Bardo no D&D 4e: não-oficial é MELHOR!
Pois não mais é novidade que os clientes pagantes do D&D Insider tiveram um vislumbre da classe Bardo da 4a. edição do D&D, conforme noticiou o colega Rocha, do Área Cinza. E eis que temos uma não-tão-surpresa — a Wizards/Hasbro decidiu manter o bardo como pato (aquele que faz tudo, mas não se destaca em nada), o mesmo conceito insosso que ele tinha no LdJ da 3.5. Na 3.5 foi necessário um suplemento não-oficial (o Complete Book of Eldritch Might, da Malhavoc Press) para consertar a conexão mecânica-conceito e, de fato, fazer do bardo uma classe única e memorável — o bardo alternante, em vez da implementação tosca de magias-“musicais”-mas-indistinguíveis-das-de-feiticeiro-e-habilidades-desinteressantes-de-Música-de-Bardo, aparece com os spellsongs, feitiços sônicos divididos — muito apropriadamente — em Notas, Acordes e Melodias, além de talentos “metamusicais” bacanas (que utilizavam, também apropriadamente) testes de Atuação. Na conjuntura sombria da 4.a edição, felizmente, eis que surge um point of light que realmente traz alguma iluminação relevante — a Goodman Games, em seu suplemento Forgotten Heroes: Fang, Fist and Song, nos traz, além de um Bárbaro, um Druida e um Monge, também um bardo — e, mesmo com meu ranço em relação à 4a. edição, preciso dar o braço a torcer e dizer que a conexão conceito-mecânica é bem aprazível.
O bardo do Forgotten Heroes é, como seria de esperar, um Arcane Leader, dotado de buffs a ataques musicais e “swashbucklerescos”, cujas habilidades principais são Carisma (claro), Inteligência e Destreza, com acesso a todas as perícias (excetuando Endurance), Cloth, Leather e Hide como armaduras, Simple melee, martial melee weapons in the spear, light blade, and heavy blade groups, simple ranged, military ranged como armas, +2 em Reflex, 7 espasmos de cura, 12 + Constituição e +5 PVs/nível. Nada que realmente chame a atenção até a parte dos Implements, dividos em sopro, cordas, percussão e vocal. Isso mesmo, de acordo com o instrumento musical que seu bardo usa, alguns de seus poderes (que se chamam Performances) têm os efeitos melhorados — o foco da percussão são efeitos de Fear, das cordas, Charm, dos vocais, Healing e de sopro, Thunder. O tipo de foco usado traz um benefício — um instrumento de cordas, por exemplo, permite, uma vez por encontro, como ação livre, receber um bônus para um ataque igual ao modificador de Inteligência quando usar um poder com a palavra-chave Charm.
Como Class features, temos Bardic Intelligence, que permite escolher entre o melhor valor entre Inteligência e Sabedoria para testes de Dungeoneering e Nature e, adicionalmente, o bardo e aliados que possam ouvi-lo recebem um bônus de +2 em testes de conhecimento. Bardic Knowledge, como seria de esperar na 4e, torna-se porradeiro — ao acertar um ataque com um poder que permita instruir um aliado, este recebe, até a próxima rodada, um bônus de ataque e dano contra o oponente em questão, sendo o valor do bônus definido pela perícia de conhecimento relevante que o bardo possua (Arcana para Elemental ou Fey, por exemplo). Os Bardic Songs são, bem, canções com nomezinhos estranhos, que podem ser usadas, como ação livre, como parte integrante de uma performance que assim oriente em sua descrição. Com exemplos é mais gostoso:
Meu bardo ataca com uma de suas performances at-will de 1o. nível, Dirge, descrita abaixo:
Dirge Bard Attack 1
From your desperate song, your foe knows that death is plodding towards him.
At-Will • Arcane, Implement, Fear, Psychic
Standard Action Ranged 5
Target: One creature
Attack: Charisma vs. Will
Hit: 1d8 + Charisma modifier psychic damage. You may play Dance of Death or Shield Dance as a free action.
Increase damage to 2d8 + Charisma modifier at 21st
Acertei, que bacana, agora posso usar Dance of Death ou Shield Dance, que convém reproduzir também, de modo a ilustrar melhor:
Dance of Death: Allies within 5 who push, pull, or slide a target with their powers increase this forced movement by 1.
Shield Dance: You or one ally within 5 gains a +1 power bonus to AC and Reflex.
Já Exhilarating Song dá acesso ao poder homônimo, que nada mais é que um buff de cura, e a última class feature chama-se Musical Instrument Mastery, que permite ao bardo… usar a perícia Atuação! Como uma ação padrão o bardo pode:
Play an instrument for the delight of those around you. This covers playing in a tavern, performing for a king, or taking part in a skill challenge. To determine the excellence of your playing, roll 1d20 + 5 proficiency bonus + ½ your level + your Charisma modifier. Above 40 is exemplary, 30–39 is extremely good, 20–29 is a good performance, 10–19 is on par with most musicians, and below 10 is amateurish.
Como Paragon Paths temos o Songweaver (especializado na parte musical) e o Loremaster (que conta com um poder estranho, uma espécie de “ataque de conhecimento Primal”, coisas da 4e…).
Há ainda uns poucos feats específicos — que vão desde melhorar os efeitos de alguma das bardic songs ou aumentar a chance de crítico ao se utilizar um ou outro implemento.
Está certo que eu não sou a melhor pessoa para resenhar algo da 4e, mas como os bardos estão entre meus arquétipos preferidos, não resisti em dar uma espiada neste suplemento, e, ao menos conceitualmente, posso dizer que fiquei bastante satisfeito — instrumentos musicais diferenciados, uma certa customização dos poderes musicais a partir das bardic songs (que eu racionalizaria como diferentes arranjos da mesma melodia-base, no caso o power usado) e, é claro, o (de certo modo) retorno da perícia Perform.
A quem interessar, há um arquivo de 8 pre-gens no site da Goodman, dois de cada classe apresentada no Forgotten Heroes, cada um deles feito com um dos builds que o livro apresenta. Os dois últimos, bardos, são construídos com os builds Swashbuckling (auto-descritivo, focado em ataques de melee que se beneficiam do Bardic Knowledge) e o Euphonious (o músico arcano, focado no uso de implements e bardic songs).
bacana, acho que vai rolar de fazer uma banda com estes bardos!
com licença, que eu vou pra cozinha!
Dum, dumtá, tdum dum tá!
Sei não… ainda é difícil pra mim situar o bardo como uma figura relevante de um grupo de aventureiros. Um cara embulacha, um reza, lidera e cura, o outro joga mandigas, um outro fura o bicho pelas costas, um fica pxxto de raiva e quebra tudo, um mete flechas de dentro do mato e o outro, no meio de tudo isso… toca e canta?!?!? Não dá pra mim não… XD
Desculpa a falta de poesia da minha parte, mas acho um macaco pirata zumbi muito mais interessante! 😀
Brincadeiras à parte, bardeiros de platão, não me odeiem!
Caramba, realmente isso deixa a classe de bardo muito mais completa, dando um diferêncial de um simples “faz-tudo”
Só acho estranho a parte onde Instrumentos de Corda tem efeito Charm e Vocais tem Healing…
Geralmente é o contrário… A canção tem aquele efeito da “distração”, muitas vezes usando da lábia e da volúpia para seduzir e enganar. Enquanto isso os instrumentos de corda trazem a “motivação”, levantando a moral e recuperando as energias, quaquer um se sente melhor ouvindo um violãozinho depois de um cansativo dia de trabalho ou numa noite em um acampamento, não é?