Meus pais odeiam o meu hobby!
Recentemente recebi um comentário de uma mãe, preocupada com sua filha RPGista.
Visivelmente abalada, descarregava sua raiva no texto, altamente agressivo e preconceituoso.
Fiquei a semana inteira pensando no que fazer, até resolver fazer esse post.
Com tudo o que se fala sobre o RPG por aí, o que eu faria (e algumas coisas fiz) para abrir a cabeça dos meus pais quanto ao jogo?
Se coloque no lugar deles
Então você está saindo com um monte de gente que se veste de preto, falam sobre magia, vampiros e monstros…
Para quem está vivendo a situação isso pode parecer normal, mas seus pais não leram os livros que você leu!
Não adianta reclamar. Eles NÃO SABEM do que você está falando.
Aos olhos dos seus pais, você está escondido em um lugar, berrando coisas estranhas durante todo esse tempo.
Convide-os
Mostre os livros, incentive que os folheiem e façam a leitura dos primeiros capítulos (sabe aqueles que explicam o que é RPG?).
O melhor é começar por jogos “light”, como aqueles que mostram a luta contra dragões e o resgate da princesa. Depois mostre o Vampiro.
Mostre as miniaturas, dados, fichas e demais acessórios que você usa na sua campanha.
Essas coisas vão ajudá-los a entender que o RPG é só um jogo.
Abra a janela
RPG é legal. Muito legal. Tão legal que chega ao ponto de alguns loucos gastarem dinheiro só para divulgar o hobby e escrever a respeito na internet.
Só que a vida é mais do que isso.
Chame seu grupo para fazerem outras coisas (irem à praia, cinema, balada, etc) isso é bom para a amizade (que não ficará restrita apenas ao jogo) e é bom para você.
O RPG deve ser MAIS UMA coisa que você faz, e não A ÚNICA coisa.
Tenha equilíbrio
Um jogo de RPG leva, tranquilamente, 4 horas ou mais.
Se você joga regularmente, isso pode significar deixar de passar tempo com sua família, e criar na cabeça deles que você tem um “compromisso chato” toda semana.
RPG é legal e amigos são importantes. Só que a família também precisa de tempo (depois você fica reclamando que seus pais não te entendem… também, se você não fica com eles… aliás, nem VOCÊ vai entendê-los).
Da mesma forma, você precisa deixar claro que RPG não é “compromisso”, é um “hobby”. Que leva tanto tempo quanto (às vezes MENOS tempo) ir à praia, shopping ou balada.
Alooowww! Talvez eu seja nerd!
Seus pais tem preconceitos contra nerds.
“São uns idiotas.” – Eles dizem.
Considerando que o cara mais rico do mundo é nerd, e que vivemos na era da informação… Acho que tem um erro bastante óbvio nesse pensamento.
O que eu acho é que se você anda com nerds e tem passatempos nerds, talvez você seja um de nós, certo?
Só que se eles forem preconceituosos, talvez lhes seja difícil aceitarem isso, e é provável que leve tempo (e eu acho que a mãe da RPGista ainda não se tocou disso).
Infelizmente, essa é a única coisa para a qual não tenho dicas.
Não dá pra dar dicas contra preconceitos.
Só dá pra torcer para que a mãe não ame menos a RPGista, só por ela ser nerd.
E você?
Que dicas construtivas daria para a RPGista e sua mãe, para que cheguem à um acordo?
Cara,
Tinha uma coisa que eu fazia na adolescência e que funcionou para sensibilizar os meus pais em relação ao RPG e seus benefícios. Eu lembro de sentar na mesa da sala, com quatorze anos, cercado de folhas, lápis e livros. Eu passava um tempão jogando dados esquisitos (na época, eu acreditava que para saber os Pontos de Vida de um monstro eu precisava jogar a quantidade indicada de Dados de Vida – bons tempos de D&D da Grow). Bem, aquilo chamava a atenção deles, que me perguntavam o que eu fazia. Eu lembro de explicar. Mas acho que eles só entenderam que aquilo não era “ruim” ou “perigoso” quando eu passei a mencionar o que estava aprendendo graças ao RPG. Às vezes eram palavras novas em inglês, outras era um autor que resolvi começar a ler… Enfim, eles viram que aquilo estava me beneficiando de alguma forma. Acredito que isso seja mais do que o suficiente para a maioria dos pais.
último post de Carlos Hentges:Conan – Entrando no Clima
Conversem. nada melhor que conversar sobre o assunto.
