Resenha: Desbravadores do Oculto
O Desbravadores do Oculto é o primeiro livro do cenário “Ao Cair da Noite” de Tiago “Deicide” Moreira, da Underground Haven.
O mundo dos desbravadores é um mundo semelhante ao nosso. Não é gótico, punk, fantasioso ou tecnologicamente diferente… nada disso. Mas um mundo permeado de um sobrenatural invisível e incompreensível.
Na ambientação, os desbravadores são aqueles indivíduos que, de alguma forma, tiveram contato com o mundo sobrenatural que nos rodeia, e que estão dispostos a se arriscarem para conhecer mais sobre a “verdade que está lá fora”.
É como se os personagens fossem pescar em um oceano profundo de escuridão.
Eles sabem que existem criaturas ao seu redor e tentam pescá-las.
Mas, sem demora, percebem que existem coisas muito maiores que seus barquinhos. E elas são famintas.
O livro apresenta, não apenas o clima de terror proposto para se jogar, mas também regras adicionais para a criação de personagens (com novas habilidades, antecedentes, rituais, psiquismo, etc), sociedades secretas e antagonistas.
O clima, aliás, é uma das melhores coisas do livro. O autor fez isso MUITO bem, descrevendo o material na forma de contos e diários de pesquisadores.
Apresentação do livro:
O livro é muito semelhante ao livro de regras.
Papel offeset, com letras sem serifa. Impressão em preto e branco, em um total de 158 páginas.
A arte também é parecida. Na maior parte da obra as imagens seguem o padrão de fotos trabalhadas no Photoshop, que lhes confere um aspecto sombrio.
As marcas d’água sobre o texto atrapalharam um pouco a leitura desse livro, mais que a leitura do anterior. Não sei o porquê, já que são a mesma coisa.
Regras:
De longe, a melhor coisa no livro é que ele usa poucas regras no seu texto. Por isso, você pode usar seu sistema de regras predileto e usar o livro apenas como uma descrição do cenário, sem precisar conhecer o sistema do ACN.
Infelizmente, a classificação etária é de 18 anos. Não vou entrar no mérito disso, mas já ví HQs piores que o livro (aliás, alguém lembra da Mulher Maravilha quebrando o pescoço de inimigos?).
Estrutura dos capítulos
Capítulo 1:
O capítulo é um relato, em forma de conto, de como um psiquiatra se tornou “desbravador do oculto”. O conto é muito bom, e serve para estabelecer o clima do cenário.
Capítulo 2:
É a apresentação de diversas sociedades secretas existentes no cenário. Apresenta históricos, a organização e os benefícios que os personagens ganham ao se filiarem à determinada sociedade.
Não gostei desse capítulo. É um pouco maçante, e acho que criaria minhas próprias sociedades secretas… Mas isso não é culpa do livro, já que eu faço isso sempre.
Talvez você goste, caso prefira jogar versões oficiais de cenários.
Capítulo 3:
É destinado a apresentação das experiências de um desbravador do oculto aos novatos. Ele fala de forma breve sobre suas experiências com o sobrenatural, cobrindo muito superficialmente vampiros, lobisomens e espíritos.
Um capítulo muito bem escrito e gostoso de ler, e que revela a real situação dos personagens na ambientação. A ignorância.
A conclusão é que ninguém possui informação concreta alguma sobre o sobrenatural, porque aqueles que adquirem experiência, não duram muito no cenário.
Capítulos 4 e 5:
Descrevem regras adicionais para a criação de personagens, sendo basicamente voltados aos jogadores. Os capítulos trazem novas habilidades, poderes (psiquismo e rituais) e antecedentes (incluindo a possibilidade de antecedentes sobrenaturais).
Capítulo 6:
O melhor capítulo, na minha opinião.
Ele é voltado para o mestre, por isso descreve um pouco mais alguns detalhes sobre o cenário.
Caramba! O livro cita até Atlântida, dizendo que a cidade acabou por causa dos seus “excessos”.
Apêndices:
São 2 apêndices voltados à antagonistas. Também são capítulos bons, que complementam o anterior, pois também trazem informações mais concretas sobre o cenário e sobre o que os personagens dos jogadores devem encontrar nas suas aventuras.
