Alunos – Conto
Um conto para comemorar o Dia das Crianças!
Olá,
Eu tenho pretensão de postar o material de Alunos toda sexta-feira, mas o próximo material era um conto, o que acho divertido pra entrar no clima, mas não funcional. Como hoje é dia das crianças, decidi postar o conto hoje, já que é algo mais light.
O conto se passa na Escola Fictícia de Fórum D.A.E.M.O.N. Na época que estava escrevendo o netbook, eu fazia parte ativamente do fórum da Daemon e muita gente estava dando dicas, conselhos e alguns auxílios no material, além, claro de grandes amizades que fiz lá. Como eu curto aquele esquema de contos e texticulos antes de cada capítulo, pra dar uma idéia melhor da ambientação e pegar bem o clima, resolvi fazer uma homenagem ao pessoal do fórum, criando essa escola fictícia onde os alunos eram os freqüentadores do fórum, o que foi bem recebido.
Algumas curiosidades: Nesse conto, eu coloco minha pessoa, o Arlequim e Errado como guias, devido a sermos os autores. Por eu ter escrito grande parte do material pra Daemon, com auxílio dos dois, principalmente do Errado, meu “avatar” foi colocado como o que descreve bem os lugares. Apesar de, na minha concepção, eu ser um hobbiet, devido à minha postura no fórum, o pessoal me convenceu que seria uma postura de jedi. Como a escola fictícia e os contos partiam da premissa de reproduzir o ambiente do fórum, concordei.
Outras pessoas influentes da época também aparecerão ou haverão referências em contos. Como a escritora Gyulia Moon, de quem sou fã e de quem eu mantinha comunicação na lista de discussão Cryacontos, ou o Mago D’Zilla, que eu sempre tive como um exemplo na vida RPGista por ser casado, ter filhos, escrever, desenhar e ainda jogar RPG. Na época do material, 2003 a 2004, eram poucos que eu conhecia que conseguiam realizar tal feito.
Espero que esse conto possa levá-los ao clima de Alunos e na sexta eu posto uma parte mais técnica e funcional do netbook. Revisado e com regras para BESM e Daemon.
Feliz dia das crianças!
Bonanças.
Atenciosamente,
Leishmaniose
***
Primeiro Dia de Aula
Aquele lugar lhe dava calafrios, havia algumas pixações na parede e a luz do sol mal batia ali. Mesmo estando em plena manhã de sol, parecia um dia nublado e cinzento. Era uma espécie de depósito de entulho do colégio em pleno céu aberto ao lado de um armazém. Carteiras quebradas, móveis, quadros, grades, antigos brinquedos do parque enferrujados e partidos, caixas e inúmeros outros objetos que ficaram obsoletos para a escola, sendo despejados ali, formando um verdadeiro labirinto com corredores entre os entulhos. Antes de entrar ali, achara que ouvira algumas vozes, mas agora estava tudo em pleno silêncio. Apenas os seus passos ecoavam naquele salão. Seria assombração? Sua respiração estava levemente acelerada. Não dava pra esconder que estava com medo. Era seu primeiro dia naquela escola e não sabia onde ficava o banheiro. Ao perguntar a um grupo de alunos eles indicaram aquele galpão no fim do terreno da escola.
— Hmmm… O que nós temos aqui? — uma voz ecoou alto pelo galpão.
Parando subitamente, com o seu batimento cardíaco mais acelerado, ela procurou a fonte de tais palavras. Estava em cima de um monte de entulho mais à frente, portando um pequeno bastão feito de ferro na mão e com suas roupas levemente gastas. Seus cabelos desgrenhados e uma cicatriz no rosto lhe davam um aspecto aterrorizante para uma garota como ela. Ele era mais velho que ela, certamente. Talvez do 9ª ano. Ele sorriu e desceu o morro de entulho.
— O que uma garota como você faz sozinha num lugar desses? Aqui é perigoso, sabia? — a garota manteve-se calada, certamente com medo. Após algum tempo de silêncio, ele desferiu um golpe do bastão em uma grade, gritando. — Vamos! Responda!
— E… Eu estava… atrás do banheiro. — respondeu ela, ofegante.
— Um banheiro?! Tá se molhando nas calças, é, garotinha? — o garoto deu uma risada alta que ecoou no galpão. Depois, com um sorriso sarcástico. — Ou você é muito burra ou está desesperada atrás de um banheiro pra entrar aqui! Um banheiro… É. Há um banheiro aqui. Mas tá quebrado. Faz muito tempo.
