Bastidores de Tormenta RPG Sidequest: O Monge

Originalmente publicado no blog Desafio do Dragão por Gustavo Brauner e transcrito aqui sob autorização.
Semana passada eu postei o rascunho do meu texto sobre os elfos de Arton. Hoje vai o texto descritivo do Leonel pra uma das classes de Tormenta RPG: o monge! Da mesma forma que o texto dos elfos, não há regras no material abaixo. Aproveite para comentar, criticar, sugerir!
Monge

Enquanto alguns confiam em armas, outros transformam o corpo em uma arma. Enquanto alguns pesquisam conhecimentos exóticos, outros buscam a verdade dentro de si mesmos. Enquanto alguns oram por ajuda divina, outros acham iluminação interior. O monge é alguém que aperfeiçoou a si mesmo a níveis quase sobrenaturais, treinando corpo e mente para funcionarem à perfeição.
Treinados em técnicas secretas de combate desarmado, ou empregando armas exóticas, estes artistas marciais aperfeiçoam-se durante anos em mosteiros antes de sair pelo mundo para viver aventuras, promover a justiça e aprimorar ainda mais suas habilidades. As poucas armas que um monge usa são extensões de seu corpo, usadas seguindo as disciplinas de luta que ele pratica. O monge típico não confia em bens materiais. Alguns usam roupas simples, pouco mais que farrapos, enquanto outros vestem cores vivas e espalhafatosas. Mas todos evitam armaduras pesadas – mestres das esquivas e acrobacias, são alvos muito difíceis.
Monges cultivam corpo, mente e alma à perfeição, tornando-se resistentes a todas as magias e efeitos nocivos. E promovem ordem acima de tudo: disciplinados ao extremo, expulsam distrações e pensamentos caóticos com meditação. Todo monge é severo, rigoroso… Especialmente consigo mesmo.
Embora a figura mais típica do monge venha de Tamu-ra, nem todos os membros desta classe se originam dessa cultura. O monge é aquele que treina a si mesmo física, mental e espiritualmente ao extremo, e é capaz de lutar desarmado. Gladiadores de Valkaria, lutadores de Tapista, atletas de Yuden e outros podem ser monges, mesmo sem as doutrinas tamuranianas.
Aventuras: para o monge, não é suficiente trancar-se em um mosteiro. Embora muitos apreciem a quietude e o isolamento, sabem que o verdadeiro modo de tornar o corpo e mente perfeitos é através das provações do mundo real. Além disso, muitos vêem como seu dever ajudar os necessitados e promover a justiça. Todos esses embarcam em aventuras e levam vidas errantes, bem ao gosto dos grupos de aventureiros. Existem também monges (menos espiritualmente elevados) que vagam pelo mundo em busca de desafios, pelo puro prazer da luta e para provar que seu estilo de combate é o melhor. Pouca coisa pode trazer mais respeito a uma técnica de luta do que um dos seus praticantes matando um dragão com um soco!
Tendência: todos os monges são Ordeiros. A disciplina necessária para a classe exige esse tipo de personalidade. Os monges mais frios e distantes do mundo são Neutros. Existem muitos monges Bondosos – a bondade é um fruto comum da evolução espiritual. Embora raros, monges Malignos são terríveis e perigosos – valentões que dominam os mais fracos por prazer, ou servos de organizações criminosas ou lordes cruéis.
Religião: os monges tamuranianos costumam venerar Lin-Wu. Monges também têm afinidade com Tanna-Toh (por seu aspecto pacífico e estudioso), Khalmyr (representando ordem e justiça) e Marah (pois muitas filosofias de luta desarmada pregam a paz acima de tudo). Alguns monges cultuam Tauron, usando sua doutrina de força e dominação como justificativa para oprimir os mais fracos.
Histórico: a maior tradição monástica de Arton estava em Tamu-ra, antes da destruição do reino pela Tormenta. Apenas recentemente o Império de Jade livrou-se da pestilência invasora. Uma lenta e dolorosa reconstrução começa, milênios de história e cultura esperando por resgate. Os monges são reservas vivas de conhecimento e treino em artes marciais, literalmente lutando para reavivar sua cultura. Monges sobreviventes do desastre treinaram alunos do continente, gerando monges em outros reinos (principalmente Deheon). No Império de Tauron, os melhores alunos das escolas de atletismo e luta desarmada são monges. Muitos monges treinam sozinhos, encontrando seu próprio caminho de iluminação através do esforço. Alguns habitantes de Salistick, com sua rejeição aos deuses, aliam conhecimento médico com treinamento físico no caminho para se tornar monges.
Raças: os monges humanos são os mais comuns em Arton. Existem histórias sobre elfos que juraram nunca mais usar armas ou magia depois da queda de Lenórienn, e tornaram-se monges. Minotauros, seres naturalmente disciplinados, tornam-se monges com rigidez militar. Anões dificilmente abandonam suas armaduras e armas para seguir este caminho, enquanto que halflings em geral amam muito o seu conforto, e não desejam uma vida de abnegação. Quase não se conhece monges goblins. Os qareen em geral são muito extrovertidos para os modos frugais dos monges, enquanto que os lefou são por demais caóticos.
Outras Classes: serenos e comedidos, os monges não cultivam rivalidades com ninguém. Costumam ter ótimas relações com paladinos, samurais e clérigos, que compartilham de sua personalidade disciplinada. No entanto, os monges vêem a necessidade de harmonia e o papel de todas as coisas no mundo, e sabem que mesmo os furtivos ladinos e os exuberantes bardos cumprem funções essenciais.
É isso. Quem sabe esta semana ainda eu não posto mais novidades sobre o Tormenta RPG? Fique ligado!

