de desenvolvimento para transformar o potencial e coisa tangível. O exemplo (um só!) de carta de Intervenção (manobra usada com o recurso de fama/monstro), por exemplo, é bem fraco. Do jeito que está, mais parece um "poder diário" (minha inspiração pra essa mecânica), e seria mais interessante se seu efeito fosse algo mais narrativo — o que requer um trabalho no restante do sistema de modo a parametrizar intervenções narrativas por parte do jogador.
Além do restante dos arquétipos (as classes de personagem — o jogo só traz uma), o texto com certeza precisa de um pesado trabalho de revisão e de editoração. O Tiago, por exemplo, detectou uma dissonância entre a proposta e a implementação, e concordo que isso poderia ser melhor trabalhado de modo a ser expresso com maior clareza.
60% parece realmente ruim e pega mal, muito mal. Mas se se para para pensar com frieza, o Fame/Monster é um esboção, feito sem muito planejamento (era uma idéia digerida por alguns dias e umas poucas horas de escrita no domingo). Se mesmo incompleto do jeito que foi enviado ele "vale" 60% dos 100% de um bom jogo completo, acredito se tratar de uma avaliação até generosa. Se o fator "jogo completo" fosse excluído da média, as idéias e esboços mecânicos ali contidos "valeriam" em torno de 80%, o que sai do "nada mal" para "até mais do que eu esperava".
E o mais importante: o Fame/Monster foi uma brincadeira. Mas uma que continha algumas das ferramentas e recursos de exposição que planejo usar (eventualmente) no Romância. Ou seja, além de brincar, pude ter uma avaliação séria dessas ferramentas. Agora sei os pontos fortes e coisas que posso melhorar ou que tinha dúvidas e agora sei com certeza que é melhor descartar.
O concurso de RPG independente foi como um festival de música, agora só falta a presença dos independentes nas convenções, como em feiras livres de RPG artesanal!