— Bem… Então eu vou indo… Desculpa qualquer coisa… — ela respirava ofegante, o medo já estava visível claramente em suas mãos trêmulas.
— Indo? — perguntou o garoto rodeando-a com um sorriso irônico. — Olha só pessoal, ela já vai indo.
Inúmeras risadas acompanharam o comentário do garoto. A garota olhou ao redor. Em cima dos entulhos, havia outros garotos, com bandanas, faixas, piercings, brincos, camisas rasgadas, alguns com correntes, outros com bastões. Um deles brincava com um canivete. Eram cerca de quinze. Entre eles, haviam duas garotas e isso não acalmou a jovem. O garoto que aparentava ser o líder desferiu outro golpe em uma grade, fazendo ecoar um barulho horrível.
— Indo? Acho que não, patricinha! Ninguém invade o território dos bandoleiros e sai impune desse jeito. Já imaginou se deixássemos você sair ilesa? Isso acabaria com nossa reputação. E temos uma reputação a manter, não é, pessoal? — os outros começaram a gargalhar, ovacionando e gritando um longo “É”. — Além do mais você vai aprender que deve tomar cuidado em tudo o que faz, pois podemos nos meter em cada apuro… E você se meteu em um grande, filhinha de papai.
O líder do grupo engrossara a voz, fazendo a garota recuar de medo. Um barulho por trás dela a fez virar-se. Três bandoleiros desceram do monte de entulhos bloqueando-lhe o caminho. Os olhos da garota já estavam cheios d’água, não eram mais somente suas mãos que tremiam, ela estava sendo tomada pelo pânico. Os bandoleiros começaram a gargalhar alto. Uma gargalhada que ecoava nas paredes do galpão tornando-se cada vez mais aterrorizante.
— Dá licença, filhote de cruz-credo!
Um dos bandoleiros que estava bloqueando o caminho foi empurrado por um garoto menor. Outro garoto saltou por cima do outro bandoleiro que bloqueava o caminho, caindo ao lado da garota, enquanto o amigo empurrava os outros bandoleiros, abrindo caminho para um grupo de garotos. Eles estavam vestidos diferentes dos bandoleiros e de forma bem diversificada. Um jovem muito bem vestido aproximou-se da garota e disse:
— Não se preocupe, milady. A cavalaria chegou. Meu nome é Jean Errado, a seu dispor. O acrobata aqui é o Snake.
— Senhorita. — respondeu Snake fazendo um cumprimento de karatê.
— O amigo que abriu caminho para nossa passagem é o Noiado. — continuou Errado. Noiado apenas acenou com a cabeça.
— O de mochila é o Samurai. — apresentou Errado.
— Oi. — respondeu Samurai.
— O cabeção com um sorriso bobo é o meu irmão Arlequim. — continuou Errado.
— Cabeção, é? — perguntou Arlequim tirando o sorriso do rosto e olhando sério pro irmão.
— Aquele é o Lennonz. — continuou Errado.
— Oiz. — respondeu Lennonz, inserindo os “Z” na frase.
— E aquele é o Leishmaniose. — finalizou Errado.
— Olá. — respondeu Leishmaniose. — Perdoe-nos a demora, é que demorou algum tempo até esse grupo ser reunido. Mas, agora que já está tudo bem, podemos ir embora, sem maiores delongas e confusão.
— Como assim, ir embora?! — perguntou, visivelmente furioso, o líder dos bandoleiros. Os outros bandoleiros desceram dos entulhos, se colocando ao lado do líder. Estavam dispostos a confusões. — Tão pensando que isso é casa de Mãe Joana que entram e saem assim, é? Não, senhores. Vocês sabem muito bem o que acontece com quem invade o território dos bandoleiros e não vão sair assim impunes.
Os bandoleiros começaram a aproximar-se, erguendo suas armas. Snake e Noiado posicionaram-se em posição defensiva de luta, Lennonz puxou duas tampistolas do bolso, Samurai puxou a manga do seu capote, revelando um bracelete esquisito e Arlequim armou seu estilingue. Errado entregou sua tampistola, uma espécie de besta que lança tampinhas de garrafa, para a garota e ficou na sua frente, tentando protegê-la. Leishmaniose cerrou os punhos e disse:
— Expectrum, não invadimos seu território. Você sabe que a gente só entra aqui quando é necessário. A garota é uma novata na escola. E ela caiu na peça de um grupo de Bagunceiros. Entenda a situação. É justificável punir aqueles que quebram as regras porque as conhecem, mas não é justificável punir alguém se ele não conhecia as regras.