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27 Resultados

  1. Bruno Baere disse:

    Qareen? Opa! Belo presente essa novidade (ou eu estou desatualizado?)

  2. Gil disse:

    Um bom texto, mas o que chamou minha atenção foram os qareen.
    É impressão minha, ou arrumaram um nome pro meio-gênio?

    • Sim, isso mesmo. Nos artigos do Cassaro por aqui, lá no meio dos mais de mil comentários que os posts dele tiveram, sugeriram bastante que mudassem os nomes do meio-gênios. O Saladino pensou nesse nome, então.

  3. Arrumaram o nome. E agora Tamu-ra está sendo reconstruída. E teremos dois impérios em Remnor: o Reinado e o Império de Tauron. Cool, não?

  4. Kueid disse:

    Só não gostei da parte em que o monge tem que ser ordeiro…
    Acredito que o monge é baseado no budismo, e seguir regras e padrões não era lá a onda do primeiro Buda.. acho que era bom darem uma pesquisada…
    Digo issso porque sou budista, e sei que o budismo tem várias vertentes, assim vejo que o ideal seria mesmo o monge poder ser caótico… mesmo porque os ensinamentos são tão complexos que um pode mal interpretar e tomar o caminho do "lado negro da força"… hehe… se bem que ser caótico não tem nada a ver com ser mal… mas deu pra entender..

    • Oi, Kueid! Na verdade, o monge é baseado nos artistas marciais, e não no budismo, o que significa disciplina, ordem e obediência às regras. Mas nada impede que você faça um monge baseado nos ideais do budismo, o que eu aposto que ficaria legal.

    • Spartanus disse:

      Se budistas dão 2d10 de dano, nunca namorarei uma…
      Mulheres já ficam em Fúria na TPM.
      Imagina com esse dano todo.
      rsrs

    • shaka disse:

      O monge do D&D é baseado nos monges shaolin. Me corrijam se estiver falando bobagem, mas acho que eles eram taoístas. De qualquer modo, eles ainda são baseados na filosofia de aperfeiçoamente através de disciplina rígida comum a diversas artes marciais e isso combina bastante com a tendência leal.

  5. Oriebir disse:

    Alguém sabe como se pronuncia "quareen"?

  6. Meks disse:

    Cárêm. Curiosidade: qareen é uma palavra do árabe que significa "espírito".

  7. Zero disse:

    O texto ta bacana, embora muito tendencioso para o lado do monge "bondoso de kimono branco e de sorriso colgate".
    Mas o problema do D&D é o conceito do artista marcial. Não deveria existir monge, e sim uma classe mais genérica, chamada até artista marcial, sem restrição de tendêncisa, sem uso de ki (talvez para cdp), literalmente um guerreiro "do corpo" (ao invés do classico guerreiro "das armas"), com habilidades unicas, todas ligadas ao combate desarmado.