Minha opinião:
O livro descreve o ponto de vista humano do sobrenatural e sua grande fraqueza:
Não saber NADA sobre o sobrenatural.
A proposta do livro é justamente essa. O medo do desconhecido e a coragem que um indivíduo precisa ter para enfrentar suas fragilidades.
Os humanos são fracos, não porque não possuem poderes, recursos ou força. Eles possuem tudo isso, mas não possuem Conhecimento.
Por isso, todas as descrições sobre o sobrenatural são vagas e simples. O autor não entra nos detalhes dos hábitos/origem de vampiros, lobisomens, fantasmas, etc. Muito menos sobre como sobreviver a um encontro com essas criaturas.
Só que eu esperava justamente por isso ao ler o livro.
Eu queria um “manual de sobrevivência ao sobrenatural”, mas encontrei um “mar de escuridão”.
Eu já havia sido sensibilizado pelo clima dos Desbravadores ao ler o livro do sistema. Já tinha entendido que os humanos não sabem nada sobre o que acontece nas sombras do mundo, por isso esperava encontrar dicas sobre temas de aventuras, lançadores de estacas e balas de prata.
É exatamente por isso que meu capítulo preferido foi o destinado ao mestre, seguido dos apêndices, nos quais o Tiago descreve com mais detalhes o seu mundo.
Quanto ao resto, o livro é superficial. Digo, propositadamente superficial. Os jogadores não sabem a verdade, por isso nenhuma informação é revelada nos capítulos.
E esse é o grande ponto.
Para um jogador, o livro é ótimo. ÓTIMO! Pode pegar para ler sem medo!
Já para um mestre, o livro é raso. Justamente pela ambientação ser sobre “desinformação”, o livro não traz informações novas, ou profundas, sobre o sobrenatural.
Repare que isso não é algo ruim do livro. É só uma questão de estilo de jogo.
De qualquer forma, provavelmente terei as informações que procuro nos futuros lançamentos da Underground Haven.
Gostei da resenha.
Só acho que a parte da “falta de informação” é porque o projeto não se resume apenas a esses livros. Sendo assim, creio que deveremos aguardar boas matérias e atualizações acerca do cenário. E isso gratuitamente. Hoje em dia já contamos com bastante material e até mesmo uma aventura jogável, simples e com a intenção de mostrar bem essa realidade do Desbravadores.
Eu também senti dificuldades em alguns momentos para ler por conta da impressão, mas isso não chega a atrapalhar profundamente ou estragar a diversão.
De qualquer forma, eu curti tua resenha. E vou postá-la num fórum (com os devidos créditos). Abraços!
Realmente, mas acho que isso é para dar liberdade do mestre falar, isso é a verdade na minha mesa e não ter jogador colocando o livro nas fucças dele.
Com isso o clima de horror se mantem até mesmo no jogador e não só nos personagens, porque ambos estão no escuro.
Assim o jogador não pdoe virar e: “ha mais eu tenho munição espcial e ele tem pouca reneração”. E também mesmo em nosso mundo munição especial é BEM cara, quase artesanal(quando não são de fato!), para quem gosta é só colocar e boa, mas para quem não gosta ver no livro seria ruim.
É o nosso mundo, só que mais sombrio, não tem outra lente. Isso que eu acho o forte do livro.
O mais importante do livro, na minha humilde opinião, é justamente a falta de objetividade quando se trata de informações.
Adorei a parte que o velho conta para os desbravadores mais novos como ele fazia no seu tempo…
O jogador pode se acabar de ler que vai continuar sem saber de nada…
último post de Alexandre Nordestinus:Monografia Sarah Roberto IV
Axo que eu vou acabar fazendo uma resenha desse livro tambem (ou seria melhor compiar uma das que já estão feitas – hehehehe…!).
Axo que das resenhas que já li, duas ate agora, achei o livro bem interessante. E é como o companheiro Alexandre do Zoina Neutra falou. As vezes a falta de informação pode ser bem local se bem utilizada.
Até mais Alexandre, ao do rpgista.com (pra naum ter duvida…)