Expectrum, o líder dos bandoleiros sorriu sarcasticamente e após girar o bastão, disse:
— Tudo bem. Foi provada a inocência da garota. Ela pode ir.
— Grande Leishz! — falou Lennonz. — É issoz aí, jediz.
— Obrigado Expectrum. Vamos indo, pessoal. — falou Leishmaniose.
— Que mané obrigado? — perguntou Expectrum. Os bandoleiros voltaram a fechar o caminho. Com um sorriso irônico ele continuou. — Eu disse que a garota está liberada, não vocês! Vocês invadiram o nosso território, conhecendo as regras. Vocês devem ser punidos. Devem ganhar o direito de saírem… na marra.
— O quê?! — exclamou Snake. — Ah, seu grande…
— Calma, Snake. — falou Errado. — Isso só vai piorar a situação.
— Não é juzto, Ezpectrum. — falou Lennonz.
— Há lógica nas palavras dele. — disse Samurai apertando uma seqüência de botões no bracelete.
— Homem, vamos deixar de lero e quebrar esse bando de marginais logo. Senão a gente vai perder o recreio todinho. — exclamou Noiado.
— Ok. Aceitamos seu desafio, mas antes ela tem que sair daqui. — falou Leishmaniose.
— Tudo bem. Deixem-na ir. — falou Expectrum dirigindo-se aos outros bandoleiros, que abriram caminho em direção à saída. — Tá na hora de resolver algumas rixas pendentes…
— Você ouviu o Leish, menina. — falou Errado com um olhar terno. — Aproveita e se manda.
— Não! — exclamou a garota, com um olhar aflito.
— Como é que é? — exclamaram os sete garotos ao mesmo tempo.
— Ela é uma Skisita, só pode ser. — falou Snake.
— Por quê? — perguntou Errado.
— Não posso sair e deixar vocês apanharem por minha causa. — falou a garota com o rosto ruborizado, olhando pra Errado.
— Olhaz aí, jediz. Ela tem tendênciaz paladinezcaz também. — falou Lennonz.
— Menina, você… — tentou falar Errado.
— Vocês ouviram a menina, pessoal! — falou Expectrum, interrompendo. — Não perdoem!
Os bandoleiros começaram a aproximar-se com sorrisos sarcásticos. As oito crianças prepararam-se para a luta. Estavam em desvantagem numérica. Quinze contra oito. Leishmaniose olhava tenso pro corredor criado pelos entulhos que dava acesso à entrada e à única saída do galpão. Os bandoleiros estavam fechando-o completamente.
— Esperem! — gritou Leishmaniose. — Expectrum certamente há outra forma de resolvermos isso…
— Conhece as regras, jedi. — falou Expectrum com um olhar inquisitivo. — O que espera ganhar com esse papo furado?
— Tempo… — uma outra voz ecoou firme no galpão, vindo de cima.
“As oito crianças prepararam-se para a luta. Estavam em desvantagem numérica.”
Em cima de um entulho, estavam três garotos. Eles desceram rapidamente, juntando-se aos oito. Expectrum cerrou os dentes ao reconhecer dois dos garotos. Leishmaniose abriu um sorriso e disse:
— Finalmente, Haziel!
— Desculpa, Leish. — sorriu sem graça o mais novo dos três garotos.
— A culpa foi minha, Leish. Eu queria encontrar o Garrell antes de vir aqui.
— Tudo bem, Arzzak. Eu sabia que podia contar com você. — respondeu Leishmaniose cumprimentando o amigo.
— Parece-me que chegamos bem na hora, hein, Garrell? — falou Arzzak.
Garrell arqueou a sobrancelha e inclinou a cabeça rapidamente, em sinal de concordância com a afirmação do amigo. Ele apenas fitava Expectrum de forma desafiadora. Expectrum, visivelmente nervoso, perguntou:
— O que estão fazendo aqui?
— Nada demais. Viemos apenas ajudar nossos amigos a encontrarem essa linda jovem, caro Expectrum. — falou Arzzak. — Como ela já foi encontrada, acredito que possamos sair, sem nenhuma complicação, não é?
— Não! — gritou Expectrum. — Vocês conhecem as regras!
