Como meus jogadores me surpreenderam
Após uma série de sessões fracassadas, meus jogadores novatos deram uma última chance ao RPG e aceitaram jogar novamente, surpreendendo a mim por sua grande capacidade de interpretação e improviso.
O bom resultado da nova aventura, se deveu praticamente a interpretação dos jogadores, com pouca intervenção minha.
A primeira sessão de jogo foi fantástica, com os jogadores tomando decisões que se encaixavam perfeitamente ao jogo e a descrição de cada personagem. Foram quase 4 horas de bate papo entre os personagens. O jogo se sustentou sozinho, sem grandes esforços da minha parte, praticamente devido a interpretação dos jogadores.
O mago, mal humorado, após dias de viagem, ao chegar não se fez de rogado e, ao invés de se encontrar com os demais personagens, foi tirar uma boa soneca.
Por um momento, pensei que o jogador estivesse de saco cheio da aventura, mas não. Essa era a decisão real do PC, coisa que muitos jogadores experientes iriam ignorar (o estado de ânimo do personagem) em função do seu objetivo no jogo (encontrar os demais PC´s).
Mais tarde, depois de meter o seu personagem em uma confusão, o mesmo jogador começou a arrumar suas roupas e a bater na camisa, como se limpasse a poeira das roupas. Acho que ele não reparou que, enquanto falava, estava fazendo esses gestos. Achei fantástico pois isso revelou, a mim, que o cara tinha entrado totalmente no clima do personagem.
A segunda sessão foi incrível, beirando o non sense e o ridículo.
Um dos personagens, o ferreiro, é completamente sex addicted. Ele também pode ser definido como “pan sexual” (sim, no sentido Serguei da coisa). E chegou ao ponto de molestar uma mulher ferida e desacordada. O ato do personagem, moralmente deplorável, rendeu todo o resto da sessão, com os PC´s sendo perseguidos pelas autoridades locais.
Como dois personagens são descritos como honestos, provavelmente se entregarão à justiça na próxima sessão (é o que dizem as más línguas), por terem ajudado o tarado a escapar da cidade.
Depois da sessão, quando ouvi esse “boato”, fiquei totalmente estupefato. Eu podia jurar que eles iriam apenas encenar uma dor de consciência durante 5 minutos para, então, partirem para a próxima aventura… mas não. Eles vão assumir a personalidade dos PC´s e o mestre (eu) que se dane com a estória que tinha em mente!
E eu dou mais corda! Quanto mais melhor!
Será que a falta de “vícios” trazidos de outros grupos corrobora para uma interpretação mais fiel às características dos personagens?
Não sei. Mas com certeza eu os subestimei.
Nota mental: Meu kender precisa tomar cuidado com esse ferreiro.
Opa, acho que é minha primeira participação aqui!
Os novatos são os que mais “incorporam” os personagens, pois os veteranos já acham que “não preciso mais disso”.
Eu gosto muito quando isto acontece e as melhores aventuras que já joguei/narrei foi quando houve esse comprometimento!
Seja bem vindo!
Isso me lembrou o assunto “morte de personagens” no seu blog.
Nessa sessão, sem os vícios de ressurreição ou magias de cura, um dos jogadores ficou bastante preocupado quando o seu personagem caiu inconsciente, chegando a perguntar “E agora? Se o personagem morrer eu não posso mais jogar?!”.