Um GM pode proibir um jogador de fazer um PC estranho?

No meu antigo grupo de jogo, tínhamos jogadores que, às vezes, cismavam em construir personagens “estranhos”.
Aquele tipo de personagem que não se encaixa no que o mestre estava esperando para a aventura, ou com objetivos bem diversos dos demais PC´s.
Em uma ocasião, jogávamos com policiais e um jogador resolveu criar um personagem mega-milionário. Em todas as tentativas de conexão do personagem com o restante do grupo, enviava leões de chácara em seu lugar (roleplay perfeito para um milionário, mas um tanto difícil para o mestre administrar).
Trecho de roleplay da aventura:
A secretária – “Senhor, estamos com problemas graves na nossa fábrica do Amazonas.”
O mega-multi-power-milionário – “Ok… faça o de sempre.”
A secretária – “…”
Nem preciso dizer que o jogador ficou com raiva por não ter sido incluído no enredo, e o mestre ficou chateado pelo jogador não facilitar o trabalho.
Houve outros casos semelhantes, eu mesmo já fiz personagens estranhos que davam raiva assassina no mestre.
Hoje, vejo que o meu objetivo quando mestro/jogo uma aventura é o de contar uma estória. É claro que essa estória é construída por todos, mas o responsável pelo enredo é o mestre.
E é exatamente por essa responsabilidade que o mestre deve negar os pedidos esdrúxulos dos jogadores, porque cabe a ele e a mais ninguém. É ele quem conhece suas próprias limitações e as limitações da aventura. É ele a quem culparão se a aventura não for coerente.
Embora os jogadores também devam ter senso crítico para facilitar o trabalho do mestre, não é o seu trabalho fazer isso, pelo contrário. Inventar personagens diferentes torna a aventura mais interessante para todos.
Personagens únicos tornam a estória única.
Só não vale tirar vantagem disso pra sacanear o mestre, porque bom senso ainda é fundamental.

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4 Resultados

  1. Phil Souza disse:

    A menos que o personagem seja muito “alienigena” com relação a trama por mim tudo bem. Por se passar demais da dose já é um jogador avacalhando a coisa…
    O grupo colaborando com a aventura é super importante, existe um paradigma estranho que o mestre e jogadores estão em direções opostas, quando não é bem assim…

  2. Phil Souza disse:

    Eu preciso ler mais o que eu escrevo, mas acho que deu pra entender 😀

  3. Tsu disse:

    Cara…no RPG o mestre e jogadores não são rivais…tem q rolar uma conversa antes do jogo para terem uma idéia do tipo de jogo q vão jogar.
    Eu vou lá e conto o plot inicial, descrevo o universo, etc etc…aí eles criam personagens coerentes com a estoria.
    Um ou outro player engraçadinho quer jogar de abominação, mas obviamente eu corto o barato dele…
    se eles quiserem muito jogar com coisas freaks, posso mestrar uma campanha específica para satisfazê-los. Do tipo uma campanha chaotic evil com os vilões do world of darkness (abominação + Black Spiral + Ananasi, etc)

  4. Alexandre disse:

    Concordo.
    Acrescento que vou mestrar uma aventura no domingo. Será em GURPS, usando a ambientação de Forgotten Realms. Um dos jogadores é novo no grupo e me pediu para jogar com psiônico “porque ele sempre jogou com psi, e adora isso, e tal”.
    Criei um plot interessante, que inclusive dá margens para outras aventuras envolvendo o personagem e, consequentemente, o grupo.
    Vamos construir o PC juntos e ele não deverá desbalancear o jogo.
    Acho que isso justifica a utilização de um personagem “freak”. Se for divertido para ele e para os outros, tá valendo.
    Pra mim, a estória construída é o que fica. Acho que o objetivo no final é esse. Uma boa aventura contada por todos.

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