Jornada da Iluminação: Segunda Carta
Meu querido pai,
Sei que é muita petulância de minha parte abusar da tua bondade logo após desobedecer tuas ordens, mas tenho certeza que compreenderá como homem de fé que estou apenas cumprindo minha missão para com Morrow, então gostaria de fazer alguns pedidos pelas pessoas que provavelmente se encontram diante de ti neste momento.
Mas antes, deixe-me contar a situação em que os encontrei, para que entendas os motivos de minha decisão. Em minha jornada, ao passar pela famosa Cinco Dedos, me deparei por acidente com uma clandestina transação de escravos para a maldita terra de Cryx. Aconteceu que, mesmo com meus parcos poderes sendo insuficientes para fazer frente ao poderio bélico dos criminosos, consegui libertar essas pobres almas através de um ardil. Possibilitando a eles um retorno a seus lares nas mais diferentes localidades de Immoren.
No entanto, duas daquelas pessoas já não mais possuíam um lar para retornar. Tenho certeza que não preciso lhe contar, aqui, a triste história dessas almas, é desnecessário atormentar teu bom coração com o que não pode ser remediado. Então, suplico que faça como lhe peço ou de outro modo pelo qual achares melhor, já que és muito mais sábio do que eu posso vir a ser.
Minha idéia é que Giovanna pudesse tomar conta do sítio que o avô Raphael me legou de herança. O remorso sempre me ataca quando penso naquelas terras abandonadas e uma calma vida no campo parece ser uma boa opção para curar a alma dessa mulher. Quanto ao garoto, Baggio, seria demais ansiar que ele ingresse para a Igreja? Ele é esperto e muito ativo, tenho certeza que daria algum trabalho aos padres, mas sua bondade e fé são evidentes para mim. Tenho certeza que não te arrependerás se usasse tua influência por ele.
Ah, sim, quanto ao boneco de pano que eu mencionei na primeira missiva (que você recebeu juntamente desta), espero que não se importe, mas mudei de idéia e decidi dá-lo para Baggio. Acredito que estas coisas pertencem às crianças, afinal.
Rezo todos os dias por ti e anseio rever-te.
Do filho que te ama,
Thomas.
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