Falando com o Mestre: Wallace Garradini

Falando com o Mestre é uma nova seção de entrevistas, onde vamos conversar e colher depoimentos de algumas pessoas ativas no mercado nacional de jogos de RPG.
A estréia será com Wallace Guilhermino Pereira da Silva, carioca, 33 anos, microempresário, gerente de projetos e, acima de tudo: RPGista!

No meio é figura conhecida como Wallace “Garradini”, ex-editor da revista  Arkhan RPG,  do Portal RPG, organizador da Caravana Surreal e, recentemente, uma das cabeças pensantes por trás do mais novo evento do país: RPGCON.
O .20 bateu um papo exclusivo com ele, onde falamos sobre o início do seu envolvimento com o mercado, trajetória e planos futuros.
.20: Wallace, você foi editor de uma revista especializada. Como surgiu essa oportunidade?
Wallace: Bem, na época eu tinha um site de RPG, o Portal RPG. Nesse tempo eu ainda era mais inocente e acreditava que dava para ganhar a vida me dedicando, de verdade, ao hobby.
Durante esse período o Márcio, de Santos, entrou em contato comigo e me convidou para fazer parte de um projeto para (mais) uma revista de RPG, publicada pela Editora Escala. Nascia aí a Arkhan RPG.
.20: Então hoje você não acha possível viver trabalhando, apenas, com RPG?
Wallace: Eu acho que o nicho de RPG, no Brasil, é extremamente atrofiado e repleto de pessoas  despreparadas. Salvo o pessoal da Jambô, e algumas pessoas dentro da Devir, temos um quintal cheio de gente pouco qualificada para produzir material de qualidade, em todos os sentidos. Isso acaba refletindo no mercado, já que o público prefere consumir material importado.
Isso cria um ciclo vicioso: o público não compra pois não tem material de qualidade. Não havendo compra, há pouco dinheiro circulando e não há espaço para a entrada de novos talentos. Sem novos talentos, não surge material com mais qualidade e, de volta, o público não compra.
.20: A Arkhan foi uma revista com apenas 3 edições. A que você atribui essa vida curta da publicação?
Wallace: Principalmente à nossa inexperiência e à vontade de abraçar mais do que podíamos. A revista careceu de uma identidade própria e, apesar de não ter vendido tão mal, não foi o suficiente para aplacar a fome da Escala. Como várias tentativas anteriores, morremos na terceira edição.
.20: Se pudesse, repetiria a dose? O que tirou dessa experiência?
Wallace: Eu aprendi que fazer uma revista não é tentar agradar todo mundo, principalmente o pessoal que tanto reclama na internet. Veja que até a Dragão Brasil, após a saída do Trio Tormenta, pegou uma equipe que fez mais ou menos isso e afundou a revista. Hoje eu não acredito que repetiria a dose, principalmente porque o mercado não oferece uma rentabilidade compatível com o meu atual padrão de vida.
.20: Após o cancelamento da revista, pela Escala, você tentou alguma outra iniciativa no mercado de jogos de RPG?
Wallace: Não. Quando do fim da revista, ficamos com o Portal RPG ainda por algum tempo. Mas após um período onde os custos do site suplantavam seus ganhos, decidimos (eu e meu sócio) terminar com as atividades e nos focar nos projetos da nossa empresa.
.20: E como surgiu, em 2001, a idéia da Caravana Surreal?
Wallace: A Caravana surgiu quando o Filipi Iorio procurou o Portal RPG, com a idéia de levar um ônibus cheio de jogadores pro EIRPG, a um custo mais acessível. Naquele tempo costumávamos montar um estande no evento e a idéia nos pareceu interessante. Tanto que nos juntamos e passamos a fazer a caravana, ano após ano.
Com o tempo o Christiano se juntou a organização e a Caravana passou a ficar maior que nós três. Hoje temos uma Caravana que virou uma instituição: quase uma década levando jogadores em um clima amistoso e com uma qualidade superior para se divertir em São Paulo. Antes para o EIRPG, agora para a RPGCON.
.20: quantas pessoas você calcula já ter transportado até o EIRPG?
