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Expansão de Baldur's Gate recebe críticas negativas por ter uma NPC trans

As páginas do produto Baldur’s Gate: Siege of Dragonspear tanto no GOG quanto na Steam estão abarrotados de críticas negativas, com jogadores falando mal do jogo em sua maior parte por conta de um encontro que ocorre no jogo entre os personagens controlados pelo jogador e uma personagem transsexual.
Logo da Expansão: Siege of Dragonspear
A nova expansão, que se passa entre os eventos do primeiro e segundo jogos, possui um diálogo com uma personagem transexual no qual ela explica sua transição. Mizhena, uma clériga no jogo, explica a origem de seu nome peculiar numa opção de diálogo que surge caso o jogador queira perguntar-lhe sobre a alcunha. “Eu criei este nome há muitos anos.”, diz a clériga, que continua: “Meu nome de nascença provou-se inadequado.” Quando o jogador pergunta o que há de errado com o nome antigo, ela segue: “Quando eu nasci, meus pais acharam que eu era um menino e me criaram como tal. Com o tempo, todos passamos a compreender que eu era de fato uma mulher. Eu criei meu novo nome à partir de sílabas de diferentes idiomas. Cada uma delas tem um significado especial para mim, e é o reflexo mais perfeito de quem eu sou.”
Muitos ofenderam-se com este diálogo, enchendo o GOG, a Steam e o Metacritic com críticas negativas, a maioria referindo-se a este diálogo. Um vídeo intitulado “Tranny Abuse”, no qual o jogador mata a Mizhena após esta revelar-se uma pessoa trans, foi colocado no YouTube, atraindo mais de 13.000 visualizações e 350 curtidas. O responsável pelo vídeo ainda por cima escreveu: “É revigorante ver que quase todo mundo, mesmo uma porção de pessoas neutras, consideraram isso uma descaracterização de um cenário de jogo clássico. A Beamdog se enfiou em um buraco do qual a empresa jamais conseguirá sair. Qualquer Baldur’s Gate 3 potencial que seja desenvolvido por eles será um fracasso graças às pessoas agora saberem o quanto eles não ligam para a linha de produtos.”
É comum constar nas críticas dos usuários a idéia de que a empresa desenvolvedora acabou com sua própria reputação por haver incluso a personagem trans, bem como terem sujado a reputação da série de jogos por conta do diálogo com Mizhena. Os desenvolvedores terem colocado ainda uma referência ao escândalo do GamerGate, com um personagem dizendo “Na realidade, é sobre ética entre os aventureiros” também deixou muitos incomodados.
Apesar das críticas dos jogadores ainda mencionarem outros problemas com o jogo, como supostos bugs e uma execução de multiplayer insatisfatória, a maioria das críticas concentram-se no roteiro do jogo, em especial por supostamente seguirem uma “cartilha da justiça social”. Apesar do jogo ter recebido uma crítica positiva de uma revendedora (87 de 100), a enxurrada de críticas negativas tem garantido que o jogo recebesse uma nota bastante baixa, e com críticas do jogo “forçar políticas de gênero goela abaixo” acompanhando tais críticas.
A nota do jogo no Metacritic, na parte de críticas de usuários, está em 3.6 de 10 e 2 de 5 no GOG, apesar de manter uma nota razoavelmente positiva na Steam (cerca de 70%). Coincidentemente, esta é a única das três plataformas que requer que o usuário possua uma cópia do jogo para ser capaz de fazer a crítica.
Eis algumas das críticas feitas ao jogo (NT: Não vou traduzir esse chorume todo):

Amber Scott, uma das roteiristas do jogo, respondeu a estas críticas: “Como eu disse antes (e eu não direi muito sobre esse assunto além do suficiente para oferecer meu ponto de vista): Eu sou a escritora e criadora. Sou eu quem toma as decisões sobre quem eu escrevo e o porquê. Eu não gosto de escrever apenas sobre pessoas hétero/brancas/cis o tempo todo. Não é para refletir o mundo real, onde adota-se como normal o padrão hétero/branco/cis e todas as demais opções são interpretadas como ‘o outro’. Esse padrão é chato.”
“Eu conscientemente tento adicionar tanta diversidade quanto possível dentro do que eu escrevo, e não ligo se as pessoas pensam que isso é ‘forçado’ ou irreal. Eu penso que escrever tendo como padrão um hétero tão artificial quanto. Eu sou feliz de ser uma SJW e eu espero escrever muitos Jogos de Justiça Social no futuro, que alcancem tantos tipos diferentes de pessoas quanto for possível. Todos deveriam ter a chance de se verem representados em produções culturais.”
O fundador da Beamdog, Trent Oster, também foi aos fóruns para encorajar aqueles que estão divertindo-se com o jogo a postarem críticas positivas online: “Eu normalmente passo a maior parte do meu tempo observando aqui, mas gostaria de pedir um favor. Parece que ter uma clériga transgênero e uma piada do Minsc ofendeu enormemente algumas pessoas.”
“Isso levou estas pessoas a decidirem que este é o pior jogo da História e a darem a ele nota zero na Steam, GoG e MetaCritic. Agora, eu vou lhes pedir um favor: Se você está jogando o jogo e divertindo-se, por favor, tenha a bondade de postar uma crítica positiva dele para contrabalancear a minoria barulhenta que está sujando a imagem do jogo para os novos jogadores.”

Minha opinião sobre isso:

Sério mesmo que querem criar caso por uma NPC menor, que não se junta ao grupo e uma piada besta de um personagem (sensacional) conhecido por fazer piadas bestas e carregar por aí um Hamster Gigante Espacial miniaturizado? Ao longo do jogo todo o que mais se encontra são personagens de raças e ideologias das mais diversas. Qual o problema de encontrar uma personagem que não conforma-se com o corpo no qual nasceu?
Na minha opinião, se há algo de ruim nesta história, é que não há opções adicionais envolvendo a clériga. Já pensou, você pegar um Cinturão de Troca de Sexo em algum lugar e entregar para ela? Se bem que o modelo usado nela já é feminino. Então, no lugar, ela poderia dar o visu de onde fazer essa troca (quem sabe vender um pergaminho?).
Enfim, ninguém é obrigado a ficar satisfeito ao ver a personagem trans ou ler a piada do Minsc. Mas dar uma nota baixa para uma expansão tão grande baseado em coisas tão pequenas… Sério. Para quê contribuir ainda mais para a visão de que jogadores de video-games são infantis e preconceituosos? Para quê coibir diversidade nos jogos? É tanto esforço e indignação que não consigo imaginar fazer isso sem ter um ganho muito bom por trás.
Curiosidade: Lá atrás em 1998, quando o primeiro Baldur’s Gate foi lançado, já tinha ao menos um personagem trans no jogo. E logo no início, ainda no caminho para a Friendly Arm Inn (ou depois, você faz as coisas na ordem que quiser), perto da caravana saqueada. Os personagens enfrentam um ogro que carrega consigo um cinturão da troca de sexo. Ele também tem um cinturão de proteção contra mísseis, é verdade, mas dado como era fácil acertar flechadas nele, adivinha qual dos dois o cara (ou a moça – como o item é amaldiçoado, a mudança pode ter sido involuntária) devia estar usando.
Então, além de encontrarem um NPC trans, o jogador podia ainda por cima usar o cinturão e trocar de sexo ele mesmo!
Fonte: Crave | Gamers Flood Baldur’s Gate Expansion with Negative Reviews After It Introduces a Transsexual Character

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