Resenha – Línguas de Fogo
Línguas de Fogo é um livro marcado por começos.
É o início de uma série maior, ambientada em um novo mundo descrito pela então estreante Karen Soarele. Fortemente indicado para leitores que estão começando a se interessar pela leitura, também marca a primeira aventura de sua protagonista, a garotinha Aisling.
É através dos olhos de Aisling que somos apresentados ao mundo de Myríade (miRIade), o que é particularmente interessante para mim como alguém que gosta de lidar com cenários fantásticos. Trata-se de um pequeno continente com uma cordilheira central divindindo-o em alguns reinos menores. A trama neste primeiro livro é impulsionada pela guerra praticamente vencida do reino militarista de Vulcannus contra o quase derrotado Hynneldor. Quase graças a uma notável exceção. Tudo o que os separa de uma derrota completa é um pequeno grupo de guerrilheiros que vive em meio às montanhas: a Resistência.
Também há magia em Myríade. Cada um destes reinos é naturalmente ligado a um elemento guia e não é incomum que em meio ao povo nasçam pessoas capazes de manipular estes elementos, criando efeitos fantásticos com bolas de fogo ou escudos de vento. Em geral, estes feiticeiros possuem antepassados pertencentes a raças fantásticas como os pistiros, a única raça não-humana mostrada no livro. São fortemente ligadas ao elemento Fogo, que é o símbolo e guia de Vulcannus.
A população de Vulcannus inclusive demonstra forte preconceito e xenofobia em relação aos habitantes dos reinos opostos, considerando sua magia suja. Não por menos, a vilã da história é uma general pistiro do exército de Vulcannus chamada Kendra. Também se destacam os Furiosos, soldados de elite do reino que escondem um dos segredos mais profanos e geniais da história.
O padrão de qualidade do livro está bem acima da média considerando-se que ele foi auto-publicado, demonstrando o carinho e o trabalho com o qual foi tratado por todos os envolvidos. O uso excessivo de vírgulas (algumas desnecessárias) dificulta em parte a imersão por leitores acostumados a vencer toneladas de texto mas pode até mesmo ser bem vinda para os pequenos leitores que naturalmente leem de forma mais pausada.
Como maior ponto negativo, talvez para não tornar o livro muito longo, os personagens são trabalhados de maneira superficial. Em vários momentos lhes falta alguma personalidade mais marcante, algo que os destaque e faça você torcer por eles. Talvez esta impressão seja causada pela extrema ingenuidade e bondade de Aisling ou pela doença que acomete Dharon e que lhe coloca de lado em praticamente toda a história. Até mesmo Kendra não é tão má a ponto de você odiá-la (especialmente devido ao seu próprio drama pessoal).
Porém, como um todo, Línguas vale muito a pena. É diferente do atual padrão escatológico e sádico das histórias de fantasia que estão em alta justamente por apoiar-se no fantástico. É uma história sobre amizade e respeito e que escancara os portões para sua sequência no segundo livro da série, o já lançado Tempestade de Areia que pretendo resenhar em breve. Você pode saber mais sobre eles aqui.
E enquanto o meu vídeo sobre a saga não fica pronto, acompanhem o book trailler das Crônicas!
Excelente resenha, Marlon!
Eu sou meio suspeito para falar desse livro, mas fico super feliz que você, no geral, tenha gostado.
Espero que você goste tanto, ou mais, de Tempestade =D.
Forte abraço!
Cara, no Tempestade a Karen dá um salto. Tô na metade do livro agora, quero resenhar ele até o fim do mês. =D
Oba, que notícia boa! 😀 Mal vejo a hora de ler a sua resenha de Tempestade de Areia!
Quero ver me aguentar cobrando a continuação logo em seguida haha ;D