Wallace: Bem, são oito anos, levando cinquenta pessoas. Se contarmos os dois dias de evento, podemos dizer que já levamos oitocentas pessoas ao encontro. Em 2008 fizemos dois ônibus. Esse ano isso não foi possível por causa do trabalho na RPGCON. Mas ano que vem teremos surpresas.
.20: E você pode dar alguma pista sobre essas surpresas?
Wallace: Ano que vem, com uma organização melhor do evento e com uma sinalização da volta do EIRPG, poderíamos ter a Caravana Surreal para os dois eventos. E até com mais gente, porque não?
.20: RPGCON: como tudo começou?
Wallace: A RPGCON foi o resultado de um esforço conjunto. A Devir avisou, com apenas dois meses de antecedência, que não faria o EIRPG este ano. Isso deixou o pessoal da Caravana apreensivo, já que estávamos com o ônibus lotado e com a programação feita. Diante deste cenário estávamos dispostos a fazer um mini-evento dentro do hotel, em SP, para não perdermos o esforço e a viagem.
Paralelamente, o D3 e o pessoal da lista de blogs estava articulando a feitura de um segundo pequeno evento: o encontro de blogs. Junto a isso, o JM Trevisan me avisou, pelo MSN, que a Janaína, do grupo CEOS, estava planejando um outro evento para outubro.  Com a ajuda do Trevisan, nós três (Wallace, D3 e Janaína) nos reunímos para um papo onde surgiu a idéia de juntarmos forças e, ao invés de 3 pequenos eventos, produzirmos um evento maior e mais ambicioso: a RPGCON.
.20: E como foram os resultados do evento?
Wallace: O evento teve um resultado muito bom, para algo realizado em 63 dias. Tivemos um recorde de atrações e um público muito bom. Acredito que o ponto positivo da coisa toda foi o comprometimento da comunidade do hobby em torno desse esforço. Sites, blogs, editoras, autores e jogadores apoiaram o evento desde o início, e no fim estavam todos lá para uma festa realmente divertida.
.20: Então podemos contar com a RPGCON, firme e forte, ano que vem?
Wallace: Ao que tudo indica, não só teremos a RPGCON em SP, como também no RJ.
.20: Quais foram as maiores dificuldades causadas pelo prazo apertado, e como vocês contornaram esses obstáculos?
Wallace: As maiores dificuldades que tivemos ficaram por conta de levantar patrocínio, o que não foi possível devido ao curto espaço de tempo para se trabalhar. O dinheiro acabou saindo do nosso bolso mesmo. Também precisamos correr para conseguir o número de atrações, que só foi possível com a cumplicidade do pessoal responsável.
Esse evento teve bem mais do que três organizadores: teve todo o pessoal das organizações, carvanas e sites, que estiveram juntos desde o início comprometidos com a sua realização.
.20: Qual foi a média de público do evento?
Wallace: O evento teve um público por volta dos 2.500 participantes, nos dois dias. Algo como 50% em cada dia. Incrível como o público se manteve estável nos dois dias do evento.
.20: Vocês realizaram um bate-papo com o público presente no domingo. Qual foi o feedback que vocês receberam e quais foram os pontos altos e baixos, na sua opinião?
Wallace: Olha, recebemos um feedback muito bom de todo mundo. Até mais do que merecíamos. O evento teve suas falhas e a gente não vai se esquivar delas: falha na sinalização, nas opções para compra com cartão, na programação das mesas de jogos.
Mas também tivemos muitas atrações, como ponto positivo. Uma variedade boa de estandes de empresas, muitas salas com associações e a FRI (Feira de RPG Independente), onde o RPGista podia criar e levar o seu produto para comercializar e divulgar no evento.
.20: E quais os projetos futuros para o evento?
Wallace: Ainda estamos estudando modelos. Então é cedo para falar, pois mal conseguimos fechar as contas do evento. Mas planejamos melhorar sempre, escutando e evoluindo com a participação de todos.
.20: Wallace, obrigado pela gentileza da entrevista. Desejamos muito sucesso para todos os envolvidos na RPGCON e que o evento só venha a agregar mais oportunidades para a disseminação do nosso hobby de uma forma saudável, e com muita diversão.

