Resenha: Caça às Bruxas
Sábado passado, em uma louca vontade de sair para fazer alguma coisa, resolvi ir ao cinema ver o que estava em cartaz. Na verdade, eu só ia ver algum filme se me chamasse a atenção. Estava lá O Turista, que inclusive é indicado ao Academy Awards de melhor filme, mas a sessão estava para muito tarde, e eu tinha hora para retornar à casa. Zé Colméia 3D? Não. Enrolados? Talvez. Desenrola? Ah, vá… Mas um me instigou, talvez pela sua capa (isso explico depois). Caça as Bruxas, com Nicolas Cage. Apesar do ator, o filme tem umas particularidades legais.
Podemos começar com os trailers? Obrigado. Bom, foram apenas dois (sim, fiquei surpreso). O primeiro, O Ritual, é mais da seqüência não oficial de O Exorcista. Parece ser um bom filme para quem curte filmes do gênero. Mas parece querer envolver um pequeno debate entre o cético e o religioso. Nada de diferente do que vemos atualmente. Outro foi Bravura Indômita. Esse dispensa comentários. Indicado ao Academy Awards, é um dos que meio que correm por fora ao prêmio. Em resumo, é um faroeste daqueles bem de antigamente, com uns toques de humor. Um cara bravão pistoleiro, protegendo uma menininha que teve o pai assassinado. Dá para ver os traços semelhantes ao de Bastardos Inglórios, até pelo nome!
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Agora, o filme, né? Queria contar um fato de eu ter pego um copo de refrigerante 700ml e ter esquecido o canudo e somente ter notado quando o filme já começara, mas isso é melhor pular. Muito tempo sem cinema.
O mínimo de interesse que poderia se provocar por um conhecedor da sétima arte seria pelo fato de seu diretor, Dominic Sena ter dirigido filmes como o badalado Kalifornia e 60 Segundos.
O começo do filme é mais um prólogo, onde mostra um julgamento de bruxas nos padrões do fim da Idade Média na Europa, que durou, em seu apogeu, até o início da Era Moderna. Nesta pequeno prólogo — onde começa a construir aqui, como em toda seqüência do filme, as tradições dos gêneros inspirados — também é revelado um objeto que se torna a chave no final do filme.
A película realmente então se inicia em meio a um combate, na época das Cruzadas (não dá pra ter noção de qual era) onde Behmen, e Felson (Ron Perlman), que são cavaleiros serventes à igreja a muito tempo lutam contra os inimigos da igreja. São exímios lutadores. Aqui, o filme já me deixou meio inquieto em uma cena em que Behmen com um golpe atinge o pescoço de um inimigo jorra sangue no chão. A faixa etária era 12 anos. O exército cruzado vai derrotando seus inimigos, de dia, à noite, na neve, até que em uma dessas, Behmen comete um ato que o faz repensar no “para quê?” faz tudo aquilo. Ele, junto com seu companheiro Felson, partem, como desortores.
Aqui já vai a primeira pedrada. Ao chegar no local onde nasceu, Behmen vê um povo amargurado pela peste negra que atingiu a Europa. As Cruzadas acabaram antes de 1347-50, que foi o período da Peste Negra, que dizimou 1/3 da população européia. Eles praticamente caminharam por uns 100 anos sem envelhecer, mas pulemos essa parte. Recebidos como desertores, se envolvem em uma missão, novamente à serviço da igreja para um julgamento de uma possível bruxa, que teria confessado seus atos. O julgamento seria realizado num Mosteiro distante. Reúne-se um grupo. Dois cavaleiros, um sacerdote, um mercador ladrão, um nobre guerreiro e um coroinha meio acrobata. Bem RPG, né?
E aqui começa uma grande peregrinação, que por sinal, é uma das partes que mais gostei do filme. Os heróis são testados, postos em conflito contra os seus aliados de causa, e também contra si mesmos, principalmente no que se refere ao medo interior de cada um deles. Ou eles aprendem a superá-los, ou sucumbem.
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Então, lembram que eu falei da capa do filme, lá em cima? O postêr em exibição era esse aqui do lado. A sensação dos filmes de Espada na Capa causam uma nostalgia diferente. Quem lembra da capa de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei? Mas difere um pouco dos filmes do gênero. Principalmente pela perseguição na floresta, as formas de luta dos heróis contra o inimigo, e o confronto final. Pontos estes vistos em filmes do gênero só que de forma igual a mesma de sempre.
O filme consegue nos passar entretenimento. Seja pelos raros, porém bons toques de humor, como os vários e inoportunos sustos (eu tomei alguns, confesso), Caça às Bruxas vai um pouco além do que eu imaginava.
Parando até um pouco pra pensar na questão filosófica do filme, vemos um ponto diferente. A igreja, como organização, pode ser perversa, ou apenas focada, mas a fé e a espiritualidade dos heróis conseguem os unir até que alcancem seu objetivo. O combate a falta de conhecimento — a salvação do mundo é um livro! A liderança, individual mesmo, é capaz de nos fazer superar grandes obstáculos, mesmo com todas as quedas. É o que parece nos passar Caça às Bruxas.
O filme também consegue passar a verossimilhança (verossimilhança povo, lembra dos 100 anos de caminhada?) através das vestimentas, dos cenários antigos e pela reação da população à sentimentos adversos.
Se forem assistir, eu recomendo. Não é um daqueles filmes épicos no qual estamos acostumados (ou não) a ver por aí, mas passa uma mensagem bacana, um cenário bacana, e o melhor, dá ótimas ideias para uma aventura na sua mesa de RPG no final de semana.
Confiram o trailer do filme, pra quem ainda não viu.
Enjoy!
Tou indo próximo final de semana no cinema… acho que vou assistir ele (já que não tem muitas opções boas esse mês).
Valeu a dica