Depois de enrolar por muito tempo (e quando digo muito tempo, não estou brincando!), finalmente decidi compartilhar as minhas experiências de jogo com o novo Dungeons & Dragons.
Já tinha esta idéia de relatar as desventuras de meu grupo com o jogo. Afinal de contas, depois de tantas notícias e prévias do lançamento do jogo, este seria o passo natural. Mas ao mesmo tempo estava bastante relutante. Não tenho experiência de fazer relatórios de jogos. E também não tenho a menor paciência para ler este tipo de coisa (agora sacaram porque quase não colocava aqui as notícias que envolviam os playtesters?).
Então precisava dar um jeito de falar do jogo sem ficar aquele esquema maçante de “como foi a nossa sessão de jogo”. Até porque o principal não é como foi a sessão em si, mas sim como são as nossas reações diante desta nova encarnação do Dungeons & Dragons. Por muito tempo isso me deixou com apenas uma tela branca na minha frente.
Mas hoje resolvi dar uma de teimoso. Aproveitei que terminamos mais cedo a nossa oitava (ou nona? Já perdi a conta) sessão de jogo, sentei a minha bunda aqui na cadeira e decidi que só tiraria ela quando tivesse algo pronto.
Eis o resultado:
1ª Sessão: Criação de Personagens
Nossa primeira sessão de jogo ocorreu no dia 06/06/08. Não vou sempre colocar as datas, mas esse dia é meio difícil de esquecer porque, além de ser o lançamento mundial do jogo, é aniversário de minha avó (inclusive, já comentei a respeito). Nela nós criamos os personagens e ainda conseguimos jogar um pouquinho.
A criação de personagem foi bem tranqüila. Surgiram alguns entraves, mas no geral nosso maior problema foi decidir o que cada um faria. As mudanças no jogo foram grandes e a falta de costume com as regras fez as pessoas não saberem tão bem com o que queriam jogar, principalmente em relação às possíveis misturas de raça + classe e com as opções de estilos dentro de cada classe. Isso até gerou uma piada interna.
Além disso, o maior foco do jogo em fazer os personagens dentro de conceitos mais fixos, junto com a falta de conhecimento do jogo para ajustar as opções dentro de conceitos diferentes daqueles com os quais estávamos acostumados, deu aos jogadores a impressão de que há menor liberdade de criação. Por sorte o nosso mestre tinha um bom domínio da 4ª Edição e explicou como fazer cada conceito de personagem que pensávamos.
Depois de um longo brainstorm (toró de idéias, no bom português) terminamos com o seguinte grupo:
- Um warlord dragonborn, líder da companhia mercenária (o grupo). Ele tem um background mais rico que isso, mas eu realmente não lembro quase nada dele.
- Um fighter warforged construído para a última grande guerra de um dos últimos impérios humanos. Seu grupo original pereceu em batalha e ele permaneceu inativo até ser encontrado pelo warlord, quem ele reconhece como seu atual dono.
- Um eladrin rogue, agente de sua raça destacado para viver entre os humanos e arrecadar informações para seus mestres no Feywild. Ele tomou gosto por este plano e resolveu vender suas habilidades como forma de sustento.
- Uma humana warlock, filha de sacerdotes de Bahamut que fez um pacto com as entidades de além das estrelas e fugiu para evitar gerar conflitos com aqueles que a criaram e poupá-los de terem de lidar com aquilo que a imbuiu de poderes.
- Um halfling mago interessado em ver o mundo e viver aventuras como um mercenário. Sim, ele está bem perto de ser um kender.
- Um humano ranger que era o maconheiro e mateiro local. Este personagem só foi entrar na segunda sessão, mas listo aqui para não deixar ninguém de fora. Resolveu juntar-se ao grupo para ajudar os heróis a saírem do matagal no qual se perderam. Além disso, ele tinha interesse em acabar com o problema de kobolds da região.
Com os personagens feitos, começamos a jogar. Não foi uma sessão longa, mas já deu para termos um feeling maior do jogo, de como as coisas funcionam (ou melhor: do quão sem noção de como as coisas funcionam estávamos até então) e de como as coisas não funcionam. Sistema de Skill Challenges: estou olhando para você!
Obs: Bem depois daquela sessão, foi anunciado que o sistema de Skill Challenges tal qual foi lançado não funcionava. Isso explica bastante a nossa frustração com ele.
Jogamos a aventura que está no Dungeon Master’s Guide. Entretanto, nem sei dizer se podemos afirmar que usamos ela na primeira sessão. A coisa toda já começou mal. Fizemos alguns Skill Challenges para descobrirmos para onde deveríamos ir e não fomos bem. Então, no lugar de já sabermos o lugar exato para onde deveríamos ir, ficamos só com uma localização genérica do tipo “algum lugar nestas redondezas”.
Para piorar, quando tentávamos nos orientar no mato para encontrar qualquer indício que fosse sobre a localização do Kobold Hall (ie: outro Skill Challenge, só que desta vez no mato e sem ranger), nós falhamos miseravelmente. A falha foi tão miserável que terminamos emboscados por lobos à beira de um penhasco.
O encontro foi um verdadeiro castigo para todos do grupo. Ainda estavámos sem muita noção do sistema, do funcionamento de nossas próprias habilidades (principalmente a parte de sinergia que geravam entre os membros do grupo) e totalmente detonados devido às falhas enormes nos testes para sobrevivermos no meio do mato. Quase que o grupo inteiro morreu naquele momento. Aliás, acho que em nenhuma outra sessão tivemos um encontro tão apertado. Pelo menos, com esse aperto todo, até que o encontro foi bastante emocionante.
Totalmente detonados, acampamos naquela clareira e dormimos para recuperar nossas habilidades diárias e nossos healing surges. Neste momento descobrimos que criamos o grupo perfeito para dormir em qualquer lugar, dado que o Warforged não dorme (mas fica em “modo de atividade reduzida”) e o Eladrin só precisa descansar um pouco (quieto, mas sem dormir), o que significa dois guardas para vigiar enquanto os outros dormem tranqüilos. E foi aí que a primeira sessão terminou. Nosso primeiro passeio com o novo D&D foi bem frustrante.