Resenha – Gestapo
Meme de Livros 01
A lista de discussão dos autores responsáveis vários blogs de RPG nacionais sempre surpreende àqueles que dela participam devido a qualidade dos assuntos que rolam por lá (apesar de um deslize e outro) mas principalmente pelas grandes idéias e sacadas para unir todo mundo numa mesma panelinha. Dentre as várias iniciativas, creio que o meme dos livros foi uma das melhores.
Se não me engano, a idéia veio do próprio Tarmann que me enviou o primeiro dos três livros que já recebi nesta corrente. Depois de devidamente lido, passei adiante para a turma do Pensotopia que acabaram resenhando o danado antes de nós. As regras do meme são simples. Leia um livro, resenhe em seu blog indicando quem lhe enviou e passe ele adiante. Se quiser, comece você mesmo uma corrente na mesma lista, enviando três de seus livros para algum dos blogueiros cadastrados. Bacana não?
Inclui inclusive uma numeração própria nesta série dentro da coluna Rato de Sebo, já que espero continuem me surpreendendo com livros chegando pelo correio até o fim de minha vida. Mas vamos ao livro. Assim como a Elisa fez (e fez maravilhosamente bem) no Pensotopia, vou antes de me ater ao livro falar um pouco de seu autor. Sven Hassel descreveu a Segunda Guerra Mundial de maneira crua e realista, com uma visão única de quem realmente presenciou os acontecimentos da década de 40. Não temos aqui um romance escrito sobre uma pesquisa histórica. Hassel viveu no front, ele foi a guerra. Ele era um nazista, foi um soldado do Exército Alemão a quem serviu no período de 1937 até o fim da guerra, em 45.
Ele mostra que apesar dos horrores da guerra, os alemães que nela lutaram não eram monstros inumanos desprovidos de emoção (ou meras coisas para se atirar, como na maioria dos jogos em primeira pessoa onde os nazistas se tornaram alvos humanos clássicos). Travam-se de homens e mulheres com desejos, sonhos e vontades. E a maioria deles estava tão tristes e apavorados com a guerra quanto o resto do mundo.
Gestapo narra uma parte desta sua vida de soldado na pele de oito companheiros sobreviventes da 5ª Companhia do 27º Regimento Blindado. Os últimos oito que restaram após um ataque das tropas russas. Mas não havia glória na derrota, e os oito apenas regressaram à Alemanha – mais calejados, preparados e um pouco menos humanos – para aguardar novas ordens.
Citando um trecho no livro, numa interpretação um tanto quanto livre: “A primeira coisa que aprendemos na guerra é mijar nas próprias botas“. Não há um herói dentre os oito soldados, tampouco alguém querendo bancar o herói. Tudo o que eles fazem é seguir as ordens recebidas, e tentar sobreviver aos ditames (nem sempre muito inteligentes) de seus superiores.
A história não se preocupa muito em ser linear ou empolada. Ela é nua e crua. Sua linguagem é feroz, chula em vários pontos, mas incrivelmente familiar. Você não consegue deixar de se sentir envolvido com a velocidade do texto e se ver compartilhando com os personagens os momentos em que eles se davam ao luxo de rir, insultarem-se e blasfemar.
E o bacana é que não se trata de uma história de companhia militar “holliwodiana” onde temos o bonzão, o pateta e o personagem-alvejado-no-início-do-filme. O grupo é imprevisível. Em um momento, o capturam um bando de refugiados russos, noutro, auxiliam este mesmo bando a fugir das ordens de enforcamento de um general alemão que jamais colocara seus pés no front.
Enfim, Gestapo é uma história de contrastes, de escolhas inevitáveis de homens inseridos num sistema hostil de guerra. E no ar ressoa a pergunta que para mim é um dos norteadores da história: Até que ponto você está diposto a trair ou lutar por sua pátria mesmo indo na direção contrária aos seus princípios?
Cada um dos oito soldados respondeu a esta pergunta moldando-se à guerra da sua forma. Mesmo que isso vá contra tudo o que eles eram antes dos combates. Sapateiros, músicos, agricultores. Soldados. De navalhas e pistolas em punho, eles avançam levando dentes de ouro furtados dos cadáveres nos bolsos num novo mergulho ao inferno do combate no front.
Poxa. Fiquei com vontade d le.adorei a sua transição falando do autor para o livro. kd o link do pensotopia pra eu le o de la?
Bom que gostou Nymous =D
O Pensotopia tá linkado ai no texto, mas pra facilitar, copicolo o link aqui:
http://pensotopia.wordpress.com/2009/04/06/resenha-gestapo/#comment-1626
Bacana ter sido o mesmo livro, é muito bom ver resenhas diferentes da mesma coisa, dá OUTRA impressão. =D
Sim, e a tendência é isso aumentar cada vez mais, com mais opiniões sobre as obras =D