RPG + Orgulho = Duelos

RPG + Orgulho = Duelos 1Você já reparou como, muitas vezes, os jogadores ficam mais nervozinhos que o normal quando jogam?
Não quero dizer nervosos de verdade, mas como eles costumam tomar decisões que não tomariam na vida real. Especialmente envolvendo a segurança física do PC.
Quantos são aqueles que, em uma discussão no trânsito, são capazes de partirem para a agressão física de outra pessoa, ou mesmo sacarem uma arma para se verem livres dos problemas?
Para minimizar o problema, vamos considerar que os personagens são “aventureiros” e pessoas que vivem nos limites, ok? Então estariam acostumados a resolverem seus problemas com o uso da força. Vamos dizer que são pessoas com uma moral “diferente” da que rege nosso dia-a-dia.
Ok. Vou deixar passar.
Mas e quando os personagens resolvem lutar entre si?
“- Vamos para a esquerda…”
“- Melhor a direita.”
“- Saque a espada maldito!”
“- Kame Hame Ha!!!!”
É ridículo ver a situação.
Amigos de anos, aliados importantes… todos correndo o risco de caírem mortos por xingar o outro de “cão”, ou “burrão”.
Parece que o jogador se projeta e age como se provocações fossem dirigidas à sua própria pessoa, e para responder a provocação – e manter o orgulho – só lhe resta uma coisa:
Destruir o personagem do outro.
Eu não sei se isso acontece em outras culturas, mas, se você reparar, nós costumamos fazer essa projeção o tempo inteiro.
Se alguém diz “essa comida que você preparou está uma merda”, eu fico profundamente ofendido. É como se eu fosse “uma merda”.
Da mesma forma, se você diz “esse sistema que você joga é uma droga”, levamos para o lado pessoal. “O que ele está querendo dizer com isso? Que ele é melhor do que eu porque joga algo melhor?!”.
E quem já participou de discussões pela internet sabe o que quero dizer.
Mas tentar destruir o outro não vale o esforço. É muito esforço para uma recompensa pequena.
Assim, como jogador, eu tento não aumentar o nível de agressão acontecendo na mesa.
De forma geral, se o oponente xingar, xingo de volta e só se estiver em uma situação extrema, uso ataques desarmados contra outros jogadores.
Além disso, apenas se correr o risco de perder o PC uso armas.
Uma coisa legal, que já tive a oportunidade de experimentar algumas vezes, é DESENCORAJAR o uso de armas pelos outros jogadores por meio de roleplay:
Jogador 1: “- Seu escroque! Vamos para a direita!”
Jogador 2: “-Você é feio! Esquerda!”
Jogador 1: “- Eu saco a espada e ataco!”
Jogador 2: “- Calma aí, rapaz! Tá maluco?!”
Jogador 1: “- …?!….Heim?!”
Jogador 2: “- Pô, você vai sacar a arma só porque a gente está discutindo? Vai colocar a sua vida, e a minha, em risco por causa disso?”
A quebra de ritmo na discussão funciona muito. MUITO. E dá margem para mais interpretação ainda, na medida em que não exaure a discussão.
Repare que não estou pregando “paz” entre os jogadores. Pelo contrário, gosto muito de conflitos na mesa. Só acho que não vale a pena perder um personagem por causa de orgulho ferido.

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6 Resultados

  1. Alexandre, já vi em minha mesa jogadores que matam os personagens amigos. E não foi uma vez só…
    Um colega meio nervosinho que vez por outra sai matando os amigos. hehehe… Ele tem desculpas convincentes, mas das vezes que aconteceu, nem todas eu concordei com ele.
    último post de Alexandre Nordestinus:O Mundo do Magic…

  2. Daniel R disse:

    Caramba, nunca tinha pensado por esse lado. Talvez por ter me influenciado por Uthred das Crônicas Saxônicas e demais personagens meio medievais grosseirões, acabei fazendo besteira na última sessão de uma campanha minha, em que um PJ que tinha faltado e estava sendo interpretado por mim puxou as espadas pra outro. Tudo bem que o PJ é manézão e que tinha acabado de tomar uma surra de uma vilã e tava de orgulho ferido e puto, mas ainda assim achei exagero da minha parte e no futuro penso em ponderar mais antes de tomar certas atitudes =).
    Excelente post, Alexandre, especialmente ilustrando a pendengaria que tentamos evitar lá na Àrea.
    último post de Daniel R:Finalmente a Devir começa a lançar D&D 4ª edição em português!

  3. Pra mim existe um limite estreito entre discutir com um companheiro de grupo e ir as vias de fato. Porém, sei que aqui, os jogadores que conheço, todos eles ultrapassam a linha para violencia/morte (sem excessão), o que faço é passa-la primeiro. O que já aconteceu algumas vezes comigo. É algo do tipo: esperar um momento para acabar com o adversário – por isso não deixo nada pra depois e simplesmente resolvo logo o problema quando ele surge, não fico discutindo, pois ninguem esquece o ocorrido, apenas fica alimentando o rancor.
    Mas pode ser que as coisas mudem e eu possa pensar diferente, agora que apareceu esse artigo e essa dica do desencorajamento antes que as coisas piorem.
    Valeu a ate mais!
    último post de Mestre Emilson:[Sistema] De novo sem D&D!

  4. Daniel R disse:

    Ei Alexandre… Lembra desse seu comentário no Pensotopia? http://pensotopia.wordpress.com/2008/08/18/pk/#comment-48
    Demorou pra virar post… rs
    último post de Daniel R:O aniversário do Senhor dos Sonhos

  5. Alexandre disse:

    Nossa!!! Não lembrava!
    Tirou do bau! Hahaha…

  6. Tsu disse:

    Poutz, isso acontecia muito qdo comecei a jogar RPG.
    E também qdo jogamos em grupos desconhecidos p.ex. em eventos de rpg.
    Todo mundo fica macho quando pode soltar fireball, virar crinos, etc. Parece q a galera deixa o psicopata interior aflorar
    último post de Tsu:Meme: Personagens Lendários

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