— E justamente por conhecê-las eu digo que não teremos nenhuma complicação. — a calma na voz de Arzzak deixava o bandoleiro mais irritado e nervoso. — Você nos deve bastante, Expectrum… a mim, ao Garrell e ao Spellcaster! E você conhece as regras. Já imaginou se o Spell descobre sobre uma quebra das regras?
— Droga! — exclamou Expectrum batendo com o bastão em um entulho. — Maldito Leishmaniose! Você armou isso desde o início, não foi? Aquela conversa era apenas pra ganhar tempo até que o Arzzak chegasse! Isso não vai ficar assim, protozoário! Pode ter certeza! — Expectrum mantinha os dentes cerrados de ódio. — Vão embora! Vão embora logo! Antes que eu mude de idéia!
— Nossa, ele sabe que o nome Leishmaniose é de um protozoário. — murmurou Samurai.
— Homem, vamos embora logo. — falou Arlequim empurrando Samurai.
— Obrigado, Expectrum. — falou Arzzak com um sorriso sincero.
— Tchauz! — acenou Lennonz com um sorriso cínico.
Leishmaniose apenas sorriu e acenou com a cabeça enquanto o grupo começava a se retirar. Os bandoleiros abriram passagem para o grupo passar. Eles mantiveram-se calados enquanto caminhavam pelos corredores de entulhos, acompanhados ao longe por bandoleiros que ficavam lançando gracinhas. Após saírem do galpão que servia de depósito, os alunos pararam próximo ao pomar, que ficava na frente do armazém que havia ao lado do galpão.
— Ah, se eu pego esses bandoleiros, eles vão ver quem é covarde.
— Fica quieto, Snake. Só pudemos sair livremente porque nenhum de nós tinha agredido algum bandoleiro de forma significativa. Foi por isso que o Leish pediu apenas que eu empurrasse os bandoleiros do caminho e não os nocauteasse. Embora a vontade fosse grande. — falou Noiado.
— Eu estou ciente disso, mas no dia que eu pegá-los, eles vão se ver comigo!
— Wow! Nem pude testar meu novo bracelete lançador de goma… — falou Samurai.
— Deixaz praz prózimaz. — falou Lennonz com um sorriso.
— E qual seu nome, corajosa donzela? — perguntou Errado.
— Ísis.
— Olha o Errado, até parece um casanova. — falou Arlequim caindo em gargalhadas.
— Bem, Leish, agora nós vamos indo senão vamos perder o restante do recreio.
— Tudo bem, Arzzak. Obrigado pelo apoio, irmãozinho. Obrigado também, Garrell.
— Tudo bem, Leish. Qualquer coisa, você já sabe, hein. — falou Garrell.
— Obrigada por tudo, senhores. — falou Ísis.
— Cuide-se, menina. E tenta não se meter mais em confusão, hein. — falou Arzzak.
— Vamos, papa-anjo. Antes que o Errado se chateie… — falou Garrell piscando um olho.
Garrell e Arzzak seguiram em direção ao pátio, distanciando-se do grupo. Haziel aproximou-se de Leishmaniose e disse:
— Leish, vou indo. Vai haver uma prova depois do recreio. Eu tenho que estudar um pouco.
— Tudo bem, Hazi. Valeu mesmo pela ajuda. Você foi a peça-chave.
— Precisando. — falou Haziel acenando e indo em direção ao prédio da escola.
— Ei, jedi de uma figa! Vou me mandar também porque está tendo uns jogos bem legais lá no ginásio e você sabe como é o esquema, né? O Snake tem que arrasar por lá.
— Arrasar? Até parece! Mas vai nessa, cascavel. Depois a gente se fala.
— Aew! — falou Snake correndo em direção ao ginásio.
— Eu vou indo, irmãozinho. — falou Noiado olhando de relance. — Vou dar uma volta por aí.
— Só não vá matar aula de novo, você sabe que se a mamãe pega, você fica de castigo! — falou Leishmaniose um pouco sério, afinal ainda era o irmão mais velho.
— Relaxa, brou! Sem preocupações. — respondeu Noiado, indo em direção de uma quadra.
— Hmmm… Acho que esse bracelete ainda pode receber alguns ajustes. Vou ver o que eu posso fazer lá na oficina. Então a gente se vê depois, Leish. — disse Samurai indo em direção ao prédio maior à direita, o Academos.
— Lembranças pra Lídia, hein, McGuyver. — disse Leishmaniose.
