Feedback de campanha

Mind FlayerUm dos jogadores da minha mesa me pediu para fazer um personagem psiônico.
Ele disse que nunca havia jogado com outro tipo de personagem e que realmente queria fazer um.
Inicialmente fui contra a idéia porque o cenário oficial que jogamos (Dragonlance) não conta com essa classe, no entanto aos poucos fui me convencendo de que isso poderia ser algo a ser explorado na campanha.
Ter um personagem com um poder único no mundo pode ser interessante. Imagine o que os magos do mundo pensariam de um psi.
Seria algo especialmente importante (e perigoso) no mundo que jogamos, já que os magos são extremamente organizados em Ordens de Magia. Alguns magos poderiam desejar estudá-lo, outras desejariam destruí-lo. De qualquer forma, nenhum mago ignoraria esse tipo de poder.
Assim, aceitei o personagem com uma condição:
A de que ele não fosse muito poderoso, já que isso poderia trazer problemas ao andamento das aventuras, especialmente porque ele poderia se tornar muito mais poderoso que os demais PCs.
Assim surgiu Flimbo, o artista errante. Um artista mambembe, com poderes telecinéticos, que não se lembra do seu passado.
Com sua telecinese, Flimbo pode mover objetos e pessoas, fazê-las voar e dar um poderoso “mind blast” (uma espécie de golpe mental contundente) nos inimigos.
Com uma potência bastante razoável, o jogador me prometeu que tentaria manter a utilização dos seus poderes em sigilo.
Além disso, Flimbo possui pirocinese. Ele consegue esquentar objetos e pessoas a ponto de fazê-las entrar em combustão.
Esse ataque também foi comprado sob a promessa de que o personagem o utilizaria apenas sob estresse.
Então, qual o problema?
O problema é a subjetividade.
Enquanto eu acredito que o personagem está utilizando seus poderes de forma abusiva, o jogador acredita que está fazendo tudo “nos conformes”.
Ele acredita que destruir o teto de uma casa e sair voando pelo céu não tem problema, enquanto eu acho que isso não é um uso muito “sigiloso” do poder.
Embora eu ache que ele está exagerando no uso dos seus poderes de pirocinese, ele acha que toda situação de combate é “estressante”.
Eu digo que o personagem está poderoso demais, ele diz que gosta de campanhas “god like”.
Acredito que eu deveria ter sido mais rigoroso durante a criação dos personagens e agora me vejo com um problema bem maior que Balthazar.
Um personagem muito poderoso no meio de outros mais fracos.
Já estou dando sinais aos jogadores de que a grande exposição dos poderes de Flimbo lhes trará problemas (e escrever isso no blog é outro sinal, certo?).

Mind Flayer medindo a cabeça de um experimento humano

Conforme planejei no início da campanha, introduzi Mind Flayers na trama, que caçam o personagem. O que precisei alterar foi a freqüência de aparecimento dos monstros. Se Flimbo usa seu poder de forma explícita, isso acaba chamando mais a atenção dos seus inimigos.
Acho justo e lógico que isso aconteça. Se um inimigo caça um PC por causa dos poderes e ele os usa abertamente, fica mais fácil para o inimigo encontrá-lo, certo?
É provável que eu precise aumentar ainda mais o número de encontros perigosos, até ele se tocar.
Outra coisa que tenho feito é aumentado o nível de poder dos combates, em função do personagem.
Tenho me preocupado apenas com os demais PCs, que ficaram menos poderosos. Tenho receio que um deles possa morrer em função da periculosidade dos combates.
Por isso, está em meus planos a introdução de outros perigos na trama, que não sejam tão focados em combate, inclusive a adaptação de aventuras de terror do Ravenloft, mais investigativas que combativas.
Feedback: A aventura passada foi boa. A trama entrou mais nos eixos e Taranis serviu para passar informações importantes aos jogadores, como eu tinha previsto.
Além disso, a presença feminina, junto com uma declaração aberta (e um dos Mind Flayers) de que as ações dos PCs teriam conseqüências mais sérias, deixou a galera mais esperta.

