Finalmente li Paladina Vol. 2, e sempre tem uma nostalgia enorme quando bato o olho na arte da Erica Awano no mundinho de Tormenta. É muito boa a sensação de ter em mãos, mais uma vez, um material da incrível dupla dos quadrinhos nacionais, Cassaro e Awano.
Diferente do que falei em 20 Deuses Vol. 2, eu acho que a história de Paladina está andando sem tanta pressa. A impressão que tenho é que realmente a história de Paladina foi planejada pra ser mais curta e por isso, acho o ritmo mais natural. Aparentemente é uma história mais simples também, apesar de ter o envolvimento direto dos deuses!
Começando pelo início, é retomado o confronto entre o Dee e a Paladina, e só não gostei de um detalhe, achei que ela fosse deitar o sumo-sacerdote de Nimb só no soco, mas, infelizmente, ela precisou de uma ajudinha. Apesar de que todo metal hero precisa de uma espada. Outra coisa legal nessa luta, é que mostra que as massas do Dee tem a forma de pirulitos mas é como se alternasse a forma entre pirulito e massa durante o combate.
Só que pra mim a cereja do bolo do volume é o sanatório. A HQ pega as ruínas de uma morada da civilização anã, toda ordeira, e colocam um sanatório em que os sacerdotes de Nimb tomam conta das pessoas “loucas”. A galera de Tormenta tá pegando junto na luta antimanicomial, ao invés de prender todo mundo com camisa de força, deixa a galera feliz, solta e segura na região da vila anã. E eu gosto desse conceito do caos surgindo da ordem, ou das ruínas de uma vila ordeira. E aí que entra o yodinha de Arton, Tokinho, ou Sr. Nimb, ou Nimb, ou um trog minúsculo que surge na história como guia do sanatório.
Tokinho é muito yodinha!
O carisma do yodinha, Tokinho, deve ser no mínimo 20. A dúvida que fica é se ele vai ser só um trog minúsculo ultra carismático, ou se tem mais coisa aí, o que se tratando de Nimb é muito possível que ele seja algo mais, ou não.
Um detalhe que chama atenção nesse volume é que a leveza da história ganha um pouco mais de peso dramático, trazendo o trauma da Paladina com relação a influência de Nimb na sua mãe. No material oficial sempre deixava claro (pelo menos pra mim) que quando Nimb escolhe alguém, algum tipo de “loucura” se manifesta no personagem, só que isso nunca tinha sido trabalhado nos quadrinhos de uma forma dramática, era sempre como comédia. E nesse quadrinho você vê essa influência quase destruindo uma família e causando feridas profundas, o que dá um clima mais tenso para a história.
Também destaco aqui a forma como dão uma aliviada no clima da hq logo em seguida, trocando o traço da Awano para o do Cassaro por causa da influência de Nimb no sanatório e confesso que gostaria que esse volume tivesse um pouco mais de páginas só pra ver esses personagens trocando de forma e traço por mais tempo.
Volta às origens!
Quando a mãe da Paladina finalmente aparece, não demonstra ter alguma influência de Nimb sobre seu modo de agir no sanatório. O que me lembrou dois personagens, um foi o Zibarro, que é a versão bizarra do Bizarro apresentada pelo Grant Morrison em Grandes Astros: Superman. E outro personagem foi uma clériga de Nimb que é mencionada no Reinado Volume 2, a Gharats Porion, que é descrita como calma, ponderada e eloquente, apesar de ter uma mania por reformas. Acho que gostaria de ver algo como um desses personagens na hq.
Ele é a criatura bizarra no Mundo Bizarro.
Enfim, gostei do volume 2. Entregou aventura, drama e comédia de maneira equilibrada, trabalhando aspectos do cenário que ainda não tinham sido representados nos quadrinhos. Tem umas sacadas interessantes e o carisma de sempre. E agora ficam outras questões no ar, como, o Francis tem dupla personalidade ou ele realmente estava se referindo a outro personagem? A mãe da Paladina está no sanatório mesmo? A Paladina irá continuar se aventurando em outros quadrinhos ou suplementos do cenário? O Capitão Ninja irá desenhar mais páginas no volume 3? Será que o Daice ou a Hit vão aparecer? Ansioso pelo volume 3.
Ficha técnica
Autores: Marcelo Cassaro.
Arte: Erica Awano, André Vazzios.
Formato:20,5 x 27,5 cm, 112 páginas, capa dura.