Mas isso é difícil para algumas pessoas, especialmente se a jogadora for uma adolescente. Como a mãe foi atras de informação acredito que ela seja uma mãe interessada, sendo assim ela poderia procurar a filha e ouvir o que a filha tem a dizer sobre o RPG. Dessa forma elas podem chegar a um pensamento uno ou ao menos a um acordo.
último post de Frederick Vaz:Paradigmas: O suplemento de RPG mais barato do Brasil
Quando o caso de Aline saiu na mídia, a primeira coisa que a minha mãe fez foi proibir que eu jogasse RPG. Desnecessário dizer que não adiantou, né?
Para que eu me apaziguasse com ela nesse sentido, eu trouxe meus amigos para dentro de casa, e jogamos uma tarde inteira com ela indo e vindo. Ainda hoje eu faço isso – no meu último aniversário, quase todos os meus amigos que vieram jogam RPG. Então ela sempre sabe (ou faz ideia) de quem são meus amigos, com quem eu ando, o que eles fazem (se trabalham, com o que trabalham, esse tipo de coisa). Isso ajudou um pouco – ela não gosta de RPG ainda hoje, mas é bem mais tolerante.
último post de Allana:Monólogo
Carlos – Sim! O RPG me fez querer aprender a falar inglês também! E isso teve um impacto absurdo na minha vida profissional.
Frederick – Verdade. Até porque o comentário veio da resenha do “Ao Cair da Noite”. Com certeza houve busca no google para chegar aqui.
Allana – Excelente!!! Também levei jogos para casa. Lembro da minha mãe comentar que preferia que eu jogasse em casa, para ela saber o que eu estava fazendo, do que na rua. Depois que conheceu os meus amigos e o jogo, daí relaxou.
É engraçado como ainda existe preconceito quanto ao RPG, algo ligado a cultura e socialização.
Agora se fosse um drogado ou traficante seria normal, né? existem aos montes mesmo…
último post de d.darkangellus:Religiões de Eberron – Parte 01 de 02
sei lá, meu maior problema são com os fanáticos religiosos…
último post de Tsu:Gameday: Maratona de RPG
Sempre joguei na minha casa, meus pais sempre souberam o que eu fazia,
só engrossaram comigo uma vez que eu comecei a ir mal nos estudos.
Mereci aquela bronca.
Mas o RPG me deu muito mais do que me tirou. Nem vou falar da
quantidade de leitura por que eu já era leitor ávido antes. Desenvolvi
a capacidade de me expressar, falar em público, organizar, aprendi
inglês, trabalhar em equipe, pensar fora da caixa, me colocar no lugar
de outra pessoa para saber como ela pensa. O tipo de perícia que eu
não aprenderia na praia, o tipo de perícia que você ouve pessoas de
sucesso dizendo que são importantes e que tiveram sucesso na vida por
causa delas.
Adoro O Aprendiz. É um ótimo exemplo a ser seguido. Veja o que o
Roberto Justus cobra dos seus candidatos a executivo (com altos
salários) e se pergunte o que você aprenderia na praia e o que você
aprenderia no RPG. Não estou dizendo que RPG é o caminho para a fama e
a fortuna, mas que é melhor do que essa mãe quer para a filha, isso é.
último post de hackbarth:Envelopes e Equipamentos
O que dizer para essa mãe?
Converse mais com sua filha; Assista a meia hora de jogo; O que sua filha aprenderia na praia que não aprende com RPG? Agora pense no contrário: O que sua filha perde com o RPG que não perderia na praia? Procure saber quais são os benefícios.
A atitude dessa mão não é de se recriminar, afinal, nós humanos tememos o que não conhecemos. Ela só tem que aprender que, antes de criticar, ela tem que conhecer um pouco.
Sou casado há 8 anos e minha esposa já jogou RPG [não joga mais por falta de tempo] e minha filha de 4 anos está pedindo para jogar e eu a ensinarei com muito prazer. E meus pais [católicos praticantes] nem ligam para o jogo. Eu jogava na casa deles e eles viram que não tinha nada demais.
Aliás, tinha sim. Era melhor eu estar jogando RPG em casa que me alcolizando e fumando em festas.
último post de Nordestinus:Entre Anj… digo, Entre Novatos e Veteranos…
Primeiro, aprenda a traçar paralelos. Seus pais provavelmente amam teatro, contos e histórias narrados verbalmente e coisas assim. Pegue-os pela nostalgia e passado nobre, não por manchetes de tabloides.
Depois, aponte coisas legais, como histórias que você escreveu, amigos que fez, o que aprendeu, etc e tal.
O principal é explicar de modo que eles entendam e aceitem. não adianta falar do ritual para invocar o belzebu do décimo sétimo nivel. É mais fácil dizer sobre as virtudes de um paladino ou os votos que um clérigo faz.