— Bemz, o Dantaz e o Dr.Simmz eztão me ezperando no laboratórioz. Eztamoz programando algoz. Depoiz noz falamoz, protozoárioz. — falou Lennonz.
— Que a Força Esteja com Você. — disse Leishmaniose.
— Namaztê. — respondeu Lennonz.
— Leish, eu estava pensando em levar a Ísis até onde fica o pessoal da moda, os mauricinhos e patricinhas. Que tal se você descrevesse um pouco o colégio pra ela? Uma espécie de tour, já que você conhece o colégio bem melhor do que eu. — falou Errado.
— Você é uma patricinha? — perguntou Leishmaniose.
— Sou sim. E você é um jedi, né? — respondeu Ísis.
— A seu dispor, donzela. — falou Leishmaniose. — Bem, o nosso colégio se chama Fórum da Desenvolvida Academia Educacional da Metodológica Ordem Neoclássica. Ou simplesmente Fórum. É uma das mais democráticas escolas para os alunos em todo o país. Aqui há oportunidade para todos os alunos se desenvolverem na área que desejarem.
— Xii… Essa conversa vai virar papo chato. Vou com vocês pra animar um pouco as coisas senão amanhã mesmo a menina muda de colégio novamente. — falou Arlequim.
— Bem, aqui no Fórum temos muitas áreas que você vai conhecer melhor quando já estiver bastante enturmada no colégio, mas descreverei as principais para evitar que se meta em confusão. Há áreas tidas como perigosas ou proibidas nesse colégio. Como o galpão dos bandoleiros onde estivemos há pouco tempo. O laboratório de química também é outro desses locais, evite passar por lá, pois a confusão lá também envolverá os professores da forma que você não ia desejar.
— Também evite entrar na sala da coordenação ou da direção do colégio. — complementou Arlequim. — Se te pegam lá quando você não foi chamada ou ela estava fechada, você é suspensa e pode até ser expulsa.
— O Arlequim sabe disso por experiência própria, não é? — perguntou Errado rindo.
— O diretor da nossa escola é o senhor Norson, ele é muito aberto a novas idéias e costuma conversar com os alunos de igual para igual. O nosso coordenador-chefe é o Gizmo, ele também costuma ser legal com os alunos. — falou Leishmaniose.
— Nem sempre. — complementa Arlequim.
— Quando você não é mandado pra lá por algum professor, claro. — Leishmaniose ironizou, olhando para Arlequim e em seguida continuou olhando para o Academos. — O Fórum também disponibiliza clubes para atividades extracurriculares e por isso muitos alunos costumam vir aqui quando não estão em horário de aula. Ele é o pioneiro nesse tipo de atividade extracurricular aqui no país e alguns educadores possuem bastante interesse nos resultados desse projeto da Escola. Temos diversos clubes, como o de Jornalismo, o de Ciência, o de Esportes, você vai achar um no qual se enquadre. Durante o recreio há diversos locais por onde você pode passar, eles nunca estarão tão vazios. Tem o Teatro, onde se encontram diversos hobbiet’s. No Ateliê você também pode encontrar alguns hobbiet’s. Tem o ginásio, freqüentado por Desportistas.
— É melhor você ser uma se for pra lá, porque precisa de muita agilidade para se esquivar das bolas. — falou Arlequim em tom irônico.
— Tem também a Oficina, onde pode-se construir algumas coisas. Lá é o lugar preferido dos McGuyver’s. Tem os Laboratórios de Informática, onde pode-se acessar a internet livremente e fazer trabalhos no computador. Diversos nerds passam horas lá. Tem a biblioteca, lotada de CDF’s e com inúmeros livros. Temos também o Baazaa, um local onde diversos mercadores vendem e compram objetos. Temos também a Arena, um pequeno pátio onde alguns pitt-boys costumam se encontrar e duelar. Temos também o Bar, que na verdade é uma sala onde os skisitos costumam juntar-se para discutir diversos assuntos. A Soneca, um local onde alguns zémolezas costumam ficar, por ser o lugar mais ventilado e tranqüilo do colégio. O Jardim, onde os curupiras costumam ficar. Tem o parquinho para crianças da pré-escola e dos jardins. Há uma grande diversidade de locais nesse colégio, com certeza você vai encontrar algum onde vai gostar de ficar. Os mauricinhos e patricinhas costumam ficar perto da cantina, num espaço onde costumam conversar e ficar vendo os outros passar. — falou Leishmaniose guiando o grupo pelo pátio.