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10 Resultados

  1. Daniel disse:

    É muito simples, cara. Consequências.
    Nos meus jogos, tudo que se faz tem consequência. Uma vez tinha um paladino NPC que amava o equipamento de guerra dele, e morreu em uma luta quando ajudava os PJs. Daí um jogador, no auge da safadeza, simplesmente ficou com as coisas do cara e enterrou sem elas. Resultado? Um fantasma assombrando o vilarejo da druida do grupo, muitos problemas pra eles e o sufoco todo só acabando quando os outros PJs forçaram o espertinho a devolver tudo pro túmulo. E olhe que ele não tinha motivo pra isso, até começou o jogo com uma língua flamejante!
    Ou seja, põe pra ferrar só com esse jogador à medida do que você acha que os inimigos dele pensariam. Tente pensar por eles, e você vai ver que às vezes eles nem têm motivos pra ferrar o resto do pessoal, basta arrumar um jeito legal de mostrar pra ele e pra todos que o seu mundo reage sim ao que eles fazem!
    (se você já tá fazendo isso, esquece o que eu tô dizendo, rs rs)

  2. IVegAN disse:

    Consequências é muito bom! Mas pode acontecer que, por ser um grupo, os outros personagens queiram ajudar e acabem se prejudicando também.
    Bom, o passado do cara está em aberto certo? Que tal se esses poderes psi forem algo como uma maldição, e que ele descobre que cada vez que utiliza ele vai se tornando mais e mais inumano? E claro, é importante criar penalidades funcionais também, então poderia ser que no meio do combate ele perdesse o controle de sí e entrasse em um frenesi, atacando com as próprias mãos durante alguns turnos (que poderia na verdade estar lutando em sua mente com sua “Sombra maligna” interior, que é sua fonte do poder). Ou seja, se ele invoca muito essa fonte de poder, então essa entidade interior começa a assumir o controle dele…
    Alguma profecia sobre “aquele tomado pelo poder que destruirá todo o reino” seriam bem legais para dar um medo hehehehe.
    Bom, na verdade curti MUITO a idéia de ter um personagem único, com poderes únicos e desconhecidos e acabei entrando na onda e viajando na maionese! A propósito, tente mostrar para os outros jogadores que os poderes desse personagem são mais uma maldição mesmo, ou talvez eles se sintam prejudicados…
    Um abração! Keep Posting!

  3. Alexandre disse:

    Vocês me deram boas idéias! Só não vou explicitar aqui para não estragar qualquer surpresa para o grupo.
    Valeu!!!

  4. Phil Souza disse:

    Poderes psiquisos são muito legais até alguém se machucar Alexandre. Nunca usei, mas já os li por curiosidade e sei muito bem a merda que pode dar rsrsrs
    O problema de encontros com mindflyers para penalizar um jogador é que a vida dos outros se torna pior… Por um lado isso é bom e ensina os jogadores, por pode deixar o grupo meio chateado… Depende de como você lida e age…
    Ei! Colocou o comentLuv, show de bola esse plugin né?
    último post de Phil Souza:Apenas adicione interpretação!

  5. Phil Souza disse:

    Eu vivo atropelando meus textos… Oh mania de não ler o que eu escrevo…
    último post de Phil Souza:Apenas adicione interpretação!

  6. Alexandre disse:

    Sim! O plugin é muito legal! Só quero deletar esse coração esquisito que fica abaixo do comentário…

  7. Avoloch disse:

    teu jogador é apelão, mata o personagem dele !!!!

  8. Alexandre disse:

    Hahaha! Valeu Aguirre! Ele está aqui ao meu lado, lendo o post agora!

  9. Denis disse:

    Não são somente os jogadores que pisam na bola, é sempre bom lembrar.
    Eu andei jogando uma aventura onde o meu personagem tinha uma função meramente decorativa. Por ser iniciante de RPG, os demais jogadores ficavam me ridicularizando o tempo todo e quando eu fazia uma ação eu era criticado. Até insisti indo a mais algumas sessões, mas aí fui ficando desmotivado e resolvi pular fora do barco.

  10. Jean disse:

    Tem algumas soluções que eu aplico nos meus jogos quanto à criação de personagens. Uma dica é alterar certas características de classe (como no D&D3E) de alguma classe existente e deixar com alguma cara mais do que o jogador quer. Ou alterar os poderes de uma classe existente (no caso do D&D4), como por exemplo, pegar a classe mago, mudar o nome de um poder e alterar a fonte de poder e estilo e tal, e trocar alguns poderes. Isso é uma forma equilibrada e rápida de se atender ás expectativas do jogador.
    Agora quanto à sua situação, uma sugestão seria ter uma conversa com o jogador para rever seu personagem e convencê-lo de que RPG é um jogo em grupo e todos devem ser equilibrados e pedir desculpas pelo seu erro. Ou então continua colocando consequências como andas fazendo ^^, mas tome cuidado para não estragar a diversão dos jogadores só porque alguém exagerou em alguma coisa. A idéia do Ivegan é muito boa, colcoar penalidades ^^

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