    • shaka disse:

      Eu concordo. O Monge do D&D é um conceito específico demais para ser classe básica, assim como o Paladino. Infelizmente o tormenta D20 precisa ser consideravelmente parecido com o D&D 3.X, então não dá pra mudar muita coisa

    • shaka disse:

      não tinha reparado nessa parte de "sem restrição de tendência". Aí já é mais complicado porque artes marciais exigem dedicação e disciplina. Na vida real você não precisa ser um "guerreiro honrado" para ter estas características, mas no sistema de tendências do D&D só é possível simular essas características com a tend~encia leal.

  8. Guilherme disse:

    Concordo no geral, Zero. Em uma campanha minha fiz uma classe básica "Brawler" ("brigão"). Mas em Tormenta, existe uma culturá de artistas marciais monásticos, então…

  9. "Culturá"?? Isso que dá escrever às 3h da manhã…

  10. Cassaro disse:

    "artista marcial, sem restrição de tendência"
    Não há problema com o conceito. Não se aprende uma arte marcial sem disciplina, sem treino, sem comportamento regrado. Isso simplesmente não existe.
    O monge, ordeiro, é oposto ao lutador caótico representado pelo bárbaro — que luta por instinto, sem técnica.

  11. No meu cenário, com as regras customizadas do meu jeito, eu chamo a classe correspondente de "lutador marcial" – parece meio redundante, mas passa.

  12. Kueid disse:

    Até agora ta tudo tão irado….
    Espero ansioso…

  13. Zero disse:

    De fato para aprender poderes sobrenaturais, de ki e etc existe a necessidade de uma disciplina fora do comum, mas para aprender a bater bem, a combater desarmado de forma superior, não há essa necessidade.
    Alguem que nasceu nas ruas de Valkaria sobrevivendo com os punhos vai ter uma noção de combate muito maior do que a de um guerreiro com o talento Ataque desarmado aprimorado, mas esta pessoa não pode ser um monge, já que estes precisam ser treinados em um monastério, e o pior, serem ordeiros.
    Tendência leal/ordeiro se refere prioriatariamente se o personagem segue um código de conduta próprio ou a lei no geral, não se ele bola planos, se ele se esforça no que faz, isso idepende da tendência. Um personagem ordeiro/leal pode decidir tudo de ultima hora, não fazer treinamentos disciplinados, e sim socar e chutar arvores aleatórias quando não tiver carne para servir de saco de pancadas, e por ai vai.
    Por isso defendo a idéia de que uma classe "artista marcial", sem restrição de tendência e sem poderes de ki e coisas do genero, apenas especializada no uso do corpo como arma, seria o ideal, mas pena não ser assim.
    Mesmo desgostando do restrito monge, to curioso para ver como vai ficar esse livro.

    • Caio Viel disse:

      Discordo. Para se aprender uma arte marcial e atingir um nível de perfeição do corpor (e mente) para nos tornarmos uma arma humana, temos que treinar nossa vida toda através de técnicas milenares desenvolvidos por mestres ao longo de várias gerações, e, para isso, é necessário ser disciplinado, o que em termos de D&D pode ser ordeiro.
      Um lutador de rua não tem tecnicas milenares para fortalecer o corpo e nem sabe quais as melhores tecnicas de luta, pois ele aprende tudo sozinho, durante a vivencia dele num ambiente hostil. Por mais hostil que tenha sido sua vida, ele jamais vai atingir o nível de conhecimento adquirido por gerações e gerações de mestres das artes marciais que são passados para os iniciados.
      Um dos principios básicos das artes marciais está sim relacionado a força interior de uma pessoa, em concentrar seu poder para desferir os golpes e tantas outras coisas exotéricas que aparentimente surtem efeito sim durante uma luta (logo, o ki). Então é necessário não somente ser forte e saber bater (não que ser forte e saber bater seja algo fácil), mas é preciso treinar a alma e a mente, aprender sobre anatomia humana e tantas outras coisas que não dá para aprender sozinho em uma única vida.
      Acho que um lutador de rua (e não um artista marcial, pois luta de rua não é uma arte marcial) poderia ser uma classe de prestigio, que poderia desferir os golpes baixos semelhantes a um ladino, porém complementamente diferente de um monge, e não caracterizária uma classe inicial.

  14. shaka disse:

    Não importa se o estilo é milenar ou não, ainda exige estudo de técnicas, dedicação e disciplina.

  15. Saruman disse:

    Kra ficou muito massa mesmo a descrição do monge, gostei mesmo, embora ache uma classe desnecessário. Tbm concordo que o artista marcial faria o papel ideal sem ter que ser leal, mas espero ansioso pelo livro.

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