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26 Resultados

  1. Rom_Machado disse:

    "Wallace: Ao que tudo indica, não só teremos a RPGCON em SP, como também no RJ"
    Cara…isso me deixou tão feliz que por um momento eu até esqueci que o Parreira foi demitido e que o Renight Gaucho deve voltar a infernizar meu time =/
    Bela matéria.

    • Além de SP e RJ,poderíamos ter o RPGCon em outras cidades também, não? Salvador (BA), que tal?

      • Tek disse:

        Não é desmerecendo tua cidade, mas tem de ser um lugar com uma quantidade representativa de gente. Ou então ser "central" o suficiente para receber gente de várias cidades grandes. Talvez uma outra capital do nordeste (que fique próxima a outras capitais, por exemplo) seria mais adequada.

        • Tudo bem, Tek.
          Eu acho que Recife se enquadraria melhor nesse caso, como "representante do Nordeste". Só pra se ter uma idéia, eu já esperava que ela fosse indicada como cidade-sede à Copa de 2014, mas não esperava o mesmo para Salvador. Recife tem mais infraestrutura (por exemplo, já tem metrô estabelecido, enquanto aqui o mesmo se arrasta por anos e não terminam as obras).

  2. Ótimo saber que a RPGCon teve publico suficiente para garantir sua execução no próximo ano 😀

  3. Cassaro disse:

    "Veja que até a Dragão Brasil, após a saída do Trio Tormenta, pegou uma equipe que fez mais ou menos isso e afundou a revista."
    Essa fez meu dia, Wallace.
    Parabéns pela RPGCon, que venham outras.

  4. Wallace disse:

    Cassaro,
    Independente do Telles ser um babaca, a verdade é que ele não conseguiu emplacar a revista exatamente por conta de inexperiência mesmo, nem tanto por arrogância. Ele com base da comunidade e nos usuários do Orkut que ele tem acesso montou um modelo que não se sustentou justamente pela falta de apoio dessa própria comunidade.
    O caso do Tormenta e dos leitores da DB são justamente o caso contrário: A comunidade gerada em torno da revista sempre sustentou os lançamentos da mesma, fazendo a coisa sobreviver mesmo no período de "crise". Hoje em dia, eu não saberia dizer se a comunidade em volta do Tormenta não é até mais responsável do que você ou o Caldela na manutenção dessas vendas. Eu desconfio que seja.
    O Problema do Telles, pra mim, é não ter conseguido essa cumplicidade com a comunidade, para que eles mesmos sustentem seus produtos. Veja que ele alega 2.500 usuarios diarios no site, o que dá algo como 75 mil visitas mensais. Levando em conta que 10% da comunidade dele comprasse a revista ou que 2% apenas comprasse seus livros, ele já teria dado lucro pra todas as editoras com que ele trabalhou. Entende o meu ponto?

  5. Cassaro disse:

    "Independente do Telles ser um babaca, a verdade é que ele não conseguiu emplacar a revista exatamente por conta de inexperiência mesmo, nem tanto por arrogância."
    Na minha opinião, oferecer-se para assumir um cargo sem ter experiência para tal já é — por si — mostra de arrogância. Mas é apenas minha opinião.
    "Veja que ele alega 2.500 usuarios diarios no site, o que dá algo como 75 mil visitas mensais. Levando em conta que 10% da comunidade dele comprasse a revista ou que 2% apenas comprasse seus livros, ele já teria dado lucro pra todas as editoras com que ele trabalhou. Entende o meu ponto?"
    Claro que entendo. SE esses números forem corretos.
    Por exemplo, eu notei que os contadores da Rede somam novas visitas mesmo quando elas se originam do mesmo IP. Basta você dar refresh num tópico qualquer para confirmar: uma nova visita é somada.
    Não entendo muito do assunto, mas isso quer dizer que a Rede tem 2500 VISITAS, e não 2500 USUÁRIOS.
    Estou errado? Se estou, por favor alguém me corrija.

    • Pyromancer disse:

      Sim, está certo sobre as visitas. Eu posso não ter um blog de RPG, mas era fácil de ver isso em meu blog de TCG (parado ha alguns meses).

  6. Tiago Lobo disse:

    Cassaro, no caso que está em debate eu concordo contigo que pode ter sido arrogância, prepotência, até falta de honestidade em negociar ás escondidas, passando por cima dos outros, para se chegar onde queria.
    Mas discordo quando isso se torna uma frase do tipo: "se oferecer para assumir um cargo sem experiência é mostra de arrogância".
    Eu me ofereci para assumir um cargo, recentemente, mas não fui arrogante (creio). Foi uma situação de necessidade que parece que está dando certo. Acho que a arrogância existe quando uma pessoa assume um cargo e não busca se aprimorar para desempenhar a função com a qual se comprometeu. E aí, além de arrogância, a coisa já se torna incompetência.
    E sobre as visitas da Rede, eu acho que você está certo, são visitas (independente de usuário). Mas também não entendo muito do assunto. O Nume e o Tek é que manjam bastante dessas coisas por aqui.
    Abraço.

  7. Cassaro disse:

    Mas discordo quando isso se torna uma frase do tipo: "se oferecer para assumir um cargo sem experiência é mostra de arrogância".
    Mal aí, você tem razão. Vou corrigir:
    Oferecer-se para assumir um cargo sem experiência ou competência, mas ALEGANDO ter, é arrogância.
    "E sobre as visitas da Rede, eu acho que você está certo, são visitas (independente de usuário). Mas também não entendo muito do assunto. O Nume e o Tek é que manjam bastante dessas coisas por aqui."
    Bom, se isso se confirmar, então o número real de usuários da Rede é bem menor que o alegado. Nenhuma novidade, só mais uma manipulação de números, que o Telles curte.

  8. Tiago Lobo disse:

    "Oferecer-se para assumir um cargo sem experiência ou competência, mas ALEGANDO ter, é arrogância. "
    Aí eu concordo.
    Vou além: alegar ter competência em algo que não se domina é, acima de tudo, uma irresponsabilidade muito grande, pois, principalmente no mercado editorial, se trabalha com prazos. O produto tem que sair. Então se é pra se comprometer, que cumpra o combinado.
    Eu noto que, principalmente na internet, muita gente tem vergonha e acaba não admitindo sua ignorância (no melhor sentido do termo) ou inaptidão para certas coisas. Parece que perguntar, na web, é um crime que remonta a pena de apedrejamento em praça pública da era medieval.