— Eles ficam falando das roupas dos outros e ainda acham que isso é diversão. — falou Arlequim com um ar de deboche. — Não é, irmãozinho?
— A cantina é terceirizada, mas o colégio impõe um valor limite máximo do aumento de preços, fazendo com que o preço da comida na cantina seja muito mais barata que no mercado em geral. Como pode ver, ela é bem organizada, embora alguns bagunceiros sempre fiquem nas últimas mesas aprontando alguma. — falou Leishmaniose apontando pra cantina, da qual eles se aproximavam. — Bem, eis aqui o local onde os mauricinhos e patricinhas costumam ficar quando não tem muita coisa pra fazer durante o recreio. O Style, como eles chamam.
— Ou Estábulo, como outros chamam… — falou Arlequim dando um sorriso sarcástico.
Cerca de vinte alunos estavam sentados conversando, alguns isoladamente, outros num grupo maior. A área possuía cadeiras novas e acolchoadas, com as mesas de frente de forma a permitir que se formasse um “L” invertido, com as costas das cadeiras voltadas para a parede. Nas mesas estavam alguns sanduíches e uns copos com refrigerantes e sucos. Arlequim olhou meio azedo para o local, mas aproximou-se junto com os outros três. Uma das garotas ao ver os quatro aproximarem-se, levantou-se e foi até eles, onde disse:
— Leish?! Que surpresa ver você por aqui…
— Oi, Maga. Essa é a Ísis. Ela é novata aqui no colégio e como ela é patricinha, resolvemos trazê-la até aqui. Acho que vocês vão poder ensinar as manhas melhor do que eu, já que suas idéias são similares. — falou Leishmaniose, um pouco vermelho.
— Por que ele está vermelho? — perguntou Ísis sussurrando pra Errado.
— Bem, ele gosta da Maga. — sussurrou Errado com um sorriso.
— Então quer dizer que se o Leish gosta da Maga por ficar vermelho perto dela, então você também gosta da Ísis, né? Porque tá parecendo um pimentão… — falou Arlequim em alto e bom som.
— Hein?! — exclamaram Leishmaniose e Maga simultaneamente, ficando visivelmente vermelhos, assim como Ísis e Errado.
— Por que tá todo mundo vermelho? Ah, eu estou sobrando aqui! Dá licença, vou procurar um canto mais divertido… — reclamou Arlequim rindo sarcasticamente.
— Não liga pro que ele fala… — falou Errado todo envergonhado.
— É, você sabe como são esses bagunceiros, de tudo eles tiram onda. — complementou Leishmaniose com um sorriso amarelo. — Fez isso só pra nos deixar constrangidos.
— Entendo… — respondeu Maga sorrindo.
— Bem, tá entregue. Eu vou indo, tenho alguns assuntos a resolver. — respondeu Leishmaniose olhando para o pátio. — Você vem Errado?
— Hã… Bem, eu também sou mauricinho e acho que posso ajudar um pouco a Ísis aqui. Sabe como é, depois do que houve com os bandoleiros…
— Bandoleiros? — perguntou Maga.
— É uma longa história. Depois você conta pra ela, Errado. — falou Leishmaniose saindo.
— Vai com Deus, menino. — falou Maga, dando-lhe um beijo no rosto.
— Hã… Eh… Obrigado. — balbuciou Leishmaniose com o rosto corado. — Que a Força Esteja com Vocês.
Leishmaniose saiu do Style, rumando para o pátio, quando sentiu um calafrio na nuca. Ele olhou para trás, procurando o que poderia ter-lhe causado a sensação, quando um garoto aproximou-se correndo até ele.
— Leish! Leish!
— O que foi, Dromar? — perguntou Leishmaniose.
— Vem ver! A televisão do auditório explodiu! O MacGun pediu pra te chamar.
Esquecendo-se do calafrio, Leishmaniose seguiu correndo em direção ao prédio principal da escola, acompanhado por Dromar. Costumava sentir calafrios quando havia encrenca no ar. Aquele calafrio tinha sido apenas uma coincidência? Esperava que sim. Imerso em seus pensamentos, ele não pôde ver no alto do prédio da escola uma sombra observando o pátio. Os olhos do vulto brilharam num tom rubro rapidamente e pôde-se notar um sorriso nele. O brilho apagou-se quando ele virou de costas para a grade que ficava na beirada do teto do colégio e dirigiu para o aposento onde ficava a escada para os andares inferiores…
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