  9. Ziderich disse:

    O que devia remontar a apedrejamento em praça pública era sacanear uma comunidade inteira zoando uma revista que permaneceu mais de cem edições na praça apenas por babaquice.
    Agora duas perguntas pro Wallace:
    1- Só é preciso vender 2% de uma tiragem de um livro de RPG pra dar algum lucro?
    2- Vai rolar um RPGCON no Rio ainda esse ano, apenas ano que vem ou isso ainda está sendo estudado?

  10. Tiago Lobo disse:

    Ziderich, o Wallace, em momento algum, falou mal da Dragão Brasil, em qualquer fase da revista.
    "20: Então podemos contar com a RPGCON, firme e forte, *ano que vem*?
    Wallace: Ao que tudo indica, não só teremos a RPGCON em SP, como também no RJ".
    Para bom entendedor…
    E mantenha a educação por aqui.
    Abraço.

  11. Wallace disse:

    Ziderich, olha como uma interpretação errada de texto gera discussões infundadas…
    Onde eu digo que um livro precisa vender apenas 2% da tiragem pra dar lucro? Volta lá no texto e releia, isso que você afirma não faz o menor sentido.
    No mais, eu simplesmente não consegui entender o resto do seu texto.

    • Cassaro disse:

      O normal é que um livro ou revista precisa vender pelo menos 30% de sua tiragem para pagar os custos de papel, gráfica e distribuição.
      E isso quando você tem um secretário gráfico competente para consultar várias gráficas e fazer orçamentos — senão, talvez precise vender ainda mais.

  12. Wallace disse:

    Cassaro, eu nem dúvido que o site dele tenha 2.500 visitas de usuário únicos por mês não. Não é um número absurdo e ele conseguiu esse espaço por ter crescido em um momento que não existiam concorrentes.
    O que me assusta, na verdade, é a forma com que ele trata esses números, o modo com que ele gerencia a comunidade dele.
    Se você parar pra analisar que pelo menos metade do .20 era colaborador da RedeRPG e hoje virou desafeto; que o Area Cinza e mais alguns outros tambem viraram; Que outros antigos colaboradores da RedeRPG com uma "indole mais pacifica" se afastaram do meio pra não brigar e etc. você consegue ver que o site perdeu muito material humano e gerou um grande número de concorrentes em audiência.
    Somado a isso, você pode analisar também a RedeRPG no ponto de vista técnico. Ao contrário dos blogues, que usam o WordPress como ferramenta e se aproveitam de sua boa estrutura pra poder se dedicar ao conteúdo, a RedeRPG é um site mal-construído desde os preceitos de design, passando pela usabilidade e cms utilizado.
    Ou seja, juntando essa gerencia deficiente e autoritária, ao knowhow ruim em relação à ferramente internet, a gente tem um dos principais casos de desperdício de comunidade da internet brasileira.
    Uma pena.

  13. Wallace disse:

    Sobre os já folclóricos textos do Fabiano sobre a crise, fica aqui a dica de um texto do meu "sócio" Opiumseed no Observatório do RPG: http://observatoriodorpg.blogspot.com/2009/07/pal

  14. Álvaro "Jamil" disse:

    Boa entrevista, Tiagão.
    Wallace, RPGCon no RJ vai ficar mesmo pro ano que vem? (não reclamando, vou pro Rio esse ano de qualquer jeito =)

  15. Tiago Lobo disse:

    Valeu Jamil!

  16. Ziderich disse:

    Opa, eu realmente me expressei mal. Não foi minha intenção ofender o Wallace, mas o texto ficou meio dúbio mesmo. Falha minha.
    Eu estava me referindo a fase da Rede na Dragão. Acho que o que foi feito depois da saída do Trio foi babaquice.
    E eu confundi 2% da comunidade da Rede com 2% de venda da tiragem, agora entendi.

  17. Pyromancer disse:

    Tiago, bela entrevista!
    E eu só tenho a agradecer ao Wallace, pois foi graças a ele que eu conheci o RPG e Wargame, ainda na revista Arkham. Meu primeiro material sobre RPG (e minha primeira revista também) foi a Arkham #03 (com os Três Mosqueteiros, Combo Rangers e DragonLance na capa). Então busquei mais coisas ligadas ao assunto, como a Revista Tormenta (na época já estava na edição #15), 3D&T e por aí foi. Valeu!

  18. Tiago Lobo disse:

    Obrigado Pyromancer.
    Novas entrevistas devem surgir por aqui, em breve. .

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